Vinha o cego de nascença no Evangelho. Vinham os fariseus. E vinha Jesus a dizer que alguns pensavam que viam, mas não viam, e que outros havia que, mesmo sendo cegos, viam. Isto é, o ver não é apenas ter olhos abertos e reparar nas coisas à nossa volta, mas percebê-las e deixar que elas sejam o nosso viver com sentido. Dito de uma forma um pouco mais católica, Jesus atrevera-se a curar um cego de nascença para que, ao ver, este pudesse ver com os olhos de Deus. É o ver com a fé. É o ver o mundo para além do horizonte do nosso olhar.
E nisto, depois de pregar abundantemente sobre o cego que ficou a ver e os fariseus que pensavam que viam, mas não viam, imaginem o que sucedeu. Depois de tanto palavreado e tanta homilia, depois de tanto afirmar que às vezes poderíamos nós, como os fariseus, pensar que víamos, mas ainda não víamos, imaginem que ao voltar para a cátedra (leia-se lugar onde o presidente da cerimónia se senta), arrumei uma cabeçada numa cruz de madeira, próxima do altar, que temos lá colocada desde o início da Quaresma, e que não vi. Ora cá está a confirmação do que acabara de partilhar na homilia. Alguns pensam que vêem, mas afinal não vêem. A minha acólita, aflita, bem me perguntava se eu estava bem. Mas eu não fazia outra coisa senão rir-me perdidamente. Os restantes paroquianos olhavam aflitos para mim. Mas eu sorria para eles e perguntava. Jesus tinha razão ou não tinha?
E nisto, depois de pregar abundantemente sobre o cego que ficou a ver e os fariseus que pensavam que viam, mas não viam, imaginem o que sucedeu. Depois de tanto palavreado e tanta homilia, depois de tanto afirmar que às vezes poderíamos nós, como os fariseus, pensar que víamos, mas ainda não víamos, imaginem que ao voltar para a cátedra (leia-se lugar onde o presidente da cerimónia se senta), arrumei uma cabeçada numa cruz de madeira, próxima do altar, que temos lá colocada desde o início da Quaresma, e que não vi. Ora cá está a confirmação do que acabara de partilhar na homilia. Alguns pensam que vêem, mas afinal não vêem. A minha acólita, aflita, bem me perguntava se eu estava bem. Mas eu não fazia outra coisa senão rir-me perdidamente. Os restantes paroquianos olhavam aflitos para mim. Mas eu sorria para eles e perguntava. Jesus tinha razão ou não tinha?
4 comentários:
Muito bem explicada deve ter sido a homilia, que o Senhor exemplificou atraves do sr Padre, para que nao ficassem duvidas….
Obrigada por mais esta partilha.
Cá está, Confessionário, a dificuldade em ver confirma-se: as pessoas não estavam aflitas contigo; a preocupação delas era se a cruz tinha partido...
Na teologia joanina, a coisa é um bocadinho mais complexa. Não é apenas questão da oposição entre ver e não ver, ou da diferença entre olhar e ver. O acento é posto no acto volitivo: de um lado há um querer ver, um estar disponível para ver, o desejo de ver, enquanto do outro lado há um resistir a ver, uma recusa em ver, uma oposição.
Ou melhor: de um lado há um deixar-se iluminar, um acolher e receber a luz, enquanto do outro lado há a rejeição da luz, o preferir as trevas à luz.
Sendo que se trata de ver Jesus, de ver quem Ele é, de contemplar a verdade sobre Ele, de reconhecer a Sua identidade e a Sua missão, de acolher a Sua revelação e o Seu dom.
Ele é a Luz.
Ó JS, não me tinha ocorrido essa hipótese da aflição com a cruz. Agora já entendo melhor. hehehehe
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