O Luizito sentou-se e ao seu lado permaneceu um lugar vago que eu ocupei. Ficámos os dois lado a lado a olhar na mesma direcção, A mãe mandara-o confessar-se, disse-me, e antes que lhe déssemos início, fomos entabulando conversa. Então, como estás, Luís? Não sei bem a idade dele, mas tem aquela idade que se trata por criança. E como a maior parte das crianças, o Luís desfiou um novelo de palavras sem pontas. Ouvi sem pestanejar, pois que as crianças gostam que os nossos olhos as ouçam, e às tantas resolvi perguntar-lhe, como quem não quer a coisa, se ele gostava de Jesus. Prontamente me respondeu que sim. Continuei com alguma matreirice. Quem é o teu melhor amigo, o teu melhor amigo na escola? Parou meio segundo para pensar, e contou-me que era o Micas. Então, diz-me cá, tu gostas de Jesus tanto quanto gostas do teu melhor amigo Micas? Com a sinceridade própria da sua idade, olhou para mim, baixou os olhos depois, e com voz embargada, disse-me que não. Não o recriminei. Foi honesto e genuíno o Luizito, como o são quase sempre as crianças. Levantei-lhe o rosto para me ouvir bem, e ensinei-lhe que para se ter fé autêntica, palavras que já devia ter ouvido à catequista, era preciso gostar de Jesus como gostava do Micas. Acho que entendeu. Melhor que um adulto entenderia.
Na verdade, para termos fé precisamos gostar de Jesus tanto quanto gostamos do nosso melhor amigo.
2 comentários:
Grande texto, padre. Obrigada
Gostei! Aliás como todos os seus textos!
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