segunda-feira, agosto 06, 2012

A propósito de cunhas, vou meter uma cunha a Deus

Primeiro veio a mãe, que eu não conhecia e não estivera na reunião sobre o Crisma, falar da madrinha escolhida pela filha, uma senhora, penso que uma tia, que não está crismada e, pelos vistos, não está casada mas mora com um senhor com quem partilha a vida. Passados uns dias veio uma senhora, que à partida estaria mais próxima do padre, a pedir para que a menina pudesse ter uma outra madrinha que também não está crismada, sugerindo que se crismasse à pressa ou com preparação na mesma velocidade. Passaram mais uns dias e veio outra senhora, que à partida poderia estar ainda mais próxima do padre, para falar da madrinha que a jovem queria mas que não estava crismada. Cansei, Senhor. Cansei. O argumento principal era de que a menina, se não fosse esta madrinha, mudava de religião. Pensando a senhora, na sua ingenuidade, que o argumento era um senhor argumento, do melhor que se podia arranjar, ouviu-me responder que, pelos vistos e pelo que me contava, a jovem menina ainda não estava pronta para receber este sacramento do Crisma. O feitiço virara contra o feiticeiro. A senhora pediu desculpa e saiu por onde e como entrou. Imagino que não passem muitos dias sem que alguém me bata à porta com a mesma cunha, com outro senhor argumento, como se estas coisas fossem de cunhas. Ó Senhor, meu Altíssimo Deus, hoje venho meter-te uma cunha. Vê lá se acabam este tipo de cunhas, por favor, que eu já estou pelos arames.

30 comentários:

Ana Melo disse...

Está certíssimo. Sem pressas com a devida preparação, até se faz uma festa mais gira e todas se podem crismar (ser madrinhas umas das outras). Eu achava giríssimo, se num próximo post, nos desse conta que foi isto que aconteceu.

Bom trabalho.
Bj

Anónimo disse...

Desculpe a sinceridade;

Mas este é o barometro da nossa fé, da nossa postura em sociedade... das "cunhas", do contornar as leis e regras... mas a lei de Deus não se contorna, por muito que se "contorne" o Padre, que se engane o Padre, a lei de Deus, não se contorna...

Quantas madrinhas de casamento e batismo, não vivem em união de facto? Riem-se porque enganaram o Padre...

Quando me preparei para o Crisma, segui as normas e encontrei "alguem" que fosse Crismada, pedi-lhe para ser minha madrinha e foi... nunca mais nos vimos!

Tudo isto me faz reflectir!

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Desculpe-me Senhor Padre, mas este seu desabafo só me fez soltar uma sonora gargalhada. Mas depois de me rir tive pena, pena de tanta ignorância. Tem toda a razão Senhor Padre, a rapariga não estava era preparada para ser crismada.

Mar disse...

Eu sei bem o que é isso ,só que o meu EX-Prior Pe. António que a todos conduz(ia)com muito amor para Cristo,não para passar a mão nas costas,apenas dizia que a Preparação para o Crisma tem de ser consciente, para reafirmar o batismo e não para constar no papel,e só quem tem Deus em si O pode dar a alguém, se não é Crismado ,como pode ser Madrinha ou Padrinho?
No retiro até nos alertou e contou uma história que me recordo,bem.Não sei se a vou contar integralmente,mas é assim.
"Havia um Padre que na sua Igreja era muito atacada a morcegos ou corujas não me recordo e ele tinha feito tudo para as afastar, e nada conseguia,procurava a um e outro e nada, até que um dia soube de um colega que lhe tinha acontecido o mesmo, e foi-lhe procurar o que lhes tinha feito porque ele não conseguia.
E ele respondeu fácil:Crismei-os a todas!!!
Como diz a história a fé é pouca e depois do Crisma,acabou-se...

Porthos disse...

Meu caro:

Partilho da tua falta de paciência para este tipo de coisas... Mas o pior é que este é um comportamento enraizado, que se usa para resolver os mais diversos tipos de problemas...

... uma saída fácil que já extravasou todos os limites do bom senso. Acho eu!

Aquele abraço

Mu disse...

Eu até compreendo que estes pedidos o aborreçam, mas gostaria que visse o problema por outro prisma: eu tenho 3 filhos, o último dos quais não está baptizado. Não está porque não temos madrinha ou padrinho. Porque as pessoas a quem confiaríamos a tarefa ou não são religiosas ou não têm os sacramentos pedidos ou não têm idade para tal. E o meu filho continua por baptizar. Será isto que a Igreja quer?

Eunice Fomm disse...

Padre, que tal montar uma lista de madrinhas sobresalentes?
pelo jeito está é faltando senhouras crismada, e isto é resultado de descuido paroquial no passado. A continuar assim, chegará um dia em que não encontrarás nem quem queira crismar, por descoonhecimento dos dogmas doutrinários da sua paróquia.
Em tempo, adorei seu blog, que é informativo e divertido a sua maneiro de escrever. Deus o abençoes hoje e sempre padre!
desculpe-me pois não sou católica.

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Para a MU

Acha normal confiar a missão de Padrinhos de Baptismo a não Católicos?

Acha normal não Baptizar só porque os Padrinhos que quer não são Católicos?

E por ultimo, acha que é a Igreja que tem de se adaptar a si e não a Senhora às Leis da Igreja?

Anónimo disse...

Bom dia,

Confessionário, é o fruto do que foi semeado ao longo de tantos anos de "obscurantismo" religioso que os seus "colegas" antecessores alimentavam, era mais cómodo e dava jeito.
Actualmente revela-se deveras aborrecido e irritante, inquietante, pois no minimo cada pessoa deverá ser capaz de "caminhar" sobre as dificuldades da vida por si, fazendo-o a partir da doutrina de Jesus Cristo.

Muitos dos padres do passado faziam questão de deixar "Jesus Cristo" apenas lá no sacrário.

Tinhamos que cumprir as directrizes da igreja.

Graças a Deus que os "mestres" da igreja de hoje nos estão a mostrar um "Jesus Cristo" VIVO no nosso dia a dia nos nossos corações.

Desculpe é apenas a minha opinião, uma opinião construida a partir de muitas "quedas", muitos "arranhões", muitos "pontos na cabeça" muito sofrimento, sem cunhas mas sempre falada na primeira pessoa.

Passei muitos anos longe da igreja, templo e comunidade, porque sendo eu jovem, com uns 24 anos, senti necessidade de me reconciliar com Deus.

Dirigi-me a um "confessionário" e falei tudo o que de "menos bom" me ia no coração e que eu achava que me estava a afastar D'ELE. Era sobretudo revolta, "raiva" e uma dôr muitp grande por achar que Deus não estava comigo, uma vez que havia permitido determinados acontecimentos.
E não se tratava de namoricos, ou simples desejos carnais, era muito mais profundo do que isso.

Recordo-me ainda hoje do sorriso irónico do padre, a solução para esse tipo de problemas não está neste lugar... "odiei-o" por isso, eu que apenas precisava que ele me ajudasse a perdoar a quem me havia magoado tanto.
Precisava que ele me ajudasse a chegar a ELE com o meu coração com o minha vida.
Queria que o padre me ajudasse a entender o sofrimento à luz do Amor de Jesus.
Queria que ele ma ajudasse a converter o meu coração a ELE.

Na altura eu pensava que Deus só estaria comigo se eu conseguisse abolir todo o sofrimento do meu corpo e da minha alma.

Foram precisos muitos anos, muitos mesmo para que eu entrasse de novo num templo católico e me dirigisse a um padre, lhe pedisse que me ajudasse a chegar a Deus.

Hoje entro num templo ajoelho-me diante do sacrário, sinto-O lá no sacrário tal como O sinto dentro de mim, Vivo.

Hoje agradeço-lhe pelo sofrimento, agradeço-lhe pela paz, agradeço-lhe também pelo sacerdote que me ajudou a chegar a ELE desta forma, no meio do sofrimento mas repleta de paz.

Mais uma vez peço-lhe desculpa, alonguei-me e provavelmente "fuji" um ao assunto central, mas considere as minhas palavras como um desabafo, que eu sentia necessidade exteriorizar.

Obrigada,

Pr

Anónimo disse...

Eu acho que o que a Igreja quer e precisa é de coerência! É certo que em muitos aspectos tem de evoluir e olhar para a sociedade onde se insere pois caso contrário nada terá para oferecer/compreender/ajudar aos que a procuram, no entando existem coisas das quais não pode abdicar! Isto de fazer "vista grossa a isto e aquilo pois senão vão-se embora...pois que vão, as portas estão abertas aos que querem entrar e aos que querem sair! Parece que fazem um favor ao padre ao ir à Igreja! Ser Cristão é uma forma de vida, não uma capa que se veste de vez em quando em dias de festa porque fica bem! Porque raio quero batizar um filho escolhendo um padrinho/madrinha não crente? Ser padrinho ou madrinha implica também ser responsável pelo crescimento na fé, ora se os mesmos não a têm como e com que exemplo a podem transmitir? às vezes pergunto-me se no meio de tantos batismos alguma crianças não saem apenas "molhadas" dada a falta de fé com que o mesmo é encarado pelos seus responsáveis!

joaquim disse...

Se me permitem um pouco como resposta a Mu, e também para tirar dúvidas que subsistam.

Código de Direito Canónico.

CAPÍTULO IV
DOS PADRINHOS
Cân. 872 — Dê-se, quanto possível, ao baptizando um padrinho, cuja missão é assistir na iniciação cristã ao adulto baptizando, e, conjuntamente com os pais, apresentar ao baptismo a criança a baptizar e esforçar-se por que o baptizado viva uma vida cristã consentânea com o baptismo e cumpra fielmente as obrigações que lhe são inerentes.
Cân. 873 — Haja um só padrinho ou uma só madrinha, ou então um padrinho e uma madrinha.
Cân. 874 — § 1. Para alguém poder assumir o múnus de padrinho requer-se que:
1.° seja designado pelo próprio baptizando ou pelos pais ou por quem faz as vezes destes ou, na falta deles, pelo pároco ou ministro, e possua aptidão e intenção de desempenhar este múnus;
2.° tenha completado dezasseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou ao pároco ou ao ministro por justa causa pareça dever admitir-se excepção;
3 ° seja católico, confirmado e já tenha recebido a santíssima Eucaristia, e leve uma vida consentânea com a fé e o múnus que vai desempenhar;
4.° não esteja abrangido por nenhuma pena canónica legitimamente aplicada ou declarada;
5.° não seja o pai ou a mãe do baptizando.
§ 2. O baptizado pertencente a uma comunidade eclesial não católica só se admita juntamente com um padrinho católico e apenas como testemunha do baptismo.

De reparar que no Cân. 872 está escrito, "quanto possível".

Um abraço amigo em Cristo

Confessionário disse...

Ó Joaquim, pode, de facto, não ter padrinho. Mas se tiver,o padrinho tem de ter esses requisitos!

De qualquer forma não pode ser padrinho se não o poder ser na essencia, certo!?
Podemos até inventar outra coisa e dar-lhe outro nome... mas padrinho é padrinho...

Anónimo disse...

Ainda não consegui entender porque as pessoas não gostam/ não querem seguir as "normas da Igreja"?

Quem é cidadão, rege a sua vida pelas normas da sociedade! Quem é católico, rege a sua vida pelas normas da Igreja - Direito Canónico!

Isto para dizer que quem pede o Sacramento à Igreja, deve contar com as normas!!! Mas preferivel mesmo, era contar antes demais com a fé em JESUS CRisto!!!

Padre amigo... coragem!!!

Anónimo disse...

Padre, pergunto-lhe:
- Jesus percebia alguma coisa de Direito Canónico? E nao é à mensagem e ao testemunho d'Ele que chamamos cristianismo? Obrigada.

Jose Tomaz Mello Breyner disse...

Sobre este tema um amigo meu e seu colega no Sacerdócio, o Padre Gonçalo Portocarrero de Almada escreveu esta crónica a que chamou os Católicos Adversativos e que transcrevo :

OS ‘CATÓLICOS’ ADVERSATIVOS



In memoriam de Maria José Nogueira Pinto,

uma católica não adversativa.



A barca de Pedro é como a arca de Noé. Se esta providencial embarcação incluía toda a espécie de criaturas que havia à face da terra, também a Igreja congrega uma imensa variedade de almas. Todas as gentes, qualquer que seja a sua raça, a sua cultura, a sua língua ou os seus costumes, desde que legítimos, cabe na barca de Pedro. Por isso, graças a Deus, há católicos conservadores e progressistas, de direita e de esquerda, republicanos e monárquicos, regionalistas e centralistas, etc.

Se, em política, tudo o que parece é, o mesmo já não se pode dizer na Igreja. Tal é o caso dos ‘católicos’ adversativos. Muito embora a designação seja original, a realidade é, infelizmente, do mais prosaico e corrente:

- Eu sou católico, mas...

E, claro, a seguir a esta proposição adversativa, seguem não poucos reparos à doutrina cristã. A saber: eu sou católico, mas creio na reencarnação; eu sou católico, mas defendo o aborto; eu sou católico mas, não acredito no inferno; eu sou católico, mas sou a favor da eutanásia; eu sou católico, mas concordo com o casamento entre pessoas do mesmo sexo; etc., etc., etc.

É verdade que a Igreja acolhe também aqueles que, por desconhecimento ou por debilidade, não conseguem ainda viver de acordo com todos os seus preceitos. Ao contrário do que pretendiam os cátaros, a Igreja não é só dos puros ou dos santos, os únicos que são, de facto, cem por cento católicos. Com efeito, a Igreja não exclui os néscios, nem os fracos que, na realidade, somos quase todos nós. Mas não aceita os nossos erros, nem os nossos pecados, antes impõe que, da parte do crente, haja uma firme decisão de conversão.

Esta é, afinal, a diferença entre o pecador e o fariseu: ambos pecam, mas enquanto aquele reconhece-o humildemente e procura emendar-se, este justifica-se e, em vez de mudar de conduta, desautoriza a doutrina em que, afinal, não crê. O pecador que é sincero no seu propósito de santificação, tem lugar na comunidade dos crentes, mas não quem intencionalmente nega os princípios da fé cristã.

Na Igreja há certamente margem para a diversidade de pontos de vista, também em matérias doutrinais opináveis, mas não cabe divergência no que respeita aos princípios fundamentais. Um cristão que, consciente e voluntariamente, dissente de uma proposição de fé definida pela competente autoridade eclesial, não é simplesmente um católico diferente ou divergente, mas um fiel infiel, ou seja, um não fiel.

Conta-se que o pai de uma rapariga algo leviana, sabendo do seu estado interessante, tentou desesperadamente conseguir-lhe um marido que estivesse pelos ajustes. Para este efeito, assim tentou aliciar um possível candidato:

- É verdade que a minha filha está grávida, mas é só um bocadinho...

Ser ou não ser, eis a questão. Pode-se ser católico sendo ignorante e até muito pecador, mas não se pode ser ‘católico’ adversativo, ou seja, negando convictamente a doutrina da Igreja.

A fé não se afere por uma auto-declaração abstracta, mas pela opção existencial de seguir Cristo, crendo e agindo de acordo com os princípios do Evangelho. Não é católico quem afirma que o é, mas quem pensa e quer viver como tal. «Tu crês que há um só Deus? Fazes bem, no entanto também os demónios crêem e tremem. O homem é justificado pelas obras e não apenas pela fé. Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (Tg 2, 19.24.26).



P. Gonçalo Portocarrero de Almada

JS disse...

Quem precisa de dores de cabeça?! Mas o melhor remédio é preveni-las.
Neste tipo de questões, Confessionário, faz falta que o sacerdote seja clarinho como a água. E logo desde o início. No caso em concreto, desde a primeira reunião com os confirmandos ou ao começar o último ano da catequese. Algo como isto:
"Sois candidatos ao sacramento da Confirmação. Se estiverdes preparados e fordes considerados aptos, ireis celebrá-lo na data x (já marcada ou prevista). Na cerimónia, sereis acompanhados por uma madrinha ou um padrinho, que podeis escolher, embora de preferência deva ser a(o) que esteve presente no vosso baptizado. Tal pessoa terá de cumprir os requisitos y e w, que terão de ser comprovados por uma declaração z, a ser obtida junto do pároco a, b, ou c, conforme os casos".

Na hora de definir e anunciar as regras, é também importante ter em conta o pensamento e a prática do pároco anterior, dos colegas vizinhos e do próprio bispo. No caso de haver discrepâncias, as pessoas irão inevitavelmente tentar usar isso como argumento. O padre tem de estar preparado para fazer prova da justeza da sua posição e, ao mesmo tempo, aceitar que as pessoas possam recorrer ou procurar outras opiniões. Os desentendimentos entre os padres têm de ser resolvidos entre eles; não devem ser assacadas culpas aos leigos por procurarem a solução que melhor lhes convém.

Na mesma linha, fará falta verificar se os diversos agentes de pastoral da comunidade estão em sintonia com o pároco. Por vezes, o padres facilita e não informa cuidadosamente os seus colaboradores das normas que ele pretende respeitar e fazer respeitar. Outras vezes, esquece-se de verificar se pode contar com a lealdade das pessoas nestes assuntos.
À conta destas falhas, não é raro acontecer que um catequista, que devia estar em condições de informar e formar sobre as normas, diga ao jovem ou ao seu familiar: "Vai falar com o padre, que sobre isso eu não sei nada". Ou então: "O padre diz que é assim, mas eu até não acho bem..."

Pior ainda é quando é o próprio padre a roer a corda, abrindo excepções sem o cuidado de as explicar ou que são mesmo injustificáveis. Aí, o padre só se pode queixar de si próprio. Pode argumentar que foi para evitar uma dor de cabeça; mas por cada uma que evita, são duas ou três que ganha...

JS disse...

Há, claro, o outro lado da história.

Como o(a) comentador(a) Mu referia, a verdade é que está cada vez mais difícil encontrar pessoas que correspondam aos critérios definidos pela Igreja. As famílias são cada vez mais pequenas, as pessoas estão cada vez mais distanciadas da comunidade cristã, as situações de vida são cada vez mais complicadas...

O padre tem de estar ciente destas dificuldades das famílias. Não deveria limitar-se a dizer: "As regras são estas; agora desenrasquem-se". Seria bom que, por exemplo, o padre fosse falando com cada um dos crismandos, para saber se estão a ter problemas com a escolha do padrinho. Em vez de ficar à espera que lhe venham apresentar a situação ou meter a cunha.

E que se pensasse e se apresentassem alternativas. Há paróquias onde é proposto aos crismandos um padrinho (ou madrinha) de reconhecido testemunho cristão na comunidade. Por vezes, é até o próprio catequista que os acompanha no período final de formação.
Será também de lembrar que o padrinho pode ser algum dos irmãos, primos, amigos ou até o próprio pai (mãe) do crismando. Desde que cumpra os requisitos...

Mu disse...

Um esclarecimento prévio: não pretendo que as regras se adaptem a mim, aceito-as (como membro da Igreja), não tento impor padrinhos e obviamente não acho normal que eles não sejam em católicos.

O que tentei ilustrar com o meu exemplo foi outra coisa: num caso em que não haja quem preencha os requisitos definidos, o que resta? Confiar a missão a um estranho, porque ele possui os sacramentos, sob pena de não o voltar a ver (como contou a Filha de Maria), o que comprometeria desde logo essa missão de padrinho/madrinha de baptismo? Ou deixar uma criança por baptizar à espera que se encontre alguém?

laureana silva disse...

Padre, o senhor é o "must", sem comentários...
beijinho
Maria

joaquim disse...

Meu caro amigo

Parece que não percebeste a minha intenção!

A minha intenção era afirmar que não era por não haver padrinho que a criança não podia ser baptizada, mas tal como afirma o Código, o padrinho é essencial, obviamente.

Quanto ao resto já me conheces e sabes como penso pelo que indubitavelmente, aliás como afirma o Código sem margem para dúvidas, o padrinho tem que ser cristão católico com vivência diária da fé, nem outra coisa teria sentido.

Aliás, e a talhe de foice, no Rito do Baptismo, como sabes muito melhor do que eu, é perguntado aos pais e padrinhos a "exigência" da educação do baptizando na fé cristã e católica.

Ora isto não seria possível se não houvesse vivência da fé.

É tudo tão claro, que não dá direito a outras interpretações.

Tentando ajudar, afinal, talvez tenha confundido!

Mas julgo que agora ficou mais claro.

Um abraço amigo

Confessionário disse...

Percebido, Joaquim. Eu bem sabia!!

Olá JS, tenho aqui de fazer uma precisão (o Joaquim fala disso quando cita o CDC): os pais não podem ser padrinhos!

sampy disse...

Caro Confessionário: no caso do Crisma, e no caso deste não se seguir imediatamente ao Baptismo, permite-se aos pais que cumpram essa função (de apresentação). Vem nos preliminares do ritual.

Confessionário disse...

Sampy, agradeço e vou procurar, pois o Codigo é claro quanto a isso. Obrigada

JS disse...

Também é bom lembrar que, se o padrinho ou madrinha escolhido não puder estar presente por razões ponderosas, pode ser representado por outra pessoa.

Outro pormenor a tomar nota: no Baptismo (tal como no Crisma) só é preciso um padrinho! Podem ser dois, mas só se requer um.

Dantes, era costume dar às crianças por padrinho ou madrinha algum santo (Nossa Senhora ou S. José, por exemplo). Talvez esteja na altura de começar a recuperar esse costume. Embora eu suspeite que o Santo Expedito se vá encher de afilhados...

Anónimo disse...

Códigos... Códigos... Acredito num Deus que acolhe sem códigos. Fico triste com tudo isto. Que Deus faça luz sobre os sacerdotes.

Confessionário disse...

Deus é mais do que Códigos, muito mais. Também concordo com isso, e, na realidade, só Ele nos basta.

Mas e o que pensar do Deus que queremos à nossa maneira, que se adapte aos nossos desejos e vontades!? É que o caso narrado só me faz lembrar isto.

Último anónimo, tu és então de opinião de que os padrinhos não precisam nada de especial?! Que só precisam ser escolhidos?!
Pois olha que Jesus, apesar de acolher todos, não escolhia qualquer um e sempre foi muito exigente. Nunca foi ligth, como agora parece que queremos!

abraço

Anónimo disse...

"Acredito num Deus que acolhe sem códigos"

Eu também acredito que Ele acolhe assim. Mas também sei que não aceita qualquer coisa! Por isso disse que era mais fácil o elefante passar por uma agulha do que nós entrarmos no reino dos céus.

Não se confunda "acolher" com entrar na comunidade!

Joana ;) disse...

Uma questão que me surgiu ao ler alguns comentários. Eu que sou uma das néscias no assunto.

Um padre que se entristeça com a Igreja e abandone o sacerdócio, ou uma freira que faça o mesmo, independentemente dos motivos que os levam a desistir da vocação, nunca mais poderão ser padrinho, ou madrinha de alguém no futuro?

E por desistirem das suas vocações, são consideradas más pessoas, ou maus exemplos nos caminhos da fé?

Bjs ;)

Anónimo disse...

Jesus foi muito exigente mas, ainda assim, foi traído pelos que que eram próximos... Não será esse um sinal de que as escolhas comportam riscos que temos de correr para que tudo isto faça sentido?

Esses padrinhos perfeitos não existem.

Acolham, acolham, acolham. Lancem a semente sem olhar ao terreno. Já vi gente não crente profundamente tocada e transformada.

Anónimo disse...

E o reflexo da sociedade civil em 1que vivemos, em que a cunha resolve muita coisa, ainda que injustamente. Mas alargar as questoes sagradas este mesmo procedimento e deveras peocupante mas a solucao estara na mao dos proprios sacerdotes, nao criando facilitismos.
Um abraco em Cristo