terça-feira, março 31, 2020

Contaminados pelo vírus do pânico

Hoje não quero sair de casa. Fico aqui, escondido, com as teclas do meu computador. Eu e elas. Para não sermos contaminados. Para ver se esse maldito vírus não entra nas nossas vidas. Só que o vírus já entrou. Tem entrado. Está a entrar nas nossas vidas pelo pânico. Mesmo fechados em  casa. Mesmo aqui fechado, o vírus não para de entrar em minha casa. Por isso rezo com as teclas, aceleradas. Escrevo tudo o que posso para afastar o vírus. Faço isto como se ele ainda não estivesse cá dentro. Sem dar conta que ele já entrou por todo o lado. Pela televisão, pelo computador, pela internet, pelas redes sociais, pelo telefone, por todo o lado. Se há uns milhares de infectados com o coronavírus, há muitos mais contaminados pelo medo e ansiedade. Nos teclados rugem. Nos teclados se escondem. Nas entrelinhas das palavras e afectos à distância. Hoje estamos quase todos contaminados pelo pânico do vírus.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Se morresse" ou "A Rosário, apertada pela vida"

6 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,

«Por que estás abatida, ó minha alma,
e por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois ainda O louvarei.
Ele é a salvação da minha face e o meu Deus».
Salmo 42(41): 6

Respeitosamente
Ailime

Anónimo disse...

Calma, não se preocupe tenha calma, Deus está conosco.

Servir com Alegria disse...

Boa Tarde, isto está a ser muito triste além do pânico medo e sei lá mais o quê, esquecem que existem pessoas que estão completamente sozinhas neste mundo, em que nada lhe estão a dar!!Não têm internet, nem sabem lidar com essas ditas redes sociais, e precisam que pelo menos os sacerdotes tenham o cuidado de cuidar das suas ovelhas, telefonando a estar um pouco a conversar com esses seres frágeis.Estamos privados de tudo e de todos, e salve-se quem poder, esquecem que Jesus andou no meio de pandemias e estava sempre com o seu povo. O telefone não tem virus, estamos a ficar numa situação muito triste e de muita solidão. Deus tenha compaixão de nós pobres pecadores.

Anónimo disse...

Pelo menos aqui podemos entrar sem o perigo de contaminações. Cansa ouvir falar do maldito vírus. Não basta já o mal que faz quanto o mais que ouvimos falar dele. Personalidade do ano, da década, a caminho de se tornar a do século. Como uma coisa tão pequena e insignificante conseguiu tanto poder? E com ele, os senhores padres a falarem de Cristo, lado a lado, passo a passo, caminhando ambos nesta Páscoa, aproximando-se ambos de um culminar, inedêntico para ambos, perceba-se. Uns passam a quarentena em casa, outros nos hospitais, onde os dias quase duplicaram as horas. O que se apreende com este vírus…? À cabeça, que tudo duplica, triplica, quadriplica e que por muito que se faça e nada nos custe (em certo sentido), não conseguimos exterminar esta criatura perigosa, que mesmo sem cérebro, tem feito vingar as suas ideias, lutando por singrar, por viver, lembrando que fomos postos cá para isso, que isto ainda não acabou, que não acaba assim, sem luta renhida. O que podemos fazer? Sei, lá!, Arremessar as máscaras e calçar as luvas de boxe. Até sei em que ponto o atingiria, nosso Senhor que me perdoe, mas era mesmo onde mais dói!

Uma Santa Páscoa, para o Senhor, Padre. Muitas amêndoas.

Anónimo disse...

Peço desculpa pelo atrevimento - eu que nada sei acerca dos rebanhos do Super-Padre, mas pelo cognome, presume que auto-imposto (ninguém me desdiga) deve ser um Super-Rebanho (desconhecendo eu quem mais conta, presumo que estarão elas por elas)- mas isto por aqui anda muito morno, mesmo para época pascal. Além do tema em destaque pouco mais se tem passado de verdadeiramente estimulante do ponto de vista da fé. Quase vislumbro as suas ovelhas, sonolentas, bocejantes e ao vê-las assim, calculo que a sua preparação para a Páscoa fica aquém. Assim, em tom roxo, seria desejável imprimir um dinamismo à espiritualidade, centrada na paixão e ressurreição de Cristo.
Há quem cante, dance, e chegamos aqui... e desesperançamos, porque, mesmo sem querer, o Senhor Padre parece-me estar mais abraçado ao Covide do que que à Cruz.
O que proponho eu? O Senhor Padre, tem melhor cabeça do que eu para estas coisas, anda há muito anos nisto, mas, como sabe, estamos numa situação especialíssima, vivemos dois tempos únicos num só, por isso, podia pôr aqui um vídeo seu a dançar, seria agradável. Caso não tenha ainda nada ensaiado, sempre poderá fazer outra coisa. Umas frases para meditar, em que pudesse-mos reflectir e contribuir com um comentário ou outro. Mas, o que mesmo gostava, era que elaborasse um teatrinho, ou melhor, que criasse a possibilidade de, escolhido um tema e descritas as personagens, cada um de nós se propusesse colaborar na redacção dos diálogos. Uma coisa pequena, mas diferente. O que acha?


Confessionário disse...

O que acha?

Fantástico.