O João é um homem atarefado. Um homem dos tempos modernos que fala com pressa de dizer tudo, com pressa de ir para outro lado ter outra conversa ou tarefa. Tem uma vontade enorme de absorver o que a vida tem para lhe dar. E assim procede nas coisas de Deus. Quer Deus em todos os minutos da sua vida, mas não sabe como ajustá-lo à vida preenchida que tem. Por isso, à saída de uma daquelas missas que o tinha feito reflectir, fez-me uma série de perguntas que afinal eram a mesma. Qual é o limite para amar a Deus? Em termos emocionais qual é o limite razoável para não perdermos o equilíbrio e mantermos uma dedicação a Deus e aos outros? Como é que noventa por cento dos crentes podem amar a Deus acima de todas as coisas e ao mesmo tempo trabalhar para ganhar a vida, dar atenção à mulher, aos filhos, ao carro, aos estudos para ter aquela promoção, ao grupo coral, aos colegas, aos outros? Sim, sei que tudo isto é ou pode ser amor a Deus. Mas estou a falar do sentimento, daquele que nos faz sentir pequeninos, de nos tirar a respiração, de sentir como se nos furassem o peito com uma lança.
Fiquei encantado com a pergunta e com a vontade de ouvir a resposta. E ela veio-me com o mesmo ímpeto. Amar a Deus não deve ter limites, como amar uma pessoa no mais íntimo não deve ter limites. Mas tudo deve ser feito no equilíbrio, porque o amor verdadeiro é equilibrado, livre, desinteressado, aberto. Se não for desta forma, deixa de ser amor para se tornar uma obcessão ou fanatismo. O verdadeiro amor não nos oprime ou prende. Não ocupa espaço ou tempo. O verdadeiro amor acontece para além da distância, das horas ou do espaço. Para além da presença. É uma entrega nem sempre revelada, mas que nos faz agir em quase tudo conformes a esse sentimento. Além disso, uma das mais claras formas de amar a Deus é exactamente amar os outros todos e tudo no máximo de nós. A família, o trabalho, os colegas de trabalho, os jovens do grupo, da escola, a casa, o que acontece, o que nos rodeia. Em tudo podemos amar a Deus sem limites. Em tudo podemos ver o Deus que amamos. Em tudo podemos sentir o amor de Deus a agir em nós. A nossa vida pode ser um constante amar a Deus. Se for autentico, o nosso amor a Deus não tem espaço, tempo ou limites.
26 comentários:
Bom dia!
Esta sua reflexão deixou-me "encantada" (utilizando o seu termo), deveras maravilhada.
Costumo dizer que no amor não existe verdadeiro ou falso.. É AMOR, mas até a palavra "verdadeiro" encaixa aqui na perfeição.
"O verdadeiro amor acontece para além da distância, das horas ou do espaço. Para além da presença. É uma entrega nem sempre revelada, mas que nos faz agir em quase tudo conformes a esse sentimento."
O AMOR é tal como a fonte da qual ele emana.
Há muito tempo que eu não lia algo tão bonito acerca do amor.
Bem haja!
PR
"Se for autentico, o nosso amor a Deus não tem espaço, tempo ou limites."
Adorei este final!
Talvez tenha razão...
bjs
Obrigada pela excelente explicação...
Caro Padre,
Penso que, na realidade, um amor verdadeiro não é obsessivo nem possessivo mas a natureza humana, por vezes, com todas as suas fragilidades e inseguranças torna esse sentimento tão belo numa verdadeira tortura para o ente amado.
Quando nos referimos ao Amor a Deus
(que também engloba o amor ao próximo)nem sempre há o despojamento necessário para que seja um verdadeiro Amor mas, quem o consegue, encontra e dá felicidade.
Beijinho
Ruth
Caro Padre,
Penso que, na realidade, um amor verdadeiro não é obsessivo nem possessivo mas a natureza humana, por vezes, com todas as suas fragilidades e inseguranças torna esse sentimento tão belo numa verdadeira tortura para o ente amado.
Quando nos referimos ao Amor a Deus
(que também engloba o amor ao próximo)nem sempre há o despojamento necessário para que seja um verdadeiro Amor mas, quem o consegue, encontra e dá felicidade.
Beijinho
Ruth
Lindo texto! Precisamos ter a coragem de amar a Deus intensa e verdadeiramente, mas cuidando para que esse amor não se transforme em mero sentimentalismo ou outra coisa do gênero. Amá-lo amando os outros e trabalhando por eles...
Meu bom amigo,
Gostei da resposta, e gostei tanto que vou guardar este texto para meditar de vez em quando.
Verdadeira inspiração do Espiríto Santo.
Abraço em Jesus
Maria
Se eu sou limitada, como posso amar sem limites?
Olá, Ab
O amor que tens não se confunde contigo...lol
Agora a sério: quanto mais limitada te reconheceres, mais necessitada te encontrarás do amor sem limite a Deus!
Li o texto e fiquei a pensar. Até que ponto é que podemos definir com certeza ou exactidão o amor? Até que ponto podemos afirmar o que é ou não o amor verdadeiro? Se o Amor É Deus e se a Verdade também é Ele, nem sempre o bom senso e as descrições humanas do certo e do errado, do verdadeiro ou da obsessão e fanatismo podem ser avaliadas com tanta simplicidade. Creio que Deus, Senhor do Amor, pode usa-lO como bem entende em cada um de nós. Sendo que nós podemos exprimi-lo em cada circunstância da vida das mais diversas formas. O que aparenta certo pode estar errado e o errado pode estar certo. Quem o avalia? Só Deus. Quantas vezes não prende Deus para desprender? Não é isso Amor? É-o. Quantas vezes aqueles que amaram muito pareceram obsessivos e loucos? A São Francisco a multidão tomou-o por louco e divertiu-se apedrejando-o, ao padre Pio chamaram-lhe histérico, neurótico… etc. O verdadeiro Amor é Aquele que Deus vai aferindo como Seu, em cada coração e a cada momento. Pode ser a excepção, mas a excepção muda a regra. Gostei muito e concordo que “O verdadeiro amor acontece para além da distância, das horas ou do espaço. Para além da presença. É uma entrega nem sempre revelada, mas que nos faz agir em quase tudo conformes a esse sentimento”. Muito bonito e verdadeiro.
Bom dia!
Que bonito o comentário do anónimo de 14/08 às 00:43.
"Creio que Deus, Senhor do Amor, pode usa-lO como bem entende em cada um de nós. Sendo que nós podemos exprimi-lo em cada circunstância da vida das mais diversas formas."
Também eu creio dessa forma e tento viver de acordo com o que creio.
E muitas vezes sou apelidada de "tonta" por aqueles que se julgam sãos.
E tenho experiências riquíssimas pois "Para os que têm olhos e coração puros, você é um bálsamo.", mas "Para os outros," os tais que se julgam sãos, "você é espinho."
Para a senhora de 77 anos que recebeu um "delicioso" bolo no dia do seu aniversário sem que até hoje saiba quem o enviou, o gesto terá sido inesquecível, para quem tem um coração de fel a observação foi "há quem não saiba o que fazer ao dinheiro", pude observar estas duas reacções.
E cada dia que passa tento amar Amar e AMAR, da única forma que conheço pois estou convicta de que cada um de nós ama não apenas com o que tem, mas acima de tudo com o que é.
PR
O Amor de Deus por nós não tem limites. Assumiu-nos como seus filhos, por sua vontade. Adoptou-nos como seus filhos. Um mistério que jamais compreendemos. Só quando nos virmos com Ele na sua glória, poderemos perceber mais um pouco e ver claramente que assim é. Deus é pleno em tudo que fax porque quer.
Se é assim, quem somos nós para fixarmos limites ao nosso amor por Ele?...Podemos não O ver com nossos olhos carnais. Mas, com os da alma, iluminada com Fé, Ele fica visível...e sente-se, em cada bater do nosso coração. Em cada segundo danossa vida. Em cada passo que damos. Ele está sempre ao nosso pé. Como Pai...verdadeiro e total.
Se nós, finitos, nunca queremos o mal para os nossos filhos...que fará Deus por cada um de nós?...
VEM A VIDA E MUDA-NOS AS PRIORIDADES DO AMOR. Ele (o amor) estava todo organizado, mais um bocadinho aqui, mais um bocadinho ali, mais um sorriso aqui, mais um sorriso ali, estava-mos a dar conta de tudo, os próximos olham-nos com alguma admiração!!! Neste debitar de amor é quase só isto que procuramos!! “os próximos olham-nos com alguma admiração”.
VEM A VIDA E MUDA-NOS AS PRIORIDADES DO AMOR: uma mulher/homem que fica viúva! um filho/filha que fica sem pai/mãe!, Uma mãe/pai que perde um filho/filha!, uma doença grave no núcleo familiar!!!, um romance que se acaba!!
“Em tudo podemos amar a Deus sem limites”, o limite é reorganização contínua no amor, com muita calma, e muita entrega nas mãos de Deus.
Bom!!! Deixem-me ir!!! A minha velhota à um mês partiu uma perna, e eu ainda não consegui reorganizar-me.
Amamos sem limites sempre que permitimos que Deus tome verdadeiramente as rédeas da nossa vida, porque é Deus que ama em nós...Os limites...esses...são verdadeiramente nossos...que Lhe vamos entregando e Ele fazendo verdadeiros milagres em nós.
Bom dia!
"é Deus que ama em nós..."
Esta afirmação fez com que as lágrimas caíssem.
Penso que Deus não quer nada comigo que não me ama, que tal como o pai biológico nem desejou o meu nascimento... no entanto vou lendo aqui e acolá frases como estas e algo dentro de mim se derrete e saem lágrimas de dor misturadas com um toque de ternura.
E nem que seja por uns instantes fico um melhor.
Fico melhor porque penso que o pouquissimo que faço não vem de mim mas nasce D ' Ele.
Vou interiorizando que não sou eu que amo mas é Ele que ama através de mim... e se Ele ama através de mim, também passa/flui através do meu ser, do meu viver, do meu agir, pensar etc., e se eu não o aprisionar ELE vai estar sempre fluindo através de mim.
E tal como disse o último anónimo o limite seremos nós.
PR
Cara PR: Deus ama-a profundamente, encontra-se no seu centro mais profundo. No anonimato escrevi: "Deus ama em nós..." é fruto da minha própria experiência de Deus que tem sido lindíssima, mas também, dolorosa, pois Ele vai retirando todo o obstáculo...se eu deixar...Ele respeita a minha liberdade, que atualmente é d'Ele porque lha entreguei. E os obstáculos, também, são as minhas próprias feridas profundas que Ele tem curado, tem sido um caminho lento...mas tenho feito a experiência do Amor d'Ele que me traz muita felicidade...mas não como a dá o mundo...Também, aprendi que nem sempre a cura é tão rápida quanto desejaria...há todo um caminho a percorrer, porque cada cura me faz caminhar em direção ao perdão do fundo do coração...quantas vezes desejei que a vontade de perdoar bastasse!(explicando-me melhor: que com a vontade de perdoar deixasse de ter mágoa, e passasse a sentir um amor completo). Mas existem "circuitos interiores" que fogem do nosso controle: da vontade, do desejo...e temos que ter paciência, acima de tudo, connosco mesmos, e não deixar de pedir a Deus que tenha piedade de nós, que ame em nós, sermos perseverantes...porque alcançaremos o que desejarmos, conforme a Sua Vontade. A medida do amor de Deus em nós é a Sua medida. E podemos verificar a nossa medida diante daqueles que não nos amam (é uma verdadeira caminhada interior), só conseguida caminhando humildemente com Deus. Se O aceitarmos, Ele preenche-nos completamente e ama em nós: fiz e continuo a fazer a experiência disto mesmo; em situações humanamente imperdoáveis. Mas...também...O procuro com regularidade na confissão...na Eucaristia...na oração...são graças d'Ele...Tenho muitíssimo a agradecer-Lhe. Um abraço pleno da ternura do Paizinho.
Olá! Sou a Anónima de 14 Agosto, 2013 00:43. A partir de agora decidi deixar de ser anónima ou tão anónima, não facilita nos comentários. É linda a expressão “é Deus que ama em nós” e real. Mas Ele nem sempre me torna esse amor perceptível, por vezes é difícil amar… PR o teu comentário é comovente e delicado, pois compreendo que ter por referência pais que não são para nós uma imagem de Deus, nos possam confundir. Mas uma vez que a referência é Ele, todos os outros podem ser imperfeitos… é muito duro, bem sei, quando os que nos deviam confortar, são os que nos maltratam, desprezam, violam… Gostei tanto do que disse o anónimo de 04 Setembro, 2013 13:03, que quase me via a mim não só a escrever como a sentir precisamente o mesmo! Foi contudo para mim uma lufada de ar fresco, pois apesar de acharmos que sabemos sobre o amor, não sabemos quase nada e por vezes não conseguimos ver mais do que a escuridão. Ás vezes aparece assim uma alma, que diz uma palavras que nos arejam…Anónimo de 04 Setembro, 2013 13:03 Obrigado(a)!
*** queria dizer anónimo(a) e não obrigado(a), obviamente(uma vez que eu sou mulher, é obrigada. Desculpa confessionário por esta emenda).
"A medida do amor de Deus em nós é a Sua medida", enganei-me, queria escrever: " A medida do amor de Deus em nós é a nossa medida", que é como está no Evangelho: a medida com que medirdes assim sereis medidos...
Isto não quer dizer que o Amor de Deus tenha limites, porque não tem. As nossas medidas de falta de amor é que são bloqueios à graça de Deus. Se nos abrirmos a Deus, pela humildade, e Lhe entregarmos todas essas nossas medidas, Ele faz caminho em nós amando o Irmão.
Amiga de "Confissões a Jesus": muitas vezes é difícil amar. O caminho do amor é o mais escarpado. Asseguro-lhe que com Deus em nós é possível sentir um verdadeiro amor pelos "inimigos", uma verdadeira ternura, mas, também, com reconhecimento que é Ele que ama assim. O caminho para o perdão do fundo do coração pode ser curto, mas, também, longo...meses...anos...importa procurar ter sempre a disponibilidade de querer perdoar mesmo que não se sinta, muitas vezes pode ser mero esforço da vontade. A obstinação na falta do perdão é dos maiores bloqueios à Graça. E nunca desistir...porque o Espírito de Deus derruba os limites e o impossível torna-se possível. É entregar a Deus toda a nossa pobreza para receber a Sua riqueza. Pedi muitas vezes a Deus que amasse e perdoasse em mim, e a jaculatória, como uma mantra: Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo, tem piedade de mim, pecadora. É apenas Ele que perdoa o Irmão em mim.
Reze por mim.
Desejo que faça uma caminhada cheia de Luz.
Bem haja pelo que recebi de Deus através de si.
Anónimo de 06 Setembro, 2013 21:31 As suas palavras foram muito felizes. Sinto que se for lendo estas curtas frases por estes dias poderei desvendar muitas coisas que Deus me quer mostrar...
Obrigada pelos seus desejos. Retribuo em duplicado. Rezarei por si embora não saiba por quem rezo.
Anónimo 06 Setembro, 2013 21:31, se o confessionário permitir vou dedicar-lhe o texto que escrevi "A estranha oração" escrita há uns dias e publicada hoje:
http://confissoes-jesus.blogspot.pt/
Mas o seu texto inspirou-me a várias meditações... quem sabe as escreva. É estranha, mas não me ache estranha! : )
Cara amiga anónima 06 Setembro, 2013 21:31. Como não sei se volta lá queria repetir-lhe aqui o que publiquei lá:"Gostei que tivesse vindo por aqui ler... a oração é sempre uma viagem para o desconhecido. Nem sempre é o que esperamos. Nunca tinha tentado rezar por alguém "sem rosto" isso fez-me perceber mais do que imaginava. Vou rezar por si com mais afinco ainda, novamente. Esteja certa disso. Um forte abraço em Cristo!". Espero que seja benéfica! :) Obrigada!
Agora lembrei-me do confessionário quando escreveu que beneficia mais quem reza do que, por quem se reza. Embora não seja taxativo e absoluto, digo-lhe que me apetece rezar por si. E vou fazê-lo durante um mês, só para ver o que acontece... Espero com isto não estar a ser egoísta pois não é esse o objectivo da oração, de facto quando rezei por si, não muito, sou franca, porque acabei por ficar a pensar, tenho certeza que fui eu que beneficiei mais. Penso que a quem reza, Deus mostra por vezes, se a oração está ou não a ser benéfica para o outro. Por vezes não se consegue, porque Ele tem lá as ideias d' Ele... :) Ele é LINDO!!!
P.S- Amiga,se quiser rezar por mim, peça a Deus que me conceda os dois pedidos que Lhe venho solicitando, se forem da Sua vontade. Obg
Amiga de Confissões a Jesus:
A oração não é muitas vezes o que esperamos. É uma viagem para a confiança e o abandono totais em Deus, por caminhos que muitas vezes não entendemos... Se levarmos a nossa vida com seriedade, dando espaço a Deus, colocando-O no centro dela, Ele transforma-nos.
Agradeço as suas orações e já a tenho apresentado ao Senhor.
A anónima a quem dedicou a oração
Falar de amor é muito fácil. Todo mundo acha que o conhece, alguns creem que ele é ilusório e muitos julgam dá-lo da maneira mais perfeita. Mas o frequente sofrimento que ele causa na maioria das pessoas deveria levá-las a perguntar-se se o que costumam conceber como "amor" realmente o é.
Quais são as "fontes" nas quais se bebe e se aprende o que significa amar? Em geral, as pessoas se inspiram nas poesia, na música e nos próprios hormônios, que fervem na adolescência e tentam incinerar o corpo com o impulso sexual descontrolado, arrastando a vida em uma perigosa espiral que, quanto mais se quer sair dela, mais ela arrasta ao fundo do abismo do vazio.
Infelizmente, a experiência do amor tem sido conduzida pelos impulsos, deixando de lado sua essência, que é a doação, a oblação. Ao conceber o amor como instinto, muitos deixam que a natureza se encarregue de educá-lo – algo que ela nunca fará e que acabará nos levando de maneira irremediável a viver a vida inteira dependendo da paixão, do sexo, da afetividade, que são apenas faíscas do amor.
E, assim, ao invés de amar, as pessoas vão remendando a vida.
A falsa noção de amor pode custar caro: a superficialidade de um prazer que preenche por instantes, mas que esvazia cada vez mais a alma sedenta. Porque o amor não foi feito para quem quer viver na periferia da pele, para quem nunca quis ir além do seu próprio hedonismo nem para quem se considera como o umbigo do universo.
O amor é uma experiência para quem quer sair das margens da existência; o amor foi feito para os que sabem ver além do que desejam para si mesmos e sabem o que querem também para os outros.
O amor é uma arte e, como tal, precisa de educação, aprendizagem, paciência, possibilidade de erros e acertos, mas, sobretudo, precisa de um professor. Este professor, claro está, não pode ser qualquer pessoa: precisa ser o inventor do amor, aquele que se define como "o Amor", Deus.
Para amar, é preciso conhecer o amor, e Deus é o Amor. Qualquer coisa que fuja disso correrá sempre o risco de ser unicamente uma caricatura dele e, portanto, só produzirá mais e mais vazio interior.
Tudo aquilo que não é amor, quanto mais se tem, mais vazios deixa. No entanto, quando o amor é vivido em plenitude, ele produz uma extraordinária força, que faz a vida brilhar em uma permanente doação de si mesmos aos outros.
Para amar, só existe uma forma: a forma do Criador. Não existem outras maneiras, nem aquilo que chamamos de "meu jeito" de amar, que não é outra coisa senão um estilo disfarçado de amor ou um pretexto superficial para fazê-lo da forma mais equivocada, sem compromisso de vida.
No amor, não há retratação, não há taxas, não há tamanhos. Não há retratação porque, quando se ama, ama-se para sempre; não há taxas porque o amor não se entrega em cotas ou pedaços, de maneira fragmentada; e não há tamanhos, porque no amor não existe um "muito" nem um "pouco".
O que existe no amor é um aperfeiçoamento, uma qualificação da experiência, que nos permite amadurecer a cada dia e crescer constantemente, até levá-lo a ser um amor capaz de entregar a vida.
É por tudo isso que não acredito no amor daqueles que só sabem enxergar as curvas da sua namorada, dos que exibem a beleza do seu parceiro como um troféu conquistado, daqueles que acreditam que é melhor ser bonito que bondoso, dos que acham que "ter química" é a única coisa que importa.
Não acredito no amor daqueles que se deixam cegar pelo coração sem ouvir a razão, dos que são capazes de pisar nos outros para conseguir o que desejam, daqueles que não se incomodam em destruir um relacionamento para ficar com alguém que preenche sua egoísta felicidade, dos que supõem que o prazer é sinônimo de amor e que, quando a cruz surge no horizonte, fogem dela.
Não acredito naqueles que acham que qualquer impulso hormonal pode ser chamado de "amor".
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