sábado, novembro 01, 2025

A formação nos Seminários

A tradição tridentina dos seminários modelou uma geração de sacerdotes separados do mundo e do Povo de Deus. Com razão, o concílio de Trento insistiu na necessidade de formar os padres porque estes tinham uma formação muito frágil. No entanto, o afastar os seminaristas da realidade em que vivem e hão-de um dia servir, gera uma tendência ao clericalismo, ao espírito de castas e eleitos, promovendo a sensação de superioridade em relação ao Povo de Deus. A figura do sacerdote reveste-se, deste modo, de uma sacralidade excessiva que, mesmo sem querer, o vai afastando da realidade que é o mundo. Os seminários não podem formar presbíteros distantes, autorreferenciais ou rígidos. Devem formar pastores verdadeiramente humanos e próximos das pessoas. Devem formar acompanhadores dos fiéis e não ministros do culto. 
Com frequência a formação nos seminários tem privilegiado a separação, a sacralização da figura clerical e o autoritarismo, em vez de formar para o serviço, a humildade e a proximidade com o Povo de Deus. Depois de um concílio Vaticano II pendente, parece que volta esse estilo de formação, ou melhor, de candidatos que buscam esse tipo de formação. Temos de rezar mais pelos seminários, pelos seminaristas e seus formadores, pelos candidatos ao ministério ordenado e pelos responsáveis da pastoral vocacional, para que se procurem e encontrem caminhos que formem ministros da humanidade e do amor de Deus, e não tanto ministros do culto, sem mais.

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "As perguntas que hoje faço"

2 comentários:

Emília Simões disse...

Bom dia Senhor Padre,
Tem toda a razão! Os padres são formados em círculos fechados, longe da realidade onde um dia exercerão o seu ministério. A formação devia também passar por experiências (estágios) nas diversas paróquias, em contacto com o povo, para assim irem conhecendo o terreno que um dia pisarão. Cada vez mais se formam padres como se de uma elite se tratasse e não de pastores em contacto com as suas ovelhas.
Poderiam trabalhar junto dos grupos de jovens e dos vários movimentos que existem, para assim se irem familiarizando com a realidade que os espera, para não virem a ser pessoas distantes e isoladas como em tantos casos se verifica.
Noto também que os padres, mesmo os mais jovens, são cada vez mais pessoas tristes. Falta-lhes a alegria que contagia, necessária para a espalharem a Palavra de Deus.
Um abraço,
Emília

Anónimo disse...

Estou de acordo contigo, padre.