Estou inquieto. Neste Retiro, em que me encontro neste momento, estou inquieto. Dentro de mim está a parábola da ovelha perdida, que me obriga a ir em busca dela. Mas também está a do Filho Pródigo, ou do Pai misericordioso que está à espera para se lançar aos ombros do filho, mas que não vai em busca dele pelos caminhos afastados que ele escolheu. Esta ali no meio dos seus. E se na primeira parábola quero querer ir em busca daqueles que se afastaram da Igreja ou de Deus, ou que nunca os conheceram, na segunda quero querer estar ali à espera que aqueles que se afastaram da Igreja ou de Deus, ou que nunca os conheceram, apareçam, nem que seja ao fundo do caminho, para os acolher com o abraço misericordioso de Deus. Ficar ali com os meus, à espera. Estão estas duas parábolas dentro de mim e depois estou eu. Inquieto. Sinto que tenho de Ir, ou de Estar ali. E depois. E depois descubro que caiu no esquecimento o Ser. Devo ir ou devo estar, mas quero Ser. Inquieto, pergunto-me se às vezes não andarei demasiado ocupado a pensar que tenho de ir ou tenho de estar, quando o mais importante era ser padre, ser pastor, ser discípulo, e deixar que fora de mim, e naturalmente, eu fosse em busca ou estivesse à espera. Neste retiro, onde me encontro, encontrei-me como aquele que, mais do que se preocupar com o que tem de fazer e o modo de fazer, se deve preocupar com o que deve ser. O resto virá por acréscimo. Vou dizer estas coisas ao Senhor que está no Sacrário. A ver se Ele me entende. A ver se me aquieto.
8 comentários:
Finalmente Sr Padre. Não diga ao Senhor, Ele é que Lhe disse a si. Entendeu por fim.
Quantos "Inquietos" não há por aí. Sr Padre, já que vai até ao ter com o Senhor, peça-Lhe por todos os "Inquietos". Por mim que também assim me sinto. Obrigada e que Deus lhe dê a tranquilidade necessária, para poder transmitir o amor de Senhor. Como o tem feito também por este meio, o blog. Obrigada
Vou ter de repetir! Finalmente Sr Padre. Não diga ao Senhor, Ele é que lhe disse a si!
Boa tarde,
essa inquietude de que fala, parece-me muito natural Sr. Padre, pois para quem já está habituado a este blog, da para perceber que não é pessoa de se "aquietar", mas sim de querer estar presente.
Pela maneira como o Sr. Padre fala, também me parece que Deus gosta de si assim, "INQUIETO".
Continue assim ...
Obrigada, mais uma vez, por este belo testemunho.
MM
Gostei muito da reflexão! Tenho estado envolvida em desinquietações dessas...
E achei interessante que logo hoje tenha dado com os olhos neste texto: "...própria alegria tomar-se o que ela é: júbilo, canto, riso, estremecimento feliz que se expande. “AIegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha perdida" (Lc. 15.6); “Alegrai-vos comigo, porque encontrei a moeda perdida" (Lc. 15.9). E, na mesma linha o pai do filho pródigo explicando ao filho mais velho, perplexo com o perdão concedido àquele seu irmão desencaminhado: "Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e encontrou-se" (Lc 15,32)(in http://www.imissio.net/inoticias/item/1360-a-alegria-dos-outros#.Uoy3iy_bivE.facebook.
Pareceu-me que esta referência à Alegria podia ajudar a entender o ir e o acolher... Isto é, que na Vida não haja um ir ou um acolher, mas antes um ir ao encontro e um acolher.
Anónimo que teve de repetir,
Agradeço as palavras e o incentivo... Esta descoberta é sempre um descoberta nova, por mais vezes que a descubramos. É lógico que o mais importante é Sermos, mas no meu caminho sacerdotal, andarei sempre em busca. Não propriamente a busca de certezas, mas de caminhos ou formas de fazer o Caminho.
Neste contexto, fez-se luz maior sobre esta verdade... Mas há ainda muito a caminhar.
Conhecendo-me como conheço (e parece que a/o MM também), andarei sempre inquieto! E voltarei de certeza, muitas a vezes, a ter que descobrir que o mais importante é Ser esse sacerdote pastor discípulo.
Possuir uma “alma inquieta” é uma virtude, continue, desde que isso não o afaste do sentido principal, de Deus e de tudo onde Ele está. A busca de formas de fazer o Caminho é inerente a quem sabe para onde deseja caminhar. Frequentemente a demasiada racionalização implica por vezes mais perdas do que proveitos. Deixar de tender tanto à racionalização, até mesmo das emoções e Ser parece aproximar-nos de um ajuste maior a Deus, e isso vejo-o como uma esperança (para si)!. Uma esperança de ser mais humano. Volte muitas vezes a descobrir a cada momento que o mais importante é Ser, sendo-o; pois que essa verdade se fez luz (maior). Sendo esse sacerdote pastor discípulo à semelhança de Cristo, precisará de pesquisar menos porque realmente tem razão quando diz que o resto virá por acréscimo, tudo deve ser bem mais natural. ..
Continue com essa inquietação, pois é da inquietação que surge o caminho. Quem se aquieta, pode deixar-se acomodar, e precisamos de padres que não se acomodem.
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