Hoje venho aqui, às escondidas, para esboçar umas palavras de desconforto. Bem baixinho. Para ninguém ouvir a minha confusão. E conto, porque o colega não contou em confissão.
Um destes dias um colega. Um padre, claro. Outro. Nem sei bem a que propósito. Falava de um outro colega. Outro ainda. Que tinha viajado aos Estados Unidos. Visitava um amigo. Outro colega mais. E numa visita às paróquias encontrou uma criança. Como é normal e hábito aqui em Portugal, sorriu para ela. Com certeza concentrado nas palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas”. Ou então por pura exterioridade de simpatia. Que também nos é próprio. Aos portugueses. O colega deu-lhe um encontrão. Repeliu-o. Afastou-o da criança. Não entendeu. Mais tarde, em casa, explicou: não se pode olhar uma criança aqui nos Estados Unidos. Muito menos sorrir-lhe. Pode levar a outras interpretações. Todos desconfiam. Os padres são o alvo preferido. Lembras aquelas notícias? Há até quem desista de se abeirar do sacerdócio. Os jovens não querem ser conotados com nada.
E o colega que visitara os Estados Unidos não mais sorriu durante a sua estadia.
Um destes dias um colega. Um padre, claro. Outro. Nem sei bem a que propósito. Falava de um outro colega. Outro ainda. Que tinha viajado aos Estados Unidos. Visitava um amigo. Outro colega mais. E numa visita às paróquias encontrou uma criança. Como é normal e hábito aqui em Portugal, sorriu para ela. Com certeza concentrado nas palavras de Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas”. Ou então por pura exterioridade de simpatia. Que também nos é próprio. Aos portugueses. O colega deu-lhe um encontrão. Repeliu-o. Afastou-o da criança. Não entendeu. Mais tarde, em casa, explicou: não se pode olhar uma criança aqui nos Estados Unidos. Muito menos sorrir-lhe. Pode levar a outras interpretações. Todos desconfiam. Os padres são o alvo preferido. Lembras aquelas notícias? Há até quem desista de se abeirar do sacerdócio. Os jovens não querem ser conotados com nada.
E o colega que visitara os Estados Unidos não mais sorriu durante a sua estadia.
19 comentários:
Porque será?
Que triste, não se poder sorrir nos Estados Unidos...
Que triste etiquetarem as pessoas...
Que triste deve ser viver assim...
E que alegria que por cá podemos sorrir á vontade, e que no dia que não sorrimos todos reclamam o nosso sorriso!
E tu Amigo, continua a sorrir, a asorrir a sorrrir, para as crianças e para as menso as menos crianças que É LINDO O TEU SORRISO!!!
Muito piores do que os casos que aconteceram foram os encobrimentos. Que um homem falhe, pode-se compreeder. Que uma instituição o encubra e coloque em situação de reincidir é trágico. E tem o efeito que se descreve. Mas quem pode censurar os pais quando as instituições só se protegem a si próprias e aos seus, o que quer que seja que eles façam?
Que atitude tão absurda!!!!!
Imagino que as crianças quando olham para um Padre e vêm uma expressão fria e severa, devem ficar aterrorizadas.
Palheirense
Olhe eu vivo aqui nos US, e nao vejo as coisas assim tao negras!
Olá amigos.
Convém reforçar que este texto é um arquivo de há mais de dois anos. Na altura estes assuntos andavam mais acesos. As notícias falavam muito destas coisas. E aconteceu com um colega.
Claro que é um assunto muito delicado. E fico contente, al cardoso, por não veres as coisas assim, hoje. Mas lembras-te, porventura, de algo parecido na altura?
Faço votos para que tudo tenha acalmado... e que a verdadeira Igreja de Cristo vença sem medos e livre... até porque é imensamente triste quando não se pode sorrir para alguém!
Ola amigo!
É triste mas eu acho que ainda hoje essa conotação negativa existe!
É triste mas é verdade...quem nao quer ser lobo não lhe vista a pele e realmnete há muitas noticias de padres envolvidos em casos de pedofilia, é triste, mas é real!
E a Igreja devia ter um papel mais activo na denuncia de padres que praticam esse crime, e nao encobri-los!
A igreja que impõe tantas regras, algumas que não têm aplicação nos tempos de hoje, que é por vezes tão castradora, em vez de ser uma igreja de amor e perdão, julgo ter sido essa a mensagem de JESUS,encobre quem faz mal a crianças...o "deixai vir a mim as criancinhas" tem que ser de certeza para lhes fazer bem e não o mal!
Eu pessoalmente lamento...lamento termos chegado a uma época em que desconfiamos de toda a gente, em que nos surpreendemos com noticias como o que aconteceu na Casa Pia...em que temos medo, até dos padres, que devia estar acima de qualquer suspeita, mas infelizmente nao estão pk os seus actos nao foram de facto actos de um homem que quer transmitir a palavra de Deus!
Bjs
Carla
A igreja de Cristo, não é perfeita, pois é formada por homens e mulheres, seres imperfeitos, pecadores... logo~, não poderá ser a igreja, perfeita. :D
A igreja de Cristo, só será verdadeiramente perfeita, sem mácula, quando CRISTO VOLTAR, ai sim, Ele irá formar finalmente a igreja perfeita.
E a igreja que o Senhor irá formar não é a igreja A, B ou a igreja C... É que Jesus irá formar a Sua igreja com o Seu povo, o Senhor escolhe "olha" para o coração de cada um... o Senhor irá avaliar o "interior" de cada um ....
Beijinho florido para si e que Deus o abênçõe grandemente.
Flor
Os Estados Unidos da América é um país tão grande que não se pode dizer que lá é assim, simplesmente porque as pessoas do norte são muito diferentes das do sul e a vida nos estados do interior ainda mais diferente é. Isto para não falar de Nova York que não retrata um país. É uma cidade com personalidade própria.
Claro que a Igreja tem culpas no cartório! Se banisse os seus maus membros, deixariamos de, com alguma frequência, ouvirmos comentários generalistas pouco abunatórios para a instituição e que atentam contra a dignidade dos seus membros de bem.
Todos nós sabemos que o facto de ser imposto o celibato aos padres faz com que algumas mentes maldosas, façam julgamentos errados quanto às orientações sexuais dos padres.
Digamos que estão presos por ter cão e presos por não ter.
Se um padre se faz acompanhar por uma senhora, insinuam que o padre afinal faz pela calada. Se entra um colega na casa do padre, o padre é gay. Por isso, não me espanta que se um padre sorrir ou tenha algum contacto físico com uma criança (dentro do socialmente aceitável) já pensam que o padre é perigoso.
Da última vez que a Sic Notícias, no seu Fórum, colocou a questão se os telespectadores eram a favor ou contra o celibato dos padres, ali se viu a confusão que reina na mente de muitos cidadãos que se intitulavam católicos praticantes.
Uns contra outros a favor, lá esgrimaram as suas ideias e percebi que havia quem pense que o facto de os padres serem celibatários correm o risco de virem a ser gays ou pedófilos. Mas havia mais ideias. Aquilo foi uma verdadeira caldeirada!
Uns viam no celibato só virtudes, para outros o casamento é o garante da orientação e do comportamento sexualmente ajustado. (Anda muita gente a comer gato por lebre. Já me disseram isto muitas vezes!)Poucos falaram do assunto de forma equilibrada e racional.
Teodora
Não poder sorrir é realmente mau...muito mau mesmo!Lembro-me bem dessa história nos EUA.E do Padre Frederico, aqui.Que tb nunca ficou muito esclarecido.E da forma de reagir da Igreja.Não foi fácil, e depois por uns pagam os outros.No entanto, não poder sorrir a uma criança ultrapassa tudo.Isso não seria possível em Portugal.Lembro-em de uma históra passada em Nova IORQUE, em que um amigo meu fumava na rua e veio um senhor tirar-lho da boca e dizer-lhe que estava um grupo de crianças do outro lado da rua! Não comparando, obviamente, a importância dos temas, certas coisas só podem acontecer nos EUA. Boas e más.
Relativamente a estes riscos de se ser erradamente ou maliciosamente interpretado gostaria ainda de acrescentar que em conversa com um amigo (o qual sempre ocupou cargos de chefia em diferentes países do mundo e na década de 90 voltou a trabalhar nos Estados Unidos) ele a dado momento referir-se aos muitos cuidados na forma como conversava com as suas colaboradoras para não ser processado por assédio. É um país com valores diferentes e acima de tudo com leis muito diferentes das nossas.
E claro está, há sempre pessoas prontas para ganharem um dinheiro sem grande sacrifício, tirando partido da lei.
Portanto, lá não são só os padres que têm de ser prudentes.
Teodora
Pernitam-me que, como cristão, diga duas coisas:
1. Muita gente parece confundir Igreja com o padre. O padre é que tem que ser santo, o padre é que tem de ser o supremo exemplo, o padre é que tem que ser a referência, o padre é que tem se ser o apóstolo. Penso que nada mais errado. A Igreja somos todos nós, os baptizados que acreditam em Jesus Cristo e por Ele procuram orientar a sua vida.
E nós, leigos, que estamos no meio do mundo, somos Igreja! E é a Igreja - toda e cada um - que é chamada a ser santa, profética e anunciadora, testemunha.
2º Vi esta informação que partilho. Talvez tenhamos que rever a ideia de "crise" na Igreja americana.
"Um recente estudo feito a pedido da Conferência Episcopal da Califórnia mostra que a população católica está a crescer a um ritmo três vezes superior à não católica. Em todos os Estados Unidos, a situação é semelhante, embora sem chegar às espectaculares cifras da Califórnia. Por este andar, prevêem-se, para 2025, uns oitenta e três milhões de católicos, em toda a América do Norte".
Pois, realmente são tristes estas situações.
Outra coisa que reparo actualmente aqui em Portugal, desde o escandâlo da Casa Pia e agora do rapto da menina inglesa é que cada vez mais não se pode sorrir nem brincar com crianças que não conhecemos.
Mundo cão este!
Já agora, para amenizar, uma pequena anedota.
Nos EUA uma catequista dizia aos seus alunos: «Jesus gostava muito de crianças». Ao que um objectou: «E foi preso?»
Pois é. Eu não sou padre e tenho medo de me aproximar de crianças desconhecidas (quem não gosta de crianças?). Porque sei que, mesmo aqui em Portugal, isso me pode meter em grandes sarilhos.
Os ânimos podem estar mais calmos, mas a verdade é que ainda existe uma nuvem a pairar sobre todas as pessoas que se aproximam de crianças, sejam padres, professores ou educadores.
A verdade é que ainda não pararam de acontecer casos envolvendo crianças, mas não podemos levar todos por tabela.
E não há nada mais belo que o sorriso de uma criança!
o post já é antigo mas o tema é actual.
Não sei o que se passa nos EUA, porque aquilo é outro mundo. Mas o CA já pôs o dedo na ferida. É para pensar e agir, não para enterrar a cabeça na areia.
A maior percentagem de abusos de crianças acontecem na família ou pessoas próximas. Infelizmente, alguns padres, como próximos, também estão incluidos.
Com mais o caso tão mediatizado de momento, sabemos que estas coisas existem e exigem de nós a maior atenção. Não vivermos aferrolhados em "condomínios fechados", mas estarmos atentos às nossas crianças.
O problema não é não podermos sorrir a uma criança que não conhecemos, o problema é se enfiamos a cabeça na areia e não estamos atentos ao que nos rodeia e às nossas crianças. Quando digo nossas, refiro-me a todas.
É um problema actual que atravessa a nosssa sociedade. O pai pode ser pedófilo, o professor, o médico, o vizinho, o padre também... Com quem poderão, então, contar as nossas crianças? Vale-nos saber que, ainda assim, estes comportamentos desviantes são a excepção e que o colo, aqui como nos EUA, continua a fazer milagres:)
Um abraço
Fá
Realmente é muito triste não se poder sorrir nos Estados Unidos ... Como é fácil esteriotipar alguém ou um grupo de pessoas.
Como o ser humanho é complicado!
Concordo plenamente com a Teodora, faço também minhas, as suas palavras inteligentemente escritas.
Fátima - BR
Olhe eu sou "piano" e foi por causa de uma "pianada" que se me acabaram os sorrisos... e agora o que é mais importante? as teclas ou a música, pois por isso eu concordo com a Elsa, com a Ka com o Al Cardoso, com o Confessionário,com a Carla Isabel, com a Flôr e com p resto da maralha ...
Enviar um comentário