domingo, junho 24, 2018

As confissões da moda

Não, não são as confissões que estão na moda. Até porque mais parece que se tornou algo démodé. Não é por esse motivo que escolhi este título. Antes quero fazer referência àquelas pessoas que se confessam dizendo que não têm pecados. São gente para quem ter ou não ter pecados é secundário. Confessam-se apenas por causa da festa. Há um certo pudor - quando há - em se abeirar da comunhão na festa do filho sem estar confessado, porque sempre foi assim ensinada ou ensinado. Mas depois, diante do sacerdote, dizem que não têm pecados. E quando lhes falamos das faltas da missa dominical, perguntam, à boca cheia, Atão mas isso é pecado? São aqueles que se limitam a assinalar os mesmos pecados que diziam na confissão quando eram crianças. As mentiritas, as asneiras, as palavras e pequenas chatices e zangas. São esses os pequenos nadas de gente para quem o pecado não é assunto. Mas o pior é que se calhar nem Deus é assunto. E isto está na moda.

20 comentários:

Anónimo disse...

viemos no pecado...mastemos...

Paulina Ramos disse...

Bom dia,
Compreendo o que queres dizer.
O meu filho vai Crismar-se dia 7, e tenho travado uma árdua batalha, para ele se confessar, é que há alguns anos atrás um idiota qualquer lhe disse, no momento em que ele se confessava, que nada é pecado.
Será mais uma das inconsistências dos membros do clero que administram os sacramentos a seu belo prazer, e neste caso particular, tentando (talvez) justificar a vida suja e promíscuo que leva.
Mas reconheço que talvez ele tenha uma certa razão.

Anónimo disse...

E tu Padre, que fazes para mudar isso?
E ainda que faças, será suficiente?
E o teu conceito de suficiente, bastará ?

Anónimo disse...

padre e não te estás a esquecer daqueles que vão confessar os pecados dos outros?

o padre aqui da minha terra tem por hábito contar a anedota sobre um sacerdote que depois de ouvir em confissão uma mulher se levantou e foi junto da assembleia dizer: fulano de tal eu te absolvo dos teus pecados!

é tão mais fácil ver os pecados dos outros e não ver os nossos, não é? Temos uma aparente vida isenta de pecados, somos seres perfeitos à vista do nosso umbigo!

Paz!

Confessionário disse...

25 junho, 2018 16:24
As tuas perguntas são muito boas. Vou usá-las na minha meditação. Mas tento já responder sem pensar muito:
Faço algumas coisas, mas muito poucas, muito insuficientes, muito longe daquilo que devia ser, muitíssimo longe das necessidades reais da Igreja que eu sonho!

Anónimo disse...


Curioso, a minha filha teve este ano a festa da Primeira Comunhão. Umas das catequeses para pais que antecedem a festa, o tema foi a reconciliação. Origem, importância do sacramento...

A maioria dos pais não se confessavam há anos e fa-lo-iam agora pelas razões que o teu post aponta.

No final foi entregue pelo Padre uma proposta de exame de consciência baseada nos 10 mandamentos. Erro meu tê-la lido... Completamente desadequada aos nossos dias. Muito invasiva principalmente no que toca aos mandamentos relacionados com a castidade.

Felizmente, na minha opinião, acho que ninguém a leu é aqueles papéis que se metem na mala e se esquece..

Acredito que até mesmo que nem o Padre a leu... na sua azáfama, procurou na net e nem leu atentamente.

Depois desta preparação, o Pároco marca então o horário para as confissões dos pais.

Propõe-se com a ajuda de outro colega confessar cerca de duas dezenas de pais em 2 horas (uma média de 10, 12 minutos por penitente)

Chegado a minha hora, a pressão de ter uma fila de gente à espera e de ser "despachada", não ajuda em nada...

Acabo de me confessar e penso realmente o que la fui fazer? Absolutamente nada! Mas pronto estou confessada...

Eu gosto de uma conversa que acaba em confissão e não de uma confissão que acaba numa conversa...


Estranho depois de uma catequese sobre a reconciliação as coisas se passarem assim..

Confessionário disse...

26 junho, 2018 12:33

E pelos vistos, até te abeiraste da Confissão de forma bem intencionada!
Realmente temos de fazer alguma coisa. Mas que fazer?

Anónimo disse...


Sou a anónima
26 junho, 2018 12:33

Pois é que fazer? Nas igrejas evangélicas os baptismos são feitos na idade adulta. Significa que o baptizado se está a converter de forma consciente... com formação espiritual. As crianças que frequentam as escolas dominicais são filhos de pais com uma grande formação cristã ao contrário das nossas catequeses.

Ainda sou católica. Prende me a Eucaristia enquanto acreditar nas mãos de quem consagra. Se me deixar de envolver na comunidade Católica, não procurarei mais nenhuma.

Utilizam se as crianças para trazer o pais, quando deveria ser exactamente o contrário.

Mas se assim não fosse o que aconteceria às estatísticas da Igreja Católica? Desculpa, mas mal comparado, às vezes a Igreja faz me lembrar o Governo... Reina a estatística

Anónimo disse...

Na minha aldeia, só há sacramento da reconciliação unicamente no Sábado de Ramos. A meio da missa vespertina, nos bancos da igreja, com toda a gente a olhar e a comentar se a pessoa A demorou mais que 5 ou 6 minutos, com comentários jocosos em surdina, sem o mínimo de privacidade, com pressa porque a missa têm que continuar...
E fica um desalento tão grande! E uma sensação de que "aquilo" é nada!
E como o anónimo de 26 Junho, também eu pergunto: que vim eu aqui fazer?

Anónimo disse...



Curioso Padre, Se por um lado te "queixas" do tipo de confissão mais comum nos dias de hoje, por outro muitas que se " abeiram da Confissão de forma bem intencionada!" não o conseguem fazer.

E o que vocês, Padres, devem sofrer a ouvir... qual será a taxa de confissões "verdadeiras" que atendem?

E no entanto, não os vejo a fazer nada nesse sentido... De que vale incentivarem a confissão de empreitada antes das festas e depois vos ser tão complicado atenderem, quando são solicitados para tal?

Anónimo disse...

esta fez-me rir
.....................................................................................
eu também não me sei confessar..mas sei que sou pecadora ................
um Padre meu Amigo ..agora está doente dizia me Vou confessar as "velhas"
com muita graça e carinho..............não diga isso dizia eu...As novas não vão lá e quando vão não tem pecados.....ria ria..
e eu pois ´é

Confessionário disse...

27 junho, 2018 14:14

Não é tudo cinzento, nem a branco e preto.

Confessionário disse...

26 junho, 2018 15:45

Não é só estatística, na minha opinião. Eu diria que é mais uma estrutura...

Confessionário disse...

26 junho, 2018 17:23

Sugiro que te abeires da confissão noutras ocasiões. Essas de facto são quase sempre a correr...
E tb não podes confundir a confissão com a direcção espiritual, embora ambas se possam complementar muito bem.

Confessionário disse...

Caros amigos

estou a gostar bastante desta reflexão, que me está a ajudar a reflectir...

Por isso pergunto: se vos fosse dada a oportunidade de decidir como fazer, que fariam?

abraço a todos

Anónimo disse...


Claro que não é tudo cinzento, branco e preto Padre...Da provocação, bem intencionada, nasce a reflexão.

"não podes confundir a confissão com a direcção espiritual" quanto a mim tocaste num ponto fulcral.

Muitos que se abeiram da confissão de forma bem intencionada se calhar procuram mais a direcção espiritual.

A confissão é um ato de tal coragem, de tal humildade e mea culpa que muitos não estão, tal com eu, preparados, ainda, para o fazer. E por isso a deixei de procurar. Sei que não posso utilizá-la sob qualquer outro pretexto que não seja entregar a minha "vergonha"

então será que a falha está na direcção espiritual? E como obtê-la?

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
O problema é mesmo esse que refere no final.
Mas a Igreja não poderia fazer umas sessões de esclarecimento acerca do que é o pecado e até ensinar como deve ser feita uma confissão?
Sei que isto é um bocado básico, mas seria útil.
Por outro lado, acho que como adultos devemos ter a noção das faltas que cometemos.
Ailime

Confessionário disse...

27 junho, 2018 18:32

Na minha opinião, nós, padres, deveríamos ter mais disponibilidade para estar disponíveis, seja para confessar seja para a direcção espiritual. Mas para isso é preciso tempo, e menos correrias, e menos afazeres administrativos.
Eu procuro estar sempre meia hora mais cedo antes da missa semanal para quem quiser confessar-se. Achas que vai muita gente? Não. Mas não não deixo de o fazer.

Por outro lado, creio que precisamos de leigos que comecem a ouvir quem precisa de desabafar ou fazer direcção espiritual. Parece-me que há muito bons leigos para isso. Ou então pessoas consagradas que não sejam sacerdotes. Ou então, vamos mesmo fazer com que o padre tenha tempo para estas coisas e dexie de lado o cumprimento esquisofrénico de ritos, rituais, tradições, devoções e que tais...

Ailime, tb queria dizer-te que, ás vezes, na homilia, o assunto vai saindo. E por ocasião das tais festas tb. E para fazer exames de consciência tb eu já coloquei panfletos na Igreja.

Gui disse...

Hoje é dia de confissões e hoje estarei lá com as crianças e talvez não me vá confessar. O "novo" padre não tem medo de demorar e demora o tempo que acha necessário seja com as crianças seja com os adultos. Na quaresma ficou-me de emenda: não me voltarei a confessar assim (em comunidade) com ele. MEses passados e volta e meia e ainda volta a pergunta: Que pecados tinhas tu?, ou Andas tu na igreja e tens tantos pecados?... Verdade foi que estando vários sacerdotes apenas as crianças/adolescentes e 2 ou3 adultos se confessaram a ele para não falarem delas (afinal andam na igreja e não pecam) o mesmo que elas falaram de mim.
Já me tinha esquecido de todas as vezes que adolescente respondi "Vá perguntar ao padre" ou "não lhe chegam os seus para querer saber dos meus". Chateia-me acabar a confissão a começar a pensar em tudo menos em chamar de santas.

Confessionário disse...

Ora bolas, Gui, lá está outro problema mais na contabilidade. Mas que vamos nós fazer à Igreja?!... realmente não duvido que haja muita gentinha, por brincadeira ou por azia, a fazer esse tipo de comentários...