sexta-feira, maio 17, 2013

A história do meu pai

No meio da nossa conversa de bastidores, isto é, de sacristia, enquanto chegava a missa e não, a Adelina ia contando a história de uma familiar que estava doente. A doença que todos temem. O Cancro. O que lhe valia era a fé. Eu lembrei e lembrei-lhe a história da minha mãe. Depois falei do meu pai. Que o que lhe tinha valido na morte da minha mãe tinha sido a fé. Assim como ao resto da minha família. E às tantas ela contou algo, que pelos vistos, há bastante tempo tinha vontade de partilhar comigo. Logo pouco depois de eu vir aqui para a paróquia, encontrara o meu pai no hospital, onde este faz voluntariado, e perguntara-lhe que fazia ali. E que o meu pai respondera prontamente. Sabe, comecei isto com a minha mulher. A minha mulher era santa. Depois de ela morrer, eu tinha de continuar o trabalho dela. A missão dela. Eu acrescentei cá para comigo. A missão de santidade dela. Não sabem vocês como me soube bem celebrar a missa a seguir.

6 comentários:

Bartolomeu disse...

http://www.youtube.com/watch?v=w6Fw4fjwz6s
Coloquei o link logo de início para que, quem esteja interessado em ler este comentário, o faça, ouvindo em simultâneo a voz de Frei Hermano da Câmara, interpretando um poema de Miguel Torga, intitulado "Mãe".
A minha família do lado materno é originária de uma pequena aldeia na Serra da Estrela, pertencente ao concelho de Seia. Em pequeno, passava as férias escolares nessa aldeia, com a mãe da minha mãe; uma Senhora austera mas sempre disponível para ajudar os necessitados, valor que a minha mãe herdou. Nessa altura, ouviam-se com frequência na rádio as canções interpretadas pelo frade e eu, decorei e interpretava especialmente bem uma delas, o "Fado da Despedida", a qual fazia as delícias de minha avó e que quase me obrigava a cantar. Certo dia em que cantava na sala da casa para a minha avó, ao terminar, ouvimos, vondos da rua, uma chuva de aplausos. Surpreendidos, chegámos à varanda e constatámos que se tinham juntado uma quantidade de pessoas da aldeia a ouvir a minha interpretação.
A partir desse dia, não pararam de me solicitar que cantasse, sempre que me apanhavam a jeito.
A maior surpreza aconteceu um dia em que fomos a uma terra vizinha visitar uns familiares que ali moravam e as pessoas ao ver-me acompanhado da minha avó, começaram a juntar-se a nós e a pedir que cantasse a do Frei Hermano. Onde já tinha chegado a fama do puto-cantor.
E eu, todo inchado, cantava e até caprichava nos trinados de voz, tentando imitar o frade, da forma mais fiel.
E aqui tendes, a história da minha vida!
;)))

Teresa disse...

Padre, como se anima e dá forças a alguém que sofre de Cancro, mas que ao contrário da sua mãe e da sua família, tivesse perdido a fé?

Que conselhos daria para essa pessoa não desesperar? Como tentaria ajudar?
Sei que todos um dia morreremos (pelo menos fisicamente) e essa é a nossa única certeza na vida, mas como explicar a uma criança, ou um jovem em começo de vida, ou mesmo um idoso que não queira morrer ainda tão cedo, que é esse o desígnio de Deus?

Que diria a alguém que lhe pergunta-se simplesmente, porquê eu? Porquê a mim? Porquê agora?
Imagino que para quem tem fé e esperança, ou acredita em algo superior, ou Deus, seja mais fácil de aceitar e lutar, mas e para os descrentes, inconformados e revoltados, como podemos ajudar? Como pode Deus ajudar se essa pessoa não acreditar?

bjs

Anónimo disse...

http://www.youtube.com/watch?v=fD8bkGf8D0s

Com a autorizaçao do confessionário dum padre;
Deixo aqui estas notícias positivas e interessantes que talvez possam ajudar alguem a renovar a esperança na cura desta doença.

Anónimo disse...

A história que o senhor padre conta faz-me lembrar a de uma prima minha, ainda jovem, bailarina de profissão. Parecia vender saúde. Recentemente sofreu um AVC isquémico, que lhe apanhou a fala e retirou a mobilidade do braço direito. De um momento para o outro, o próprio marido ficou sem perceber o que ela diz. Nem lhe reconhece a letra. Ainda é prematuro vaticinar uma recuperação total, mas já sabe que a sua vida profissional ficou bloqueada devido à doença. À família o que tem valido é a fé. Mas a minha prima ficou muito baralhada, interroga-se muito. Bem queremos segurar as rédeas à vida, mas é nestas situações que ficamos a perceber quem efectivamente a conduz. Para a animar, bem dizemos que o que há a fazer é olhar em frente. O melhor é sempre o que está para vir. Soma e segue, dizemos-lhes nós. Mas é complicado. Trata-se da vida dela. Ninguém a pode viver por ela. Isso ela já percebeu. O rumo da sua vida, vai depender do que vier, fica ao Deus dará. Um Pai apenas dá o melhor aos seus filhos, independentemente do que eles lhe peçam, não é assim? Haja fé!

Anónimo disse...

Adorei este teu post.

Anónimo disse...

Qual foi a necessidade de celebrar ainda esta missa? Fez-te feliz, celebrar mais uma "acção de graças"???
Já te disse como gosto deste post?