sábado, março 31, 2018

Amontoado de cruzes

Ontem, quando vinha da cerimónia da tarde, a tarde de sexta-feira santa, tropecei num pequeno pedaço de madeira em forma de cruz. Deve ter sido alguma criança da catequese ou algum dos que fazem parte da encenação da via-sacra que o deixaram cair. Na verdade, apesar de quase ter caído, não foi bem um tropeção. Foi mais um pontapé. Sim, sem querer dei-lhe um pontapé que atirou aquele pedaço de madeira para longe. Olhei-o como se fosse uma pedra preciosa e recolhi-o no bolso. Depois levei-o comigo, para casa, afim de poder perguntar a quem pertencia. Mas ao subir as dezenas de escadas para o local onde moro, o bolso pesava-me. Pensei que eram as chaves, mas depois de as meter na ranhura da fechadura, o peso continuava o mesmo. Só podia ser a cruz que encontrara na rua, que atirara para longe e que recolhera de novo. Chegado ao meu quarto, pousei-a em cima da cama. Vou dormir sobre ela. É que nesta Quaresma e nesta Semana Santa tenho encontrado cruzes por todo o lado, de vários feitios, pesos, medidas, e materiais. Tenho-as amontado na cama. Vou adormecer para acordar com elas, e amanhã vou celebrar o Senhor que está vivo para me carregar estas cruzes. 

Uma Santa Páscoa, com os olhos na Ressurreição, para todos

4 comentários:

Anónimo disse...

oh Confessionário, então?! Ânimo, a Ressurreição está aí!
Beijinhos

Anónimo disse...

meu caro confessionário,venceremos todas as cruzes em nome de jesus...

Febe disse...

Cristo é o Ressurgido, agora. Surge neste momento do fundo do meu ser, do fundo de cada homem, do fundo da história, continua a ressurgir novamente, a introduzir com a mão viva do Criador gérmenes geradores de esperança e de confiança, de coragem e de liberdade. Cristo Jesus ressurge hoje, energia que ascende, vida que germina, pedregulho que rola para longe da boca do coração. E indica-me o caminho para a Páscoa, que significa uma passagem ininterrupta do ódio para o amor, do medo para a liberdade, do efémero para o eterno. A Páscoa é a festa das pedras que se afastam agora da boca da alma. E saímos prontos para a primavera da nova vida, arrastados pelo Cristo Ressurgido para sempre.
Padre Ermes Ronchi.

Santa Páscoa do Senhor, insuflados do Seu Amor, nas horas mais escuras.

francisco disse...

"Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto.", força nesse caminho.