Celebrámos há dias o Dia dos Fieis Defuntos ou, como é conhecido em muitos lados, o Dia dos Finados. Sim, o dia daqueles que supostamente, como a palavra indica, findaram, chegaram ao fim. E este ano, apesar de não ter sido possível realizar romagens comunitárias, passei por todos os cemitérios a rezar pelos que já partiram e, de certo modo, são também meus, porque estão sepultados nos cemitérios das minhas comunidades paroquiais.
Num desses cemitérios, chamou-me a atenção uma senhora que colocava umas rosas na campa do marido que fora a sepultar neste tempo de pandemia. Nem a máscara impedia que as lágrimas caíssem sobre as rosas. Para as regar. Conversámos um pouco entre alguns soluços partilhados. E às tantas ela usou a palavra do “fim”. Que o seu marido chegara ao fim. E que a sua vida estava também a chegar ao fim.
Aquelas palavras chegaram ao âmago do que penso sobre a morte e a ressurreição. E aquele momento ajudou-me a fazer a homilia desse dia, ao entardecer. Entre outras coisas, falei da morte como um fim. Sim, como um fim. Mas não o tal fim da senhora do cemitério. Não falei da morte como um fim onde se coloca um ponto final. Falei desse fim como uma finalidade. Falei da morte com um fim de finalidade, de propósito, de objectivo. Afinal todos morremos com o objectivo de podermos chegar à comunhão plena com o amor do mesmo Deus que nos deu a vida.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Padre, será que o meu marido está no céu?!"
1 comentário:
Boa tarde Senhor Padre,
Embora sendo um grande mistério, a morte não é um fim, mas o início de uma outra vida.
Assim creio.
Ailime
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