Um dia perguntaram a Jesus quem é que entrava no Reino dos Céus, e Jesus respondeu, chamando a Si uma criança, que quem não fosse como as crianças não entraria no Reino dos Céus. Ontem também me formularam a mesma pergunta e eu fiz minhas as palavras de Jesus. O senhor que a formulara era emigrante e gabava-se de fazer essa pergunta a quantos padres encontrasse para depois poder dizer que já sabia, mas que continuava sem saber, e que ainda ninguém o satisfizera com a resposta. Pois que era por ser como as crianças? Por ter uma simplicidade que agrada a Deus? Por ser ingénuo ao ponto de não ter consciência das suas opções e escolhas? Por ser dependente de outrem para viver? Por ter uma relação de pequeno para maior com esse Deus que se diz amor? Porque é que Jesus se lembrara de usar uma criança para responder a uma coisa tão importante?
Confesso que tudo isto já me viera à ideia nas minhas meditações, e muitas dessas questões também já as fizera. Por isso a resposta dei-lha sem demorar os habituais minutos ou segundos de indecisão. As crianças não vivem preocupadas senão em ser felizes. Não complicam a vida. Vivem-na na procura do que as faz feliz. Não se preocupam com o dia de amanhã, com o pão, com a roupa que hão-de vestir, com o que quer que seja. E mesmo relativizando a idade e maturidade que possuem, a verdade é que são um exemplo daquilo que é a busca do reino de Deus, isto é, a preocupação apenas com aquilo que é essencial, isto é, a busca da felicidade autêntica. O homem olhou-me como quem até gostou da resposta. Mas ainda assim. Um dia ainda temos de conversar melhor.
7 comentários:
E porque as crianças sabem amar, perdoam com facilidade...no instante seguinte já não é nada...são transparentes....verdadeiras...
Sabem viver a confiança e o abandono completo nos pais...assim, também, deveríamos ser com Deus. Porque Ele tem cuidado de nós.
a mesma anónima
O tempo das crianças é o presente, não vivem presas a um passado que não têm, nem preocupadas com aquilo que está por vir. Não intelectualizam a vida, acolhem-na com pureza e simplicidade de coração. Olham para tudo com olhos novos e descobrem a felicidade em coisas tão simples como a observação de um carreiro de formigas. Fazer amigos é fácil e natural. É “meu amigo” o que brinca comigo e me dá carinho e atenção. Não há amuo que dure: depois da birra, vem o sorriso. Sentem-se amadas e protegidas e nunca questionam a bondade desse amor e protecção. Não procuram a felicidade porque a vivem nas pequeninas coisas do seu seu dia-dia. Nada têm de providenciar. Confiam apenas, de todo o coração.
Anónimo de 19 Setembro, 2014 12:56
Como gostava de ter sido eu a escrever o que escreveste! Encantei-me com o que escreveste... Tal e qual. Quase me deu vontade de plagiar e acrescentar neste post.
Bem haja
Mas não esquecer a perspectiva de S. Paulo: deixemo-nos de criancices...
Viver a infância espiritual é a maturidade da vida espiritual: tudo esperar de Deus em um abandono filial e completo, o que é fácil para uma criança, mas difícil para um adulto. A criança confia na mãe...nada teme...simplesmente confia.
Não tem nada a ver com infantilidades, isto, sim são criancices.
Nem significa deixar de fazer o que está ao nosso alcance...
"Viver a infância espiritual é a maturidade da vida espiritual"
Magnifica esta afirmação, sem dúvida que esse deveria ser um dos mais nobres objectivos do nosso existir.
Dessa infância espiritual resulta uma visão muito clara do dia a dia.
Põe a nu as necessidades básicas e primárias bem como o cinismo.
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