Juntam-se os homens e de que falam? Mulheres e futebol. Juntam-se jogadores da bola e que falam? Do penalty, do treinador tal, do golo tal e qual. Da jogada. Do arbitro. Juntam-se os comparsas e falam do que lhes vai na alma. Das suas coisas. Dos seus interesses. Das suas vidas. Juntam-se padres e falam do bispo, dos colegas, dos paroquianos. Às vezes também falam de Deus. Quando rezam juntos.
Estávamos, deste modo, a falar das nossas vidas. Numa de comunhão fraternal. Veio à baila um colega. Histórias à parte, que cada um sabia, do dito, as suas. Vem a questão. Tinham sido uns noivos que me haviam informado do seu interesse em que fosse eu celebrar o seu casamento. Mas na paróquia tal, do padre tal. E contaram do imbróglio que ouviram. Não. Ele não permite que alguns padres presidam casamentos na sua paróquia. Refreámos a questão da jurisdição. É dono de querer ou não. E contava que ensinara que os casamentos de alguns não eram válidos. Os noivos insinuaram nomes. Por caso, ao de leve, não referiram o meu, mas também não o iam declarar no momento. O do meu colega do almoço sim. Cum catano. Apetecia-me fazer-lhe uma espera, como se costuma dizer numa linguagem de quem já se cansou de estar em posição correcta. O meu colega esbracejou. E falam de comunhão fraterna?! Os nossos olhos nem se encontravam, porque as caras abanavam da direita para a esquerda e vice-versa. Quem se julga ele? O substituto de Deus? O próprio Deus? Os meus dentes ferraram um pouco. Então sim, lembrámos histórias antigas, como um puzzle em definição. A conversa demorou. Procurámos justificações. Consolos. O essencial demorou. Foi só ai que o meu colega estacionou os gestos mais rápidos, para acalmar. Olha, para ser sincero, agora apetecia-me abraçá-lo, disse. E eu abri a boca sem a tapar. Não com hipocrisia, insistiu.. Mas com vontade. A comunhão é isto. A questão é apenas circunstancial. O essencial está lá em cima. Para Ele é que devemos olhar. Para o que nos ensinou. Resumo apenas as suas palavras, que me calaram os pensamentos e os desejos.
Quando saí do almoço e entrei no carro, mesmo antes de o ligar, voltei aos pensamentos e desejos. Apetecia-me apertar o homem, que é como quem diz esganar. Mas ainda mais me apetecia apertar o meu colega com um abraço. Telefonei ao chegar a casa. Obrigado.
Estávamos, deste modo, a falar das nossas vidas. Numa de comunhão fraternal. Veio à baila um colega. Histórias à parte, que cada um sabia, do dito, as suas. Vem a questão. Tinham sido uns noivos que me haviam informado do seu interesse em que fosse eu celebrar o seu casamento. Mas na paróquia tal, do padre tal. E contaram do imbróglio que ouviram. Não. Ele não permite que alguns padres presidam casamentos na sua paróquia. Refreámos a questão da jurisdição. É dono de querer ou não. E contava que ensinara que os casamentos de alguns não eram válidos. Os noivos insinuaram nomes. Por caso, ao de leve, não referiram o meu, mas também não o iam declarar no momento. O do meu colega do almoço sim. Cum catano. Apetecia-me fazer-lhe uma espera, como se costuma dizer numa linguagem de quem já se cansou de estar em posição correcta. O meu colega esbracejou. E falam de comunhão fraterna?! Os nossos olhos nem se encontravam, porque as caras abanavam da direita para a esquerda e vice-versa. Quem se julga ele? O substituto de Deus? O próprio Deus? Os meus dentes ferraram um pouco. Então sim, lembrámos histórias antigas, como um puzzle em definição. A conversa demorou. Procurámos justificações. Consolos. O essencial demorou. Foi só ai que o meu colega estacionou os gestos mais rápidos, para acalmar. Olha, para ser sincero, agora apetecia-me abraçá-lo, disse. E eu abri a boca sem a tapar. Não com hipocrisia, insistiu.. Mas com vontade. A comunhão é isto. A questão é apenas circunstancial. O essencial está lá em cima. Para Ele é que devemos olhar. Para o que nos ensinou. Resumo apenas as suas palavras, que me calaram os pensamentos e os desejos.
Quando saí do almoço e entrei no carro, mesmo antes de o ligar, voltei aos pensamentos e desejos. Apetecia-me apertar o homem, que é como quem diz esganar. Mas ainda mais me apetecia apertar o meu colega com um abraço. Telefonei ao chegar a casa. Obrigado.
13 comentários:
Esta história faz-me lembrar certos momentos na minha paróquia. É preciso haver comunhão, mas às vezes há coisas que nos tiram do sério. A falta de humildade é o pior. Ainda por cima existem alguns paroquianos que se acham donos da Igreja.
Mas, lá está, é preciso perdoar e, se possível, mostrar o caminho certo a essas pessoas. Afinal, todos erramos e todos precisamos de ser orientados.
Como dizia Madre Teresa de Calcutá:
"Senhor muito amado, permite que eu possa ver-Te hoje e em cada dia, na pessoa dos teus doentes, e tratando-os, possa servir-Te. Se Te escondes debaixo da figura desagradável do colérico, do descontente, do arrogante, faz com que eu possa mesmo assim reconhecer-Te e dizer: «Jesus, a Ti, meu paciente, como é bom servir-Te.»"
Quando Jesus foi "traído" por Judas, este deu-lhe um beijo e Ele disse: "Amigo, a que vieste?"
Olá amigo.
Está muito bonito o novo template.
Abraços.
Olá Amigo!!!
Pois a história...é atípica??? Foi um precalço...um acidente de trabalho, assim qualquer coisa do género...chegar aos pontos de "...os casamentos de alguns não eram válidos..." ai se os noivos sabem!!!
Então tu podias lá ser desses?? Nunca na vida!!!
Ainda bem que o teu colega o perdoou!!
Pois, porque "o essencial está lá em cima"
Beijinhos!!!!
Tudo de bom!
:)))
Enquanto as pessoas se julgarem empresárias e donas e senhores de paróquias, haverá "estórias"... Só a cohunhão fraterna de Jesus para servir de modelo...
Gosto imenso de passar pelo seu "cantinho" Sr. Padre......
Parabéns pelo que escreve, pois consegue-nos "mostrar" o quanto o Sr. Padre é especial!...
Continue sempre a "desabafar" neste seu espaço!
Um dia muito florido e abençoado
Flor :D
Uma das coisas que acho singulares nos sacerdotes do Cristo... é a sua renovada predisposição para a ingenuidade.
Lord, e porque não mudar a palavra "ingenuidade" por outras bem mais positivas? Ex: humildade, altruismo, amor, simplicidade... Porque não dizer que o mundo seria tão mais interessante, se as pessoas não alimentassem conflitos? Porque não alimentar uma paz interior que seja capaz de perdoar e perdoar-se?
Eu admiro quem consegue dar passos como este. Acredito que sejam pessoas bem mais felizes e menos coagidas...
Estou aqui para deixar FLORES, MUITAS FLORES, para todos os que visitarem este cantinho... e desejar-vos um dia muito abençoado!
Sr. Padre, quero agradecer a sua visita ao meu jardim. :D
É uma honra recebê-lo, sinceramente! :)
Um abraço da Flor
Enquanto as pessoas não perceberem que não adianta andar em "bicos de pé", isto não muda. Só se cansam e dão trabalho aos outros.
Sem querer ferir ninguém, considero que mais importante do que rezar, ou ir muitas vezes à igreja, é respeitarmos os princípios transmitidos por Deus.
Um bom cristão é um bom cidadão e um bom cidadão é um bom cristão. Já dizia o Eça (se não me falha a memória)
Temos de nos questionar com alguma regularidade para não perdermos a noção do que somos e do que devemos ser.
teodora
Acima de tudo, humildade...
Olá, Micróbio. já tinha saudades da tua presença...
Visita o blog “Só Deus Basta” e opina sobre o referendo ao aborto!
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