domingo, novembro 17, 2019

Vinha-se confessar ou parecido

Vinha, despachada, enquanto me preparava para confessar, a pedido de um colega, numa paróquia vizinha. Era uma jovem risonha, sem dúvida. Vinha-se confessar, mas não sabia o que estava a fazer e, segundo me disse, não se recordava de se ter confessado nunca. Mas ria-se. E ria-se. Não sei se de incómodo, se de azia, se de nervosismo, se de graça. A graça que tinha tudo aquilo. Porque, tenho a certeza, se lhe falasse da graça de Deus, ela ia continuar a rir. Não sabe esse termo. Usa-o só por piada. E conhece uma senhora velhota que tem esse nome ou parecido. Não sabia, como era de esperar, o que era um exame de consciência ou um acto de contrição. Não sabia o que era sequer o pecado. Ela não tinha. Foi o que disse. Nem sabia bem o que era isso. Foi o que disse. Mas nunca ouviste falar de pecados? Perguntei. Que eu me lembre, não. Respondeu. Não desisti dela. Não desisti da confissão. Fizémos o que foi possível. Embora desconfiado, creio que a graça sacramental ou a graça de Deus é maior que todas estas coisas. Mas quando lhe perguntei porque estava ali, respondeu que estava ali, sem saber muito bem porquê, mas tinham-lhe dito que, para se crismar, tinha de se confessar.

7 comentários:

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Parece-me que essa jovem estaria nervosa. Há pessoas que se riem quando estão ansiosas.
Para mais não sabendo o que era a confissão. Só sabia que precisava de confessar-se para se crismar.
Ora esta intenção já é só por si um bom prenúncio.
Na minha modesta opinião antes de se confessar ela necessitaria de fazer uma catequese.
Uma catequese onde lhe fossem ministrados os princípios básicos do Cristianismo, os sacramentos, etc.
Não sei se estou certa.
Cumprimentos,
Ailime

Anónimo disse...

Concordo com Ailime: precisava de uma catequese a menina.

Confessionário disse...

Esse é de facto o problema. Porém, permanecemos numa sacramentalização sem evangelização e formação. Eu acho que devemos dar valor a todos os pequenos passos que cada um vai dando. Mas também temos de lhes deixar claro que têm de dar muitos mais passos. E não é fácil propor isso às pessoas.

Anónimo disse...

Puramente verdade, padre em matéria de falar de Deus fica complicado, pra algumas pessoas, Tem aqueles que só lembram dele no desespero ou busca pela dor ou pelo amor. Existem pessoas que falam que realmente dúvida da existência Dele, por que de tanta injustiça e sofrimento no mundo ??? Isso é muito importante permitir que seja importado na evangelização. Que poucos procuram pq muitos buscam para vangloriar por si própria e engana o próximo usando o nome de Jesus.

Anónimo disse...

Milhares, milhares de Confirmações na Fé ou Crismas, infundados!!! Ah bom clero! Vai tudo de carreta e passa adiante...

Anónimo disse...

Há um padre que conheço que cada vez que fala de Reconciliação nas suas homilias, nunca o faz sem acrescentar o advérbio de modo "bem" feita. Uma Reconciliação bem feita, diz ele...
Ora isto leva me a deduzir que muitas não serão bem feitas. Um detrimento da qualidade em prol da quantidade.
A Reconciliação... É preciso "senti-la". A catequese embora necessária para a entender não faz tudo...

Quantas pessoas darão uma definição perfeita do Sacramento, saberão os preceitos todos e ainda assim não a farão bem feita?


Concordo com a Ailime, a jovem estava acima de tudo nervosa....Expor-se não é fácil. A exposição em que se incorre é sempre o primeiro o pensamento de quem o faz sem saber muito bem porquê.
Acho que também está um bocadinho nas mãos e no coraçao do confessor. O espaço da confissão poderá, nestes casos ser um espaço também de catequese, de direcção espiritual, na esperança que o Sacramento seja um dia entendido e sobretudo sentido.

SL

Anónimo disse...

https://www.facebook.com/Paroquia.de.Oeiras/videos/795656077556479/

Um exemplo a seguir pelos nossos jovens. Pena as vocações chegarem maioritariamente da América Latina. Jovens com conteúdo! Adorei!