Não é vulgar encontrar gente de fé nas famílias dos defun-tos. Encontram-se raramente. E mesmo que se encontrem, é difícil que a sua fé seja manifestada corajosamente na dor. Eu sei como é difícil. Sei-o na pele. E sei que cada pessoa é uma pessoa. Não reagimos todos de forma igual. Porém, há dias, aconteceu-me algo que me espantou sobremaneira. A falecida era de família abastada, o que faz sempre supor um afastamento de Deus. Aquela ideia de não servir a dois senhores vem sempre ao de cima. Enganei-me rotundamente. Ela vinha de outra cidade. Não a conhecia. Mas a assembleia tinha gorras cinzentas, de consagradas. Um sinal. Mais do que um sacerdote. Outro. Mas isso poderia ser apenas sinal da grandeza dos bens. Enganei-me. Gente de fé. Gente de entrega aos outros. Descobri mais tarde. No entanto, não foi isto que me espantou.
Foi a irmã mais velha da falecida que, na hora da despedida, quando as quatro tábuas se iam cerrar, no meio de uma enorme dificuldade em gerir as lágrimas, soltou esta frase: Porque foste tu a escolhida?!
Primeiro, sinal que dói de verdade. Segundo, sabe que Deus escolhe e não mata, não leva, não nos tira. Terceiro, só alguém de fé percebe que Deus ama quem escolhe. Se escolhe, é porque ama, não?
Foi a irmã mais velha da falecida que, na hora da despedida, quando as quatro tábuas se iam cerrar, no meio de uma enorme dificuldade em gerir as lágrimas, soltou esta frase: Porque foste tu a escolhida?!
Primeiro, sinal que dói de verdade. Segundo, sabe que Deus escolhe e não mata, não leva, não nos tira. Terceiro, só alguém de fé percebe que Deus ama quem escolhe. Se escolhe, é porque ama, não?
15 comentários:
Gostei da frase da senhora. Denota bem porque ao respondermos ao questionário,a maioria indicou em primeiro lugar o AMOR como a visão que temos de Deus.
Mas na hora da partida conseguir articular esta frase, se é que a articulou sem revolta, é excepcional!
Pois o fantástico é que num momento destes ela deve o descernimeto, ou direi a fé , para acreditar...
E como dói perder alguém que se ama!
Bjs
Carla
Caro Confessionário.
Mas não será que na intemporalidade Ele não precise de nos tirar seja donde for para nos ter… Não nos detém desde sempre no pousio da Sua mão?... Já lá somos onde não estamos – ceguinhos, como se sabe…
A escolha é eterna, e presente em toda a temporalidade.
Os gregos antigos é que diziam que levam cedo quem os deuses amam. Para os cristãos, não está o Olimpo no meio de nós, dentro de nós… e nós obscurecidos e obnubilados?...
Será… disparate?... provocação?...
Eh eh eh
Quanto à separação da morte, pois, é sempre dolorosa e estranha para gregos e troianos e cristãos.
Abraço, e bom fim de semana.
PS: Claro que ama, quando leva e quando não leva (ah ganda Job!) Mas é uma árdua disposição a de assim crermos…
Ainda há de verdade testemunhos verdadeiros de uma fé muito profunda... ainda há quem, no meio do sofrimento, sinta que Deus na verdade sabe fazer pouco mais do que simplesmente AMAR!
Obrigado pelo testemunho!
Pois, Víctor, já lá somos, mas não da forma existêncial que aqui...
Deus ama todos nós!
Nós é que não amamos Deus nosso Pai. Só raros seres é que amam verdadeiramente.
Olá Amigo
Gostava que passasses pelo meu blog e comentasses o meu Post "Confissão."
Um Abraço
Nesse momento difícil a Fé dessa pessoa veio ao cima . Deus reconforta-nos nesse momentos se quisermos deixá-lo falar.
Se Deus nos ama e faz escolhas, o que eu posso dizer sobre isso é que as escolhas muitas vezes não são as mais corretas e a maneira que nos dá o ver o Seu amor é por linhas tão tortas que poucas vezes se indireitão.
Em relação ao texto o amor de irmãs devia ser tão forte que a escolha é questionavel pela irmã sobrevivente, quando isso acontece é muito dificil recomeçar a viver de novo.
Sol, é uma opinião, a tua, meia disforme. Respeita-se. Mas parece-me que nbão entendeste o que aconteceu neste funeral. A irmã da falecida chorava de dor, mas da força da sua fé, encontrava a palavra certa: "escolhida"...e repito, porque amada.
Não me parece que devêssemos ser nós a decidir quando morrer. Está-se mesmo a ver que viveríamos imensos anos... e a luta pela sobrevivência era natural!
Deus faz muito bem as coisas... mas não tem de necessariamente ser à nossa maneira. Ele já nos deixa fazer tanta coisa à nossa maneira!! E está por aí fora a prova daquilo que o homem é capaz!
Um beijinho.
Que estranho é ver morrer! E mais estranho, quanto é certo que somos nós homens, os únicos seres que temos consciência que iremos morrer!
Mas é estranho e dói, sobretudo pelo silêncio que se segue, após a morte, pela distância que se alonga, pela quebra da cadeia dos afectos que mantínhamos com quem partiu. Depois, há o cerimonial da dor envolvido em flores,com o odor conhecido das velas que se queimam e o olhar pesado e espavorido dos mais chegados, dos que beberam os sorrisos e receberam os afectos de quem morreu. E há as missas que se rezam,e os passos compassados e juntos atrás da carreta, por entre canteiros de flores, no cemitério. E há a cova, com terra ao lado que voltará para a cova que há-de ser tapada por mãos de profissionais incólumes ào sofrimento e que viram já tantas lágrimas que nem tempo têm para olharem para as lágrimas choradas, arranjando só as flores sobre a campa, quando o "serviço" termina.E ficamos amarrados ao silêncio, terrível silêncio e à saudade que dói e fere, porque vivida na solidão, recordando a voz,o aroma,a ternura, o carinho de quem nos deixou. "Por que foste tu a ecolhida?"
É uma boa perspectiva. A morte é para nós humanos quase 100% o terrível, o injusto. Mas nós só estamos a ver as coisas do lado mais baço do espelho!
certamente que ama!
se a escolheu foi para ela estar em maior plenitude de comunhão com Ele
.."se escolhe e porque ama.."
Adorei...fiquei colada a olhar para o texto!
E sim..e verdade...a dor da perda e o pior que existe...:(
Bjinho*
imparato molto
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