segunda-feira, novembro 14, 2016

Padre com fé

A mãe da jovem que morrera faz um ano estava na missa. Bem como o namorado e o pai do namorado que são de outras paróquias. Estava mais uma série de pessoas que lhe eram próximas. No final da missa parei para dar um beijo (chamemos-lhe de força) à mãe. Pressinto que o necessitava. Com o beijo veio uma conversa simples e rápida. 
Mal acabou, o pai do jovem namorado acercou-se do carro. Estendi-lhe a mão para o cumprimentar. Agarrou-ma, com a força típica de quem quer expressar mais que um mero cumprimento. Depois levou-a à boca, beijou-a, e disse Senhor padre, continue sempre com essa fé. 
Pasmei sem palavras. Não sei de onde retirou a conclusão de que eu tinha uma grande fé. A homilia fora mais uma daquelas homilias normais, comuns, banais. Ou então não. Talvez tenha sido a forma como me expressei. Ou como celebrei. Ou não sei. Só sei que pasmei. Mas foi com alegria que recebi aquelas palavras. Mau seria que me dissesse que eu não tinha fé. Mau seria que se percebesse que um padre não tinha fé.

5 comentários:

paula disse...

Sabe não é o que se diz, mas a forma como se diz e como se vive o que se diz. Sabe-se quando vem de dentro, quando é apaixonado e quando não é. Lembro-me de há uns anos me apaixonar pela igreja quando me mostraram que se podia viver a fé de forma alegre. Não foram as músicas simples e a guitarra, foi o amor, foi Deus. Tal como aconteceu consigo. E tal como me acontece quando cá venho lê-lo e volto a encontrar Deus e apaixonar-me outra vez por Deus e pela igreja. Enquanto houver amor de Deus a igreja não estará em crise de fé. Ousemos confiar que Deus sempre providencia.

Continue assim, que Deus o abençoe, rezo por si.

Abraço,
Paula Sousa

Anónimo disse...

Se o sr Pe é daqueles que fala com o coração, de dentro para fora e não de fora para dentro, qualquer pessoa reconhece-o à distancia.. dou-lhe os parabéns e queria muitos mais padres de Atenção na nossa Igreja.
Agnostica.

Confessionário disse...

engraçado, Paula e Agnóstica
que se calhar foi isso! E fez-me muito bem pensar desse modo! Talvez seja o entusiasmo com que se fala Dele... falar "com o coração, de dentro para fora e não de fora para dentro"... hoje vai ser esta a minha meditação!

Anónimo disse...

A autenticidade é isso sr Padre: deixar o coração falar, as palavras vão saindo e vão pasmando o ouvinte, porque são Autênticas.. e, caminhando agora nesta reflexão, que vou deixa-lo fazer sozinho, diria (estou pensando em voz alta) que se vêm do coração e este é de Deus então virão de Deus .. e sem qualquer esforço.. já quem tem de preparar textos infindáveis sobre interpretação do evangelho, mas nunca sentiu, nem tentou vivenciar as realidades que ele quer traduzir, terá que fazer um grande esforço para fazer passar uma Mensagem que, infelizmente não veio de dentro, mas teve de importar apenas da sua intelectualidade.. a qual porém não deixa de ser obra de Deus, mas para mim não o seu berço, que é sim o coração de cada homem!
O ideal mesmo é o coração filtrar a intelectualidade.. mas para mim, 1º coração, depois intelectualidade.
Sei que sou chata qdo se trata de matérias de fé..prometo refrear os meus comentarios.
Agnostica

Confessionário disse...

não tens de refrear nada...