terça-feira, setembro 21, 2021

uma instituição vazía, ainda que cheia de actividades

Pode-se afirmar que a Igreja sempre foi prolífera em iniciativas pastorais. Nos últimos anos,  desde o Concílio Vaticano II, esta forma de se viver em Igreja cresceu exponencialmente. A denominada Nova Evangelização, ideia bastante interessante na sua génese mas parca na sua prática, incrementou a criatividade pastoral. E estes tempos pós-modernos, voláteis, líquidos e plurais, são tempos que privilegiam, mesmo social e culturalmente, o excesso de actividade e de comunicação. A Igreja apenas vai na onda e por isso - desde as Igrejas particulares à Igreja universal representada pelo Vaticano - vive envolta de livros, notas pastorais, congressos, palestras, eventos religiosos e afins. 
No meio de tanta iniciativa pastoral, sobra pouco espaço para se viver aquilo que se prega. Sobra pouco espaço para o testemunho, essa acção discreta, diária e simples de mostrar que Cristo é a razão de viver por excelência. Dizia Paulo VI que “O ser humano moderno precisa de ver como se vive, mais que ouvir dizer como se deve viver”. 
A Igreja do futuro ou será uma “Igreja Testemunho” ou será cada vez mais uma instituição vazía, ainda que cheia de actividades. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO:  "Quer ser padrinho"

4 comentários:

joaquim disse...

Bento XVI tem um texto muito interessante, (que agora não consigo encontrar), sobre o excesso de activismo, que "reduz" a vivência cristã a actividades, eventos, dinâmicas, e muito pouco à vivência da Fé, ao testemunho da Fé, ao encontro pessoal com Cristo.

Perdoe-se-me a expressão, mas já o dizia quando dava catequese: É muita dinâmica e pouca oração!

Um abraço amigo do
Joaquim

Ailime disse...

Boa tarde Senhor Padre,
Mais claro não pode ser. Quantas verdades nas suas palavras!
Só posso concordar, infelizmente.
Ailime

Anónimo disse...

concordo, padre

Anónimo disse...

Qual Igreja? A dos edifícios aprazíveis, a que nos entra em casa aos domingos, limpas e caídas, com meia dúzia de eleementos no coro, mais uma vintena nos bancos, de que as máscaras mas escondem as rugas e donde escapam os cabelos tingigoss em tons de louro. As igrejas do hábito que se estende ao padre que em meia dúzia de minutos despacha o sermão antes de reininciar o ciclo repetitivo de sempre?
Qual o poder atractivo desta igreja dominical, como se enraiza nas condutas, como se mobilizam os jovens e os pais? Onde está o entusiasmos, se nem os padres na sua maioria são capazes de o demonstrar?
Como se afasta esta igreja dos falsos moralismos, dos cochichos e dos mexericos, das pretensas superioriades, das convicções dos banhos de Espírito Santo direccionados só a alguns, dos almocinhos e das festinhas sempre iguais, dos agrupamentos para lixar o parceiro, nuitas vezes com a conivência (porque conhecimento é conivência) do próprio pároco? È esta a igreja que queima e pisa, a igreja dos medócres a do futuro? É aqui que está o poder de atracção? É investindo estas singulares e abnegadas meritórias pessoas de catequistas que se constrói o futuro da Igreja.
EStarão os nossos párocos atentos, saberão distinguir no momento propício o trigo do jóio, ou refens de uma clientela sem a qual teriam os templos praticamente vazios. Como se reabilita. Com encíclicas e fascículos que não compreendem, habituados que estão à repetição de ladainhas que nem compreendem. Qual a perspectiva de futuro? Continuar e deixar matar a igreja, Qual a força dos novos padres, cuja vitalidade esbarra nestas paredes de chumbo, nas santas e santinhas de carne e osso que pululam na nossa igreja e que, atreveria-me a dizê-lo a fazem coisa sua, com mando e desmando. É preciso travar as pretensas línguas do "espírito santo", purificá-las, se possível, para que a Igreja não morra e venha adquirir a sã vitalidade querida por Cristo, até porque o mal, mas quando organizado, nunca é mal é sempre uma «benfeitura». A Inquisição também o foi.