quinta-feira, outubro 01, 2020

Às vezes infantilizamos o sacramento da penitência

Dizem por aí que as pessoas se confessam cada vez menos. Ou que há menos pessoas a confessar-se. Assim como também há cada vez menos padres a disponibilizar tempos e espaços de confissão. Há uma grande probabilidade de tudo isto ser verdade. E isso, de certo modo, fala da imaturidade da fé ou espiritualidade dos nossos cristãos. 
Contudo, também podemos falar daqueloutro grupo de pessoas que, dentro do grupo dos que ainda se confessam, o fazem para cumprir. E dizem coisas que já não lembram a ninguém. Não mato e não roubo, senhor padre. E fica-se por aí. Não gosto deste tipo de confissões como máquina de relatar pecados em série, que afinal são não pecados. Uma vez por ano tenho de confessar-me. Não interessa como. Não interessa porquê. Nem para quê. Interessa que cumpra. Se o padre sugere uma Celebração Penitencial, que é isso? Perguntam. Não faz sentido. O meu sentido é aquilo a que me habituei. E faz-lhes sentido que assim seja. 
E depois temos pessoas que se confessam a dizer o que não fizeram. Ou as virtudes que fizeram. Ou então resumem o seu pecado a pormenores que não entram dentro do coração ou da vida da própria pessoa. As pessoas nem fazem exame de consciência. Que é isso, senhor padre? Já para não referir o número de pessoas que se ajoelha e diz: Senhor padre, não sei o que confessar. Pergunte-me lá. Porque se habituaram a que o padre indicasse quais eram os seus pecados. Tipo pergunta-resposta, ou teste de cruzinhas. Às vezes infantilizamos o sacramento da penitência. 
 
A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "Uma confissão ou um abraço?"

3 comentários:

Anónimo disse...

Boa tarde Padre. Se soubesse quem és ia ficar com receio de me confessar a ti. Não saber o que dizer na confissão, já me aconteceu a mim. Estudei numa Instituição religiosa onde tinhamos a possibilidade de me confessar todos os meses. Vinha o confessor e apenas saiamos das nossas tarefas quando chegava a nossa vez. E assim foi, quando me chamaram, entrei a correr na capela sem saber o que dizer. Na minha atrapalhação disse ao padre que não me lembrava dos pecados. Carinhosamente o padre disse, "Então, não pensaste nos pecados?" Respondi que não tive tempo. Aos 16 anos precisa-se de tempo... se fosse hoje, mesmo a trabalhar, já seria mais fácil pensar nos pecados. E aquele padre que nunca mais esqueci, disse: "agora vais ficar em silêncio a pensar nos teus oecados. Demora o tempo que precisares, eu tenho tempo, eu espero e se precisares da minha ajuda, diz". Foi a experiência mais bonita da confissão que tive até hoje! Nele experimentei a bondade e a paciência de um pai. E aquela tarefa que até aí não me era nada simpática, passou a ser desejada porque nela sinto o abraço da Misericórdia do Pai que me ama.

Ailime disse...

Boa noite Sr. Padre,
Tudo isso é verdade. Mas não será necessário ensinar ao povo de Deus as normas para se fazer uma boa ou pelo menos razoável confissão?
Aprendi há alguns anos numa Catequese para Adultos essas normas que fazem todo o sentido ajudando na confissão e evitando a que não se caia nessa infantilização de que fala.
As catequeses têm que ser abertas a todos.
Ailime

Anónimo disse...

Inteiramente de acord, Ailime. Ficar só pelo que se faz mal, não adianta,