quarta-feira, abril 20, 2011

Costumas, como Judas, trair o Amor do Senhor?

Ao ler o Evangelho de hoje (Mt 26, 14-25) dei comigo, perante a figura de Judas Iscariotes, a meditar sobre as traições que fazemos ao Senhor. Já não o trocamos por trinta moedas, mas trocamo-lo quando nos queixamos da hora da missa e faltamos para ficar na cama ou para dar um passeio ou uma caminhada. Trocamo-lo pelo carro, pela casa, pelo emprego, pelos estudos, pelo nosso bem-estar.
O Seu Amor é enorme, ao ponto de dar a vida por cada um de nós, e atraiçoamo-lo quando não assumimos com coragem a nossa fé; quando não falamos com Ele através da oração; quando não pomos em prática as propostas que nos deixou, através sobretudo dos mandamentos e das bem-aventuranças; quando não O escutamos, sobretudo através da Sua Palavra; quando O esquecemos ou quando duvidamos Dele…
Comparadas com a de Judas, as nossas traições podem ser pequenas. Porém, num período como o que estamos a viver em Igreja, que tal meditarmos sobre as nossas traições ao Amor do Senhor?!
A sondagem de hoje surge como consequência desta minha meditação e como proposta para cada um pensar nisto. Mais que a votação, interessa o que ela nos ajudar a reflectir. Claro que podem e devem expor razões da escolha e da meditação aqui, nos comentários.
A pergunta é: Costumas, como Judas, trair o Amor do Senhor?

12 comentários:

Anónimo disse...

Confessionario: Essa é daquelas perguntas que me tocam profundamente.E a minha resposta foi "sim muitas vezes". Faço tantas vezes do Senhor um sem abrigo.Quando lhe recuso no meu coração um lugar onde Ele possa reclinar a cabeça,uma morada onde Ele se sinta acolhido com amor,um lar onde Ele encontre um sorriso de boas vindas. Depois quando me dou conta que O deixei la fora ao frio e á fome da minha indiferença arrependo-me profundamente e peço-Lhe humildemente perdão e o que mais me comove é que O encontro sempre de braços abertos e feliz por ver de novo a minha porta aberta.A delicadeza de Deus que nunca se impõe a ninguém é surpreendente.Beijinhos.Santa Pascoa.Maria Ana.

Marta Sim disse...

Caro Confessionário,
Começo por o saudar com um abraço neste dia muito especial para todos os sacerdotes.
Respondi «imensas vezes» na sondagem porque, quanto mais tomo consciência do abismo entre o amor de Jesus e a minha resposta, não posso senão colocar-me nas «imensas vezes».
Ocorre-me como meditação, uma pequena passagem do último livro escrito por S. Tomás More, sobre Judas, que li ontem:
«Como a doce bondade do Deus de misericórdia não está encerrada em nenhum limite, mesmo este género de pecador não tem que desesperar do perdão. Ao próprio Judas Deus ofereceu várias ocasiões de se arrepender. Não o afastou da sua companhia. Não lhe retirou de todo a dignidade de apóstolo. E, apesar de ser ladrão, não lhe retirou a bolsa. No momento da última Ceia, admitiu o traidor na companhia dos seus discípulos bem-amados. (…) Desta forma, então, uma vez que Deus manifesta de tantas maneiras a sua extrema compaixão, inclusive pelo próprio Judas, que no entanto é traidor depois de ter sido apóstolo, uma vez que tantas vezes o convidou ao perdão e que não tolerou perde-lo senão apenas através do seu desespero, não há seguramente nenhuma razão para que alguém nesta vida, deva desesperar da salvação de algum imitador de Judas.
Um exemplo consolador nos é dado no final desta Semana Santa, na pessoa do Bom Ladrão cuja conversão foi tal que ele pôde, «no próprio dia», passar da cruz à recompensa imortal da fé, depois de ter aceite o suplício em expiação da sua iniquidade. Basta um instante ao homem para se virar para o mal ou para o bem, mas nesse instante, pode merecer ou desmerecer muito.
O madeiro da cruz, diante do qual a fé dos discípulos tinha secado, fez realmente florescer a sua, sem esperar que as glórias da ressurreição viessem renová-la, como o fizeram com os apóstolos a quem o terror provocado pela morte do Mestre tinha destruído. Os apóstolos tinham desesperado diante do Mestre que morria, o bom ladrão esperou naquele com quem partilhava o seu último suplício.» (in «A tristeza de Cristo»)
Um abraço e Santa Páscoa

Teodora disse...

não, não costumo trair ninguém.

dou o meu melhor nas minhas relações com os outros. sei que isso não obrigada os outros a comportarem-se de igual forma comigo. isso tem a ver com a consciência de cada um. não é por alguém ser menos correcto comigo que eu disparo ou viro a culatra.

não adianta andar com cara de quem carraga a cruz às costas, porque os meus dias não seriam melhores por isso. julgo mesmo que seriam pior.

as pessoas viram as costas a Ele e viram as costas à generalidade "dos seus compromisso" - na generalidade. se assim não fosse as relações entre nós (independentemente dos laços ou nós exitentes) seriam bem melhores (mais verdadeiros gentis ou verdadeiramente gentis)do que as existentes.

a vaidade, a presunção, a falsa simplicidade e humildade, a pressa, a ânsia de fazer tudo e ser tudo e ser melhor do que o outro, realizado de uma forma que não é a de nos superarmos, mas a de brilhar entre os outros faz destas coisas. não falo de ambição falo de ganância de poder. de pôr a pata em cima do outro.

a relação com deus está como as relações com os outros. tanto faz ser padre, colaborador da paróquia, cateuqista, escuteiro, corista, católico fundamentalista, professor, encarregado de ducação, senhoras e senhores casados e pais de filhos que deveriam dar o exemplo! etc. a maioria anda desorientado. as manias de trabalhar para o espetáculo.

é preciso parar e começar a ver pessoas em vez de números.

Anónimo disse...

Judas trai o filho do Homem porque alguém tinha do o fazer. Ao ler o evangelho de S.João, parece-me que Judas foi escolhido par tal feito. Acho triste terem condenado a priori a atitude de Judas quando não se tem a certeza de nada...
Simone.

samya disse...

Sim. Todos traimos ao Senhor quando deixamos de viver suas palavras, quando não confiamos em seu amor.

Anónimo disse...

os muçulmanos andam a vandalizar as igrejas em frança


During the weekend of April 16 in the city of Luçon a statue of the Virgin was shattered to the ground. It had been behind the church of the Sacre-Coeur. Pulled or pushed from its base, the head was found next to the day care center, The prefect of Vendée, Jean-Jacques Brot visited the site on Monday: "It is an odious act deliberately timed for Holy Week" he declared to the church volunteer workers. "It is also an affront on laïcité and on the republican pact." The bishop of Luçon deplored "the senselessness of such fury. We can only be saddened by this act of vandalism."

etc

D. R. disse...

Sim, muitas vezes...

Tenho de ser sincera: não sou a pessoa mais fiel à face da terra. O Senhor sabe o quanto O amo, o quanto O quero escutar...

Mas sei que nem sempre O escuto...

Muitas vezes é a minha resposta :(

Anónimo disse...

o bispo de segóvia (espanha) foi assistir a uma «oração» numa mesquita! porquê que andam alguns clérigos a comportarem-se desta maneira?

Liliana Sampaio disse...

Olá, boa noite!

Encontrei este blogue por acaso e prendeu-me a atenção. Li vários posts, mas este prendeu-me a atenção, pelo que não quis deixar de comentar.

Não encaro Judas como um traidor. E isto poderia ser suficiente para um comentário. Mas passo a explicar. Ao partir o pão, Jesus "avisou" que um dos seus discípulos o iria entregar. O que recebesse o bocado de pão húmido. Ora, Judas, ao perceber que lhe cabe a si esse papel, não tem como fugir. O seu amor por Jesus é grande, imenso, e ele sabe que Jesus terá de morrer, para salvar o Homem. Por isso, percebe que tem uma missão. E cumpre-a, não desiludindo, de modo algum, o seu Mestre.

Quanto à questão que colocou - e tendo em conta o que disse acima - gostava eu de "trair" Jesus como Judas o traiu, ou seja, de lhe mostrar um amor tão grande. Nunca o "traí" assim, embora O sinta sempre presente.

Há uns tempos atrás, li um texto de João César das Neves, "A minha amizade com Cristo". Nesse texto, revi muito do que penso: eu e Cristo somos grandes amigos. Já fiz muitas asneiras, já o traí muitas vezes (não como Judas, insisto), mas Ele, como verdadeiro amigo, nunca deixou de me dar a mão...

Não querendo abusar da boa vontade, gostaria que comentasse este comentário.

Boa noite.

Confessionário disse...

OLá, Liliana
Apesar do amor que o Judas pudesse ter a Jesus. a verdade é que ele traiu-o. Isso diz muito de nós que até podemos amá-lo muito e também o trair muitas vezes, sem pensar, inclusive, nas consequências da nossa traição.
Podemos, por outro lado, dizer que isso tinha de acontecer. Mas não podemos dizer que se trata do destino do Judas. Isso levar-nos-ia a pensar em fatalismos, e não me parece ideal. A ti parece?
Jesus entregou-se à morte por amor. E Judas entregava Jesus à morte por amor? Tens de me explicar melhor o que pretendes afirmar.
Bj

Liliana Sampaio disse...

Não me parece, de facto, ideal pensarmos em fatalismos, mas a questão é: se Judas não entregasse Jesus, Ele seria sacrificado? Cumprir-se-iam as escrituras? O próprio Jesus disse ao Pai "Faça-se a Tua vontade"... Desculpe-me a sinceridade, mas penso que, ao longo dos tempos, houve essa necessidade de encontrar um traidor e, de certa forma, a Igreja Católica colocou um grande peso sobre Judas, quando, na minha opinião, ele foi o escolhido para cumprir essa missão de levar Jesus ao sacrifício. Não sei se me faço entender...

Há pouco tempo, li um pequeno livro, com o título "Morreste-me", do Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura do Porto. Penso que deve conhecer. Fala de como sentimos a morte dos que amamos como morte de uma parte de nós... Judas certamente o terá sentido também...

Anónimo disse...

«Ora, Judas, ao perceber que lhe cabe a si esse papel, não tem como fugir. O seu amor por Jesus é grande, imenso, e ele sabe que Jesus terá de morrer, para salvar o Homem. Por isso, percebe que tem uma missão. E cumpre-a, não desiludindo, de modo algum, o seu Mestre.»

não acho.



«Quanto à questão que colocou - e tendo em conta o que disse acima - gostava eu de "trair" Jesus como Judas o traiu, ou seja, de lhe mostrar um amor tão grande. Nunca o "traí" assim, embora O sinta sempre presente.»

credo!




«Fala de como sentimos a morte dos que amamos como morte de uma parte de nós... Judas certamente o terá sentido também...»

duvido.