ainda recordo a terra húmida do seu colo
o sangue a derreter com o calor das suas mãos
no embalo da vida
as formas do corpo não tinham rosto, sempre as vi como mãos
como mãos de pianista a desenhar espaços de luz,
a germinar
gosto de recordar esse tempo de madrugada
trazê-lo a mim como quem traz uma sombra agarrada
ao sol
não havia mal que pudesse suceder
nem pontas soltas de azar ou de desamor
ainda ontem eras o regaço e hoje és
estás a nascer
2 comentários:
"gosto de recordar esse tempo de madrugada
trazê-lo a mim como quem traz uma sombra agarrada
ao sol"
Boa noite Senhor Padre,
Um poema belíssimo, um dos seus melhores, que muito me emocionou.
Obrigada, por partilhar emoções tão sentidas que fazem estremecer os mais insensíveis.
Emília
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