domingo, julho 26, 2020

Abandono em tempos de pandemia

No país que mora ao lado do nosso, Espanha, segundo um estudo que me pareceu fidedigno, o número de católicos diminuiu cinco pontos percentuais em dois meses, de abril a junho, isto é, em dois meses de pandemia e confinamento. É uma observação um pouco estranha, na medida em que dois meses não são dois anos, e as pessoas não mudam o seu entendimento da vida e da fé em tão pouco tempo. Ou se calhar mudam. Não sei. O que sei é que a assiduidade à eucaristia, sobretudo nas paróquias urbanas, tem diminuído. Pelo menos parece-me, do que vou ouvindo e vendo. 
Jesus não falou de templos ou igrejas, é verdade. Também não organizou propriamente uma religião. A fé, acima de tudo, vive-se. Mas também se alimenta nas celebrações. Precisa de se alimentar. Estes tempos frágeis e de abandono dos templos poderiam ter o lado positivo de se religar a fé ao Evangelho, mais que aos sacramentos. Temo, porém, que, dentro da sociedade líquida, pluralista e pos-secularista em que vivemos, o abandono seja mais a consequência do modo social de ver a fé e a igreja ou a religião. 

A PROPÓSITO OU A DESPROPÓSITO: "As nossas paróquias estão a morrer"

6 comentários:

Anónimo disse...

Pois é Confessionário, o que o seu colega dizia em 2008 está mesmo atual. As nossas paróquias estão a morrer... De modo geral, o sofrimento leva-nos para mais perto de Deus. Esta pandemia está a isolar-nos do convívio dos outros e de Deus. Temo as consequências. Pode estar-se só e não sentir-se sozinho porque Alguém está connosco, em nós. Podemos estar no meio da multidão e sentirmo-nos terrivelmente sós, sem vínculos entre nós, com Deus...órfãos!

Anónimo disse...

Meu querido padre, sem maternalismos, deixe que lhe diga: esses sim são os saltos de fé. Já as sondagens... o que verdadeiramente nos mostram?!

Anónimo disse...

Este não é mais do que o verdadeiro e real resultado do indizível desperdiçar dos últimos 30 a 40 anos na formação da fé dos cristãos, levado a cabo distraída e alegremente pelos nossos padres. Na primeira oportunidade salta para a ribalta. Mas não tem mal, se isto traduz a verdade. É preciso é abrir os olhos de vez e considerá-la de frente, ao menos desde agora, com atitudes, conceitos e linguagem do séc. XXI, ou seja, considerando todos os avanços culturais e científicos do mundo, no entendimento pessoal e vivência aberta e comunitária da fé em NSJCristo, Filho de Deus.

Ailime disse...

Boa tarde Sr. Padre,
Nas zonas urbanas houve regressão de restrições devido ao aumento de casos.
Estou convicta que, daqui a algum tempo, quando houver uma maior estabilidade, se voltará ao normal e os cristãos voltarão aos templos.
Pelo menos assim espero.
Boa semana.
Ailime

Anónimo disse...

Ainda virá o tempo em que graças serão dadas a esta hibernação forçada. Levantada a imposição já se ouvem os primeiros ressombros saudosistas.
Pensar que um grupo mais ou menos restrito enrola as cordas aos punhos e puxa os restantes, soa quase a arrastão. Por outro lado, também não vejo esse mesmo grupo a criar «jogos», «diversões» e «estratagemas» para manter os demais na fé.
Há uma política de envolvimento que deveria ser experimentada, assim como... misturar as claras à massa para fazer o bolo.
Se precisarem da minha ajuda ou de mais ideias, como estas, por favor disponham.

Confessionário disse...

27 julho, 2020 20:37
Fico a aguardar essas ideias!
Gostei do pensamento positivo.
E também gostei de pensar se a minha reflexão era fruto do saudosismo!
Nunca foi muito do "sempre se fez assim" e neste período tenho procurado algumas alternativas, o que não tem sido fácil! De qualquer modo, o caminho que se estava a fazer na comunidade, sobretudo com os pais dos catequisandos e os próprios catequisandos, hipotecou-se um pouco. A ver vamos... esperança!