quinta-feira, novembro 10, 2016

Perguntou quais eram os motivos para ser padre

No local onde em tempo de estudos resido tenho a oportunidade de me juntar com mais colegas sacerdotes e discutir sobre tudo e nada, a propósito e a despropósito. Como sou um dos que possui mais anos de sacerdócio, um deles decidiu perguntar-me qual ou quais eram os motivos para ser padre, o que é que ainda me mantinha após estes anos todos. E por acaso, como era um assunto que já pensara muitas vezes e em especial nesta semana dos Seminários, respondi que só tenho um motivo para ser padre, embora às vezes, ou muitas vezes, busque outros. 
É difícil dar razões do nosso sacerdócio, buscá-las, dizê-las. Se calhar deveria haver milhares de razões e motivos. São esses que às vezes procuro para me justificar ou para me sentir um padre com razões para sê-lo. São, quase sempre, humanos e mundanos, mesmo que bons e altamente positivos. Contudo, e sinceramente, penso que só vale a pena ser sacerdote por um motivo: o Amor de Deus que nos chama e fala mais alto.

12 comentários:

Anónimo disse...

Claro que, na minha modesta opinião, esse deve e tem de ser mesmo a razão de ser do ser padre!! Pena que muitos arranjem "n" motivos para abafar esse.. no entanto, pensando também no que tem sido a minha vida, desde que reencontrei Deus no meio dos meus atalhos da perdição, essa tem sido a minha razão de viver. Simplesmente não concebo amar Deus sem amar o Próximo: 1º tenho a minha relação com Deus, que quero muito intima e pessoal (dai não me sentir bem no meio de movimentos de igreja), na qual não me posso limitar a venerar, porque, como relação que é, requer bilateralidade e alimento de parte a parte: agradeço, peço, questiono muito. Em 2º, mas ao mesmo tempo, vem a relação com os Outros, a coisa mais gratificante do mundo e que é amar Deus na pessoa dos mais frágeis, vulneráveis, carentes.. os das periferias de que tanto se fala mas que muito poucos de facto conhecem.. vão longe nas palavras para descrever periferias, quando elas estão tão próximas de nós, tão facilmente alcançáveis desde que saibamos fazer do marginalizado o nosso altar de vida, sem que disso ele se aperceba..
Objetivos idênticos, missões diferentes sr. Padre...
Agnostica Portuguesa

Anónimo disse...

Uma resposta simples mas com o motivo essencial... Aliás sem essa razão, poderia haver mil e uma explicações mas, seria incompleta concerteza...
Se eu não tiver amor..nada sou ó Senhor.
bj

Anónimo disse...

É tão incompreensível para mim, abdicar de amar e partilhar a vida com alguém, abdicar da paternidade que só pode ser por algo muito grande... Ainda assim continuo a achar que construir família não é de todo incompatível com os deveres e propósito de um sacerdote... Principalmente nos nosso dias, em que a vida e o mundo são tão complicados. Uma verdadeira companheira de vida para além de Deus era capaz de vos tornar mais felizes e Deus, acho eu, não levaria a mal.

Enfim, isso seria se não fizessem absolutamente questão de se manterem celibatários. Mas sei que muitos sacerdotes, se lhes fosse permitido ponderariam o casamento. Que bom que seria para todos se fosse opcional.

Se calhar, haveria muito mais padres para fazer funerais ;-)

Anónimo disse...

Ó padre, seria muito útil que esta pequenina reflexão chegasse aos seminaristas! Penso que muitos deles estão nos seminários por outros motivos, e alguns deles errados!

Luís Ramos disse...

Ser sacerdote para responder ao chamamento de Deus de ser amor de forma mais perfeita em sintonia com a vocação a que alguns são chamados a viver por Deus, com Deus, em Deus.

Anónimo disse...

Só esse Amor maior torna lógico o muito que os sacerdotes abdicam.

agnostica portuguesa disse...

Sinceramente nao consigo ver a missao de o padre -Amor pleno por Deus- como algo que antagoniza com o Amor homem/mulher. Ate acho que o matrimonio ensinaria mts padres a olhar para o Proximo de form comprometida ee cumplice. Pois a naioria deles - no outro dia ouvi um recem ordenado o proferir-dizem que a postura deles 'e estar no mundo mas sem se envolver nele...isto irrita-me solenemente! Quem ama tem q se envolver..assim e facil rezar...desculpe Padre q patece-me ser um verdadeiro Pastor.
Agnostica

Confessionário disse...

Agnóstica, eu acho que em tempos tb tive essa teoria do recem-ordenado!
Sim, foi algo que surgiu no pos vaticano II, quando se falava que a Igreja devia estar no mundo (porque o mundo se havia emancipado da Igreja), mas mantendo a sua identidade.... como se a identidade da Igreja nos retirasse do mundo. Tb nao concordo mt. Não é que a gente tenha de chafurdar com as coisas que o mundo oferece... mas dentro dele, transformar alguns corações!

agnostica portuguesa disse...

Por isso a Igreja sera sempre periferia para as Periferias, quando deveria ser centro nas periferias..eu nao tenho outra forma de rezar senao amando Deus atraves dos Outros.. mts padres, por medo de se envolver, nao passarao de excelentes teoricos..e quer saber? Doi mt mm pq a igreja vai matar-se a si propria..estou mt triste mmcom certas atitudesi ncoerentes neste fim de ano da Misericordia..

Anónimo disse...

Padre, bom dia!
para que não pareça arrogância gratuita da minha parte dou um exemplo mt concreto do que disse no ultimo comentário: o meu Amigo Pe falecido que me salvou do agnosticismo e me ensinou a caminhar na fé, por exemplo, não se ficava pela escuta dos dramas das pessoas no confessionário, envolvia-se neles ao ponto de tentar vias praticas de solução (por ex nos divórcios, se justificados perante Deus - e para ele eram qdo o Amor e respeito no casal eram violentados por comportamentos humanamente demasiado dolorosos - tenta canalizar a pessoa em causa para alguma pessoa Amiga conhecedora da área do Direito da família para a partir daí os encaminhar para quem de direito... perante doentes com por ex doenças do foro psiquiátrico (ex anorexias) partia mtas vezes da experiencia que tinha tido com a minha historia para encaminhar pessoas para médicos bons... era um grande Senhor de Oração, mas além disso de muita ação, sem medo de amar as Pessoas, de se envolver no mundo.. terá morrido por isso? cansado? talvez, pq foi embora de um avc repentino e ao menos sinto paz pq estava numa fase da minha vida em que não lhe causava grande preocupação, a nossa Amizade era serena, ao contrario de há uns anos atrás qdo cheguei às mãos daquele Santo dizendo com toda a convicção que queria morrer e que ele me desse o perdão (mesmo eu dizendo que não acreditava em Deus) por abandonar os que me amavam..
Mas infelizmente vejo que muita da nossa Igreja teoriza sobre os problemas mas não sabe lidar com a sua afetividade s por isso limita-se a dar "sentenças", ordens a quem os procura de lagrimas que escondem dramas, do género: "tens de aguentar o casamento, é um sacramento divino".. "levanta-te dessa anorexia - se for bulimia pior, pq sempre temos o exemplo de Santa Catarina de Sena como 1ª anoretica da historia conhecida - é isso é anti natura", "tens de ser forte".. sim temos de nos levantar, mas quem está lá em cima tem de se saber sentar no chão connosco e a partir daí estar disposto a caminhar connosco.. exigente o Amor de Deus não é? Mas é esse o verdadeiro para mim!
Agnostica

Confessionário disse...

amiga agnóstica
eu tb não concordo com uma outra teoria que agora anda em moda: que os padres devem andar no mundo, mas entendido como andar nos bares, nos cafés, nas farras e nos copos e sempre que há um encontro opíparo...
eu sou mais da opinião que devemos dar resposta às pessoas, sempre que nos é possível, entrando nos seus corações...

bem tento, mas tb não consigo ser como teu amigo

Anónimo disse...

Engraçado Padre tinha-me esquecido de referir esse fenómeno de que fala: muitos padres jovens sobretudo julgam que para mostrar a sua modernidade o melhor será frequentar os sítios mais audazes e mais mundanos, mas no entanto as suas mentes são mas fechadas do que o meu Padre que andava sempre de sandálias, um fatinho mt humilde e no entanto tinha uma abertura de espirito que superava qq jovem padre de T shirt e calções ou a beber um uisquy num bar para mostrar que é moderno..
desculpe mas quando eu disse que se deveriam envolver no mundo, não queria dizer que se avacalhassem no mundo..
O meu padre era Santo, todos dizem que não chegam lá, que o admiram mt, mas sinto pena que não vejam que a melhor forma de homenagear a memoria dum santo é tentar seguir-lhe as pisadas..se o sr Pe tentar, e vejo que a sua filosofia de Amar Cristo é na mesma linha da dele, já está no caminho da santidade..
Agnostica