Comprei a minha primeira camisa com cabeção no ano passado. Estava em Roma, ia cumprimentar o Papa e fez-me algum sentido a compra. Pelo menos, foi o que me disseram que devia fazer e eu anuí. Em Roma é raro entrar-se num meio de transporte onde não haja mais que um cabeção. É comum, normal e banal encontrar homens vestidos com cabeção ao pescoço. Curiosamente, ainda não voltei a vestir essa camisa. Não me ficava mal. Porém, sempre que penso em vesti-la, fico com a sensação estranha de que não define bem quem sou. Sei que a instituição hierárquica sugere que os ministros ordenados se vistam com discrição e, sempre que possível, com vestes clericais. Respeito quem o faz. Nem gosto nem deixo de gostar. Talvez acrescente algo ao meu ministério, mas não sei muito bem o quê. O que sei é que é uma tradição que remonta à Idade Média, quando os colarinhos, consoante a sua forma e cor, rendilhados e costurados, permitiam aos membros do clero, da nobreza e dos homens de ciência distinguirem-se do povo comum. Como havia necessidade de se distinguirem dos demais cristãos comuns, assim nasceram os colarinhos brancos, os clerigman, os cabeções. Um dia destes hei-de ganhar coragem e voltar a vestir a minha camisa de cabeção. Ao menos para me distinguir.
5 comentários:
Bom dia Senhor Padre,
Embora o cabeção seja um símbolo para distinguir que estamos perante um Padre, o mais importante é que exerça o seu ministério com a verdade de Cristo.
Emília S.
Porque deixou de se usar a tonsura? Problemas de universalidade na aplicação? Outros há que aplicam um sinal entre as sobrancelhas. Melhor ainda: tattoo cruz.
Menos radical, cartão ao peito. Fita curta ou alfinete de dama.
Os piercings no nariz tem ligação ao catolicismo? E umbigo e orelha?
A Igreja não sugere, a Igreja determina que os padres devem usar um traje eclesiástico. (Cf. Codigo de Direito Canonico e normas da CEP, e ainda a leitura do parágrafo correspondente do Directório para a Vida e Ministério dos Presbitério...do Papa Francisco).
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