sexta-feira, março 14, 2008

Os Paulitos de hoje

O Paulito tem 11 anos. É brincalhão e extrovertido quanto baste. Tem bons pais. Não faltam à missa. Levam os filhos consigo. Coisas que rareiam cada vez mais. Famílias que rareiam. Descobri há dias que para grande parte das crianças, mesmo as que frequentam a catequese, daquelas que andam entre os 7 e os 10 anos, faltar à missa não é pecado. Vão quando vão. Vão quando os pais levam. Vão quando a avó leva. Nunca vão sozinhas. Por isso não têm que decidir. Se não decidem, não têm que distinguir se é importante ir ou não. Não são responsáveis. Porque os pais também não vão, embora as mandem à catequese. E têm alguma razão, ainda que pequena, em não sentir como seu o pecado. De alguém com capacidade de decidir será.
Mas o Paulito não falta. Porque os pais não faltam. E é reguila o Paulo. Está sempre disposto a brincar. Qualquer pessoa na terra opina que ele não é envergonhado. Que é despachado.
Há dias a mãe pediu-lhe que fosse confessar-se. E em resposta, ouviu uma enxurrada de argumentos. Para quê, mãe? É sempre a mesma coisa. Não me sinto à vontade. Vês lá os meus colegas? E que as pessoas olhavam. Que nem tinha pecados, pelos menos os grandes.
Quando a mãe ouviu dizer que não tinha pecados, insistiu com outra ideia, e foi dizendo que se não tinha pecados, devia comungar. Porque não o fazia? É que a comunhão era a partilha de Deus connosco. E que era um benefício comungar. E sobretudo que ela gostava muito de o ver comungar. É boa senhora. É de Deus. E não se impõe. Muito menos a fé. Mas incita o filho. Os filhos. Os que ama.
E o filho respondeu: Quantos da minha idade vês ir comungar, mãe? Eu envergonho-me de ir pelo corredor da Igreja fora e toda a gente a olhar para mim.

Não é moderno comungar ou ir à missa. Não está na moda. É como aquelas calças de marca que se não uso não sou ninguém. Não posso deixar de ser como os outros são, porque eles são a sociedade e a lei. Porque o mais importante é o que parece e não o que é. Porque Deus me faz envergonhar. Porque ser cristão hoje é um bocado chato. Porque na minha idade não é normal. Isso é dos velhos. Deus é para os velhos e acabados, ou a acabar. Porque hei-de ser diferente se isso até me faz envergonhar?

20 comentários:

Anónimo disse...

É uma reflexão muito profunda.
Dá para pensar...

mafaoli disse...

O caso aqui retratado é o espelho do que se passa um pouco por todo o lado. As crianças até vão à catequese, e aí os pais estão atentos, se faltam ou não faltam. Mas à missa... isso é outra coisa mais complicada, e ouvem-se as mais variadas justificações, é o horário, é o levantar cedo, é a seca que se apanha, a missa não lhes dizer nada,....
E entretanto vão-se questionando os padres e os catequistas: O que fazer?
Mudam-se os horários, anima-se a eucaristia, fazem-se catequeses sobre a eucaristia, combinam-se encontros para depois da eucaristia...
E o que acontece? Continuam a faltar.
Mas o mal talvez não esteja nas próprias crianças/adolescentes, mas sim em quem lhes tem que dar o testemunho. Porque a fé é transmitida pela Palavra, mas consolidada pelo testemunho cristão. E sabemos bem que os ventos não vão de feição a quem dá a vida por Jesus Cristo.
Diga-me, estarei muito errada?

Tenha um bom início de Semana Santa.

Anónimo disse...

Olá!

Por mais que se tente mudar, tudo ficará igual...
Muitos miudos e jovens vão pk os pais os levam ou obrigam... não vão pk ACREDITAM!!!

Um bjinho pr todos...
Bom fim de semana
MJG

Anónimo disse...

Olá!

De que serve andar na catequese, se não vão à missa?
E porque é que elas vão à caquetese e não vão á missa?
E não se trata somente das crianças entre os 7 e os 10... Quantos jovens e adultos frequentam a catequese da preparação para o crisma e nem sequer vão á missa.
Crescer em fé , não é só estar durante um punhado de horas numa reunião de preparação do crisma. È viver essa fé indo á missa.
É não ter vergonha de ir pelo corredor fora. Mas isso não está ao alcanse de todos, é preciso ter muita fé e crescer com Deus.

Um abraço! Bom fim de semana.

Alexandra

Confessionário disse...

Estás certa, Mafaoli.


Alexandra, tens razão no que afirmas. Só queria esclarecer que o que refiro como normal ou quase normal entre os 7 e os 10 anos é apenas a consciência de que é pecado faltar à missa. Para os outros há consciência de que é pecado. Só não há copnsciência é de "pecado".

Anónimo disse...

Na minha opinião a pessoa tem que fazer o que sente, secalhar o pequeno Paulo ainda não encontrou o objectivo/sentido da missa, valerá a pena obrigá-los, ou deixá-los descobrir por eles?

Ao colocar uma criança na catequese ou levá-la à missa muitas vezes nem se questiona se ela quer ir? Como é que ela se pode sentir responsável de algo em que não fez parte do processo de decisão.

Outra questão que eu coloco é, será que muita vezes a maioria dos adultos que vão à igreja, não vão pelas aparências? Será que o pequeno Paulo diz/transmite apenas aquilo que observa à sua volta e que os outros não têm coragem de dizer, porque parece mal?

Os exemplos vêm de cima e principalmente das pessoas que nos estão mais próximas.

mafaoli disse...

Não há consciência do "pecado", porque a moral e os valores, hoje em dia, são elásticos, vão-se adaptando aos interesses e conveniências de cada um. E na sociedade destes tempos a consciência da criança/adolescente não está a ser formada para saberem distinguir o mal do bem.
E não é numa hora de catequese por semana que isso se consegue. É necessária a ajuda de pais e educadores.

Anónimo disse...

Eu cada vez mais acho que de deve apostar na catequese com/para adultos, ir ter com os pais, os que dão exemplo; e par disso as crianças e jovens.

O Paulito diz que todos ficam a olhar para ele, que não é normal uma criança 11 anos ir missa; a verdade é que mesmo eu com 25 anos quando entro numa igreja durante a semana, fora horário das missas, as pessoas ficam admiradas por me verem lá.
Aparentemente para algumas pessoas ser cristão é para velhos, e ignorantes; é isso que eu vejo onde trabalho. parece que nas cidades ser cristão é "algo século passado" ultrapassado.

Isto não é fácil.
As pessoas devem ir á missa porque acreditam têm fé, não ir por ver os outros, por rotina...

um abraço

Anónimo disse...

Os educadores têm muito pouca influência nos seus discentes. Os professores já não são vistos como pessoas de referência.

Os educadores só conseguem obter resultados se o núcleo familiar partilhar dos mesmos valores. A família é resistente às solicitações dos educadores.

Nivelou-se o conhecimento e a autoridade.

Primeiro teríamos que reeducar os pais e só depois conseguiríamos resultados nos seus discendentes.

No entanto, esta não faz regra. Estou a pensar num exemplo de adolescente cujos pais não frequentam a igreja, não a incentivam nem a demovem, e a menina "domina a matéria". Frequenta o Colégio do Rosário!

Devem ser atiradas as sementes e cada um saberá fazê-las geminar ao seu jeito e no seu ritmo.

Anónimo disse...

Concordo com o q acabo de ler… Muitos dos “pais” na nossa sociedade não ensinam os seus filhos a viverem em comunhão com Cristo, a acreditar na sua Palavra… A maioria não os manda à catequese, nem mesmo à missa, afirmando q isso não vai interferir na sua vida, ou se interferir é única e exclusivamente para perder tempo, para desperdiçar aquela hora. Porém, outros, até os enviam à catequese mas sem qualquer motivo aparente.

Contrariamente, ainda existem pais q o fazem porque vivem a Palavra, porque algo q lhes foi transmitido foi, também, interiorizado.

Mas pergunto-me se esse chamamento não deverá vir da própria criança? Não quero com isto dizer que a criança é que deve, por norma, decidir, até porque a idade não permite… Mas não será mais gratificante ver que a criança vai à missa e, á catequese, porque quer, porque sente que dessa maneira é feliz e q até aprende alguma coisa?

Aqui é de salientar que a pessoa q está a transmitir a mensagem terá k saber “cativar”, não no sentido interesseiro da palavra, mas no sentido de tocar… lá, no íntimo d cada um e, mostrar que também acreditamos no que dizemos - penso que é o mais importante.

(Eu, como catequista, fico muito mais feliz ao ver q os meus catequizandos se sentem bem e q não estão lá obrigados. E, mesmo q os pais não sejam praticantes, orgulho-me de ver q o a Palavra q transmito chegou lá, ao coração das crianças e, por seu mérito, deixaram os seus filhos optar.

Por vezes deparo-me com conversas sobre aquelas pessoas (geralmente raparigas/mulheres) que vão apenas para se mostrar, ou porque são da alta sociedade, ou para se mostrarem pk o padre até é novito, ou simplesmente pelas aparências.

Não é q não concorde com isso, pk conheço pessoas q o fazem… Mas também é necessário ver q nem todos/as são assim e que há, de facto, pessoas que sentem esse chamamento. Lá por termos confiança com o padre e lá por sermos amigos não quer dizer q esse é o verdadeiro motivo! Até porque se o fosse não iria ser decerto nesse local!

Existem outras que, sendo jovens não vão, porque como disse “não está na moda” e esses comentários chegam a ser tão usuais q sentem vergonha.

Não acham q está na hora d mudar um pouco as mentalidades retrógradas da nossa sociedade? E se cada um olhasse para si ao invés de falar d outros?

Peço dclpa por ser tão longo.

Um beijo...

Bom fim-de-semana

SL

Anónimo disse...

Paulinho, Paulinho!!!...
Talvez sejas pequeno para perceber que ser livre é mais do que seguir tendências e modas sem qualquer influência dos nossos pais.
Talvez um dia entendas que ser livre é poder pensar, falar, agir com a vontade de encontrar aquilo que te faz feliz em cada dia e isso não tem que ser comum a duas, duzentas ou duas mil pessoas.
Talvez um dia percebas que os outros, principalmente os amigos te aceitarão, genuinamente, como és.
Talvez um dia não argumentes a tua falta pelo que os teus amigos não fazem, mas sejam eles a argumentar a tua presença por aquilo que tu fazes.

Será uma mera questão de moda esta reacção do Paulinho? Talvez sim.

Se à quarenta, trinta, talvez vinte anos, a igreja era veículo, quase único (único mesmo, nalgumas regiões) de aventuras, viagens, férias, passeios, festas, momentos de diversão algo... Diferentes. Aproximando as pessoas da igreja, participando nos seus ritos (celebrações) e formando comunidades; hoje a oferta de todos estes momentos é enorme e a igreja perdeu talvez um pouco este carácter, os fieis, as pessoas, dispersaram-se mais.

Eis um bom exemplo, lembro-me e não foi à muito tempo, de preparar, com alguns amigos, encontros de fim de semana para jovens adolescentes eram em média 20. O que os motivava a participar nestes encontros era principalmente (dito por eles) a possibilidade de passar uma noite fora de casa, uma noite sem dormir, era a sua primeira directa. Nos últimos anos esta motivação (não está em causa se era a melhor ou a pior, era o que era) não fazia sentido, não era a primeira, nem a segunda noite que estavam sem dormir, fazendo uma directa com os amigos. Tivemos que nos modelar a esta nova realidade (a primeira noitada jogava a nosso favor :) ).

Talvez à meio século atrás e até um pouco antes do 25 de Abril de 1974 pertencer á igreja era também uma forma de mostrar um certo estatuto social, estatuto que muitos ansiavam alcançar. Era sinónimo de respeito, de nível cultural elevado (atenção que nalgumas comunidades tudo isto comungava com a mais incrível pobreza), de respeito até pela pátria, já que em certa forma uma certa forma de estar na igreja era fortemente apoiada pelo estado e seguida por grande parte da população.

Com as correntes de pensamento revolucionário anti-regime e anti tudo o que este podesse defender ou apoiar, surge também uma viragem por parte da comunidade. Agora era bom, era culturalmente e socialmente bem ser racional, pragmático, ateu. E grande parte da sociedade toma como seu este comportamento.

Esta corrente racional nos últimos anos também perdeu um pouco do seu encanto, a sociedade percebeu que algo de espiritual, energético, transcendental, íntimo e introspectivo (dependendo das correntes) é fundamental na sua vida de forma a atingir o tal equilibrio pessoal (talvez a grande busca dos nossos dias), dá-se o fenómeno do crescente interesse no yoga, artes marciais, correntes espirituais mais ou menos racionais, mais ou menos espirituais, grande parte delas muito viradas para o indivíduo (e talvez para o individual). E mais uma vez uma grande parte da sociedade vai atrás.

Uma característica que gosto no "mundo" anglo-saxónico, principalmente nos EUA (não são muitas as coisas que gosto do lado de lá do lago :) ) é a forma heterogénea das comunidades e como todos se aceitam (não conto com os altos senhores do governo :D ) e desta forma o Paulinho não teria que se preocupar com o que pensam os amigos.

APARTE: Talvez seja ainda cedo para o Paulinho perceber o que quero dizer, pois é muito novo e está a viver, tal como nós um momento de viragem, mas para mim esta é uma fase que nós Cristãos poderemos humildemente e com amor aproveitar.

A meditação, por exemplo, não é nova para nós cristãos, temos séculos de experiência e hoje é bastante procurada como forma de autoconhecimento.

O autoconhecimento a partir da mensagem de Jesus é por nós praticado à séculos, mais uma vantagem.

Mas como tudo hoje em dia e utilizando termos do meu dia a dia profissional, temos uma caracteristica com origem na mensagem e amor de Jesus que é uma mais valia para mostrar ao mundo. A MEDITAÇÃO, O AUTOCONHECIMENTO ADQUIRIDOS DA VIDA, SEGUNDO JESUS, E TENDO COMO FIM A FELICIDADE DO OUTRO. este é para mim uma das mais valias da igreja, que não estamos a aproveitar devidamente.

Como aproveitar? Este blog parece-me um bom exemplo ;) Reflexão pessoal de quem escreve, partilhada por todos nós e tendo como base a mensagem de Jesus, parece-me que tem sucesso :)

Talvez me tenha perdido no comentário, mas pronto fugiu o pensamento para este lado (não sei se interessará publicar, se preferir não o fazer está à vontade ;).

Um abraço

Confessionário disse...

Li e reli, Rui.
Gostei muito do que escreveste. Tens muita razão...
Obrigado por me teres tb ajudado.

Mar de Sal disse...

Isso acontece realmente por todo o lado mas, felizmente, ainda há excepções.
Falo do meio onde vivo. A minha paróquia tem dois locais de culto: um central e outro mais na periferia. Já vivi num e agora vivo no outro, pelo que noto as diferenças.
Na zona central da paróquia, nota-se isso nas crianças que vão à missa acompanhadas dos pais, mas isso surge também por causa de outros pais, que vão lá deixar as crianças e depois da missa as vão buscar. Esta falta de exemplo faz com que as crianças olhem para a missa apenas como uma obrigação que têm que cumprir enquanto são pequenas.
Já na zona onde estou actualmente, num meio mais tradicional, acolhedor e onde o ambiente familiar está acima de tudo, as diferenças são enormes:
- Os pais acompanham os filhos na Eucaristia (eu tenho 27 anos e um filho de quase 5 meses, que nos acompanha todos os Domingos, às 8 da manhã);
- As crianças são incentivadas desde pequenas a participar activamente na vida paroquial, quer como acólitos (logo após a comunhão), leitores (pouco depois), catequistas (ainda durante a sua preparação para o crisma), cantores...

Como exemplo flagrante, o Grupo de Jovens, no qual estive como animador desde o primeiro momento: começou com 22 jovens, 20 da zona central e 2 da periferia. No espaço de um ano, ficámos 5 (2 da zona central e 3 da periferia). Actualmente, seis anos depois da sua criação, o grupo conta com 11 elementos, sendo apenas 2 da zona centro, nos quais já não me incluo, após deixar o grupo para me dedicar mais ao meu filho.

A grande diferença, na minha opinião, centra-se no sentir-se necessário. A participação activa leva as crianças e jovens a terem um maior interesse, despertando o mesmo interesse nos mais novos que os vêem. E é esta participação activa que precisamos fomentar. À semelhança dos últimos 2 anos, a Via-Sacra da Sexta-feira Santa será encenada pelos membros do Grupo de Jovens e dos grupos de preparação para o Crisma (poderia ser em outra das sextas-feiras da Quaresma, mas é esta, pela importância que tem, para aumentar a responsabilidade). Somando a isto algo que há vários anos por aqui se faz: a noite de Quinta para Sexta-Feira Santa é passada pelos jovens, na casa paroquial, em oração.

Acredito ser este o caminho a seguir: fazer as crianças e os jovens sentirem-se necessários.

Espero não me ter alongado em demasia...

Com desejos de uma Semana Santa capaz de nos fazer a todos reflectir, para renascermos no triunfo Pascal de Cristo.

Rui

Maria João disse...

Boa reflexão...

Esperemos que essa vergonha desapareça mais tarde...


beijos em Cristo

Carla Santos Alves disse...

ola amigo

acho que uma vez falámos sobre a confissão.
Eu nao me confesso há muito tempo...mas comungo, sinto orgulho em ir á missa e comungar.
Nao vou todos os domingos á missa, nem levo ou mando os meus filhos principalmente o mais velho porque os outros são pequeninos e fazem barulho na igreja...
Mas quando vou sinto-me feliz e muito feliz por comungar...por poder partilhar ...por me encontrar naquele momento mágico!

...quando eles crecerem amis um bocadinho retomamos o nosso hábito do domingo de manhã ir á missa...e como é bom regressar a casa depois da missa!

Bj
Carla

PDivulg disse...

Um mal muito generalizado, nomeadamente nas paróquias mais urbanas. NA catequese até participam, pois tem uma linguagem mais direcionada para eles, o que na eucaristia nem sempre é o caso...
Diz-se que se os Pais derem o exemplo os filhos também vão... È em parte verdade pois a partir da adolescência, mesmo com o exmplo dos pais, isso já não funciona, pois como este "PAulito" sente-se desfazado do grupo de amigos que tem e que também não vão...

joaquim disse...

É curioso verificar que os jovens que gostam tanto hoje em dia do “radical” em todas as coisas, de romper convicções, etc., em relação à prática da fé em Igreja têm muitas dificuldades em romper com a “vergonha” em relação aos outros.
Claro que isto já se disse tantas vezes mas a verdade, na maior parte dos casos, é que a Catequese é uma “obrigação” imposta pelos pais, e muitas vezes infelizmente como “ocupação dos tempos livres”.
Se a Catequese não começa em casa, é quase impossível que a vivência da fé, que o encontro pessoal com Cristo que tudo muda, aconteça.
E se não acontece esse encontro íntimo, pessoal, tudo o que diz respeito à fé, torna-se sem interesse, torna-se naquilo que os jovens dizem: uma seca!
E se é uma seca, não tem “valor” e se não tem “valor” não vale a pena o esforço de arrostar com a troça dos outros.
E quantas crianças, que pelos vistos não é este caso, ouvem em casa isso mesmo, que aquilo é tudo uma fantasia, etc, etc, dos próprios pais que os colocam na Catequese.
É tempo, julgo eu, de colocar em causa a Catequese, não para acabar, mas para mudar.
Instalámo-nos no mais fácil: “foi sempre assim, para quê mudar”, “é preciso dar o catecismo como lá vem”, “têm de aprender as orações de cor”, (infelizmente não de coração), …
Sem pais, que estejam, que comunguem, que cantem, que celebrem será sempre muito difícil, se não impossível…
Traçar objectivos, analisar métodos, avaliar acções…
Uma verdadeira pastoral, um agir eclesial, e não apenas uma constatação de que “temos catequese”…
Como se faz?
Ah se eu soubesse…mas sentemo-nos à mesa, discutamos, analisemos, ouçamos os pais interessados e ouçamos os catequisandos, porque muito provavelmente as crianças vão-nos dar ideias que ainda não tínhamos tido, porque muitas vezes nós é que achamos que sabemos o que eles querem.
Mas é verdade amigo padre, num mundo que se pretende cada vez mais livre, somos cada vez mais escravos do que os outros pensam e dizem, escravos da “moda” e das atitudes “politicamente correctas”.
E infelizmente vamos passando isso aos nossos filhos.
Perdoa-me pela extensão e até por ter saído do tema.
Abraço amigo em Cristo

Anónimo disse...

Pois é... pois é...

Comungar!
Mas comungar o quê? - Será que no periodo que antecedeu a 1ª comunhão, os pais explicaram ao "Paulitos", que aquilo que ele iria receber... era o Próprio JESUS? - O mistério Eucaristico.

Será que lhe explicaram, que ao recebermos JESUS, ELE está o mais próximo possivel de nós?

Será que alguém lhe explicou, que nessa união podemos pedir as mais variadas bençãos? - A cura de uma doença, o amor na familia (lar), etc... é só mesmo pedir ... porque ELE se doa a nós por inteiro... porque simplesmente morreu por nós por que nos AMA!

Será que já explicaram aos "Paulitos", que cada vez que alguém se envergonha hoje, foi uma chicotada que ELE levou nossa, lá há 2000 anos?

É sem dúvida uma área muito complexa!

Por um lado temos uma sociedade, parca em valores morais... em que tudo é "liberdade"... tudo é "normal"...

Porque é que há mais divórcios?
Não é porque as mulheres hoje trabalham, e, antigamente não. Eu não vou nessa (desculpem).

Hoje casa-se de forma muito leviana.
1º Tardiamente (porque em casa dos pais não há que ter muita responsabilidade, no namoro tudo é permitido e aceite)

2º A necessidade e sonho de constituir familia, fica bem mais atrás do que investir na própia carreira.

3º Na primeira dificuldade, a casa dos pais e "mimo", ainda lá estão á sua espera.

Em nada disto se falou de Deus. Porque simplesmente ELE não tem lá lugar.

Muito bem... isto é apenas um pequeno exemplo do que a nossa sociedade se alimenta... de um vazio total, combinado com um consumismo e Status exagerado.

Se a criança desde pequena (mesmo de colo), não se habitua a ir á missa com os seus pais (os dois), não é depois que "cai" de paraquedas na catequese (para um dia participar na festa da 1ª comunhão), que vai gostar...

Se o pai não vai, a mãe +/-, e, em casa ninguém reza... acham mesmo que a criança encontra alguma importância naquilo que anda a fazer?

Sejamos honestos, e, comecemos por nós!

O que nos diz a nós o acto de Comungar?
Porque e quantas vezes nos confessamos?
Quantas vezes rezamos durante o dia, e, fazêmo-lo em familia?

Quem conseguir encontrar a resposta certa, e, honesta. Saberá assim qual é o seu deus.

Ou é mesmo DEUS, ou então outra coisa qualquer...

Com amizade;

Kalos

Anónimo disse...

Eu sou mãe de 3, um dos quais já na catequese.
E eu já fui uma Paulinha!...
Mas, depois de ser mãe e à medida que eles íam crescendo, íam fazendo perguntas. Como qualquer mãe/pai, também eu quis responder-lhes com verdade e segura do que dizia! E então, eu própria tive que procurar o sentido de tudo aquilo que tinha aprendido enquanto "paulinha" e que, ou não tinha percebido, ou não quis perceber, ou não me conseguiram ensinar.
Só depois de perceber quem É, REALmente Cristo, o que Ele me dá e o quanto preciso d'Ele e, consequentemente, o quanto preciso ir à Missa para ser melhor cada dia, é que consegui explicar algumas coisas aos meus filhos; e hoje, mais do que ontem, eles também percebem esta necessidade, e arrisco mesmo dizer que também a vão sentindo... Esta tentativa de "sermos um espelho de Cristo", não sendo fácil,que não é, traz benefícios (leia-se graças) fantásticas, não traz?...

p* disse...

Que tal a confissão colectiva (acho que é esse o nome)´
Na missa onde vou o Sr Padre insiste que Deus perdoa se nós nos perdoarmos e perdoarmos os outros.
Não é obrigatória a confissão tradicional ao Sr Padre.
Parece me muito bem para termos paz de espírito e, até acabamos por meditar melhor sobre o mal que fazemos. Quando nos confessamos ao Sr Padre acabamos por dizer meai duzia de pecados à espera da penitência, que depois de rezada, esquecemos os pecados ...