segunda-feira, outubro 25, 2021

uma Igreja mais corresponsável

Numa diocese da Suíça, a diocese de Lausanne, Genebra e Friburgo (LGF) o bispo Charles Morerod, ao dar conta das igrejas vazias, facto que a pandemia acelerara, decidiu mexer na estrutura em que estava montada a sua diocese, que tem mais de 700.000 pessoas, e encetou o que chamou de um “salto de fé”. A maior novidade das suas decisões foi a entrega de algumas comunidades ao governo de alguns leigos. 
Algo parecido tenciona fazer o arcebispo de Lima, no Perú, Carlos Castillo. Afirmou-o publicamente, e já foi a Roma tentar perceber a real possibilidade de que famílias, casais, grupos de esposos ou leigos adultos mais velhos possam assumir a liderança de paróquias. Não ficariam sem eucaristia, porque os padres iriam passando para as celebrar. 
Esta última notícia encontrei-a, por acaso, partilhada numa rede social e, imaginem, a maioria dos comentários era contra a ideia do prelado. Até diziam que estava louco. 
Nos próximos tempos creio que será difícil dar este tipo de passos, porque o clericalismo ainda está muito presente, e as leis da Igreja também não o facilitam. O Código de Direito Canónico no cânone 515 refere: “a paróquia é uma certa comunidade de fiéis, constituída estavelmente na Igreja particular, cuja cura pastoral, sob a autoridade do Bispo diocesano, está confiada ao pároco, como a seu pastor próprio”. Ainda assim, li e vi estas notícias pelo lado mais positivo. Quem sabe um dia, a verdadeira Igreja de Cristo, apesar de se esvaziar de pessoas, vá crescendo na sua essência, como corresponsabilidade de discípulos de Cristo, como comunhão de irmãos com igual dignidade, como corpo de Cristo do qual a cabeça é somente Cristo. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "A Igreja que não é de um Papa"

24 comentários:

Anónimo disse...

Uma notícia provisória, excelente retorno aos fiéis.

Anónimo disse...

Isto já não é nenhuma novidade, há muitos lugares de Portugal onde se faz Celebrações da Palavra e com boa aceitação por parte das comunidades paroquiais, inclusive em Lares ...Isto não depende dos Bispos, depende da abertura dos padres para se deixarem ajudar, talvez com um certo receio, nem wu bem e que e ainda porque, muitas vezes delegam mal, ignorando as exigências necessárias ou critérios daqueles que devem prestar serviços dentro da Igreja. Mas se o próprio padre também já carece desses valores como ele pode exigir dos outros? Mais do que outros sectores, a Igreja apesar de santa e pecadora tem de continuar a reger-se pelos valores instituidos por Jesus Cristo. Infelizmente muito de errado está a acontecer e aquilo que agora instristece a muitos, daqui a pouco já vai parecer normal. Não são as exigências que afastam as vocações consagradas mas a froixidão.

Confessionário disse...

25 outubro, 2021 14:58

Não leve a mal dizer-lhe que está enganado(a). Estas duas notícias/informações são novidade. Fazer Celebrações da Palavra ou Celebrações na Ausência do Presbítero não é o mesmo que assumir a liderança ou presidência de uma paróquia. No caso que refere, trata-se da presidência de uma ou várias celebrações. O que estes bispos fizeram ou tencionam fazer é entregar as comunidades paroquiais a leigos. São coisas diferentes.

abraço amigo

Anónimo disse...

Nossa escrevi errado, E uma noticia promissora, isto sim pode elevar a igreja nos somos a igreja, o que esta no andamento é o templo material, Ou estou enganada?

Anónimo disse...

Meu querido Amigo (ultra-sensível) Confessionário

Para quem é uma Igreja sem pessoas? Poderemos retirar-lhe mais alguma valia que a história, ou interesse imobiliário? A solução Suíça preocupa-me deveras, ao ponto de equipará-la à peruana. Interessa perceber se existe interesse por parte de uns e outros dos supostos fiéis na frequência. Quando era menina, a eucarístia dominical e outros programas de índole religiosa ofereciam-me a desculpa necessária para me escapar às reuniões e aos convívios muitos deles pouco atractivos e pouco profundos perante o grau de exigência.
Estas novidades, tão práticas e expeditas, podem vir revitalizar o mal antigo. O Covid pode tornar-se no pretexto que faltava e o resto ser uma sua sequência.
Novas leituras para a bíblia, que cada vez mais gosta a “engolir” no sentido tradicionalmente interpretação, busca de novas chaves de leitura e estreita correlação do texto com a vida das pessoas. Esta é a base. A partir daí abre-se todo um mundo, desde logo de espelho e replica.

Com os melhores cumprimentos,

Confessionário disse...

Olá, 25 outubro, 2021 20:41
Apesar de não haver um nome ou algo com que se possa identificar, creio que dá para perceber quais têm sido os seus comentários, alguns deles acutilantes e interessantíssimos. Sou bem capaz de ser algo sensível. Mas não pense que o sou porque respondi ao anterior comentário. Apenas quis deixar claro de que se tratava.
Também é verdade que quando faço alusão a "esvaziar-se", não pretendo dizer que se vai esvaziar de todo. Concordamos ambos na necessidade de regressar ao Evangelho. E bem.
E continuo a defender que o papel dos leigos não deve ser apenas o de assistir, suprir ou o de colaborar. Por isso estas notícias são muito interessantes desde o ponto de vista de uma participação mais activa. Valem o que valem.

Anónimo disse...

Caro Confessionário

Obrigada pelas suas preciosas palavras. Sem qualquer ponta de vaidade, provavelmente terão a ver com o meu doutoramento em teologia na Pontifícia Universidade Gregoriana, da qual guardo as melhores recordações.

Ainda não consegui apreender com a certeza que almejo a sua posição relativamente ao assunto chave do post. Se nos ativermos apenas aos exemplos suíço e peruano, teremos concluir que se tratam de bolsas sem peso bastante para atingir todo o corpo da Igreja. Foram casos de neccessitade, falar-nos-ão do futuro, replicarão um passado modelar,terão força bastante para fazer acreditar numa igreja em auto-gestão ou gestão-comunitária?
Se uma Igreja clerical mais que um seu avesso é uma aberração condenada ao abandono. Uma Igreja laica é um ideal de perfeição, uma utopia praticamente inconcretizável no mundo. No entanto, não deve ser esse o objectivo da Igreja?
Juntando o Perú à Suíça, meu amigo, o que aparaz dizer? Sinais dos tempos, senhores, sinais de que tempos remotos vêm-se aproximando, instalando e renovando. Uma breve nota para terminal. Nunca esqueci, nos meus tempos de estudante: levante o nariz e aspira o odor do sal se querer ser um homem novo (uma mulher, in casu).

Com os meus calorosos cumprimentos,

Nolite Iudicare Et Non Iudicabitur


Anónimo disse...

O ser humano tem dificuldade de aceitar o novo.

Confessionário disse...

Eu não sei (ainda), de facto, se entregar paróquias a leigos é o melhor caminho. Mas é um caminho possível. O que me agrada nestas notícias não são os passos que se querem dar, mas que se querem dar passos para uma Igreja mais corresponsável onde os leigos assumem de verdade o seu baptismo e condição como Igreja.

Anónimo disse...

Nao vejo, se acontercer, uma boa decisão entregar paróquias à responsabilidades dos leigos. Apologista de que os leigos devem assumir mais responsabilidade na Igreja, sou. Se acontecer na minha paróquia, eu emigro para outra. No caso do Padre Confessionário não entrar na onda... diga onde é a sua, ehehehe!

Confessionário disse...

27 outubro, 2021 11:10
heheheh
há que dizer: há leigos muito bons e, inclusive, melhores que muitos padres. Talvez lhes falte a formação. Mas também há padres que se contentam com uma formação de Seminário... Tudo na vida se deve amadurecer, e assim também as vocações. Por isso não me repugnava que um leigo assumisse a liderança de uma comunidade cristã e o padre fosse passando para os sacramentos e outros auxílios de coordenação.
Afinal, somos todos parte de um corpo, do qual Cristo é a cabeça.

Anónimo disse...

Quando era criança, enquanto esperávamos pelo catequista, os coleguinhas elegeram-me para um serviço que teve logo muitos adeptos: ir confessa-los! Formou-se uma grande fila. De tão co concentrados que estavamos, penitentes e confessor, nem nos apercebemos que estavamos a ser observados por todos os catequistas que para disfarcarem o teatro que estavam a observar me deram uma grande bronca mas lá no fundo consegui ver que se estavam a rir por dentro... isto foi muito mais à frente ... É só para brincar un pouco mas não se avizinham bons tempos para a nossa Igreja.

JS disse...

Olé, Confessionário.
A notícia de que fazes eco não é correcta. O que o dito bispo suíço fez foi nomear leigos para a direcção/comando das várias vigararias territoriais (zonas pastorais), substituindo os padres que ocupavam esses cargos.

Podendo parecer uma mudança não tão significativa como se se tratasse de escolher líderes laicais de comunidades, a verdade é que as consequências são impactantes. De facto, estes leigos, enquanto delegados ou representantes do bispo, estão investidos de autoridade face ao clero local. Passará por eles a avaliação anual do trabalho pastoral dos sacerdotes, serão chamados a intervir em casos de conflitos pastorais, cabe-lhes desenhar o movimento eclesiástico e as nomeações paroquiais.

Embora não seja uma novidade na Europa central os senhores padres verem-se tratados de igual para igual diante dos leigos "profissionalizados", e de terem que negociar com estruturas laicais os projectos pastorais a empreender, há aqui um passo significativo. Na prática, é como se passassem a estar, em determinadas circunstâncias, submetidos e sob dependência de um leigo, que tomará parte em decisões sobre certas áreas do ministério sacerdotal sem nele estar investido (ordenado). Dá para imaginar a surpresa, dúvidas, receios e resistências que tal situação poderá gerar. Mas também há lugar a acreditar que isto poderá ser uma verdadeira machadada do Espírito Santo nessa tendência do clericalismo e nessa ideia de casta superior que tanto têm deturpado uma sã compreensão da identidade da Igreja.

Confessionário disse...

Bem haja, JS, pelo reparo.
Recordo haver lido a notícia com atenção (já lá vai algum tempo!) e ficar com a ideia que transmiti. Ou li com outros olhos ou li uma notícia que deturpou a fonte da notícia. Seja como seja, fico contente por saber melhor de que se tratou esse "salto da fé" que, assim sendo, ainda me parece maior do que eu julgara. Que bom!

JS disse...

O meu comentário em nada tira a pertinência à discussão que quiseste introduzir, Confessionário, ao tema da liderança das comunidades e do ministério da autoridade.

Dois pontos que fará falta considerar:
- como rever em fidelidade os mecanismos de sacralização do poder até hoje estabelecidos, a fim de ser exercido de forma estável e eficiente?
- como equacionar e encontrar um equilíbrio na tensão entre proximidade e distância, entre autoridade gerada e eleita no seio da comunidade versus autoridade vinda de fora, nomeada externamente?

Anónimo disse...

Se chega a Portugal vou candidatar-me. Eheheh!

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Este é um tema que escapa ao meu conhecimento.
Mas a acontecer a nomeação de leigos para substituir os padres nos seus cargos, foi o que entendi, na generalidade, muitos aspetos por resolver na igreja respeitante aos leigos teriam que ser ajustados a uma igreja mais laical e menos burocrática. E quem decidiria? Dou um exemplo. Um casal em que um dos membros já foi casado pela igreja não podem comungar, mas um deles tem responsabilidades ao serviço da Igreja. Este caso seria resolvido? Não haveria aqui lugar a "desentendimentos"? E os padrinhos não batizados, e os noivos não batizados? Talvez esteja a misturar as coisas, mas fiquei confusa.
Perdoe-me se interpretei mal.
Ailime

Confessionário disse...

Olá, Ailime
De facto parece-me que está a confundir um pouco e a deter-se em pormenores.
Se um leigo fosse o lider ou animador de uma comunidade, assumiria a coordenação da comunidade, o que implicaria tomar conta de todos os assuntos, excepto realizar os sacramentos.

Os casos de que fala também não é o padre que os decide. Ou são as leis ou é a pastoral.
E haveria tantos desentendimentos (embora pudessem ser outros)como há agora com os padres à frente das comunidades.

Confessionário disse...

JS
Gostei imenso das questões que levantas.
Vou anotá-las.

Zilda disse...

Esta questão é deveras intrigante, mas no meu pais que foram implantados certos dogmas, mas na nossa historia de religiosidade quem inicou as primriras Atividades que hoje o mundo conhecem, foram leigos. Citamos a Aparecida, foram pescadores, o divino PAI Eterno ; um casal de agricultures dai pod diante que veios as exigências da igrejas, com suas disciplinas. Eu tenho orgulho de ser brasileira. Mas tenho fé que DEUS proverá tudo bem no momento certo.

Anónimo disse...

Na verdade igreja só exuste uma a que Cristo deixou na responsabilidade de Pedro. Hoje ate o catolicismo ficaou dividindo as pregações, atrumacao3do próprio homem, cabe agora o reparo de milênios atrasados. Mas cada tempo é ocorrido tempo.

Anónimo disse...

Na verdade igreja só exuste uma a que Cristo deixou na responsabilidade de Pedro. Hoje ate o catolicismo ficaou dividindo as pregações, atrumacao3do próprio homem, cabe agora o reparo de milênios atrasados. Mas cada tempo é ocorrido tempo. Pra dizer verdade se o Cristo vier na terra, pra mim ele est connosco todo momento, mas pessoalmente ELE,não entrava em alguns local que diz igreja, templos, o homem aderiu a caa do Pai em locais de empresas de grandes riquezas. Isso é dolorido, não é atos que que o mundo sofre. a falta de fé viva nas pessoas. A igreja humilde e locsl de louvores ta bem complicado.Perdoe meu padre. Eu sei pouco mas convive com religiosos, ate monges que nunca aceitavam as imposições de ritos religiosas. Deus é muito MAIOR que tudo que o homem. Max deu a inteligência que a desenvolva agor ou nunca mais neste tempo.

Anónimo disse...

A propósito do tema: os bispos portugueses estão a preparar um documento sobre os ministérios laicais, onde virá (em princípio) a proposta para criação dum ministério de "Guia da comunidade".
Todavia, os bispos parecem não atrever-se a imaginar algo mais do que um auxiliar do pároco; o que é pena.

Confessionário disse...

02 novembro, 2021 09:48

Não sabia desse documento. Fico contente. Pelo menos é um passo.