sábado, dezembro 17, 2022

A Igreja e a ciência

Quando a Catarina, no meio da conversa sem pretensões, afirmou que a Igreja estava contra a ciência e que havia um conflito de poder entre ambas, o meu estado de admiração quase me emudeceu. Pensava eu que, nesta sociedade pós-moderna, o ensino escolar já ultrapassara a ideia descabida desta tolice. O conflito foi alimentado pela famosa “ilustração” que pretendia convencer que a ciência foi uma conquista perante o cristianismo que enganava as pessoas, as reprimia e as levava à ignorância e estagnação. Contudo, o diálogo entre a Igreja e a ciência tem evoluindo imenso e hoje parece-me que ainda pensar deste maneira é completamente descabido. 
Para alunos que se contentam com aprendizagens acríticas, convém recordar algumas coisas que a sociedade deve à Igreja. Por isso lembrei à Catarina que a civilização ocidental deve à Igreja o sistema universitário, as ciências, os hospitais, o direito internacional, bastantes princípios do sistema jurídico e os valores da constituição, entre muitas outras coisas que proporcionaram ao homem o seu progresso. A própria revolução científica fez-se com grandes contributos da Igreja, muitos deles padres, como por exemplo Copérnico, Nicolau Steno, Grimaldi, Lemaitre, Riccioli.  

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Hoje em dia"

3 comentários:

Ailime disse...

Boa noite Senhor Padre,
Na verdade, para além de tudo o que afirma e bem, a igreja colabora com a ciência em muitos aspetos que os cientistas têm mais dificuldades em entender.
A criação do mundo, por exemplo.
Ailime

JS disse...

"o diálogo entre a Igreja e a ciência tem evoluido imenso"
Sem dúvida, bem como a compreensão da mútua autonomia no campo mais alargado da fé-razão. Mas mantém-se também a tensão e o conflito, sobretudo quando se confrontam formas patológicas de religião ou de ciência.

"Para alunos que se contentam com aprendizagens acríticas"
Sim, seja nos bancos da escola, seja nas cadeiras da catequese. E alguns deles chegam a tornar-se professores, ou catequistas, ou mesmo padres.
É bom lembrar que toda a aprendizagem começa de forma acrítica, até que se adquiram as ferramentas necessárias ao questionamento do adquirido. E que isso implica enfrentar uma crise dolorosa, tanto mais quanto a vida já vai avançada e o questionamento não se fez hábito. Muitas vezes as pessoas preferem ser deixadas na ignorância e no erro.

"convém recordar algumas coisas que a sociedade deve à Igreja"
Nisto de débitos e créditos, a circulação faz-se normalmente em duplo sentido.


Confessionário disse...

bem haja pelo comentário, JS.

Se calhar temos mesmo muitos padres acríticos, que se tornam fazedores de coisas, porque não se habituaram a questionar ou deixaram de se questionar.

E sim, essa circulação é em duplo sentido.