quinta-feira, maio 17, 2007

O terço das vinte e uma e tal

Estavam assim habituadas. O terço das vinte e uma horas era cerca das vinte e uma e quinze, ou mais. Vinte e uma e tal. Esperavam-se. Enquanto a Igreja não estivesse composta, pelo menos uma ou duas pessoas em cada banco, não começavam. Hábitos antigos. Recordo os primeiros anos da minha paroquialidade. Sempre fui amigo da pontualidade. Quase casei com ela, o que não é exclusivamente bom, porque os carros e as viagens e os acidentes não perdoam. Podia chegar à porta da Igreja a faltar cinco minutos para a missa, ou até dois, mas à hora programada estava ao altar, paramentado e com um sorriso nos lábios. Acabava por ser engraçado, dado que iam pedir-me à sacristia para esperar as pessoas, que a Igreja ainda não estava composta. Como não conseguiam, tentavam empatar-me com conversa. Altruísmo, descobri. Um altruísmo estranho, mas altruísmo. Estavam preocupados com os outros. No entanto, nem que fosse só com cinco pessoas, eu começava. Assim os fui desabituando.
Entretanto, como não tenho ido rezar o terço com eles senão no dia em que lá vou celebrar a missa, o terço é rezado em comunidade na hora em que a Igreja se compõe. A missa fora marcada para as vinte horas e trinta minutos. Não demorou meia hora, que durante a semana não demoro muito. Como combinado, iniciámos o terço logo a seguir. Nem fazia sentido de outra forma. Eles estavam ali. Não iam a casa para voltar em vinte minutos. Aliás, a Igreja estava composta. Rezei com eles. A meio do terço dei conta de uns barulhos na rua. Não liguei senão mais tarde, quando a Maria me contou duma pequena discussão na rua. Umas poucas zangadas com o terço ter começado sem elas. Que não era costume, esbracejavam. Pela história, desta vez não estavam contra o padre. Também não estavam contra a hora da missa. Nem se lembraram dela. Pelo menos a discussão não a aflorou, pois que elas queriam era o terço. Não era a missinha. Na minha opinião elas não sabiam sequer contra o que estava a sua conversa a falar. Só não compreendiam como é que o terço foi mais cedo e não foi como é hábito. Porque elas estavam habituadas.

51 comentários:

joaquim disse...

Às vezes as prioridades "enganam-se"!
Já não se vê tanto, mas por vezes ainda se descortinam pessoas a rezarem o terço durante a Missa e mais "alto", mais "forte", na Consagração.
Vamos aprendendo.
Ah, a pontualidade não é propriamente apanágio dos portugueses!!!
Abraço em Cristo

SCAS disse...

O hábito às vezes pode tenato contra nós... mesmo quando o hábito está errado (manifestamente o caso aqui!). Além disso, a Igreja está «composta» desde que lá esteja 1 justo querendo rezar... Há que insistir na pontualidade! É um valor a preservar :-)

Anónimo disse...

Sem querer entrei aqui...
Que blog legal!!
Gostei...

Carmim disse...

Vim aqui parar através de outro blog, não resisti e foi ficando para ler os textos.
Gostei muito deste espaço, voltarei mais vezes!

Pontualidade é qualidade rara no comum dos portugueses, mas pior que isso, só mesmo os hábitos criados ao longo de muitos anos. São uma espécie de tatuagem, difícil de arrancar ou mudar numa pessoa.
Mas com perseverança e paciência tudo se consegue.

Catequista disse...

O hábito é assim mesmo, depois de criado dificilmente é mudado.
Diz-se que o português nunca cumpre horas, mas eu, tal como o sr. padre prezo a pontualidade e se a hora foi marcada porque não cumpri-la?

É mais dificil mudar hábitos velhos, mas não impossível... Vá habituando...

Um abraço

Anónimo disse...

POis é... a pontualidade... mas penso que Nossa Senhora não está muito importada com o facto de a Igreja estar ou não "composta" mas sim com a devoção que ali estão para rezar o rosário... Também me apraz questionar a devoção das pessoas que se exaltam porque não esperaram por elas para rezar o terço, afinal o importante é rezar num local com uita gente ou com muita devoção??
Já agora, aproveito para aconselhar uma visita ao blog http://frequenciajovem.blogspot.com/ há uma portagem sobre Fátima...
guardo visita de todos! beijinhos

Anónimo disse...

Este seu post fez-me lembrar umas das razões que me levaram a afastar da igreja.

Acho bastante importante a pontualidade.

E acho que é uma mera perda de tempo as pessoas ficarem cá fora a "discutir" porque é que não esperaram por elas e afins.

Um dos motivos que me fizeram afastar da igreja foi o facto de gostar de ir à missa para ouvir a mensagem que era transmitida, mas que era algo dificil de ouvir concentrada.

Porque para muita gente é mais importante quase tudo o resto desde a roupa que x e y leva, o aspecto físico, enfim, uma série de idiotices, ao contrário da mensagem que está a ser transmitida.

Por isso, é que actualmente vou para estar simplesmente só a rezar e no meu sossego com ELE.
Mas tenho saudades de ouvir uma boa missa o que as vezes também é difícil de se encontrar.

Confessionário disse...

Catarina, o que é uma boa missa?

Anónimo disse...

Um gesto pelo Darfur? Não custa nada!
Vá ao jovensemissao.blospot.com e confira no post sair do silêncio.
Informe, divulgue e sensibilize sff.
Não custa nada e pode fazer bem a muitos.
Abraço
leonel

Anónimo disse...

Enfim, marianices e beatices; hábitos entranhados que já se não conseguem desenraizar.

Pouco importa a Missa ou pôr em prática o Evangelho, nem tão pouco fazer um esforço.

Compare quantos homens rezam o terço.
Coisas de mulheres, como lavar a louça - que nada tem a ver com Fé.

Eu também fico muito chateada quando vou ao Cinema e o filme começa antes de eu entrar.

Anónimo disse...

Algumas achegas, um pouco desgarradas:

- Pode ser compreensível a reacção daquelas mulheres, mesmo sem invocar a questão do hábito. Faz-me lembrar o que uma pessoa sente quando chega um bocado atrasada à repartição que a mesma encerrou pontualmente há dois minutos atrás,; ou chega à paragem do autocarro para o ver já lá frente, ao fundo da rua. Por um lado, percebe~se a importância da pontualidade mas, por outro, fica o frustrado desejo de que, daquela vez, também tivesse havido um atrasozinho por parte da funcionária ou da camioneta...

- Será que a pontualidade é mesmo uma virtude? Quanto stress não é gerado por se querer cumprir sempre as horas, como se a vida fosse um verdadeiro contra-relógio? Às vezes sinto que sou comandado por esse pequenito aparelho de contar as horas...

- Curiosamente, costuma-se ouvir dos estrangeiros, a par da crítica à nossa falta de pontualidade nos compromissos, o elogio e o apreço por uma existência mais tranquila por estas bandas, mais calma e dada aos prazeres da vida, ainda liberta dessa obsessão pela passagem dos minutos e segundos. Não haverá aqui uma certa sabedoria a preservar?

- A busca da pontualidade pode revelar-se também perniciosa para as relações humanas. Quantas conversas são cerceadas, quantos encontros são reduzidos ao mínimo possível, quantos pedidos de atendimento e acolhimento ficam sem resposta ou são adiados para melhor ocasião... Tudo porque estamos com pressa e queremos chegar a tempo a outro lado. Se fizéssemos um balanço, chegaríamos à conclusão de que por vezes perdemos mais do que ganhamos...

- Certa vez, li uma frase num boletim paroquial que me deixou consternado: "O senhor padre não atende ninguém aos domingos". Percebi perfeitamente o porquê do aviso, pois sabia o quanto era complicado aquele dia para o sacerdote em questão; mas não consegui evitar sentir-me triste...

Anónimo disse...

Ainda sobre atrasos:

- "Elas estavam habituadas". Às vezes há que ler: "elas foram assim habituadas". E não necessariamente por se tratar de um defeito do responsável da comunidade. Dantes, era frequente os padres fazerem o caminho a pé, de igreja para igreja, pelo que a hora estipulada para a eucaristia era sempre aproximativa. Havia até uma série de toques do sino para indicar que o padre tinha chegado à igreja ou que se aprestava a começar a celebração. Tais badaladas é que constituiam o verdadeiro relógio da comunidade. Ainda hoje, há aldeias onde o povo não entra para a igreja enquanto não ouvir esse toque tradicional (mesmo que já sejam horas e que o padre esteja na sacristia!).

- De facto, o atraso pode também ser resultado da impossibilidade de cumprir os horários. Lembro-me da história de um senhor padre que chegava sistematicamente atrasado à ultima celebração dominical, para irritação dos fiéis. A verdade é que o intervalo de tempo entre missas era demasiado apertado. Alguém lhe sugeriu então que marcasse a missa para um quarto de hora mais tarde, de forma a poder iniciá-la pontualmente. Ao que o padre respondeu que não podia ser: se as pessoas já se queixavam de que a missa era muito tarde (segundo a hora oficial), então é que não lhe perdoariam se fosse estipulada uma hora mais tardia. Segundo ele, era preferível que continuassem a protestar pelo atraso do padre... :)

- Quem sabe se o hábito das tais piedosas senhoras não tem um pouco a ver com isto: a lide da casa, o fazer o jantar para marido e filhos tornar-lhes difícil cumprir o horário definido; mas preferirem a situação de atrasar o começo do terço a marcar um outro horário, talvez mais fácil de cumprir, mas que psicologicamente pudesse aparentar ser tardio e afastar gente da récita...

Confessionário disse...

Js, não sabes como eu sofro desse síndroma... e tb reconheço as desvantagens que tem!

No entanto, não posso deixar de manifestar a minha tristeza por as pessoas colocarem em primeiro lugar o terço em deterimento da Eucaristia.

Ver para crer disse...

Essa de chegarem só no fim da Eucaristia para rezarem o terço ficou-me cá roer.
Não será por que a Eucaristia é cedo de mais?!

Confessionário disse...

Cedo... às 20.30 horas? hummmm

Elsa Sequeira disse...

por cá o Terço até começa a horas, não tem é hora para acabar...tanto pode acabar ás 21:30, como quase ás 22:00, depende da pessoa que está a rezar...depois de rezado o Terço, ainda é preciso rezar mais umas sei lá quantas orações e sei lá quantos - Pai-Nossos , seguido das respectivas Avé Marias...Não consigo entender porque o fazem, então as intenções não caberão todas no Terço??? Acho que têm que arranjar um anexo ao Terço...
Eu ainda não consegui entender...sempre pensei que a Oração conclusiva do terço era a salvé Rainha, mas por cá ...é diferente...
Sabe-se a que horas começa, não se sabe a que horas termina...

Anónimo disse...

-A missa em latim-

Vaticano confirma «liberalização» da Missa em Latim:

Cansado da indiferença de Deus, o Papa regressa ao latim. É a tentativa desesperada de quem nota o desprezo divino e o desinteresse dos crentes. B16 pensa na possibilidade de se fazer entender por Deus e na vantagem de que os fiéis o não compreendam.

Partindo da premissa de que o analfabetismo favorecia a fé, o Papa terá concluído que a língua morta é ideal para estupefazer os crédulos e evitar perguntas sobre as mentiras da sua Igreja.

Quanto menos se conhecerem as mentiras da Igreja mais se acredita no martírio de Deus e na virtude dos padres. O Vaticano não esconde o pretendido regresso ao Concílio de Trento e Vaticano I. O Concílio Vaticano II foi o Diabo que apareceu à ICAR. É com o mistério e os segredos revelados por virgens que poisam nas azinheiras ou mergulham em grutas que se mantém florescente o negócio.

Cristo, morto há dois mil anos, não sabia latim mas fizeram desaparecer o cadáver para criar o mistério e ampliar a pantomina. O latim veio depois e foi imposto como língua sagrada mas, sem latim e sem Inquisição, não houve fé que resistisse ao Iluminismo e ao livre-pensamento.

Mais tarde impor-se-ia uma cópia grosseira do cristianismo - o Islão - adoptando o árabe como língua sagrada e usando decapitações, vergastadas e lapidações, como suplementos evangelizadores. Os resultados estão à vista - crentes cada vez mais rudes, violentos e convictos.

B16 segue-lhes o exemplo. Por ora regressa ao latim, as fogueiras virão depois. Um bom inquisidor faz mais pela fé do que as orações, os sacramentos e as homilias.

Lúcia.

123 disse...

olá amigo, vim visitar-te
deixo-te um abraço grande cheio de saudades

Ni disse...

Chegar atrasada um minuto é chegar atrasada.
Quantas vezes não se perdem sorrisos, lições, abraços... porque se esperou sabe-se lá por quê...
A felicidade, o amor, a partilha, a união... só se vivem com o outro no mesmo momento que nós...

A Flor disse...

Eu importo-me sim, com a PONTUALIDADE E FIDELIDADE, não com os Homens, mas sim para com Deus...

Se eu assumir plenamente esse compromisso com o Senhor, então, todo o resto passará a ser também prioridade e não haverá mais atrasos, tal é o desejo e a alegria de aprender mais da Palavra Dele.

:D

Flor deixa um abração, daqueles bem GRAAAAANDES recheado do amor do nosso PAI CELESTIAL!


Resto de um bom-fim-de-semana

Flor

Confessionário disse...

Lúcia, permite-me discordar:

- No tempo de Jesus em Roma, qual era a língua falada?
- Penso não estar errado quando interpreto esse desejo do Papa como sendo apenas para missas ditas internacionais, que ele não pretende acabar com a língua de cada país (embora tb discorde que se lhe dê a essa língua muita valorização)
- Não me parece haver desprezo pelo divino (senão não haveria tantas formas e expressões religiosas).
- A verdadeira fé resiste... e a prova está naqueles que a têm de verdade.
- De resto... enfim, são opiniões. Deus julgará cada um por si.

DairHilail disse...

as pessoas confundem tudo, discutem por tudo e por nada e ainda querem fazer as suas próprias regras...que mundo!

Al Cardoso disse...

Muitas vezes e para muita gente, o "tercinho" e mais importante que a "missinha", coisas antigas e de gente antiga!

Um abraco serrano.

Voluntariado Nova Geração disse...

Acreditamos no Voluntariado e no que ele tem de melhor para ajudar o Outro. Queremos ser uma Nova Geração para o Voluntariado. Olhamos o Mundo com um Novo Olhar.

Procuramos com o blogue Voluntariado Nova Geração promover e divulgar o Voluntariado Social, enquanto actividade que, através da Solidariedade, do Respeito e da Ajuda, vá ao encontro do Outro, procurando construir uma Sociedade mais justa, humana e solidária.

Faça um “link” do Voluntariado Nova Geração no seu blogue, divulgando esta causa.
Visite-nos e dê-nos a conhecer notícias e testemunhos de voluntariado.

«O voluntariado enobrece os Homens…» T. Jefferson

Anónimo disse...

Para mim uma boa missa é sentir que a pessoa que está a dirigi-la está a fazê-lo com prazer e sem ser por mera obrigação.

Pois uma missa quando é bem transmitida é sentida e compreendida por quem a está a ouvir.

No entanto, compreendo que por vezes deve ser complicado quando os fiéis também não estão dispostos a ouvi-la, daí provavelmente muitos padres "despejam" a missa e vão-se embora.

Confessionário disse...

Catarina, tocas num assunto bem actual...
Não sei se as missas que nós celebramos são celebradas com essa alegria e prazer!!! Quantas vezes não será apenas por obrigação! ... quer do lado dos padres quer do lado dos que celebram (ou deviam celebrar) sem presidir!

Anónimo disse...

Pois, acredito que assim seja.

E já agora toca noutro assunto que também me causa alguma confusão e até mesmo achar a missa um desinteresse (não sei se esta é a palavra mais apropriada), as pessoas que celebram a missa sem serem padres e muitas vezes sem ser mesmo homens.

Atenção que eu não quero dizer com isto que as missas deviam ser celebradas só por homens, mas se uma mulher já pode celebrar a missa e fazer quase todo o ritual porque é que a igreja continua fechada em tantos outros assuntos?
Secalhar daí a perda de entusiasmo e prazer de muitos padres.

Mas bem vou-me ficar por aqui que o texto está a ficar longo.

Outra questão (se puder responder), pertence a que paróquia?

Anónimo disse...

A difundida ideia de que há muitos cristãos que dão mais valor ao terço do que à missa, tem-me dado que pensar. E se há uns tempos atrás a subscreveria sem hesitar, hoje sinto-me bastante mais reticente.

Penso que a cerne da questão está nas formas distintas, e não necessariamente comparáveis, como a eucaristia é estruturada na vida de fé das pessoas.

Uma analogia: na casa dos meus pais, ao domingo, é dia de assado. Seja carne ou peixe, desde que me lembro, assim acontece. É muito raro que se opte por outro tipo de refeição aos domingos; assim como é raro que haja assado em dia normal de semana. O assado constitui para a minha família uma refeição especial, significativa, sinal de festa. E de tal modo esse hábito me está entranhado que, quando calha de ir ao restaurante à semana e consulto a ementa, se porventura lá se encontra referida uma comida assada, eu me descubro a dizer a mim próprio: "isto não, que hoje não é domingo". E não a escolho. Ora, a minha companhia pode ter outras ideias, outros hábitos; e pode ficar a pensar que eu não gosto de assados ou não dou valor a esse tipo de pratos. Mas isso não é verdade: eu valorizo os assados; só que tal acontece num enquadramento específico, distinto do de outras pessoas.

Penso que muitas pessoas sentem o mesmo em relação à eucaristia. Para elas, participar na missa dá sentido ao domingo, e só faz sentido ao domingo. É um momento especial, festivo, diferente, na sua vida de fé, que se experimenta, mais ou menos por gosto, ou por obrigação. Para elas, não faz falta ir à missa à semana, porque simplesmente não faz sentido, não tem lógica.

Outros, porque optaram por uma vida espiritual mais intensa, ou simplesmente porque se habituaram a isso, estruturaram a eucaristia como um alimento diário, ou, pelo menos, mais frequente do que apenas ao domingo. É uma outra lógica, que não pode ser comparada, sem mais, com a anterior em termos valorativos.

E, já agora, é bom lembrar que nos primeiros tempos da Igreja, só havia missa aos domingos...

Anónimo disse...

Continuando ainda... :)

Que muitas pessoas dispensem a missa à semana não significa que não tenham vida de oração diária. Onde o terço ocupa bastas vezes lugar de destaque. Que apareçam para o terço e não para a missa pode ser, pois, uma questão de hábito.

Há também a questão do desafio: há gente que se coloca como meta rezar o terço todos os dias durante o mês de Maio. Em quantas comunidades as pessoas poderiam colocar-se semehante desafio em relação à missa?

Finalmente, há o aspecto da funcionalidade: o terço tem uma função diferente da eucaristia na psique da pessoa. Enquanto a missa apela mais ao consciente, à atenção e participação dos fiéis, o terço visa sobretudo o subconsciente, o estado de meditação.
Curiosamente, a missa de antanho também possuia esta dimensão, alcançada por meio do latim cantilado pelo padre em voz baixa em ambiente soturno. Algo que se perdeu...

Anónimo disse...

Caro Colega.....como te entendo.....
força aí.
abraço

Confessionário disse...

Js, embora não concorde com tudo o que reflectes, a verdade é que me tens feito pensar muito. São interessantes os teus raciocínios!

Confessionário disse...

Catarina,
Em primeiro lugar quero ensinar-te (se deixares, heheh) que todos os que participamos na missa celebramos: o padre preside, mas os outros celebram também.

Em segundo lugar quero que percebas a distinção entre Eucaristia (ou missa) e Celebração da Palavra: são coisas diferentes; a celebração da palavra serve para celebrar o Dia do Senhor na ausência de presbítero (cada vez há menos) e tem valor por si para uma comunidade que se quer viva e não tem a possibilidade de ter sempre o seu pároco; esta Celebração pode ser celebrada por qualquer pessoa idónea, homem ou mulher (sempre Ministro Extraordinário da Comunhão, para a poder distribuir); a Eucaristia só pode ser celebrada por sacerdotes.

Em terceiro lugar... hummm, a minha paróquia?! Quererás dizer paróquias?! hhehe, pois...

Goldmundo disse...

Faz-me imensa confusão que a Eucaristia seja "celebrada". Faz-me imensa confusão que haja um "presidente". Muito mais do que o latim ou o esquimó como língua para a Palavra.

Acho que era fascinante um inquérito feito seriamente sobre o que é que as pessoas acham que acontece numa Missa. Não o que acontece na mente de cada um (a sensaçãozinha de "estar bem") mas o que acontece no Universo.

A transubstanciação ocorre ou não ocorre. Só se não ocorrer é que se "celebra"...

(digam-me que sou paranoico com as palavras)

abraço

Confessionário disse...

hummm, Gold. Essa da Celebração como algo que faz memória de algo em contraposição com a transubstanaciação tem o seu quê.
Explico: Celebrar, nestes termos, não é apenas fazer aniversário ou fazer a festa do que aconteceu; é mias que isso; o fazer memória é tornar presente. Quando celebramos, tornamos presente. Tornamos presente quem ou o quê? Jesus, of course. Tornamos nós e torna-se Ele.

Quanto á Presidência o problema está na ideia que temos de presidente. O presidente é aquele que conduz e não aquele que manda.

Anónimo disse...

oi confessionário, tenho andado sem tempo,os estudos levam todo o meu tempo, bom essa gente por aí é demais, então a Eucaristia não é a Maior Oração de todas? Pelo menos aqui o nosso padre, que até é cónego diz sempre isso, porque eu estou sempre a dizer-lhe que os padres passam a vida a rezar, e que também não é preciso rezar tanto, ele ri-se, mas entretanto lá vai concordando com as Oraçõess que eu lhe vou sugerindo (não! não penses que ando a desencaminhar o senhor padre, que ele até já tem uma idade avançada, por isso dificil de o fazer mudar de ideias, mas vai mudando porque eu ponho tudo em termos práticos, de vida), e ás vezes dou com ele nas homílias...não sem antes olhar para mim, a sugerir outras formas de Oração...isso! as minhas!!Ahah...mas sempre dizendo que as convencionais também são importantes, mas que as melhores mesmo são as que nos tocam, e amim toca-me mais a Eucaristia do que o terço, é verdade, o Terço parece o coro dos desafinados...enfim é preciso muita concentração para fazer do Terço um momento de Oração na acepção total da palavra, e acho que as pessoas não fazem dele esse momento, pois se a Oração é um momento de interiorização, porque gritam tanto' È para Deus ouvir melhor? Não compreendo...eu prefiro a Eucaristia!

bj
mariana

Anónimo disse...

Ok obrigada pelo ensinamento, espero vir a esclarecer mais dúvidas por aqui, pois a cada meu novo comentário descubro novas coisas relacionadas igreja:).

Filipe Resende disse...

É verdade caro Confessionário! Quantas vezes parece que andamos em questões de fé a fazer o pino! A cabeça (que é Cristo na Eucaristia) anda quase de rastos a servir de pés; e os pés que serviriam para nos fazer chegar até Ele (todas as outras orações como o terço!) afinal andam no ar, sabe-se lá a pernear para onde e com que sentido!
É verdade caro confessionário! As tradições fazem religiões! As novidades constroem a fé. Já assim foi com a Ressurreição... mas nem todos assim o entendem! É mais seguro e melhor ficarmo-nos pelo que é costume!
Um abraço amigo e parabéns pela fonte de alegria pelas coisas banais da vida com que nos fazes pensar.

PDivulg disse...

O importante para muitos é participar, talvez deveriam ser reeducadas para que o importante seja viver...

Anónimo disse...

"Deus julgará cada um por si".

Caro confessionário.

Discordo totalmente. Em cada religião, o seu deus ou deuses só podem julgar os seus próprios fiéis.
Eu cá não reconheço o direito do seu deus, nem dos outros deuses para me julgar. Não tenho nada que seguir as suas leis nem cumprir os seus rituais. Isso é só para quem quer. O não ter fé nem sequer é pecado à luz da religião Católica.

Não será essa forma de abordar o problema uma tentativa velada de impor a sua verdade a toda a gente? O que quererá dizer que os não crentes ou os seguidores de outros deuses estão em erro...

Maria João disse...

É o problema do hábito. A oração torna-se robotizada...


beijos em Cristo e boas orações seja a que horas for. Deus Pai está cá sempre para nos ouvir.

Anónimo disse...

Tenho estado a ler os comentários e, com respeito pelo vosso domínio da matéria, para mim, e julgo que para a maioria das pessoas que à sua maneira consideram-se católicas, grande parte do que foi dito é chinês.

Repito, digo-o humildemente e com respeito por todos.

Intuo que todas essas questões têm relevância, mas não será muito mais importante todos vivermos segundo uma ordem social e moral que respeite os princípios defendidos pela Igreja?!

Reconheço que, por vezes, são demasiado espartanos e dúbios, por isso mesmo devemos ajustá-los à actualidade.

Penso que isso é o mais importante e, como tal, devem ser incutidos no espírito das pessoas. Claro que a Igreja escusa de vir com todos os seus dogmas porque esses serviram em outros tempos. A abordagem tem ser outra.

"Desculpem se madei calinadas."

Teodora
Humilde vendedora de flores no Mercado do Bolhão

Confessionário disse...

Deprodfundis... heheh, tb não me parece que vou ser eu a julgar-te. heheh.
O Deus de que eu falo não é de ninguém. É dele e de todos. Não nos compete a nós saber o que Ele vao fazer com cada um. Por isso, repito, Ele saberá!
Entretatnto acrescento ainda que relativamente ao assunto a que me referia ( e que englobava, sim senhor, os "malfadados" da Igreja que a Lúcia apontou e outros por aí), mas se houve mal em tempos e se há mal hoje, isso será julgado, não pelos homens, mas por Deus, e será julgado, não à maneira dos homens, mas à maneira de Deus!

Paulo disse...

Por vezes as pessoas são tudo menos pontuais e depois queixam-se...

Goldmundo disse...

eu percebo isso, meu Padre :)

acho que ficavas espantado com as respostas que tinhas no tal questionário.

aquela frase do "dois ou três que se reunirem em meu nome": que diferença há entre o "eu estarei" que aí acontece e a presença eucarística?

abraço

Confessionário disse...

Goldmundo, amigo:

Nos "dois ou três" a presença faz-se através dos outros.

Na "eucarística" faz-se através de si, de forma palpável mesmo, o pão.

Confessionário disse...

depois desta tirada, Gold, nem me apetece publicar novo post... pois gostava de ver o desenvolvimento que levava... mas em de ser. Ai vai outro!

Anónimo disse...

Caro amigo

O caso não é para rir. Porque o que eu disse é a sério. Há por esse mundo fora milhares de deuses. Tão respeitáveis como o de cá. Porque os deuses não são universais nem temporais. Há, inclusivamente, imensos deuses extintos, muitos dos quais ainda figuram no que resta de templos antigos.
E as pessoas têm todo o direito de acreditar. Tal como têm o direito de não o fazer.
Deus só existe para quem acredita nele. O resto está automaticamente dispensado dessas coisas.
O ateu honesto é tão válido como o crente honesto E não há qualquer malícia no ateísmo.

Confessionário disse...

Deprofundis, eu não me ri do que disseste, mas da hipótese dum julgamento meu!!

No entanto, a existencia de DEuses não é condicionada pelo que os homens pensam, mas pelo que Deus (Ou os deuses) quiserem. Não sou eu que fabrico um deus. Na mente de cada um isso pode acontecer. Mas não será assim a Sua existência.

Goldmundo disse...

Padre, longe de mim tirar o gosto pelos posts :) Já li o novo e desta vez sou eu que me calo, pode ser?

Mas fico inquieto com esta última resposta. O que acrescenta ao mundo, e a nós todos, a realização da Eucaristia então?! O que se passa nela que não haja se formos hoje em grupo visitar os presos em nome de Cristo (e assim visitá-lo a Ele?)

Dito de outra forma: que é feito do velho Sacrifício?

Abraço

Confessionário disse...

Gold, e não tiras, acho eu. hehe:)

E o sacrifício continua lá. A visita aos presos tb tem a presença de Cristo, ae for em nome Dele. Mas na eucaristia a presença de Jesus torna-se mais real, quer pelo partilhar que ele faz de si mesmo no pão (hostia) para a comunidade, quer pela prórpria comnidade que faz comunhão à sua volta fazendo "memória" (que é tornar presente) a Sua pessoa.

Anónimo disse...

"Mistério da nossa Fé"! O mistério é mistério não porque Deus goste de brincar às escondidas, mas porque, Infinito como é, não pode ser contido nos limites da nossa razão.
A Eucaristia é mais do que Deus feito pão, verdadeiramente, físicamente, presente no pão: é isso tudo, é Deus, mas Deus que se ofereceu por nós na Cruz, morto por nós - morto depois de incontáveis sofrimentos - quem pode compreender isto? no entanto percebe-se bem que isto não pode deixar de transformar o Universo... nos anos 30 do séc.I e de cada vez que Jesus Cristo o repete, servindo-se da boca e das mãos do sacerdote! E, sobretudo, transforma-nos a cada um de nós quando o recebemos. Padre, não sei se estou a asneirar, mas será que é isto: resgatados pelo Seu Sangue, ao comungar, tornamos-nos um com Cristo e, dessa forma, Ele nos coloca no seio do Pai? nos introduz, assim, ainda neste mundo, no reino de Deus? De qualquer maneira, se não fosse vital (e no sentido de Vida Eterna, portanto, mais do que vital) tomar esse Alimento, teria Jesus Cristo passado pelo que passou? (sofrimento voluntário inútil é masoquismo - Deus e masoquismo estão nos antípodas!)... "Mistério da nossa fé"... por mais considerações que se teçam em torno dela, a Eucaristia é sempre mistério.... quem pode compreender? e quem pode não a amar?

Quanto à oração, sabemos, porque Ele nos disse, que quando dois ou três se juntam em Seu nome, Ele está presente - está a rezar por esses dois (pelo menos), com eles, ao Pai - parece-me ver aqui mais do que a Sua presença no rosto do meu irmão - parece-me ver Cristo, cabeça da Igreja, a rezar com a Igreja, pela Igreja... Igreja essa que vive graças ao alimento eucarístico, que nos transforma a nós, que somos a Igreja, e através de nós, transforma a História e transforma o Universo. Padre, é isto?

Maria