A nossa acção pastoral tem partido, erradamente, do pressuposto divino para chegar ao homem, quando devia partir do pressuposto humano para chegar a Deus. No meio da secularização em que vivemos e no meio de um enorme desinteresse das coisas de Deus, pelo menos as que estão personalizadas numa Igreja que se tem tornado irrelevante às novas gerações, deveríamos, na minha humilde opinião, deixar a pastoral dedutiva para passarmos a uma pastoral indutiva. Deveríamos partir da experiência humana para a iluminarmos com a experiência divina e não ao contrário. Não falar do ser humano a partir das realidades religiosas, mas falar de Deus a partir do ser humano. Não deveríamos gastar as nossas energias em apresentar Deus de uma forma dogmática, moralista e sacramental, mas sim um Deus que constantemente se aproxima do homem na sua humanidade, entendida esta humanidade como forma natural de se viver. Nos tempos que correm, já ninguém aceita passivamente uma doutrina que nos ensina a existência e soberania de Deus, por mais que se diga que Ele é amor. Porque só se chega à fé através de uma relação com Cristo experimentada na realidade quotidiana.
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Pastoral de gestação"