quarta-feira, outubro 11, 2006

Uma confissão ou um abraço?

Estive em Taizé. Foi muito bom. Foi uma fonte para mim. Mais não foi porque não deixei. Mas foi bom. À noite, após duas experiências no Oiak, o espaço da desbunda, decidi juntar-me aos sacerdotes de diferentes países que se dispunham a confessar. Dispus-me a atender em português e espanhol, embora fale um “inglês de taizé”, como lhe chamei. Entendo outras línguas, mas não consigo falá-las, por falta de prática. Desculpo-me a mim mesmo. Mesmo assim confessei em inglês, ouvi um italiano e outro francês a quem respondi em inglês, uma italiana que não percebia qualquer outra língua e que me fez confiar na providência divina e no valor da confissão, entre outras confissões pouco habituais e de horas. Mas o mais interessante e inóspito aconteceu com uma rapariga de que não consegui perceber a origem. Falou em inglês e eu traduzo. Abrace-me. Abrace-me. Eu perguntei se não queria confessar-se. Ela repetiu. Abrace-me. Eu sorri e abracei confundido. Foi muito apertado e senti o seu grande tremor. Durou alguns segundos, um tempo que não deu para pensar em nada senão sentir. Depois que ela se afastou, sim, perguntei-me sobre a situação. Não descobri a resposta. Seriam segundas intenções? Seria de outra Confissão religiosa que desconheço e que não possua este sacramento? Seria apenas uma necessidade de se sentir amada? Seria o abraço de Deus?

28 comentários:

joaquim disse...

Se calhar sem "coragem" ainda para se confessar, quis sentir o amor de Deus, o Seu perdão, e assim quis abraçar o sacerdote, em que viu Jesus Cristo.
Abraço em Cristo
Joaquim

Anónimo disse...

Confessionário!!!

È lindo!!!

Sabes as pessoas por norma dão dois beijinhos para se cumprimentarem, mas um abraço é algo muito mais, como direi...amistoso, mais ternurento! E acho que sim...no final da Confissão...um abraço...o Abraço de Deus!! Também quero!!

Beijinhos!!!

e Sorri sempre!!!
:))

Elsa Sequeira disse...

Confessionário!!!

Ùm abraço!!!!
No final da Confissão! Sim!!! È seguramente o abraço de Deus!!!

Beijinhos!!!

:)))

Anónimo disse...

Pois é padre, a mim parece-me o sinal da nossa civilização actual... as pessoas vão se sentindo cada vez mais isoladas, sózinhas... e a única coisa de que necessitam, é simplesmente de um "abraço", o abraço do "pai" misericordioso, que nos ama com todos os nossos defeitos e pecados... sim, ela precisava do abraço do "pai", e voce foi o instrumento!!!
Um abraço para si também

Dad disse...

Acho que seria a solidão e o medo.

Beijinho,

Danilo disse...

Diante do fato, só podemos conjecturar. Mas do que podemos ter certeza é que o sacerdote, no contexto de uma confissão (pelo menos estava ali para isso) atua "in persona Christi" e, por conseguinte, é o Senhor quem está diante da pessoa. E é por isso que se trata do abraço de Deus!

NaSacris disse...

Acho que a Jessy tem razão. Vejo aí mais a necessidade do abraço do Pai misericordioso. O sacerdote é a mediação. O sacramento o sinal.
E, claro!, um abraço, fala todas as línguas!

Anónimo disse...

só taizé é sempre aquele abraço!!!

daqui também um!!

Anónimo disse...

Eu estive em Taizé na última semana de Setembro. Queria tanto confessar-me mas não havia padres portugueses disponíveis.

Pode ser que para próxima o posso encontrar por aquelas bandas.

Em comunhão

Paulo disse...

Penso que seria a vontade de ser abraçada, amada mas na pessoa de Cristo que um sacerdote encarna. Por vezes esses pequenos gestos são de uma grandeza tamanha que nem calcula. Por vezes, são gestos assim, que aproximam as pessoas à igreja.

Andante disse...

Talvez fosse a necessidade de sentir o Outro no sacerdote.
O tal colo que costumo dar aos meus índios e índias (tradução, alunos).

Quando estive em Taizé, há muitos anos, fui também à procura do Outro em todos os momentos da estadia.
Numa segunda vez fui para o silêncio.
Que dias!...

Beijos peregrinos

DTS disse...

Caro Confessionário, Paz e Bem.
Também sinto, tantas vezes, essa necessidade. De um abraço.
Pelos motivos que sabe, os abraços que me vão dando (alguns em sentido figurado) ão-me dando a força de Deus.
Também para si, e para todos os que estão a ler,
Um abraço em Cristo,
Diogo

Anónimo disse...

ola! grande blog! espreito sempre! gostava, se fosse possivel num artigo, o porque de nos confessarmos a um padre, quando nos confessamos diariamente com Deus? nao e que eu seja contra, mas era para perceber melhor, parabens pelo blog

Administrador disse...

Prezado amigo,

Convido a visitar o Blog “Só Deus Basta!” Onde se partilha diariamente a Palavra de Jesus que é o Cristo. Acabámos de Linkar o seu blog pelo que agradecimos procedimento semelhante – http://www.sodeusbasta.blogspot.com

A Paz

Os Discípulos

SC disse...

Poderá ter ido pedir um abraço a quem não visse, nisso, segundas intenções.

Também ando para visitar Taizé.

Talvez para o ano!

nahar disse...

Ai aquele chocolate quente e as guitarradas no Oiak depois do alimento do espírito da oração da noite...

O abraço do Outro sem dúvida alguma...

Cá vai um abraço de um outro em Cristo

simples peregrino disse...

É verdade...e é muito bom sentir o abraço e sentir-se abraçado...e se na verdade me aproximo de Deus quanto mais me aproximo dos outros...olha...agora neste momento...depois de arrefecerem os ânimos até abraçava o senhor reitor ( verdade sentida)...o importante é fazer o bem...acho que esta tarde aprendi mais uma lição...pra ti tb um abraço...

Anónimo disse...

Talvez ela precisasse do abraço k mtas vezes nos precisamos.. Aquele abraço k nos transmite a força para enfrentar o mundo... Akele abraço k nos faz sentir importantes para alguém.. neste caso importante para o nosso Amigo... E foi em si que ela encontrou tudo isso..
Também a mim me faz sentir Deus através deste Blog... Também aqui encontro aquele "abraço" que ela precisava nakele momento...
obrigado..

sp disse...

quando puderes vai lá ao meu cantinho e muda o nome no teu template...outro abraço...hehehe

David de Sousa disse...

Concordo com todos e ao mesmo tempo discordo de todos!Acho que ela fez nesse abraço a sua confissão!Como disse não sabia a sua origem e secalhar ela nem sabia falar muito bem inglês!Por isso usou a linguagem universal do Amor!Pouco me importa saber se era crente nalguma religião ou sequer de qualquer que fosse o país,mas naquele momento,se Deus é Amor,ela sem saber foi rosto de Deus!

Digo que se estivesse no seu lugar quem naquele dia se ia confessar era eu,pois como diz o evangelho de hoje se Deus nos bater à porta a meio da noite vamos fechar os nossos corações?Seguir em frente sem olhar para trás?Seria mais forte que eu!Não aguentaria ficar a ver Deus nos meus braços sem ter os meus braços do meu coração completamente abertos!

Vou continuar a seguir este grande blog!

Fike bem...

Maria João disse...

Olá!

Há muito tempo que não vinha cá. Aliás ainda só participei uma ou duas vezes. Eh! EH! Mas leio os textos!

Quanto ao abraço... A história é impressionante.

Não só porque é completamente diferente. Já pensaram na possível falta de carinho e de atenção que aquela rapariga deve ter?

Quantas pessoas, se calhar nossas amigas, não se sentem isoladas e com falta de um abraço? Pois é, se calhar devíamos dar mais atenção a quem está à nossa volta...

Um abraço em Cristo para todos

"DEus em tudo e sempre"
S. Vicente de Pallotti

Anónimo disse...

"Uma confissão ou um abraço"... Talvez um abraço confessor!

E mais um

Ana Loura disse...

Já abri este post e esta janelinha para comentários algumas vezes para tentar deixar o meu comentário. Não está fácil exprimir sentimentos, despirmos a alma, por vezes mesmo diante de nós próprios. Pudor, sim, chamamos pudor a este sentimento que nos tolhe as mãos, nos faz baixar o olhar.

Quantas vezes entrei em igrejas com o desejo de que aquela fosse a hora da confissão, e era...e saia sem conseguir ultimar os poucos passos que me afastavam do Sacerdote, ficava sentada num banco, queixo no peito e olhos húmidos e, quando concluia que não, aquele não era o momento, ainda não tinha chegado a hora, erguia-me devagarinho e saía curvada, "sentindo" o olhar do Pai nas minhas costas. Andei nisso anos. Por vezes entrava, mesmo sem esperar ser a hora das confissões e ficava, só a pensar, só a sentir.

No dia em que a minha filha mais velha fazia a confissão para fazer a Profissão de Fé acompanhei-a à igreja, fiquei sentada, a pensar que não faria sentido levar os meus filhos à igreja e eu estar do lado de fora. Foi enorme a luta no meu coração, entre o ter ou não direito a voltar, o poder e o dever voltar. Quando a última criança se confessou, eu tive de decidir, sem saber como, levantei-me e os meus passos levaram-me junto do Padre, sentei-me, juntei as mãos sobre os joelhos e depois de segundos que pareceram séculos de silêncio, a voz saiu-me e com as voz as lágrimas pareciam o dilúvio, solucei entre cada palavra...no fim o silêncio foi de alívio, de Paz...como eu precisei do calor de um abraço humano, mas teve que bastar a penitência dada pelo Padre que me pareceu "ridiculamente" branda...eu estava absolvida, os braços do Pai estavam abertos e alguns anos depois ao familiarizar-me, pela mão distante do meu querido Irmão Silencio com a pintura de Rembrandt que retrata o regresso do Filho Pródigo eu sei que aquelas mãos de Pai e Mãe se pousaram, naquele momento, nos meus ombros e Ele não perguntou nada, nada disse, apenas me abraçou. E quantas vezes mais me acolheu e abraçou depois disso...quantas pessoas colocou no meu caminho para serem o seu olhar que me sustem os braços em silêncio. Quantas vezes saí de casa, nestes últimos anos, à procura de descansar o fronte no peito da pessoa do meu querido Pároco, mas o silêncio da capela da Nossa Senhora do Ar frente ao Prisioneiro do Amor foi o abraço, foi o descanso do meu abandono ao seu consolo.

Ser instrumento, ser o sorriso que anima...o braço que ampara, que DOM, que Missão.

Sinta-se escolhido, abençoado

Abraço fraterno
Ana

BLUESMILE disse...

Em taizè acontecem coisas extraordinárias.

Mas, a mais extraordinária que me aconteceu foi o abraço de uma rapariga desconhecida ( mais tarde soube que era do leste) numa noite de agosto de 2006, a noite da morte do irmão Roger.

A rapariga estava afugir da Igreja e caiu-me literalmente nos braços, e não parava de murmurar, num terror definitivo
" He's dead, he's dead, I saw blood, hold me".
E eu abracei-a longamente, a esta miúda desfalecida de terror e solidão, até ela estar mais calma, ou... poderei dizer a palavra ?..reconciliada.
Não é esse o sentido da confissão?
Penso que nessa noite houve em Taizé muitos abraços sem palavras, sem gestos escondidos, sem "segundas intenções", muitas reconciliações interiores sem gestos sacramentais.

Abraços apenas.

Confessionário disse...

Primeiro anónimo, um dia vou aceder a esse pedido. tenho ideias bastante claras em relação a esse facto: confessarmo-nos diante de uma pessoa ou apenas diante de Deus? Um dia...

Confessionário disse...

andantem a próxima vez que lá for, tb estou decidido: vou para o silêncio! Aliás, foi isso que me faltou lá... porque eu precisava receber muito, e não estar preocupado com dar. Encher o copo para mais tarde dar de beber. Mas como não foi para o silêncio ainda me senti imensas vezes obrigado a dar!!!

Dulce disse...

Minha querida Luinha, Lua dos Açores,
o teu comentário deixou-me de lágrimas nos olhos.
Tão difícil encontrar nas palavras repetidas de um padre a absolvição e o Amor de Deus Pai e Mãe!
Ah! E como eu gostava de conhecer um padre que me servisse de exemplo e aconchego!...
(É verdade, não conheço nenhum...)

Padre do Confessionário, por favor saiba que considero que há bons padres, pastores, amigos, guias. Creio que vc será um. É pq creio que os há, que tenho pena de nunca me ter cruzado com nenhum...

Anónimo disse...

Se foi confissão ou abraço tanto faz! Seguramente que foi por bem. Eu nunca estive em Taizé, mas o senhor padre da minha terra esteve lá em Agosto. Eu se pudesse também o abraçava! Justifiquem como quiserem.

teodora aos domingos