quarta-feira, fevereiro 06, 2019

Deus grande e insignificante, ao mesmo tempo

O filho da Alexandra teve um acidente. Não foi tão grave como podia ter sido. Foi assim que a Alexandra falou para as amigas. Já não sei se ouvi a conversa, se me foi contada. A Alexandra estava a falar com as amigas dizendo que podia ter sido muito pior, mas que o filho estava bem. Tem algumas escoriações no corpo, mas podia ser pior. Por isso agradecia a Deus, dizendo que Deus era grande e nunca lhe falhava. Misturava Deus e Nossa Senhora. Obrigado Meu Deus e obrigada minha Nossa Senhora de Fátima por protegerem o meu menino. 
Dei por mim a dar graças a Deus pelas palavras da Alexandra. De facto, como é bom quando reconhecemos a grandeza de Deus e da sua mãe. Como é bom reconhecermos a sua protecção. Como é bom reconhecermos que Deus nunca falta. Estava nestes pensamentos quando me lembrei que a Alexandra aparece pouco na comunidade. É daquelas mães que, se puder, leva o filho a outra paróquia para se crismar, porque não se importa que ele não tenha catequese. É daquelas pessoas que quase só aparece nos dias de funerais, festas, casamentos e baptizados. Não é má mãe. Nem posso ajuizar que seja má cristã ou que tenha uma fé muito insipiente. Contudo, ao pensar nas suas palavras e ao recordar a sua pouca vivência celebrativa da fé, não pude deixar de pensar, com pena, que, às vezes, só nos recordamos da grandeza, força e presença de Deus quando surgem aquelas ocasiões fatídicas na nossa vida. Como se Deus só existisse para nós quando precisamos d’Ele. Como se fizesse parte daquele grupo de amigos que apenas buscamos quando nos apercebemos que não nos bastamos. Não é mal dar conta de que acima de nós, só Deus nos pode sustentar. Mas é uma pena que, fora desses momentos frágeis, a nossa vida se centre em nós próprios, como se Deus não existisse. É uma pena só darmos conta que Deus existe nessas horas quando ele está em todas as nossas horas. 
É caso para dizer: será que Deus é tão grande que não cabe nas nossas vidas diárias?!

9 comentários:

Anónimo disse...

Eu acho que Deus cabe e está presente na vida de todas as "Alexandras"que não vivenciam de forma celebrativa a sua fé. Nas suas atitudes mais generosas ou sábias,nos seus arrependimentos, nos momentos de gratidão.

Reger a vida de acordo com os valores cristãos, por si só é bom. Mas vivê-los à luz da fé, de Jesus é meio caminho andado para ser e fazer feliz!

Digo eu, que sempre tive presente o valores cristãos na minha vida, mas nem sempre os vivi à luz da Fé e os celebrei, como o faço hoje.

Não sou necessariamente melhor pessoa, mas sou diferente. Mais feliz, na medida em que a tomada de consciência de Jesus na nossa vida faz com que o retorno das nossas atitudes, boas ou más, sejam diferentes.

É isso que falta às "Alexandras".Tomar consciência...Viver os seus valores à luz da Fé.

Como se ajuda, se " ensina" essa tomada de consciência... É uma boa pergunta.

SL

Anónimo disse...

Sim sabemos que DEUS É NOSSO PAI, precisamos do Seu olhar ouvir as batidas do Teu coração e sentirmos acolhidos nos Teus bracos. Toda nossa alma precisa de TI. Aleluia...
chm

Ailime disse...

Bom dia Sr. Padre,
O Deus do Amor e bondade infinita é Deus de todos os dias, que enche a nossa vida com a sua misericórdia e não um Deus apenas de quando dá jeito.
Pela oração diária e prática devemos estabelecer o nosso diálogo íntimo com Ele, que se faz presente nas nossas vidas.
Ailime

Anónimo disse...

Somos como crianças a darem os primeiros passos. Quando dá mais medo, queremos a mão do nosso Pai. Quando nos sentimos mais confiantes ou independentes, achamos que já não precisamos de ninguém... Até voltar o medo... E o medo não acaba nunca, apenas adormece de vez em quando...
Quero Deus na minha vida em todos os momentos mas lembro-me mais Dele nos momentos de aflição.
Acho que todos somos um pouco assim...
Zu

Anónimo disse...


Será?!

Se Deus não cabe nas nossas vidas diárias, o que havemos de fazer?
Plano alimentar: Dieta 24+

(Para ficarmos mais magrinhos)

Anónimo disse...

Tudo com Suas benção fica bem amenizado em tudo na nossa vida.

Anónimo disse...


Acontece com tantos e tantas isso que descreve. Porque Deus é exuberante e discreto. E também é amor. Custa encontrar um meio termo quando o assunto é Deus. Por isso passa despercebido aos olhos de todos os dias. Se calhar o que ficou para trás nem é bem exacto. Deus vê-se, aprecia-se, mas não costuma ser preciso para executar tarefas correntes. Assim, dobra-se, arruma-se num cantinho cantinho, empurra-se a porta e já está.
Quando aperta, bem já deve saber como é que funciona. Vai-se a correr ver se Ele ainda lá está, se está bem disposto e se pode ser útil. Por mercê.
Certamente foi o que se passou com a Alexandra. Andava distraída na vidinha dela, absorta nos seus afazeres quando foi surpreendida. Recorreu aos médicos, logo a seguir, logicamente, recorreu a Deus. Parece que correu bem, pelo que conta. Não me ocorre que Deus se tenha queixado de prestar ajuda numa coisa tão banal: um acidente. Ou Lhe tenha ralhado. Porque Deus não é Um qualquer, Deus é prestável. O Seu amor tudo suporta. É paciente. Não é orgulhoso. E etc e tal. Provavelmente a Alexandra ainda se lembrou de chamá-Lo à atenção. Deverá ter-lhe dito que a sua desatenção permitiu a ocorrência. Que falhou. Que deverá ter mais cuidado de futuro se quiser continuar como Deus. Que há muitos a quererem o seu lugar. Que o seu filho, para ela, é sagrado. Deus deverá ter-Lhe retorquido e precisamente com esta frase:«Errei, de facto, é lamentável, desculpe-me minha senhora". Feita a pausa emocional, aquela que permite o deslizamento sem interferências de duas lágrimas consecutivas, ambas proveniente do mesmo canto do olho - (é que Deus estava de perfil) - terá acrescentado: «Não voltará a acontecer: distraí-e a consultar o meu tablet».
Nesta caso em particular, a Alexandra foi a tempo. Houve um final deveras feliz. Mas, como calcula, as consequências poderiam ter sido trágicas. Fatais. Sobretudo para Deus. A Alexandra que Dele se tinha esquecido agora pensava: «Que velho está. E lento. A perder cabelo. Tenho que começar a procurar outro Deus, mas desembaraçado. E atento». O que vale é que pouco depois, a Alexandra esqueceu-se da resolução e Deus, continuou, sempre tão discreto em seu canto predilecto vidrado no tablet que por milagre lhe fora parar às mãos.




Anónimo disse...

Sr. Padre

Estava a pensar convidá-lo para o meu casamento. E para me assessorar em matéria de moda e elegância. Por força que gostaria de ir de cetim, num tom entre o branco e o esverdeado. Calçar umas meias de renda da Calzedónia com risca e levar uma malinha Vitom a tiracolo, em conta, daquelas que se vendem na Feira da Noiva, que se faz aos domingos ali para os lados da Baixa da Banheira. Mas quanto ao resto não sei. Acima do joelho, pela barriga da perna. Levantou-se-me a questão do perímetro da anca, mas penso que não haja medidas comedidas para a celebração de um casamento. Pelo menos na sua igreja, quero querer que não. Detestaria fazer má figura ou sentir-me mal. Não posso pagar àqueles indivíduos, que com a mãozinha no ar, dão palpites de obediência. Detesto policiamentos. Mas o Sr. Padre é tão diferente. Tão distinto... Bem, quero dizer que confio muito no seu gosto. Até aposto que coloca umas gotinhas de água benta atrás de cada orelha para se refrescar e para afastar os maus olhados. Bué de refinado, parece-me só por isso.Disso mesmo é que eu preciso com tanto invejoso que pulula por aí. Lembrei-me de si depois de me ter posto a pensar em casamentos. Quem melhor que aquele Sr. Padre que escreve coisas giras no blog das confissões para me ajudar? Já viu tantas noivas...! Gordas, magras, altas, baixas, magras e gordas, todas solteiras, viúvas ou divorciadas, como eu. Se calhar até tira fotografias e faz catálogo... Quem sabe? Também é isento, assim p obriga o seu metier. No último Natal, durante a missa do galo pus-me a contar e havia tantas, tantas estrelas na igreja que frequento... É assim que eu quero sentir-me, uma estrela ser a mais brilhante de todas, ninguém me pode fazer sombra! Vou-me casar à noite, claro. No meu vestido de cetim. Mas há o problema do comprimento, como já lhe expliquei. Outra preocupação são os sapatos, 12 cm, 15 cm, 30 cm...? Não basta ter de me preocupar com o perímetro também com a altura do salto!!! Depois há as braceletes e a bandelete. Também posso optar por um véu. Uma capeline. Uma grinalda com umas fitinhas iguais ao vestido até ao meio das costas. Podia ser de heras, é fino e intemporal. Está a ver???? Estou mesmo aflitinha! O meu noivo é um nabo, um idiota, vou-me casar com um estúpido que tinha tudo para poder ser outra coisa, sempre a dizer-me o que fazer e o que temer. Obcecado. Mas nisto não, vai ser o Sr. Padre a ajudar-me. Só lhe peço, além do contacto, que venha de preto. Havia um estilista sempre de preto para não sujar a vista. Nesta missão não convém que suje a vista ou que a contamine com outras cores. Urgente, porque o meu noivo está a pressionar-me e até quer que faça dieta. O estúpido. Já disse que o meu noivo era um estúpido? Nisto da roupa de casamento mando eu. Já sei o cetim, a cor, o relógio e que vai ser um tailleur. Falta todo o resto. Não se esqueça da estrela.
Eu gostava de ter um animal de estimação. Acha que devo comprar um cão de guarda? Gostava tanto que ele fosse ao casamento para levar o cesto das alianças.
Depois, é claro, se quiser, pode ser o padre, caso condiga com o vestido. Não quero que nada destoe.

Anónimo disse...

Depois de desfolhar algumas revistas de moda, decidi: vou descalça.
Os laboutin vão na almofada. Acha bem?