quinta-feira, maio 18, 2006

A sexualidade foi separada da vida

As duas à minha frente, mãe e filha. Não se entendiam. Decidiram recorrer a alguém imparcial. Como se eu pudesse ser imparcial nesta questão. Mas aceito, sem saber que vai sair daquelas caras em discussão. Mãe. Padre, a minha filha anda a ter relações com o namorado. Eu nem o conheço. Ela está a envergonhar-me. Diga-lhe que deve ter juízo e parar com isto. Filha, de 19 anos. Padre, mas eu amo-o. E faço o que me apetece. As duas falavam viradas para mim, mas dirigindo-se uma à outra. Eu, calado. Mãe. Padre, mas ela vai ficar mal vista pela sociedade. As línguas já começam a falar! Filha. Padre, mas eu vou ficar mal vista é se não tiver relações com o meu namorado. Lá na escola toda a gente faz. E quem não faz, é mal visto pelos colegas. A mãe, à antiga, teme a sociedade porque assim era no seu tempo. A filha, à pós-moderna, teme a sociedade porque assim é este tempo. Eu pesava na balança, quando a filha explode. Faço-o com quem quiser, desde que me apeteça. Sou livre. Ó padre, Deus não nos criou livres? Diga à minha mãe. Mas, ó filha, tu sabes que o sexo é para procriar, para ter filhos. Ó mãe, até parece que tu nunca tiveste prazer com o pai! Agora as duas viradas uma para a outra, sem se aperceberem da minha presença. Mas, ó filha, isso é para o casamento. Como te vai saber o casamento, se já não vais ter novidade alguma? Ó mãe, e quem te disse que eu me quero casar? Ó filha, e se não for este com quem vais querer passar o resto da tua vida? Ó mãe, e como queres que saiba sem experimentar se é mesmo com este que quero passar o resto da minha vida? Ó filha, tu dás cabo da minha vida. Não foi isso que eu te ensinei. Sempre te dei tudo, e agora fazes-me uma coisa destas! Ó mãe, eu amo-te, mas não tenho culpa de ter nascido! A mãe abraçou a filha. Minha filha. A filha deixou-se abraçar. Choravam as duas. E como vai ser agora, minha filhinha? Como te posso demover disso? Mãezinha, deixa que eu estou protegida. Já uso a pílula. Ó filha, mas eu não te levei ao ginecologista! Eu fui com uma amiga. Mas eu sou a tua melhor amiga, filha. Mas eu sabia que não ias aceitar. E o rapaz, ao menos é bom rapaz? Ó mãe, ele não quer conhecer-vos ainda. E tu, conheces os pais dele? Tu és louca, mãe?!... A conversa ia continuando. Já não era necessário ali, ou era, mas tinham prescindido de mim. Não deram conta que saí, a pensar. Sim, a pensar. Saio sempre a pensar. Quis dizer qualquer coisa, mas não deram hipótese. Só precisavam álibi para iniciar a conversa. Alguém que não fosse propriamente da dita sociedade que podia falar.
Eu saí a pensar que hoje a sexualidade foi separada da vida. A sexualidade separou-se da procriação, do matrimónio, do amor. Foi separada da vida.

58 comentários:

maria disse...

deixa-te lá de choraminguices...

és capaz de me explicar como é que a sexualidade é separada de vida?

Ou melhor, acho que é isso que se pretende fazer com o celibato religioso. Tu não me puxes pela língua...

desculpa, mas o diálogo que transcreves está bom para uma convensão de beatas. para uma mãe dos dias de hoje e sua filha, devia ser noutros termos. A que propósito, por exemplo, é que a mãe ia com a filha à dita consulta. Se ela está madura para iniciar uma relação sexual também está para ir ao genecologista sozinha, ou com o namorado. As tarefas da mãe, já ficaram muito lá para trás no tempo. A mãe, inclusive, não tem nada que saber quando é que a filha ou filho, iniciam a sua vida sexual. Isso não lhe diz respeito.

Depois o casamento que não traz novidades...ai traz, traz, experimentem que logo vêem.

Olha, a conversa está muito bem caracterizada, mas não é caso para rasgar as vestes. É caso para ver como se faz a educação sexual e para a vida nalgumas famílias. Uma tristeza. E não é pela filha, é mais pela mãe.

DTS disse...

o Reverendo faz sempre posts muito profundos,e este é um deles...
a sexualidade foi perdida como expressão máxima do amor no matrimónio. mas este tema é tão polémico...
um abraço em Cristo, semper
(que consta que o Reverendo anda a precisar)

Anónimo disse...

Um tema de veras importante e nem sempre tratado com a elevação que merece. Não sei se o texto, objecto deste comentário, resulta dum caso da vida, ou foi simplesmemnte escrito para provocar discussão. Seja como for, é assim mesmo que, no campo da sexualidade, se passam as coisas na nossa sociedade. As mulheres foram "educadas" a ser mais recatadas e a frenarem os seus apetites: porque podiam engravidar (o que tantas vezes acontece até em idades imaturas); porque podiam perder a virgindade.
Mas hoje, quem se importa com a virgindade?! E a gravidez pode ser evitada. Os tempos são outros.
Contudo existe algo que tem de ser tido em conta. Refiro-me à responsabilidade e à coragem que todos nós devemos ter para mostrar e exibir a nossa coerência e o nosso projecto de vida. Já não são hoje os nossos pais os "nossos melhores amigos" pois há temas de que não se fala em casa. E este será um deles. Só os jovens de ambos os sexos que têm o previlégio de encontrar com quem dialogar sobre sexo, de forma desinibida mas construtiva,podem encarar com alegria o projecto de uma vida a dois que lhes é proposto.
Porém,diga-se, que a Hierarquia da Igreja, no seguimento duma visão agostiniana, relegou o sexo para segundo plano, e havia o pecado numa aventura em que houvesse cama à mistura e havia os demoníacos castigos. Os confessionários enchiam-se de confidências e há até muitas anedotas que se contam, umas mais brejeiras do que outras. Era o Deus do antigo testamento, castigador inflexível, de quem se tinha medo em todos os momentos da nossa vida,que nos apresentavam e "exibiam" para redimir as nossas "faltas".
É evidente que os tempos são hoje outros e os pais nem sempre,(direi, nunca) acompanham a evolução de mentalidades. Daí que eu possa concluir que os nossos jovens se encontram um pouco perdidos e atolhados em tanta lama.
Porque as colegas do liceu (se bem entendi o texto) vão para a cama com os namorados e essa jovem, por não o fazer é criticada por aquelas, não vejo que por isso, só por isso, o deva fazer. Vivemos hoje no reino do "Maria vai com as outras..." A TV que devia ser sede de informação e formação faz o que se sabe, com pronografia à mistura nas horas mais diversas e há lojas que alugam "filmes" para ser vistos ao fim de semana. Ninguém pode parar isto. Ninguém pode travar o caos em que se vive.
E essa jovem nem se dá conta do mundo que a rodeia. Claro que não será pecado, ou algo que vá contra a vontade divina,ter relações de sexo com o namorado. Claro que não. Mas a mulher,(está provado), entrega-se de alma e coração ao seu amado e só vai para a cama se amar quem a convida. Refiro-me à Mulher e não à mulher.
O homem é mais permissivo a divagações e a novas experiências.
Mas a entrega duma mulher a um homem que ama, deixa marcas de alegria por certo, mas de dor e sofrimento quando as coisas não correm bem. Daí que eu entenda que em todas as relações humanas (e esta que estamos a tratar é a única por excelência que toca mais de perto as nossas almas), deva haver um sentido de responsabilidade.
E essa jovem de que nos fala não será mesmo feliz se tiver a acompanhá-la as memórias duma recriminação por banda dos pais, da moral católica ou da sociedade.Não poderá ser livre na manifestação dos seus afectos e na alegria dos seus legítimos prazeres. Tudo acontecerá às escondidas, coartando-se-lhe a possibilidade de cantar um hino de louvor ao Deus que nos criou,não permitindo um suspiro num entrelaçar de corpos que se amam e querem.
Imagino-os, aos dois,de mãos dadas e cansados de tanto se amar, rezando baixinho, abraçados e chorando de alegria por terem conhecido um pouco do céu que Deus lhes ofereceu e lhes vai oferecendo em cada minuto do seu amor.Só desejo que essa união não acabe.
E imagino-os também no meio de amigos que nem sabem como eles são felizes quando se olham e se amam.
Imagino-os aos dois, conversando sobre projectos e sonhos e rindo-se com ingenuidade e prometendo-se promessas e contando-se histórias e abrindo-se, na sua intimidade, um ao outro e "confessando-se".Como não será possível que Deus não esteja com eles!?
Eu não sei se estes dois jovens, algum dia, vão ter acesso a este blog. Se tal vier a acontecer e lerem este texto que foi redigido a pensar neles e em tantos outros que vivem um SONHO DE AMOR,eu, que nem sei rar conselhos, atrevo-me a dizer-lhes: sejam FELIZES mas RESPONÁVEIS.

Drifter disse...

Bem... Eu diria que não estou nem de um lado nem do outro... Posso exprimir a minha opinião de homem não religioso.

Não considero que a jovem deva ter relações sexuais com o namorado apenas para não ficar mal vista pelas amigas. Penso que essa não é, de todo, uma razão válida. Na minha humilde opinião, o sexo deve ser encarado como uma celebração do amor entre duas pessoas. Uma relação sexual é um momento de grande emotividade e em que o amor entre duas pessoas é traduzido em prazer físico e espiritual. É um momento em que procuramos demonstrar ao parceiro a intensidade do amor. Não vejo porque teremos de esperar pelo casamento para o fazer, se sentirmos que amamos realmente a pessoa em causa. Muitas vezes, devido à indefinição nas carreiras profissionais, estudos, etc., o casamento não é uma hipótese a colocar tão cedo.
Esta é a minha visão do sexo, mas é claro, todos nós nascemos livres. Aceito que as pessoas tenham relações sexuais noutros contextos, desde que não prejudiquem terceiros...

CA disse...

A sexualidade não pode ser separada da vida. O que pode acontecer é viver-se a vida em gavetas e esperar que elas não se afectem umas às outras. Mas isto não é possível.

Quando se partilha a intimidade física há muita coisa (física, afectiva e a outros níveis) que se partilha e compromete, mesmo quando não se quer assumir compromissos explícitos.

A questão central continua a ser para cada um: o que queres fazer com a tua vida? Queres viver uma vida integrada, em que toda a tua vida esteja ao serviço dos teus projectos de vida e felicidade?

Confessionário disse...

Mc, tu querias dizer que a sexualidade quer se queira quer não, estará sempre ligada à vida, mesmo que não seja a melhor forma de a viver? Era isso? Desculpa discordar contigo, mas eu ouço mães e filhos... e sei que as mães, embora consigam esconder muito do que pensam, sofrem com as decisões sexuais dos filhos; e os filhos vivem uma sexualidade fácil e influenciada pelos outros, os chamados amigos. Eu já ouvi jovens falarem da sexualidade de uma forma banal, demasiado banal... e que se sentiam obrigados, não apenas pela ciscunstância ou pelo amor, a terem relações para se sentirem iguais aos outros!
E agora, vais-me dizer que isto não é verdade?! Não está aqui em causa o amor que dois seres possam ter, estando ou não casados. Mas a forma como se encara hoje a sexualidade. Passou-se do 8 para o 80. Eu aceitaria mais fácilmente o, digamos, 40!!

De resto, concordo que a abordagem didáctica dos pais não é, de todo, a melhor.

E conheço pais que aceitam fácilmente o rapaz em casa a dormir com a filha como uma coisa natural sem ter certezas de nada. Só porque começaram a namorar um dia, passada menos de uma semana já dormem juntos todos os dias. Gente com menos de 20 anos. Achas isto normal?

Confessionário disse...

O assunto é polémico, Diogo. Mas temos de falar nele. A mim tb não me agarda sobremaneira, e eu próprio me faço muitas questões. Aliás, nunca condenei ninguém por saber coisas como às vezes sei. Mas acho que devemos discutir est assunto como algo que nos deve preocupar a todos. O amor não pode ser banalizado em favor de uma sexualidade fácil. Só isso, meus amigos, só isso. Até os animais irracionais gostam de sexo e compreende-se. mas não podóamos valorizar mais o amor?

Confessionário disse...

Alice, eu tb quero que eles sejam felizes... mas como dizes, de uma forma responsável.

Ca, infelizmente há muita gente que partilha apenas o físico. Nem intimidade, nem afectividade, nem nada mais. Só o prazer de sentir-se bem momentaneamente...

MRX, que bom receber a tua visita.

Confessionário disse...

ahhh, esqueci, MC. Achas que ela já está madura para iniciar uma relação sexual? será? Com a conversa dela, achas que dá para pensar que já atingiu a maturidade? Não achas que aquela de o fazer para ser igual às outras tem pouco de maturidade?

Dulce disse...

Confesso que nunca me lembraria de ter tal conversa com um padre!
De resto, no meu modesto entender, se a igreja se separa da sexualidade, porque lhe ocorre dar palpites sobre o que rejeita?
Como a história da condenação dos padres homossexuais.... Então não é suposto eles serem castos e que se afastem dessas "imundícies"? Que interessa a tendência sexual se não é para levar a efeito?

(Desviei-me do tema, eu sei, mas surgiu-me este atalho e vim por aqui...)

Confessionário disse...

Dulce, não leves a mal. Eu sou Igreja e não quero pensar que esta se possa afastar da sexualidade. tenho para mim que será um dos maiores dons de Deus. Eu sei que há muita coisa organizada que aborda isto de forma menos correcta. A minha abordagem de Igreja hoje não é a de quem quer fechar portas à sexualidade. mas a de quem quer abrir!

Anónimo disse...

Padre, gosto de seus comentários e os temas em questão. Pelo pouco que estou lendo do que escreve, acho o senhor de cabeça aberta.
O senhor é de que cidade de Portugal? Nasci no Brasil, mas minha família inteira é de Portugal, minha mãe de Trás-os-Montes e meu pai do Algarve, eles foram imigrantes Portugueses na decada de 40, se conheceram no Brasil. Adoro Portugal, amo de paixão, meu sangue é Português e me orgulho sinceramente disso! Tenho dupla cidadania.
Peço que responda meu e-mail e gostaria de convidá-lo para ser meu amigo. Moro no RJ e lhe mandei a mensagem pedindo socorro e algumas palavras sobre meus sentimentos em relação a um padre de minha paroquia. Não esqueça de mim por favor!!! Bjs Fátima - Rio de Janeiro - Brasil

Anónimo disse...

Padre,
Gosto muito de seus textos, dos assuntos abordados e da forma inteligente como expõe suas idéias. Gostaria de convidá-lo para ser meu amigo. O senhor é de que cidade de Portugal? Eu amo Portugal, minha família inteira é Portuguesa e meu sangue é Português com muito orgulho! Minha mãe é de Trás-os-Montes e meu pai era do Algarve, já é falecido, tenho dupla nacionalidade, tenho identidade e passaporto português! Isso para mim é motivo de muito orgulho! Portugal é a pátria mãe do Brasil!
Aproveito para pedir-lhe que responda meu e-mail que enviei hoje ao senhor mais cedo, o meu assunto é urgente e está me incomodando muito! Gostaria muito de saber a opinião de alguém que vive a realidade de um padre, alguém inteligente, sincero e que tem a cabeça aberta, alguém que de certa forma seja neutro, visto que o senhor nao me conhece, nao conhece o padre de minha paroquia. Por favor me ajude a superar esse momento que estou passando, estou pensando em não ir mais a essa paroquia, talvez me afastar da igreja por um tempo. Será isso uma provação amigo? Aguardo seu e-mail. Um forte abraço. Fatima - Rio de Janeiro - Brasil

/me disse...

Parabéns pela coragem em discutir um assunto em que é muito mais fácil ser taxativo que pensar de espírito aberto.

Confessionário disse...

Fátima, eu já li o mail. Não respondi ainda por certa falta de tempo. Podes dizer que tenho tempo para outra coisas, e é verdade. Mas quando a gente tem de pensar bem no que vai dizer, fica mais difícil encontrar essa disponibilidade.

Vítor Mácula disse...

Caro Confessionário.

Bem, não havendo só vida e amor na procriação e preservação da espécie, e não havendo só vida e amor na entrega matrimonial… significa que a sexualidade só é comunhão na procriação e numa intimidade única e indissolúvel. Fora dela, é uma sexualidade para a morte (no sentido de não ser para Deus, pois só o que é para Deus é para a vida, evidentemente).

Tema de carne viva este. Não é fácil, não.

Curioso é no entanto, os católicos falarmos tanto de sexo.

Um abraço.

Vítor Mácula disse...

Oi, esquecia-me do aspecto natural da coisa: é evidente que aos 16 anos se está preparado (seja lá o que isso for, mas quero dizer que não se está mais ou menos preparado do que aos 20 ou aos 30, tudo isto depende de cada qual e da situação…) para o sexo. E que se a rapariga é jovem e quer descobrir e descobrir-se, mal e bem, numa sexualidade vivida como tal, deve precaver-se de gravidezes e doenças. Não se acrescenta um granel a outro granel…

Para os retóricos de serviço, informa-se que não há nenhuma identidade entre gravidez e doença. Quem tem ouvidos que ouça... Eu, como em todos os temas de carne viva, ouço sempre mal e confusamente ;)

Carla Santos Alves disse...

Olá !

POis é!
Acho que por vezes separam a sexualidade do amor...fazem-no porque é moda, porque as amigas já fizeram...enfim é quase como o primeiro cigarro, para experimentar e ser aceite no grupo!...Juventude fraca de espirito!..e eu ainda me considero muito jovem ...mas nestas situações acho mesmo que o sexo só faz sentido se ligado ao amor, claro que não é só para procriar, é para ter e dar prazer..mas com amor...só assim faz sentido!

E aquela mãe...bom abstenho-me porque realmente é uma mentalidade demasiado mesquinha para meu gosto!

Bjs

Carla

Aida Melo disse...

Amigo Confessionário
este tema está mais que actual e, como sempre, a verdade estará no equilíbrio entre o 8 de há uns anos, em que tudo era tabu nesta matéria e o 80 de agora, pelo qual nos arriscamos a destruir a beleza da sexualidade. A felicidade das pessoas não está num momento de prazer fugaz, mas na alegria completa que vem do amor do qual e para o qual somos criados todos os dias.
Amar é que nos torna felizes! O individualismo reinante fez esquecer este horizonte de esperança e já que não há felicidade sólida então ao menos o prazer do momento. Assim o sexo surge como um direito e não uma opção dentro da entrega por amor a alguém!
Na "Deus Caritas est" o Papa expõe de forma muito clara o que é o amor na perspectiva cristã e, sem excluir o erótico, vai dizendo que este tem de ser educado para que a vivência do amor possa atingir a sua plenitude. Não vale a pena continuar a dizer que a Igreja condena a felicidade do amor pois não é isso que dizem os documentos mais recentes e não é isso que nós que somos Igreja dizemos e vivemos. Eu sou dos que optaram pelo celibato e sei que esta ecolha não limita a minha capacidade de amar. Tenho grandes amigos e amigas com quem tenho excelentes relações de amizade, aliás trabalhadas continuamente em ordem a um amor sempre maior, e não é a falta do sexo que diminui a intensidade dessas relações ou o prazer desse amor que vai crescendo como ágape, como eros e como philia!
Hoje já não se acredita no amor... mas para isso cá estamos, para continuar a testemunhá-lo!
Já agora convido-te, e aos confessandos deste lugar, para ires ao meu blog deixar o teu rosto de Cristo! Obrigado

Anónimo disse...

Mal alguém me explica, como é que a sociedade vai saber o que a rapariga faz no meio dos lençóis?!

Que exagero...

Beijinhos
Bela

Unknown disse...

nem deixar de fazer porque é "pecado" e porque "ai meu Deus o que as vizinhas vão dizer" nem fazer "porque toda a gente faz".

e que tal fazer-se porque se ama??

dava jeito...

Unknown disse...

ah!

e a maturidade emocional para o fazer também importante... pena que todos os adolescentes se acham crescidos e maduros o suficiente.

ou seja:

mais cedo ou mais tarde, "shit happens". que não é bom, mas não é propriamente mau. talvez assim aprendam alguma coisa pelo velho método da "tentativa e erro"..

mas sei que a Igreja não concorda comigo.

Confessionário disse...

Ivan, eu tb acho que deve fazer-se porque se ama... e não apenas porque se sente alguma coisa pelo outro!

maria disse...

amigo padre

não olhes para trás no tempo a achar que antes é que era tudo bom. As pessoas viviam relações armoniosas e felizes, onde o amor era a palavra de ordem e o sexo estava ao seu serviço. Não haviam relações sexuais antes do casamento, etc. etc.
Eu nem preciso de ir aos livros, basta-me ir às minhas memórias.
E mesmo que antes as coisas fossem melhores, isso não nos interessa mnada. Temos de viver é o dia de hoje.

Do diálogo que transcreves( és um bom argumentista. Não queres escrever umas novelas para a TVI?) só falta aí o pai, a culpar a mãe da educação que deu à filha, e a dizer à filha que ela é uma desavergonhada, etc, etc.

De tudo o que contas retiro esta frase da mãe:"Eu sempre te dei tudo."
Aí começa o problema. A sexualidade não é separada da vida. A educação para a sexualidade integra-se com tudo o resto. Se a mãe/pai não ensinaram os filhos a fazer opções que não dependem do que o vizinho tem ou faz, não pode esperar que numa situação qualquer eles ajam de forma livre e adulta.
Se os pais trocam de carro só porque o vizinho o fêz, não podem esperar que os filhos saibam fazer escolhas.

Nada disto é novo, no meu tempo de criança/adolescente era assim. As questões eram iguaizinhas. Tinham uma diferença: eu nunca punha sequer a hipótese de dizer à minha mãe: "quero e não tens nada a ver com isso". Era melhor assim? Acho que não.

E agora vamos à vaca fria.

Sinceramente, acho que a Igreja não é quem melhor pode ajudar a orientar estas questões.A Igreja vê o sexo e o prazer de forma demasiado recalcada e negativa. O prazer é bom em sim mesmo. Não tem que estar ao serviço de nada. Está ao serviço da pessoa e pronto.
Posso explicar isto melhor com tempo.

É curioso, e ela que me perdoe, a pessoa que te anda a pedir ajuda porque está apaixonada pelo padre. Não deve ser nenhuma jovem de dezanove anos. Não faz confusão que a pessoa não saiba lidar com isso? Isto não mostra nada do que é para a Igreja a maturidade afectiva e sexual?
Se ela não sabe resolver os problemas afectivos e sexuais do seu clero e fiéis, como é que sabe dar ensinamentos para o mundo?

E por favor não se atrevam a condenar a mulher ou o padre. Eles são vítimas do sistema.

Eu não sou adepta de "libertinagens" de qualquer espécie, sou de pessoas que se assumem responsáveis pelos seus actos, vivendo de forma o mais possível felizes, sem recalcamentos, falsos pudores ou medos da opinião dos outros.

Confessionário disse...

Mc, já acertámos um pouco o passo. De facto essa da ma~e ter dado sempre tudo pode ser a base do problema ou a forma de o esconder!

Só não concordo veraderiamente quando dizes que a Igreja vê o sexo de form recalcada ou negativa. Quem é a Igreja? Eu sou Igreja e não sinto ada assim. Aliás, costumo dizer que não há nada mais bonito no meio do amor que a máxima entrega, a máxima intimidade entre os dois. Mais, acho que os pares têm de dar prazer um ao outro. Nem vou dizer o que costumo dizer a alguns casais que me procuram. Mas posso garantir-te que eu vejo a sexualidade como a melhor forma de amar. mas não é assim que a maioria das pessoas a vê... ou melhor, vê, mas usa-a de forma diferente, indistinta, ocasional, sei lá que mais...

Outra coisa, MC, eu não olho atrás no tempo. Sabes, eu sou deste tempo, sinto neste tempo, vivo com este tempo. Nem tenho saudade algum com a forma passada de se viver a sexualidade. às vezes ouço alguns casais mais velhos e não gosto nada da forma como eles a viveram ou ainda vivem. São coisas distintas. Pareceu-te que eu estava do lado da mãe?! Eu fiquei do lado do amor responsável!!!

E, desculpa hoje a minha insistência. Já há tanto que não discutíamos: ainda não respondeste a algumas questões que coloquei. Não és obrigada, mas... Respodne sobretudo àquela dos jovens que se juntaram passada uma semana. Que achas? Pergunto porque queria ajudá-los neste momento e não sei bem como! São meus amigos, e sinto-me comprometido coma felicidade eles!

maria disse...

Venho corrigir um erro:

Harmoniosas!!!!

e acrescentar o seguinte:

Não nego que alguns adolescentes vivam de forma irresponsável estas e outras questões, assim como há adultos, etc, etc. Não deve ser isso motivo para entrar em moralismos. É tentar edentificar os problemas e resolvê-los.

Dizes que há pais que sofrem por causa das opções sexuais dos filhos. Meu amigo, a partir do momento que se é pai e mãe, há que nos prepararmos para o que der e vier. É importante saber, é se esse sofrimento, acima de tudo, não é causado pelos recalcamentos dos pais, porque não tiveram boas experiências sexuais e vivem no terror que isso aconteça às filhas. Aqui é sempre o problema da mulher. Uma mulher que não viva de forma satisfatória a sua vida sexual, facilmente traduz isso em repressão para as filhas.

A rapariga do caso que nos contas, acredito que disse muito do que disse de cabeça quente. Numa discussão mãe/filha em que se afirmam posições, muito facilmente cai nesses extremos.

maria disse...

Queres que eu seja sincera contigo? Só teres posto a pergunta sobre a Igreja e a sexualidade, prova que estás a milhas de algumas questões. Podemos falar disto com mais calma. Eu posso explicar melhor. Não te zangues comigo. Senão ainda tenho de ir por aí acima para fazermos as pazes:)

Olha, sobre a pergunta que me fazes de alguém iniciar uma relação sexual oito dias depois de se conhecerem. Eu tenho dificuldades em responder-te a isso. Como mãe de duas filhas falo muito de "barriga cheia". As raparigas mais responsáveis não puderam ser. Nesse aspecto, curvo-me reverente. À maturidade delas, claro.
Sobre o caso que falas, não te sei responder, uma coisa são as nossas teorias sobre a vida e outra bem diferente é a própria vida.
Mas no caso quem é que está a sofrer? São os pais ou os filhos? Ou és tu, incomodado com o que se passa?

Confessionário disse...

Mc, podes ter a certeza que nao me vou zangar contigo. Mas, repara: onde eu falei da Igrea e sexualidade? Em lado algum. Falei do amor, da vida, da sexualidade!

E quanto ao que dizes: sou eu que estou preocupado. Mas podemos falar por outro meio neste assunto. è que uma das pessoas é-me muito próxima, e acho que está a haver tremenda asneira... com consequências nefastas em breve. E sei que depois sou eu que vou ter de segurar as rédeas!

maria disse...

Quando digo que a Igreja não sabe lidar com estas situações estou a referir-me entre outras coisas à seguinte:

A Igreja construiu um ideal de moral sexual e depois quer enfiar esse sapato em todos os pés. Resultado, é como o sapatinho da cinderela. Estás a perceber a caricatura?
Estaria mais correcto cada um conhecer o tamanho do seu pé e escolher o sapato adquado. Vais dizer: "meu Deus, a gaja passou-se!Então cada um constrói a sua própria realidade?"
Ah, pois é, meu amigo! Sem isto andamos a enganar-nos uns aos outros. É claro que na escolha do sapato cada um tem de seguir certos padrões, a qualidade, o preço, o conforto...não se mete um pé de 40 numa chinelinha de 35. Neste acto de escolha, temos a liberdade assumida com responsabilidade. Até porque a má escolha implica bolhas, roeduras, males infindos, que o dono do pé sente mais que ninguém.

Já agora, puxando dos galões, lembro-me que cheguei a dizer muito pragmaticamente às minhas filhas: Eu posso sofrer com as vossas escolhas, mas o maior sofrimento será sempre, e em primeiro lugar, vosso.

Confessionário disse...

Obrigado, Mc. Gostei da comparação e não me parece de todo descabida!
Obrigado tb pelas últimas palavras. Acho que me vão ajudar!

maria disse...

só espero não me ter enganado no orçamento e encomenda que tive de fazer no intervalo de escrever isto. Se tiver prejuízo, mando-te a conta.:)

Sobre as tuas últimas palavra; parece um bocado sacana o que eu disse mas acho que é a verdade. Não podemos viver a vida por ninguém. Por muito que amemos os nossos filhos, as escolhas são deles. Não há hipótese de protecção. Depois, só podemos é ajudar a curar as feridas. Mas o amor é isso-nunca cobra nada. Não diz, nunca: "Eu não te avisei?"

Um beijo grande para ti.

Em contra-corrente disse...

Eu própria fui vítima disso: alguém separou o sexo do amor e quem pagou as favas fui eu que me peguei demasiado a ele.
Hoje sou mais madura mas fiquei um pouco traumatizada e custa a passar.
Para mim não é humano proceder assim.
É só a minha experiência.

Ver para crer disse...

Está a ficar interessante o diálogo e parece que estamos todos de acordo: não se devem banalizar as relações sexuais.
Também sou dessa opinião.
E com menos ou mais jeito foi o que sempre guiou o proceder da Igreja.

Heavenlight disse...

Bem, daquilo que li, posso tirar algumas conclusões...
Em primeiro lugar, quando existe uma relação de amizade e confiança entre pais e filhos - e essa cimenta-se com o tempo, mas desde o início -, não existem assuntos tabu ou que necessitem de terceiros ouvintes/intervenientes.
Não existe uma idade mínima ou máxima para o início da vida sexual; esta deve ter lugar quando duas pessoas que se amam se sentem preparadas para tal - e essa preparação passa pelo respeito, confiança e amor mútuo, pela responsabilidade e consciência do significado desse acto que deve ser de amor e partilha, e não símbolo de aderência à moda.
Conheço raparigas de 20, 22 anos que o fazem porque acham que estão "a ficar velhas" e que "toda a gente o faz". O parceiro que escolhem não é a pessoa amada muitas das vezes, e a relação nem sequer é satisfatória. Conheço outras que iniciaram a sua vida sexual aos 16 anos, com o rapaz de quem gostavam e com quem esperavam constituir família, tendo toda a informação necessária sobre a sexualidade e após um diálogo franco com a mãe/pai.
Eu, pessoalmente, faço parte do último grupo. Iniciei a minha vida sexual completamente preparada para o fazer, e por amor. A minha mãe tem 60 anos e teve uma educação cristã e muito rígida, mas não foi por isso que se negou ouvir-me. Pelo contrário. Foi muito bom poder falar com ela e expôr-lhe as minhas dúvidas, ouvir os seus conselhos - antes e depois do início da minha vida sexual. Aumentou a nossa amizade e o meu respeito por ela. E ainda hoje, já casada, já com um bebé, e passados muitos anos, continuamos a conversar sobre todos os assuntos.
A sociedade que opinião pode ter, ou com que direito a dá, sobre a vida de duas pessoas que se amam de forma consciente e responsável?
No caso concreto que nos apresenta, acho que existe uma enorme falta de diálogo nessa família, e uma grande irresponsabilidade de parte a parte. Da filha, porque quer adaptar-se a um meio onde a virgindade é motivo de troça. Da mãe, porque deveria escutar mais e compreender ao invés de ter tanto medo do que "os outros vão dizer".
Quanto ao facto de pais permitirem que os filhos menores durmam em casa com os namorados... bem... aí já acho que é liberdade a mais, falta de rédea, e um pouco de falta de respeito dos filhos relativamente à casa dos pais, mas essa situação depende obviamente de outros factores que determinam a leviandade ou não dessa acção.

paulo,sj disse...

Boa Tarde!

Antes de mais devo agradecer. Cada opinião ajuda a perceber os sentimentos que circulam entre nós. Ao ler estas opiniões/comentários aprendo mais alguma coisa, mais que não seja o que circula no pensamento humano. Acredito na aprendizagem constante da vida.

Feitos os preâmbulos, farei o meu comentário:

Ponto Geral:
Fico impressionado com a forma cada vez mais superficial com que se encara o ser humano. Como cada um se encara si próprio. Sinto que as pessoas vão-se conhecendo cada vez menos, sendo arrastadas pelo pensamento alheio, perdendo muitas vezes a própria personalidade. Acredito no valor único de cada pessoa, verdadeiramente amada por Deus. (Ele não faz acepção de pessoas, nós humanos sim!) Ora, neste campo da sexualidade, que está inerente à condição humana (convém distinguir entre sexualidade e genitalidade), estamos a caminhar para uma superficialidade imensa, onde o prazer imediato (muitas vezes a nível sexual) é o que está mais à mão. Causas: Imensas! Por um lado a leviandade da sociedade, que em contraponto a uma opressão da Igreja de tempos passados, vai insinuando que tudo é possível desde que se tenha prazer e se seja "feliz" (entre aspas propositadamente). Por outro a falta de Esperança que leva a um TER tudo, mesmo que venha a SER nada. Estamos num mundo bastante erotizado, somos bombardeados em várias frentes. Comunicação Social, p.ex.! Depois vem o pensamento: "Se o outro faz, porque é que eu não o hei-de fazer?" A seguir o outro pensamento constante: "o que é que os outros irão pensar de mim?" E ás tantas, que caminho estou a seguir? O meu, ou que eu idealizei como meu?
Faz-me confusão que ainda se pense, e bastante, que TEMOS um corpo e não, que SOMOS um Corpo. A diferença é imensa. O ter implica posse, controlo, comando, levando a uma falsa liberdade de fazer o que apetece, enquanto que o ser junta-nos num todo, obrigando a uma responsabilização, não só dos actos pessoais, como dos mais comunitários. Leva-nos a uma maior liberdade, numa busca de um maior respeito.

Ponto Particular:
Quando falo com alguém, é aquela pessoa específica que está à minha frente, com a sua história de vida, os seus limites, a sua personalidade, os seus dons. Neste ponto fico sempre a pensar o que é que Cristo faria? Vem-me logo ao pensamento aquele momento em que Jesus está rodeado de gente, completamente encurralado, e há uma mulher que lhe toca. E Ele sente que foi aquela especificamente, com o seu problema, a sua fé, a sua dor… "Quem me tocou?" Ele sabia exactamente quem tinha sido, mesmo estando rodeado por uma multidão. Jesus ensina uma doutrina, mas vive uma relação com cada um de nós. (Se estivermos dispostos a ela, evidentemente).

Conclusão:
Somos fruto de uma evolução social. Mas que sociedade queremos ou fazemos? Sim, somos TODOS responsáveis. Penso que primeiro devemos aprender a pensar com cabeça, tronco e membros, para não seguirmos por meros apetites, ou arrastados pela opinião geral. É duro, pois quando pensamos com responsabilidade podemos ter que rumar contra a maré. Depois se acredito em Cristo devo começar a apurar a minha relação pessoal com Ele. Conhecê-Lo em profundidade. Tomar consciência do Seu Amor (esta palavra está tão banalizada, mas é que devo escrever) que nos impele a uma responsabilidade de compromisso.

"Tudo nos é permitido, mas nem tudo nos convém" já nos diz S. Paulo.

Confessionário disse...

Obrigado, paulo,sj... a forma como dizes, é, sem dúvida, melhor que a minha!


e mais dois casos para pensar: o da contracorrente, que demonstra a realidade do que contei; o da heavenlight, que teve a graça de ter uma verdadeira "mãe"...

BLUESMILE disse...

A sexualidade SEparada da vida, só porque uma jovem mulher decide ter relações sexuais com o namorado porquem está apaixonada ???

Que disparate completo!!!!

O que eu leio nesse exemplo ficcional de uma discussão mãe e filha ( e completamente desligado da realidade ) - já agora, não é por acaso que são duas mulheres as protagonistas - é uma jovem que decide sobre a sua vida, o seu projecto de amor e o seu futuro...enquanto a velha mãe está apenas preocupada com o que os outros dizem...

Ou seja não interessa a felicidae da filha, o seu projecto d efuturo,m a sua construção como pessoa... interessa apenas se "fica mal vista", o que quer que isso seja...

E nos dias de hoje nenhuma mãe, nem mesmo nenhuma avó diz á filha ou á neta que o sexo é para procriar.. ( Nota é que todas as mães e as avós de hoje já tomaram a pílula e usaram contracepção eficaz, convém não esquecer...)
Para estereótipos já chega.

( E mais uma vez anoto que os discursos "eclesiais" mesmo de padres novos estão pejados de estereótipos e superficialidade.)

( Ainda por cima a jovem vai a uma consulta de ginecologia e escolhe um método contraceptivo seguro antes de iniciar a sua vida sexual isto no discurso ficional pois quem dera que tudo se passasse mesmo assim - o que só revela sentido de responsabilidade, maturidade e autonomia..

Padre, desta vez, foste infeliz no estereótipo, desculpa a sinceridade.

"O amor não deve ser banalizado pela sexualidade fácil"
Mas em que mundo vives ? Sexualidade fácil, a dos jovens?
Sexualidade desligada do amor???
De forma alguma!
E isso de "toda a gente faz" é conversa. A idade de início das relações sexuais dos jovens não é mais baixa do que era há cinquenta anos , pelo contrário...

BLUESMILE disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Sonhadora disse...

Quando tinha a idade da rapariga em questão, também pensava um pouco como ela. Pensava que as únicas coisas que podiam correr mal numa relação sexual eram a gravidez ou o contágio de alguma doença. E hoje em dia é mesmo essa a ideia que passa na sociedade.
Mesmo não concordando totalmente com os argumentos da mãe aqui retratada, gostava de ter tido alguém que me tivesse feito ver as coisas de outra maneira. Poupava alguns desgostos...
Há coisas que só se aprendem com a vida, e o respeito por nós mesmos é uma delas.
Penso que a educação sexual tem de começar não só pela educação dos afectos mas também do valor da vida humana. Desde cedo, seja na escola ou em casa.
Tomar consciência do tesouro que somos cada um de nós. E ninguém entrega um tesouro a qualquer um.
Infelizmente às vezes parece-me que nestas idades mais dificilmente se dá a mesada a um amigo que precise, do que o próprio corpo a uma "curte" qualquer...

Confessionário disse...

Blue, é a tua opinião e eu respeito-a. mas que mães e filhas conheces tu? Quantas ouves em desabafos? E que costumas ouvir na rua (mesmo que seja numa cidade!)? E que costumas ouvir aos jovens? Olha que eu ouço muitos jovens e muitas mães!!!

BLUESMILE disse...

Padre:
Sou educadora e todos os dias lido com jovens e pais. EStranho muito a tua pergunta - mas vou responder-te de coração aberto - tenho a certeza absoluta de jà contactei com muitas mais mães (e já agora Pais, que quanto a mim são também essenciais e não apenas figuras decorativas e deviam por isso aparecer no teu discurso ficcional)
e filhos do que tu...

Tenho ainda um valor acrescido relativamente á tua experiencia: sou mulher ( e faço notar que o teu discurso sobre questões de sexualidade se limitou a uma situação de uma jovem mulher , esquecendo completamente os homens- o que indicia uma duplo padrão de moralidade sexual...

Todos os dias ouço "desabafos", e sobretudo, todos os dias ouço perguntas de jovens... Todos.

Além disso tenho uma mais valia na compreensão destas dimensões_ tenho um vivência de amor ( incluindo o conjugal) e sou mãe de quatro filhos..

E por tudo isso e mais algumas coisas, em verdade te digo - o teu "folhetim" está carregado de estereótipos e distante da realidade...
E continuo a achar que poucos padres ( sobretudo aqueles que nunca tiveram a experiência do amor apaixonado com uma mulher) estão preparados para lidar com a sexualidade alheia, quer por falta de formação, quer porque muitos deles têm graves lacunas e muitas dificuldades relativamente á sua própria sexualidade e á sua vida afectiva...

Por exemplo, eu conheço um casal que tiveram relações sexuais duas semanas depois de se conhecerem...
E estão casados há 15 anos....
Conheço um outro em que ela casou virgem e ( o tal projecto de vida , o saber esperar e bla bla bla) e passados cinco anos de casamento descobriu que o marido é seropositivo. é aliás a única mulher da minha geração que conheço que casou virgem... Curioso, não?

Ou seja as generalizações, mesmo as de índole moralista, são sempre abusivas e limitadoras.

O amor entre duas pessoas é sempre um mistério, uma força vital de uma beleza assustadora, que não se esgota em normas ditadas por outros.

Amar implica Autonomia, responsabilidade, capacidade de escolha pessoal.

Espero dar isso aos meus filhos.
Que sejam felizes é o que me preocupa. O resto são embustes.

Unknown disse...

Caríssimo,
Um excelente post.
Atrever-me-ia a dizer que a sexualidade não só foi separada da vida como também da unicidade da relação. E muito do sofrimento humano passa por querer viver o momento sem olhar para a vida com olhos de eternidade.
Um forte abraço

Confessionário disse...

Blue, percebendo o lado conjugal e experiencia de amor completa que vives... e ainda bem,... recebo a tua opinião de forma, como hei-de dizer, mais abalizada. Não sei se será esta a palavra correcta. De facto esse lado eu não o entendo como tu. Entendo só dos desabafos que ouço, das vivências que partilham comigo. Mas já amei, e sei o que significa amar, bem como o que significa partilhar vida com outra pessoa. A minha experiência pode não ter sido tão forte como é hoje a tua. Mas, de todo, não estou tão longe de perceber o significado do amor e da felicidade que o amor nos concede.
Quanto à garantia que dás de que ouves mais mães (e já agora pais... hummm) e filhos que eu, não garantia, assim como não garanto que eu tenha ouvido mais que tu! Garanto apenas que já ouvi muitos, muitos.
É verdade que o texto desta vez é um pouco ficcional. Quis colocar uma série de questões. Podia ter ficado apenas por algumas. Talvez te parecesse depois mais real. Mas uma coisa é certa. Foi baseado em alguns factos reais com os quais me deparei. Alguns que tenho em mão para ajudar. Agora pensa o que quiseres!

Dad disse...

Gostei de ler tudo o que li - da discussão nas ce a luz!

Acho que fundamentalmente temos que educar para a responsabilidade, sejam filhos, amigos ou paroquianos e educar para a responsabilidade pode funcionar dos dois lados de pais para filhos, de filhos para pais e de padre para paroquianos; aliás, as reflexões que fazemos neste blog vão muito nesse sentido.

A sexualidade, não podemos esconder o sol com a peneira, manifesta-se abertamente cada vez mais cedo. Era bom que os pais compreendessem que não vale a pena ignorar ou esperar comportamentos diferentes dos seus filhos. É preciso explicar e ajudar a prevenir. É preciso que os filhos entendam que tudo passa pelo amor para não banalizar um acto que é belo, saudável e desejável.

Numa altura de riscos terríveis na Sociedade Humana, é preferível explicar e estar presente junto dos filhos.

Só pais muito obtusos teriam um diálogo destes com uma filha. Os primeiros a serem educados para a sexualidade deverão certamente ser eles.

A conversa da mãe desta rapariga parece uma conversa dos anos 60 e não da actualidade e a rapariga disse muitas coisas só para a chocar e para a fazer acordar para a realidade.

As duas estão no treino para a vida.
Calculo que o Confessionário as poderá ajudar a compreender os "pecados" de ambas e a alegria de se libertarem deles.

maria disse...

jp

"a sexualidade não foi só separada da vida (ainda não percebi o que é que isto quer dizer)como também da unicidade da relação" Qual relação? De que relações é que se está aqui a falar? Podemos generalizar assim?

"muito de sofrimento humano passa por querer viver o momento presente..."
Se não vivo o momento presente, vivo alienada. O momento presente pode trazer-me no futuro sofrimento, mas isso é um risco que tenho de correr. Não disponho de nenhumas garantias que tal não venha a acontecer. Uma pessoa adulta não é a que foge das crises da sua vida.É a que sabe ultrapassá-las.
Se eu sou crente, todos os momentos vividos estão repassados de eternidade. Mesmo os do erro, do pecado.

paulo,sj disse...

Será que não estamos a partir do particular para o geral, quando devemos partir, precisamente, duma linha geral e depois atendermos aos casos particulares?

Muitas vezes quando se toca em questões como estas, ou outras da mesma linha, tem-se a tendência de generalizar casos particulares e depois é fácil dizer que a Igreja é retrógrada ou coisa assim. Felizmente a posição clericalista está a diminuir, enquanto a eclesial está a crescer. Mas para isso é preciso que nós consagrados tenhamos presente o acolhimento e a compreensão, mas também a missão da responsabilização. Acrescento também a importância VITAL de TODOS os leigos e faço um apelo a uma boa formação por parte de todos nós. De facto, diariamente somos confrontados com questões de vários níveis (sexualidade, homossexualidade, relações extra-conjugais, relações pré-matrimoniais, etc, etc). Mas, tendo em conta o que disse anteriormente (também no comentário um pouco mais acima) é preciso distinguir o que é doutrina para TODAS as pessoas e o caso particular, daquela situação específica. Sinceramente, estes casos são bastante complexos porque mexe com muitos aspectos. Por um lado o indivíduo, por outro a sociedade. Acredito ainda no factor principal que é a imagem que se tem de Cristo e depois a relação com Ele.

Já agora não adianta “puxar galões”, pois a experiência que se tem é sempre diferente e o olhar para as coisas deve ser de mutua ajuda e aprendizagem e não de constante ensinamento, para ver quem é que tem razão. Conheço muita gente (como muitos dos que aqui passam, acredito) com muita história de vida (católicos, protestantes, ateus, agnósticos, seguidores de astrologia, homossexuais, prostitutas, pessoas de família recatada, e por aí fora.), o que me permite perceber que é preciso escutar o que vai no coração das pessoas e sobretudo NÃO atirar nenhuma pedra. Porque cada um de nós também tem a sua história de vida! A maioria de nós não quer é perder, mas muitas vezes é assim que ganhamos... Perdendo!

Um Abraço a todos e contem com a minha oração! :)

BLUESMILE disse...

Paulo:

O grande problema é precisamente o que apontaste - as generalizações forçadas feitas pela Igreja, cpomo se nas questões de amor houvesse apenas um caminho..

O que alguns chamam a "doutrina oficial da Igreja" sobre questões morais da sexualidade humana passa precisamente por esse "pecado original" - é construída e transmitida de uma forma simplista e generalista, completamente desligada da realidde vivencial e sociológica dos cristãos de hoje.

E, mais grave ainda algumas das "regras impostas" - que curiosamente ninguém aceita e ninguém pratica, surgem como algo de quase esquizofrénico, com normas fitcícias completamente desligadas do Evangelho da vida concreta das pessoas, e com uma fragilidade de fundamentação Lògica e até teológica confrangedoras...

Ora o discurso do confessionário segue nesta linha e tem esta matriz:
1)A moral sexual ( de controle da sexualidade) da Igreja só se aplica ás mulheres.
Repito não é por acaso que o padre do confessionário inventa este diálogo entre duas mulherres.
Façam um exercício académico _ releiam o mesmo texto e ponham a conversa entre pai e filho.
Como é que vos parece o texto??

Porque é que o texto vos parece ridículo lido dessa forma?

E agora, aprofundem ainda mais a questão - fará sentido, á luz dos ensinamentos da Igreja e do Evangelho, debitar-se e reforçar-se um duplo padrão de moral sexual - um para homens e um para mulheres??

Em suma a matriz da fição do confessionário reforça um única ideia :
1 - As mulheres ( mesmo que sejam maiores de idade) não devem ter sexo prematrimonial, mesmo no centexto de uma relação amorosa estável num projecto de vida, e mesmo que estejam emocionalmente preparadas para tal.
(Já sobre os homens, não seinfere nenhuma crítica )

2 - Para as mulheres as preocupações maternas circunscrevem-se oa tema "parece mal " ou "o que vão dizer os outros" e bla bla bla..

É face a isto que o discurso da Igreja terá de mudar e de fazer escolhas essenciais.

disse...

Ouvi dizer a alguém em Algures:

“Se Deus não tivesse criado o sexo tão tentador e apetecível a raça humana já tinha acabado!”

Concorda?

Confessionário disse...

Blue, então aquilo que me apontas é a reducção feminina da Igreja?! Duas coisas: primeira - é mais comum serem as mulheres a falar com os padres... infelizmente os homens preocupam-se menos! segunda - a base desta minha reflexão começa por um caso que acompanho e que tem um pouco do que escrevi (o facto tem necessariamente um rapaz, e analizar o lado dele é o que tenho feito constantemente, mais até do que o dela; faltava-me o lado dela!) Por estas duas raões aparece este diálogo. Mas podia ter feito outra opção, obviamente. O importante continua a ser a reflexão do conteúdo e nao da forma. A moral sexual aplica-se a todos. E não é de moral que necessariamente se fala, mas do amor responsável. Não é o lado da mulher que está em causa, mas o do amor!

Confessionário disse...

Né, concordo! O sexo é o passo maior do amor. O mais lindo. Ainda bem que Deus fez as coisas assim. Por isso deve ser um passo responsável.

Confessionário disse...

opraela, não se trata de virgindade. Trata-se de um amor responsável!

BLUESMILE disse...

Confessionário:
Se a questão que pretendes colocar em discussão é apenas o que é "o amor responsável"...

por parte da jovem, não vejo no caso nenhum indício de irresponsabilidade...

Ela tem um namorado, vive um projecto de amor, é maior e vacinada, exerce a sua liberdade pessoal ( embora se subentenda que tem alguma pressão dos pares) , quer ter uma vivência de amor para melhor poder escolher um projecto de amor "definitivo", faz contracepção eficaz, foi a uma consulta médica antes de iniciar a vida sexual...
Enfim, não noto nenhuma irresposnabilidade amorosa nesta jovem. ( quem dera que todos os jovens tivessem este tipo de comportamento exemplar..)

Sim, noto alguma irresponsabilidade por parte da mãe, que parece apenas preocupada "com o que vão dizer", não sei quem, e com a filha "que lhe dá cabo da vida" ( dela, da mãe) não se percebe bem porquê, ...
Em suma - apontaste ao lado.

por último - ao contrário do que escreveste, em tom apocalíptico, tipo "antigamente é que era bom" - a sexualidade não está separada do amor.
Pelo contrário, as pessoas hoje, de uma maneira geral vivem com muito mais autenticidade e equilíbrio uma sexualidade amorosa de que há cem anos atrás.

Quando muito, podes afirmar que a sexualidade está desligada da procriação. SEm dúvida que sim ,pois é essa precisamente a especificidade da sexualidade humana - e é essa a normalidade no amor humano.

Só na mais pura animalidade é que existe a vinculação do sexo à procriação...( pensa na tua gata e aí tesn um bom exemplo)

Em suma - acertaste completamente "ao lado.." da essência da questão....

:)

Confessionário disse...

Blue, não será a opinião de todos! E remeto-me a não dizer mais. A vida é mais que meras opiniões, por mais acertadas ou menos acertadas que sejam! A mim esta reflexão tem-me ajudado... a pensar a vida!

BLUESMILE disse...

Tens toda a razão, padre,
a vida ( e o Amor humano) não são meras opiniões ( ou regras morais) impostas por outros,
a Vida e o Amor é o que vivemos e construímos...

Unknown disse...

Não sei se alguém já se lembrou ou já lhe ocorreu em pensar numa educação para o Amor...
Acreditem que se as pessoas tivessem consciência do que é o Amor, o verdadeiro, o único, aquele que nos é escancarado aos nossos olhos em cada momento e que recusamos consecutivamente a aceitar, aquele que que adiamos indefinidamente e depois corremos, já numa felicidade enfastiada, para o alcançar, não estariamos certamente aqui nesta discussão.
Se as pessoas amassem como falam, já era um pequeno passo para que não fosse necessário recorrer a pedagogias e teologias para explicar o que de mais natural existe na condição humana que é a comunhão de corpo e espírito no Amor.
Não foi a sexualidade que foi separada da vida... não estamos é pôr Vida na sexualidade que existe em nós... E só existe VIDA se existir amor... se não, só existe vida.

Luís Monteiro disse...

Até agora este post teve 56 comentários e só esse facto relembra a importância do tema que deve ser debatido eesclarecido. De facto o mais importante é ensinar que o amor deve ser o caminho e a meta. Assumido isto tudo se torna claro ainda que seja dificil dizer não à facilidade.
No entanto resta esclarecer que mesmo tendo em conta um casal católico com um projecto de vida generoso para com os seus filhos, é questionável aconselhar apenas o método natural (da medição de temperatura)

Anónimo disse...

Sou católica mas acho que a sexualidade estar ligada à procriação e ao matrimónio é absurdo e desumano. Algo criado pela igreja. Uma farsa.

Confessionário disse...

Cara amiga de 18 Janeiro, 2014 14:03

Não se é católico por afinidade, mas por fé. Claro que eu não quero fazer juízos de valor da sua fé. Mas um católico, à partida, sabe que ao referir-se à Igreja está tb a referir-se a si mesmo (a Igreja não são apenas os padres e os bispos). Daí que afirmar que é mais uma farsa da Igreja está a incluir-se nessa farsa.

De resto, a sexualidade não está só ligada à procriação e ao matrimónio. Está acima de tudo ligada ao Amor… autêntico, claro.