terça-feira, março 03, 2015

a força dos mártires

Os cristãos mártires incomodam. Incomodam o nosso egoísmo. Questionam a nossa forma de viver uma fé que foge da dor. Inquietam a compreensão das coisas da vida e de Deus. Os cristãos mártires, mesmo mortos, fazem perguntas. Sobre a vida, sobre a morte, sobre Deus, sobre a fé, sobre a força, sobre a dor, sobre eles e sobre nós.
Um dia destes, a propósito do que se tem passado para os lados da Síria e do Iraque, no meio destas questões, veio a pergunta sobre o porquê ou sobre o como são capazes, ou sobre o que está por detrás de tal força da fé.
Na mesma ocasião ou por diferença de poucas horas, li uma entrevista de uma freira contemplativa a quem um jovem lhe havia feito a pergunta cliché Como é que conseguiam estar fechadas num convento? A irmã explicou-lhe que nunca se sentira fechada, que sempre se sentira livre. Que nem dava conta das grades do locutório. E dizia na entrevista que a determinada altura, lá para o final da conversa, o jovem concluía que ela no convento, fechada, era mais livre que ele, no mundo livre. Ela não disse muito mais acerca do assunto. Não precisava. E assim, depois de ler a entrevista e de associar pensamentos, descobri que os mártires são mártires porque são livres, porque usam a verdadeira e autêntica liberdade interior. Eles não têm qualquer tipo de prisão ou cadeia na vida. Nem sequer a morte.

3 comentários:

Anónimo disse...

Palavras de Kayla Mueller(*), numa carta aos pais, datada de 02/11/2014:

«"Lembro-me da minha mãe me dizer sempre que apesar de tudo, no final, só contamos realmente com Deus. Eu vim para um lugar, para uma experiência em que me entreguei ao nosso Criador em todos os sentidos da palavra. Não havia literalmente mais ninguém mais do que Deus. Graças à oração senti-me protegida"».

"Foram-me mostradas as trevas, e a luz . Aprendi que, mesmo na prisão, se pode ser livre. Sou grata. Eu vim para este lugar para ver que em todas as situações, por vezes, só temos de olhar para Ele. Rezo todos os dias. Sinto uma proximidade e entrega a Deus, (...) espero que tenham formado um laço de amor e apoio ... Sinto falta de todos vocês como se tivesse sido uma década de separação forçada".

(*) – cidadã norte-americana, 26 anos, trabalhadora humanitária, sequestrada pelo Estado Islâmico, 18 meses de cativeiro, morta na sequência de uma ofensiva jordana contra posições militares jihadistas


In: http://expresso.sapo.pt/a-ultima-carta-que-kayla-escreveu-a-familia-aprendi-que-mesmo-na-prisao-se-pode-ser-livre=f910259#ixzz3TLsYmy6G

Anónimo disse...

Pelo que me apercebo, à grande maioria dos “mártires cristãos” nem é dada a hipótese de abjurar. São mártires porque a vida lhes é tirada por serem conotados com uma determinada religião, independentemente do tamanho da sua fé e de a professarem ou não. São eliminados por simbolizarem a diferença num Estado que quer ser homogéneo. E, por isso, não sei, se todos estes cristãos serão “mártires” ou antes vítimas de extermínio. Mas, sem dúvida que há muitos cristãos que podem escolher e preferem morrer a renegar a sua fé; outros que se conformam com essa eventualidade. Marcante o caso de Meriam Yahia Ibrahim Ishag.

Anónimo disse...

"São eliminados por simbolizarem a diferença num Estado que quer ser homogéneo. E, por isso, não sei, se todos estes cristãos serão “mártires” ou antes vítimas de extermínio. Mas, sem dúvida que há muitos cristãos que podem escolher e preferem morrer a renegar a sua fé;"
Concordo com esta sensata afirmação.