quinta-feira, outubro 20, 2011

Chegou a hora!

(In)completa 2
Autoria Elsa Sequeira


Seriam umas dez da manhã. Estava sentado à secretária, descalço. De manhã ando descalço dos pés. Às vezes ando descalço da vida. Não era o caso. Rezava as Laudes. Mas quando a campainha tocou, senti-me mais descalço ainda. Desprevenido. O toque fora muito subtil, mas sonoro o suficiente. O tempo de me calçar foi insuficiente para pensar quem estará à porta. Não me penteei, que estava penteado. Não são horas de direcção espiritual, desabafos ou parecido. Enquanto atravessei o corredor, pensei nalguma santa com um saco de pêssegos. Encostei a mão à chave e a cabeça à porta. Abri com um sorriso de acolhimento. Depressa se transformou em sorriso de admiração e surpresa. Ou constrangimento. O meu bispo.
Era o meu bispo que estava ali. O assunto é sério, ia eu pensando. Ninguém aparece a estas horas se não for coisa séria, que se passa? Demorei tanto tempo nos pensamentos, que ele teve que me perguntar se não o convidava a entrar. E rimos, como que para desanuviar o ambiente.
Deu-me então a conhecer a razão da sua vinda: Padre x, chegou a hora de partires, para outras gentes, vais para outra paróquia, vai ser bom… O meu bispo continuou a falar, penso eu, mas eu deixei de o ouvir. Um turbilhão de sentimentos inundou-me. O silêncio fez-se presente. Agarrei-me à cadeira, como que não querendo ir, mas, no mesmo instante levantei-me e com firmeza disse: Senhor estou aqui, envia-me.

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E aqui está a minha escolha. Os motivos fui buscá-los mais àquilo que estou a viver que àquilo que gostaria mesmo de ver escrito. Gostei muito do final. E peço a Deus que continue a dar-me essa firmeza. De entre os textos que conduzistes para esta perspectiva da saída de uma paróquia achei este o mais directo, e gostei dele por não ter grandes rodeios e por usar claramente uma linguagem escrita parecida à minha. No que se refere aos textos que conduziram o sentido do conteúdo para o blogue, posso garantir-vos que adorei. Se não estivesse de mudança de missão paroquial, quase de certeza que a minha opção iria para esses textos. Pena também pelo último texto que aparece sem autor e sem título, pois achei-lhe imensa piada.
Abraço amigo a todos os que contribuíram para a (In)completa 2

14 comentários:

Anónimo disse...

Ola Sr.Padre:
Que os novos paroquianos o recebam de braços abertos e tenham a sensibilidade de se aperceberem da grande graça que Deus lhes concedeu. Felicidades na nova paroquia.
Mas vai continuar a ter um tempinho para nós?
Espero que sim.
Beijinhos.Maria Ana.

Confessionário disse...

Embora a missão seja grandota, espero ter, Maria Ana, espero ter...

Anónimo disse...

Se os seus novos paroquianos soubessem a graça que vão ter!...

Anónimo disse...

Olá sr. Padre!
E como se sentiu ao celebrar a primeira eucaristia na nova paróquia? Foi bem recebido? Isso só pode, né?
Uma curiosidade, nós paroquianos temos tendencia a comparar as homilias e a maneira de celebrar dos padres e os padres também comparam os seus paroquianos?
Felicidades para a nova missão, que Deus o continue a iluminar e a deixar andar por aqui, que nos faz muita falta...
Bjinhos. Tânia.

Rosa disse...

Felicidades e sempre O esperamos aqui...com Suas mensagens verdadeiramente,cheias de verdade e amor,gosto muito,à muito tempo que as leio,mas só agora tenho escrito.
Bem haja

Elsa Sequeira disse...

Ai! escolheste a minha :)
Fico contente, pois claro que simmm!!

Desejo-te muita força na tua nova missão!
saudades de tiiiii
bjts

Confessionário disse...

Olá, Tania

Sim, fui bem recebido. Pelo menos foi o que senti.

E quanto às comparações, de facto sei que as pessoas comparam os padres logo logo. Não é o melhor, pois deveriam dar tempo ao tempo; mas são assim as coisas.
Quanto ao padres, não me parece que façam tanto essa comparação; mas sou eu que o digo.

Maria Zete disse...

Querido amigo Padre.

Desejo que o senhor tenha sido bem recebido e que o seu novo rebanho perceba seu valor como Pastor e como ser humano, sinta a grandeza do seu coração.Por favor não nos deixe, ache um tempinho para nós, precisamos de suas palavras, dos seus textos, quantas vezes nos indentificamos com os textos lidos, quantas vezes nos emocionamos e quantas vezes sentimos a presença de Deus através do confessionario.Grandeeeeeeeeeeeeeeeee abraço.

Anónimo disse...

Ainda bem que se sentiu bem recebido, é porque de facto o foi mesmo.

Quando as dificuldades apertarem, recorde-se que terá sempre amigos que oram por si!

A Paz de Cristo.


Filha de Maria s/ login

HD disse...

Percebe-se a escolha. Há textos evangelicamente incómodos, demasiado interpeladores…. e pouco correctos politicamente.Mais importante que a Missão, é o Cristo que nos guia nela e providencia o necessário.Bom caminho!

Anónimo disse...

Na verdade chamo-me Maria Tânia! Mas gosto que me tratem so por Tânia.
Sim vai ver que com o tempo, vão acarinha-lo é so perceberem o grande ser humano que é.
bjinhos e boa sorte.

Anónimo disse...

Para alguns terem sorte outros têm azar. Felicidades!

maria disse...

Olá, moço

não sou alheia à situação que vives. Pergunto-me se, por melhores "adereços" que se coloquem neste andar de malas aviadas dos padres, é o que mais convém à Igreja...mas adiante!

Para ti, desejo que a alegria e a esperança te habitem a cada dia. Um abraço forte.

Anónimo disse...

Oi Padre confessionário!
Em conversa com um grupo de amigos, faláva-mos sobre a crise de vocações, e um deles falou que sentir o amor de Deus é um pouco como a nossa auto-estima. E a verdade é que não deixo de pensar no assunto e até tem uma certa lógica, porque se eu gostar de mim, então Deus me ama, mas e se eu não gostar de mim, como pode Deus amar alguém como eu, logo é dificil sentir o Seu amor. Compreendo agora que os padres e pessoas religiosas, são gente cheia de auto-estima, por isso conseguem sentir o amor de Deus. Eu sinto a falta desse Amor padre, porque no fundo não gosto de mim, logo sinto que Ele também não consegue gostar o suficiente. E não consigo senti-LO. Por vezes pergunto-me porque nasci? Pois não sei amar, nem sou amada por Ele..