Pode-se afirmar que a Igreja sempre foi prolífera em iniciativas pastorais. Nos últimos anos, desde o Concílio Vaticano II, esta forma de se viver em Igreja cresceu exponencialmente. A denominada Nova Evangelização, ideia bastante interessante na sua génese mas parca na sua prática, incrementou a criatividade pastoral. E estes tempos pós-modernos, voláteis, líquidos e plurais, são tempos que privilegiam, mesmo social e culturalmente, o excesso de actividade e de comunicação. A Igreja apenas vai na onda e por isso - desde as Igrejas particulares à Igreja universal representada pelo Vaticano - vive envolta de livros, notas pastorais, congressos, palestras, eventos religiosos e afins.
No meio de tanta iniciativa pastoral, sobra pouco espaço para se viver aquilo que se prega. Sobra pouco espaço para o testemunho, essa acção discreta, diária e simples de mostrar que Cristo é a razão de viver por excelência. Dizia Paulo VI que “O ser humano moderno precisa de ver como se vive, mais que ouvir dizer como se deve viver”.
A Igreja do futuro ou será uma “Igreja Testemunho” ou será cada vez mais uma instituição vazía, ainda que cheia de actividades.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Quer ser padrinho"
4 comentários:
Bento XVI tem um texto muito interessante, (que agora não consigo encontrar), sobre o excesso de activismo, que "reduz" a vivência cristã a actividades, eventos, dinâmicas, e muito pouco à vivência da Fé, ao testemunho da Fé, ao encontro pessoal com Cristo.
Perdoe-se-me a expressão, mas já o dizia quando dava catequese: É muita dinâmica e pouca oração!
Um abraço amigo do
Joaquim
Boa tarde Senhor Padre,
Mais claro não pode ser. Quantas verdades nas suas palavras!
Só posso concordar, infelizmente.
Ailime
concordo, padre
Qual Igreja? A dos edifícios aprazíveis, a que nos entra em casa aos domingos, limpas e caídas, com meia dúzia de eleementos no coro, mais uma vintena nos bancos, de que as máscaras mas escondem as rugas e donde escapam os cabelos tingigoss em tons de louro. As igrejas do hábito que se estende ao padre que em meia dúzia de minutos despacha o sermão antes de reininciar o ciclo repetitivo de sempre?
Qual o poder atractivo desta igreja dominical, como se enraiza nas condutas, como se mobilizam os jovens e os pais? Onde está o entusiasmos, se nem os padres na sua maioria são capazes de o demonstrar?
Como se afasta esta igreja dos falsos moralismos, dos cochichos e dos mexericos, das pretensas superioriades, das convicções dos banhos de Espírito Santo direccionados só a alguns, dos almocinhos e das festinhas sempre iguais, dos agrupamentos para lixar o parceiro, nuitas vezes com a conivência (porque conhecimento é conivência) do próprio pároco? È esta a igreja que queima e pisa, a igreja dos medócres a do futuro? É aqui que está o poder de atracção? É investindo estas singulares e abnegadas meritórias pessoas de catequistas que se constrói o futuro da Igreja.
EStarão os nossos párocos atentos, saberão distinguir no momento propício o trigo do jóio, ou refens de uma clientela sem a qual teriam os templos praticamente vazios. Como se reabilita. Com encíclicas e fascículos que não compreendem, habituados que estão à repetição de ladainhas que nem compreendem. Qual a perspectiva de futuro? Continuar e deixar matar a igreja, Qual a força dos novos padres, cuja vitalidade esbarra nestas paredes de chumbo, nas santas e santinhas de carne e osso que pululam na nossa igreja e que, atreveria-me a dizê-lo a fazem coisa sua, com mando e desmando. É preciso travar as pretensas línguas do "espírito santo", purificá-las, se possível, para que a Igreja não morra e venha adquirir a sã vitalidade querida por Cristo, até porque o mal, mas quando organizado, nunca é mal é sempre uma «benfeitura». A Inquisição também o foi.
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