terça-feira, setembro 19, 2006

sondagem_ "Em que deve apostar, hoje, um padre na sua paróquia?"

Passados que vão dois meses da última sondagem, depois do meu descanso, e 459 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado direito, no sidebar. A questão era:
Em que deve apostar, hoje, um padre na sua paróquia?

E os resultados são:
1º- Formação_ 22%
2º- Direcção Espiritual_ 19%
3º- Eucaristia_ 18%
4º- Comunhão paroquial_ 11%
5º- Oração_ 10%
6º- Movimentos e grupos_ 6%
7º- Cidadania_ 5%
8º- Catequese inf-adolesc
_ 5%
9º- Caridade Social
_ 3%
10º- Primeiro Anúncio_ 2%
algumas considerações:
1. Não era novidade para mim a necessidade de FORMAÇÃO. De facto há mais de 20 anos que deveria ser uma preocupação de todos os párocos para que hoje os leigos tivessem maior consciência do seu papel e daquilo que constitui a verdadeira fé. Porém, nos tempos que correm e por causa do número de sacerdotes e das suas ocupações, esse papel deveria ser cumprido com a ajuda dos leigos. No entanto, como estes ainda não têm a formação necessária, está aqui “um molho de brocas”. Que fazer? Aproveitar as homilias?! É um bom princípio, desde que o Evangelho seja pregado.
2. De novo uma conclusão que retirámos noutras sondagens. A vossa segunda opção, a DIRECÇÃO ESPIRITUAL, clarifica a importância que cada vez mais os sacerdotes têm em ouvir, ou dito de outra forma: as pessoas têm necessidade de serem ouvidas.
3. A EUCARISTIA é o centro da vida dos cristãos. Se ela não for autêntica ficamos coxos. Mas será que hoje as eucaristias conduzem e alimentam a vida dos cristãos?!
4.
Entendo como COMUNHÃO PAROQUIAL todo o esforço em fazer da comunidade cristã uma comunidade como nos princípios do cristianismo, em que a cabeça é Cristo é o corpo somos nós, uma comunidade de amor. Mas com os conflitos inerentes a uma estrutura organizada, e com uma sociedade cada vez mais individualista, como conseguir que toda a gente se ame?!
5. Engraçado como nem eu saberia em que escala da sondagem colocar a ORAÇÃO. Ela é essencial na vida de cada um e na vida da comunidade, mas sabemos que ficar a olhar para o céu sem os pés assentes na terra não chega para se ser verdadeiro cristão! Encontrar esta escolha no meio da tabela deixa-me descansado.
6. Aqui há uns anos ouvi um sacerdote falar da importância dos MOVIMENTOS numa comunidade porque eles possuem já percursos que ajudam tanto os seus membros como a comunidade. Caminham por si. Porém, às vezes também se fecham em guetos e ficam virados para si, impedindo aquilo que se pretenderia de uma verdadeira comunidade de cristãos.
7.
Fiquei um pouco preocupado pelo facto de se ter deixado para um segundo plano, muito segundo, a CATEQUESE DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA, porque a julgo um pouco o coração da paróquia. Mais me preocupei pelo facto de estar em pé de igualdade com a CIDADANIA, algo que escolheria em último porque vejo esta opção quase como uma questão política, e, apesar de os cristãos terem obrigações de cidadania, julgo que o mais importante é descobrirem a fé e o sentido das suas vidas na paróquia. Encontro uma razão para esta opção da Catequese pelo facto de ela precisar de uma grande renovação, sobretudo em Portugal. Estarão os catecismos a corresponder às necessidades?!
8. A CARIDADE SOCIAL é uma constante em cada paróquia. Já existe em abundância e é verdade que podem haver outras instituições preocupadas com ela. Mas não podemos esquecer a preferência de Jesus pelos pobres e marginalizados. É uma forma de viver o Evangelho na vida.
9. Engraçado como acho que hoje, apesar de não ser o seu papel, as paróquias e os párocos deviam preocupar-se mais com os afastados da Igreja, com o PRIMEIRO ANÚNCIO. A vossa escolha, se calhar, deveu-se ao facto de nem sequer ainda termos os ditos católicos com a formação necessária!
10. Não sei bem que conclusão podemos tirar do facto de esta ter sido a 1ª sondagem do confessionário com resultados mais equilibrados, mas eu vou reflectir e rever, à luz delas, os objectivos pastorais deste ano para as minhas paróquias. Valeu.
Hoje surge nova sondagem. Num início de ano e verificando cada vez mais a necessidade de novas vocações sacerdotais, a pergunta é essa:
Quais as razões que impedem o aumento das vocações sacerdotais?

25 comentários:

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

Acho muito normal que se vote primeiro na formação e depois na catequese. Eu só votei na formação, porque é disto que eu mais sinto necessidade. Se a tivesse, votaria na catequese. Esta precisa realmente de uma revolução em algumas paróquias...!
Diga-me padre, para quê andar a semear, se nem sei que sementes devo usar ou que ferramentas utilizar...?! Gostava de semear, mas nem sei seleccionar as sementes e existem instrumentos próprios para o semeador usar, mas quais padre...!? Semear de olhos fechados, o mais provável é que as sementes caiam sobre pedra....
MJPiedade

Migalhas disse...

Ó Confessionário, não fiques preocupado por "se ter deixado para segundo plano" a Catequese de Infância e Adolescência.
Não será que as paróquias não têm andado a gastar energias demais com esta catequese de inf. e adol?
Para quem é que Jesus falava? Não era para os adultos? Não encontramos "discursos" de Jesus para as crianças e para os adolescentes; encontramos, sim, o carinho e ao afecto.
Claro que poderá ser mais fácil para a Igreja "discursar" para crianças: elas não incomodam assim tanto (?).
E os adultos? Que Catequese para os adultos? O problema é que damos "catequese de adultos" como se ela fosse dada a crianças ou adultos-crianças.
A Catequese de infância e Adolescência não devia ser dada pelos pais, pela família?

Confessionário disse...

piedade, entendo-te... e Migalhas, dizes melhor aquilo que deixei entrever... De facto nao sei bem o que andamos a fazer com a catequse de infância e adolescência!!! Se ela nao tem ou tem poucos resultados, onde está a mais valia dela? E porque nao pensarmos nas famílias, primeiras igrejas, as igrejas domésticas... ai ai. a FORMAÇÃO, dizeis, em primeiro. Naosei como vai ser possível nestes climas de farta correria. se calhar devíamso deixar tudo para ter tempo para o essencial!!!

Migalhas disse...

Acho que o problema é muito mais profundo: que opções é que a Igreja tem? Que reflexão teológica é que a Igreja tem? O Padre é o açambarcador de todos os carismas. Como poderemos apostar nos adultos quando, mesmo num Conselho Pastoral Paroquial os leigos têm unicamente voto consultivo; se o Padre quiser, mesmo que todos os outros membros tenham tido a mesma opinião, se o Padre não estiver de acordo, é a vontade dele que prevalece. Assim poderemos ir longe? Assim não vale a pena fazer seja que tipo de catequese for.
Quando a Catequese de adultos é só o falar do alto da cátedra ( o padre é que sabe, ele é que estudou) e não é diálogo a fim de iluminar os problemas do mundo e da vida das pessoas com a luz do Evangelho... não vale a pena estar a "gastar o latim".

Anónimo disse...

"Este povo honrame-com os lábios mas o seu coração está longe de mim..." (Mc 7, 6-7)

Na vida da Igreja e do Povo de Deus, a formação ou é dinâmica de transformação, ou é tempo perdido...

Temos de nos perguntar claramente se os nossos encontros de formação são para saber mais coisas ou se sãopara sermos diferentes.A formação não é uma realidade da ordem ter é da ordem do "Ser"

Se fosse da ordem do saber iamos todos para a faculdade.

Abraço amigo.

Andante disse...

Olá confessionário!
Compreendo as tuas preocupações.
Quando na minha paróquia o padre tentou dar uma lufada de ar fresco na catequese da adolescência foi boicotado.
É tão simples seguir catecismos e guias... Dá menos trabalho! É muito mais fácil pegar no guia e lê-lo do que transformar a catequese em vida.
Escolho a segunda parte, embora tanto o guia como o catecismo me sirvam, apenas, como selecção dos temas. Para o desenvolvimento fica a experência e a própria vivência dos adolescentes.
Quanto à formação, estamos conversados...
A UCP "oferece" cursos anuais para adultos que podem ser trabalhados em casa on-line.
Há avaliação e "canudo" a certificar se houve ou não aproveitamento.
O curso chama-se Síntese Catequética Avançada e destina-se a todos os leigos que se sintam incomodados e com vontade de conhecer as águas por onde navegam. Não é um curso superior, mas um curso que ajuda a perceber e saber mais de modo a que a Igreja possa aliviar o clero paroquial e não só.
Iniciei-o no ano lectivo de 2004/2005 e, por problemas que surgiram ao longo do percurso da própria universidade só estou, eu e todos aqueles e aquelas que se mostraram interessados, a terminar no corrente ano lectivo.
O último tema a ser tratado é precisamente aquele que fala da oração.

Caso insólito: um dos colegas que exerce o diaconato permanente apenas conseguiu uma nota de de 5, qualquer coisa num dos exames presenciais...

Será que quem exerce este serviço está formado para sempre?
(Não se mostrou interessado em concluir o curso porque, palavras deles, "não preciso disto para nada para exercer a minha missão).

Fez-me lembrar uma professora que, por sinal já está aposentada, dizia que já tinha o curso, logo, como estava farta de estudar, não iria precisar mais de pegar em livros para queimar mais pestanas.

Abraços peregrinos

NaSacris disse...

Só para dizer: bem-vindo de volta ao teu Confessionário. Espero que tenhas descansado, pois há muita gente na fila para a confissão. Até padres!
Agora vou ler o post e, logo que possa, escreverei algo.
Abraço!

Anónimo disse...

Olá, confessionário!
Até que enfim deixaste a sonolência ferial!!!
Quanto ao questionário e ao comentário que fazes: «ouvir as pessoas...»
Acho que é uma boa e eficaz tarefa humana e pastoral.
Pena nós termos tão pouco tempo para isso!

mi disse...

welcome!

Jorge Oliveira disse...

Foram grandes as férias!
Bem boltado...
:)))

Lai disse...

Olá,

Bem "voltado"

DTA
Lai

Confessionário disse...

joincanto, não foram grandes as férias, mas o período em que não me apeteceu esforçar-me muito. Hihihi...

Anónimo disse...

lol :)

que bom tê-lo de volta

PDivulg disse...

Sem dúvida que a formação o esclarecimento é o fundamental da Igreja de hoje e de amanhã! Basta de Católicos que vão só por ir, que fazem porque sempre assim foi. Queremos (se é que queremos?) gente que faz porque quer fazer, que vai porque sabe que é o melhor para ele de forma consciente esclarecido. Esta nova sondagem é difícil, fui tentado por várias opções escolhi a que me afastou da opção sacerdócio ha´alguns anos...

Confessionário disse...

e podemos saber qual foi, Postdivulg? Alás, se estiveste para ingressar no Seminário, saberás melhor pesar esta sondagem porque já a pesaste na vida. Help us.

Paulo disse...

Uma sondagem interessante e que, salvo alguns casos, servem para alguns párocos reflectirem.

Quando à nova sondagem...penso que, para além da vocação (nos outros trabalhos também deveria haver), talvez...pois!;)

Anónimo disse...

É a primeira vez que visito este blog... Vi referência a ele no site da Diocese de Braga (que tanto está a criar polémica, infelizmente)e não pensei que fosse encontrar o que encontrei!!! Lio de "fio a pavio"! Por isso felicito-o pelas reflexões, histórias, pensamentos... que nele podemos "mergulhar". Quanto à sondagem, penso que a igreja deve, em primeiro lugar, apostar na criação de grupos que auxiliem os sacerdotes (que são tão poucos)e, a partir daí, criar equipas que colmatem as falhas que existem aos varios niveis... É verdade que existem funções que apenas competem ao clero, contudo, à funções que podem ser destribuidas pelos leigos...
Ainda gostaria referir que (e refiro-me ao facto se chamar "confessionário de um padre")o sacramento de reconcialiação tornava-se mais apelativo se não fossemos "obrigados" a encarar "alguns representantes de cristo" que, apesar de se reterem muitas vezes ao silêncio, acabam por nos condenar... (não tome isto como uma critica destrutiva ao clero mas apenas como um desabafo)...

Votos de um bom ano pastoral

Fatinha

Confessionário disse...

A polémica, Fatinha, tem a ver com os padres "dissidentes"? E como aparece este meu link nesse site?

Migalhas disse...

Mas que raça de site é esse que não consigo encontrar? Está a causar polémica?
Por favor dêem-nos o link desse site para que nós o possamos visitar. Já agora, quero ver a polémica que nos vem de Braga!

Confessionário disse...

Migalhas, nao sei bem se acerto, mas depois de investigar (pois tb fiquei curioso) deduzi que tivesse a ver com as saídas de alguns sacerdoites por motivos vários e alguns bem polémicos. Mas no site da Arquidiocese de Braga tb não vi nada de especial. Um abraço.

Migalhas disse...

Talvez a fatinha nos possa elucidar do que se passa. Esperamos que ela diga alguma coisa

Anónimo disse...

Um palpite: a Fatinha devia estar a referir-se ao site da Vigararia de Braga:
http://www.paroquiasdebraga.org/
Pelo que vi, apresenta boas ideias e potencialidades; mas, ao que parece, os fóruns não têm moderação. E a nível de usabilidade, deixa um pouco a desejar...

Sofia disse...

Olá,
Cheguei aqui através do blog da Pequena Espiral (a quem muito admiro) e fiquei impressionada com o que encontrei. Voltarei sempre!
Abraços,

Anónimo disse...

O palpite de "js" estava certo. Realmente, o site é o que apresenta... e insere-se no forum criado pelo diocese "um certo olhar..." quanto ao facto de se referir a este endereço encontrei-o num artigo de "eusou@catolico.pt"(03-06-2005). Talvez nao haja muito para elucidar. Apenas se trata de um "lava roupa suja virtual" que, nao teve o rumo que a diocese de BRAGA pretendia!!! Nao deixa de me preocupar o facto de que o site, (que foi criado pela diocese)continue a ser o veículo de provocaçoes, insinuaçoes, "afirmaçoes"... utilizado pelo Clero de Braga...

Fatinha