quinta-feira, abril 06, 2006

Sabe o que é que ela me fez, padre?

Sentou-se ao meu lado, bem juntinha. Ainda me assustei. Não fossem os seus muitos anos e ficava intrigado. Mas não. Era por causa do segredo. Começou por ali fora a desfiar as maleitas. E que estava danada com a vizinha, aquela bruxa, dizia. Não lhe falava. Não podia. E falava, falava, falava. Justificava sobretudo. Não dava muita hipótese de a interromper. Tinha-me ouvido na homilia afirmar a importância do perdão, o exemplo do setenta vezes sete de Jesus. Infinitamente. Mas não podia. Só se fosse estúpida. No meio de tanta palavra, consegui dizer-lhe: uma coisa é a confiança, outra o perdão. Se acha que não merece a sua confiança, que abusa dela, então deve ter alguns cuidados. Que Deus não nos quer burros. Mas que o perdão é diferente. Que é algo de dentro. Que é amar mesmo os inimigos ou aqueles que nos fazem sofrer. E que é importante para estarmos em paz. Que o que perdoa é quem usufrui mais do perdão. Mas o senhor não sabe. E continuou a desenrolar uma série de questões ligadas a terrenos, a bens, a palavras, a pragas, a ditos, a coisas que a outra lhe contou, a Santora, que essa é muito amiga dela. E contou-me que ela disse isto. Eu já não sabia que dizer mais. A sua insistência era maior que a minha, a minha que, suponho, era a de Deus. Até que me deixou pasmo. Sabe o que ela me fez, padre? À hora em que o senhor eleva a sagrada hóstia lá em cima no altar… ela roga-me pragas. Pede a Deus que me aconteça muito mal. Perguntei: Como? Sim. Pede a Deus que me sequem os terrenos, e que me venha para cima uma doença de morte. Penso que até pediu que fosse o cancro.
Eu não resisti a mandar uma gargalhada. Primeiro uma que não é capaz de perdoar. Até pode ter razões. Mas Deus também as tem quando nos fala da importância de perdoar. Outra, pior ainda, usa o sacramento, a hora sagrada da consagração, para pedir a Deus o mal. Como se Deus usasse das Suas forças para o mal. Como vai por ai fora a nossa fé!! A minha gargalhada, acreditem, era irónica. Mas também a de quem já não sabe o que pensar desta gente. De quem já não sabe como Deus pode ter tanta paciência!
A propósito, qual das duas Deus ouvirá com mais atenção?!... porque Ele ouve toda gente!...

43 comentários:

/me disse...

Ora, um bom puxão de orelhas a cada uma assentava tão bem... :P

NaSacris disse...

Vale esta mesma pergunta para o jogo de ontem entre o Barcelona e o Benfica. Será que Deus ouviu com mais atenção a prece do Ronaldinho quando, no início do jogo, olhou pró alto e fez gestos explicítos de que pedia a Deus a vitória? Muitos benfiquistas terão pedido também a vitória. Provavelmente os que viram a prece televisionada de Ronaldinho pensarão, agora, que Deus o atendeu a ele e aao seu Barça. Terá Deus simplesmente "escutado" a quem jogou melhor (neste caso o Barcelona)?
É complicado. Deus atende. Deus escuta. Deus acolhe. Mas não faz nada fora do dinamsmo do AMOR. Sim, porque Deus é Amor. E uma prece não é uma negociata!
Quanto ao perdão. Oh meu Deus!, tantas narrações como esta deste post encontro no dia-a-dia pastoral. A palavra perdão atropela-se tantas vezes entre ressentimentos, rancores e vinganças. E perdoar é quebrar essa espiral. O verdadeiro perdão gera reconciliação, paz.
E que Deus continue a escutar-nos a todos. No dinamismo (que para nós é um mistério) do seu AMOR.
Abraço!

/me disse...

Se me é permitido colocar aqui uma reflexão sobre o Perdão:

http://minudenciascomuns.blogspot.com/2006/03/choro-e-ranger-de-dentes.html

Carla Santos Alves disse...

uma miga minha costuma dizer "ainda bem que Deus não escuta tudo o que as gente pede"...pois ainda bem!


Bjs

Carla

Vítor Mácula disse...

Caro Confessionário.

Forçando a barra para levantar questões: como é que se permite que alguém rogue pragas assim e comungue, e se negue a comunhão (quero dizer, comer a hóstia) a casos como os que se sabe.

Dobrando ainda mais a barra (pode ser que quebre ;): o que é mais anti-cristão, uma naturalização da religião à Padre Mário de Oliveira, ou a superstição maldosa?...

Porra! É que não há respostas fáceis para estas coisas…

Seja como for, as actividades de esclarecimento da maioria das paróquias católicas que conheço, assim como a sua coragem em assumir o cristianismo (dá-lo e exigi-lo) – deixam realmente muito a desejar. Conheço até algumas que consideraria como repletas de obstáculos à cristianização das hostes…

Abraço.

Anónimo disse...

Deus sabe os filhos que tem, e a forma certa de proceder para com eles. O problema é nosso, no lidar com essa tentação de nos apropriarmos de Deus e de o colocarmos ao nosso serviço. Cabe-nos descobrir o Deus que encarna na pessoa do nosso próximo ("Aquilo que fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos..."); ou que encarna em cada um de nós para que nos tornemos outros Cristos...
Quanto ao perdão, creio que às vezes simplificamos demasiado as coisas. Parece que nos referimos a algo que funciona automaticamente, quando a verdade é estarmos perante um processo, com frequência penoso e moroso.
Na minha maneira de ver, costumo comparar as feridas da alma às feridas do corpo. Há arranhões ou cortes de pouca monta, que nos provocam meia dúzia de palavrões no momento mas rapidamente ficam esquecidos; e há cortes sérios, profundos, que nos abalam mesmo e nos podem fazer perigar a saúde. Aqui, os gritos de dor são lancinantes, a pessoa precisa de cuidados urgentes, e o caminho de recuperação será demorado.
Parece-me que quando somos ofendidos se passa o mesmo. Há coisas de pouco significado, que não involvem grande esforço para perdoar. Mas há também aqueles momentos em que uma pessoa se sente traída, apunhalada, atacada na sua dignidade. Aqui, cabe-nos entender os gritos de protesto e as queixas; cabe-nos oferecer carinho e calor humano para que a pessoa não desespere, ou opte por dar asas à sua raiva; cabe-nos dar início ao processo de cura interior e de restabelecimento da paz, dando tempo ao tempo e ensinando a pessoa sobre os cuidados a ter para que a ferida vá cicatrizando e se consiga evitar o perigo de infecções.
Infelizmente, cada vez mais me convenço que as coisas falham neste último passo: as pessoas não resistem à tentação de ir coçando e remexendo nas feridas; ou rodeiam-se de amigos que, em vez de ajudarem, aproveitam para deitar sal na carne viva; e aquilo que, à partida, tinha boas possibilidades de recuperação, vai-se agravando de dia para dia...
JS

1gota disse...

Ele ouve as duas...
E depois faz orelhas moucas! Que há-de Ele fazer!...

Confessionário disse...

ahahah: Nasacris, essa é boa, essa da comparação com o jogo de ontem. Cá para mim, só para mim, e para rir, o Simão não deve ter pedido nada!!! E eu que até sou do benfica.

Confessionário disse...

Víctor, á primeira eu diria que é uma questão de visibilidade: a praga ninguém a vê! Só escandaliza a pessoa do lado se esta der conta e se não for da mesma laia. Porque uma coisa é algo que sempre se fez. Outra coisa é algo que é novo e é só de agora. As pessoas aceitam com mais facilidade o que está instituído do que a novidade, mesmo que esta seja melhor.

À segunda questão, que hoje apetece-me responder: Tenho para mim que os caminhos para Deus se fazem de muitas formas. O problema queda-se nos excessos, nos desiquilibrios... Respondi? Ou deixei que fosses tu a responder depois da afirmação?

Terceira: por estas bandas tb é muito difícil escarecer as pessoas. Mas não desito de continuar a esclarecê-las... pelo menos quando eu acho que me estão a ouvir, na homilia. (quer-se dizer, acho)

Confessionário disse...

Anónimo, gostei do comentário. O processo de perdão pode ser moroso. Mas de certeza que quem usufrui mais dele é quem perdoa. Por isso tudo depende da paz de espírito da pessoa que é magoada!

Ahhh, e não podias assinar, pelo menos com uma palavra qualquer, para ser ais fácil a identificação dos comentários? Brigada...

Confessionário disse...

Claro, Claire... bemvinda...

ahahah, 1gota!

Anónimo disse...

Já aqui tenho passado sem no entanto comentar, mas alguma vez havia de ser e como ainda estou a rir como aconteceu com o Confessionário, gosto de lembrar o Deus de amor, justo, mas também cheio de humor, que acredito que o é. Então penso que ouvirá as duas da mesmíssima maneira e como tudo pode, em simultâneo. Agora quanto a "atender" uma ou outra, hmmmm.. sei não, mas que lhes preparará "alguma", de certezinha que sim e eu já aqui a pelar pelas cenas do próximo capítulo a não perder... ;)

PDivulg disse...

Pois com pessoas assim na missa mais vale não ir... Mas esse é o grave problema das nossas comunidades. As pessoas até podem participar na Eucaristia mas nada fazem na sua vida para mudar, para dar exemplo de ser Cristã... E enquanto um cristão não fôr na sua vida exemplo daquilo que vai ouvir na Eucaristia então andamos todos mal!!!

Lua disse...

Isto só não é cómico porque denota o estado "baixo" como grande parte das pessoas acredita em Deus. Em vez de um Deus Pai, visionam um Deus castigador, castrador, cúmplice das maldades do intimo de cada um, etc.
Acho q

Lua disse...

Isto só não é cómico porque denota o estado "baixo" como grande parte das pessoas acredita em Deus. Em vez de um Deus Pai, visionam um Deus castigador, castrador, cúmplice das maldades do intimo de cada um, etc.
Acho q

Lua disse...

Não sei se o inicio do comentário publicou, porque desapareceu do ecran...mas ia eu dizendo...
que o triste disto tudo é grande parte das pessoas acreditarem num Deus que em vez de ser todo amor, é castigador, cúmplice das velhacarias humanas, das superstições, etc.
Talvez esta senhora precisasse de ser levada a uma catequese da libertação em vez de ficar presa nas garras do obscurantismo que é o que a conversa dela denota.
Não há este tipo de ajuda?
Um dos problemss graves da Igreja Católica é que por falta de esclarecimento e em nome da fé, "cultiva" umas vezes e outra "fecha os olhos" a sentimentos de devoção baixos que em nada ajudam a entender ao nível humano a grandiosidade do espírito divino.
Eu própria já ouvi um padre dizer que não dava a hóstia na mão de ninguém porque há muita gente que vai comungar para guardar a hóstia para fazer bruxarias!!!
Ora se começa por aqui, o que é que se pode esperar???Eu nem queria acreditar no que estava a ouvir...
É preciso educar para a libertação!
Beijito,

Vilma disse...

Também penso assim: quem perdoa beneficia muito mais. Se as pessoas percebessem como o dar perdão tem um efeito curativo tão profundo, perdoariam muito mais ao invés de alimentar rancor e mágoa.
É certo que nem sempre significa que tenha de andar de abraços com a pessoa que perdoou: Mas perdoar é mesmo uma ordem que Deus nos dá.
Como se costuma dizer, errar é humano, mas perdoar é divino...

mi disse...

Se o domínio da Intervenção Divina é o AMOR, Deus não é omnipotente de forma absoluta, mas é omnipotente no AMOR.

Então, Ele ouve as duas igualmente, porque as ama, mas só pode "intervir" no que for AMOR.

Ele sabe VER (eu não sei), o Espírito Santo consegue "aproveitar" as intenções das duas mulheres (por mais pequenas que me pareçam)... "Não julgarás..."

Quanto ao PERDÃO,
que é mais importante para quem perdoa do que para quem é perdoado,
que é uma acção interna no coração,
que é imprescindível para a Paz... e que é tão difícil, apesar de rezar tantas vezes, no Pai Nosso, "...Perdoa as minhas ofensas, assim como eu perdoo a quem me tem ofendido..."

(Nota - também pensei na diferença entre religião e superstição, porque isto de rogar pragas não tem nada a ver com Jesus!)

Anónimo disse...

Isso só mostra que existe muita falta de conhecimento por parte das pessoas, e neste caso até de bom senso...pois Deus nunca iria atender a um pedido para fazer mal a quem quer que seja!!

A senhora que se confessou ao Senhor padre se tivesse mais confiança em deus, nunca ficaria melindrada com esse tipo de coisas, ignoraria por completo.

Beijinhos e fiquem bem

Andreia N

Anónimo disse...

Estão as duas a viver o inferno psicológico.

Sonhadora disse...

Como é que ela sabia que a outra pedia a Deus para lhe secar os terrenos, e doenças, etc, na hora da comunhão? Não estão todos em silêncio nessa altura?... Ou acreditou no que alguém lhe disse?
Quer-me parecer que a dita senhora anda à procura de pretextos para continuar às avessas com a vizinha... É sempre mais fácil encontrar motivos para julgarmos do que para perdoarmos.

Anónimo disse...

Por vezes, há males que nos fazem que são muito difíceis de perdoar. Ficamos marcados pelo resto da vida e temos medo que nos voltem a acontecer novamente. Passamos a desconfiar das pessoas e do mundo. Perdemos a inocência e, em última análise, a vontade de viver. Sempre me disseram que para perdoar é preciso que o outro lado esteja disposto a ser perdoado, mas o que fazer quando essa pessoa nem se apercebe do mal que fez? Afastamo-nos dela simplesmente, mas permanecemos com a mágoa para o resto da vida.

Anónimo disse...

Um outro ponto para o qual chamaria a atenção: porquê nos sentimos ofendidos? É que se há muito de instintivo nesse tipo de reacções, também há muito de condicionamento social e cultural. Às vezes, parece que fomos programados educacionalmente para reagir de determinada maneira a determinada atitude de outrem, quase que de uma forma pavloviana: "quem não se sente não é filho de boa gente"...
Pergunto: será assim tão absurdo libertarmo-nos deste automatismo? Por que carga de água tenho de me sentir ofendido apenas porque alguém me quer ofender? Sou mesmo obrigado a ficar irritado somente porque alguém me quer ver irritado?...
Claro que há pessoas que gostam de sofrer, num masoquismo vitimista de coitadinhos que vivem atrás do aconchego e do miminho dos amigos. E faz falta reconhecer também que o ódio é uma droga poderosa: tal como o amor, faz-nos sentir mais vivos, preenche-nos a imaginação, dá-nos razões para agir, mostra-nos que temos importância.
Mas acho que sofreríamos muito menos se não déssemos tanto poder aos outros para nos magoarem...
JS

Confessionário disse...

Gostei, JS e Lilith. Não que não tenha gostado dos outros comentários, mas estes queria que em especial o sentissem... por isso, para o sentirem... ahahah...

VIAJANTE DO MAR disse...

Há quem diga: "Eu vou perdoar, mas não esquecer."

Aqui está um tipo de perdão que não consigo compreender.

Vítor Mácula disse...

Caro Confessionário.

Pois a visibilidade… A questão do escândalo é: o que escandaliza o quê?... Ele próprio bem nos avisou de tal…

Eu tenho tendência para pensar que os dois perigos da descristianização do cristianismo passam por um lado pela superstição, e por outro, pela naturalização…

E respondeste, claro.

Abraço.

Luís Monteiro disse...

A sua gargalhada resume bem a forma como Deus, penso eu, encara estas situações, para além de justo, Jesus tem sentido de humor e deve-se fartar de divertir este planeta, desde estas pequenas guerras de comadres, até aos discursos de Bush:)

Anónimo disse...

À atenção do(a) Viajante do Mar, algumas plavras de Anselmo Borges:
«O perdão não pode desvincular-se da memória. Perdoar não coincide com esquecer. Mesmo se a vítima esqueceu, perdoando, quem ofendeu tem de lembrar, para que o mal nunca mais se repita. Quem foi perdoado é convocado ao arrependimento e a uma vida nova. Como dise Kierkegaard, "tudo está esquecido, mas lembra-te do perdão"».

O Micróbio II disse...

Ouve a que merecer ser ouvida... :-)

Anónimo disse...

Adorei o seu espaço e li tudo. Com mais atenção li este post e para além de tudo o que já foi dito, permita-me uma pergunta:
- Não é suposto a confissão ser em segredo, isto é, ouvir e nada comentar aqui, ali ou acolá?

Confessionário disse...

moadib10191 , é. Não só é suposto, como deve constituir um segredo. Mas, de qualquer forma, aqui não está uma confissão. Mais, tratam-se de confissões minhas, das minhas vidas e pensamentos ou sentimentos. Se não fui explícito, continuo ao dispor. Um abraço em Cristo, e benvindo ou benvinda!

PDivulg disse...

Uma passagem rápida, apenas para te deixar um voto de alegria "Cristo ressustou!" Boa Páscoa!

Luz Dourada disse...

Que esta Páscoa possa fazer sentido para nós todos, apesar dos Pilatos com que nos deparamos, por todo o lado, que lavam as mãos em vez de agir.
Que haja renovação em todos nós são os meus votos.
Um beijinho para todos,

A Sonhadora disse...

PÁSCOA FELIZ!!!
Beijão da sonhadora

Sonhador Acordado disse...

Gostaria de sublinhar o comentário do(a) JS. A comparação está bem conseguida. A cura e recuperação das feridas causadas por uma ofensa é um caminho longo, e é preciso o ofendido querer fazê-lo. Mas é tão mais fácil continuar a remexer nas feridas, muitas vezes com a ajuda desses amigos que ajudam a assanhar a ferida. Só que assim o ofendido também se vai afundando no seu próprio isolamento, porque o problema vai alastrar e prejudicar outras relações. É assim que se desunem famílias e grupos.

Boa Páscoa, e que com ela Jesus nos ajude a encorajar a reconciliação dos nossos amigos e familiares.

Bel disse...

É tudo uma questão de fé, mas deve perdoar se mesmo sempre? O perdão é sinal d ese ser ou não bom cristão. Há uma coisa que por mais que os anos passem não consigo perdoar nem pretendo. Serei má ou estúpida?

Confessionário disse...

Mata hari, deve perdoar-se sempre (não até 70 mas até 70 vezes 7). Porque a pessoa que não perdoa não consegue andar bem! E perguntas se não se é bom cristão?! Isso compete dizer a DEus. Eu digo apenas que não ama o suficiente quem não sabe perdoar...
No entanto,devemos distinguir o perdão daquilo que é confiar. O perdão é interior e pode-se continuar a fazer o bem a quem nos magoou. Isso não implica continuar a confiar como antes de nos magoarem. Beijinho de Boa Páscoa...

Bel disse...

Não se pode perdoar tudo continuo a afirmar porque uma coisa é perdoares uma maldadezinha e deixares d econfiar uma má acção ou um simples picanço outra e perdoar uma grande maldade.Sei q Deus diz dá a outra face mas dá la a pessoas ruins é pura estupidez. desculpa não conseguir concordar contigo!

Anónimo disse...

mata hari,
"Não se pode perdoar tudo continuo a afirmar". Pode mata hari. Sim. Continuas a "afirmar" mas, talvez que também a não "compreender" e porque penso que aqui, há algumas 'nuances' entre uma e outra coisa. Por isso que é bom discutir aqui, num blog como este, de um padre, onde outros participam e mais gente de muita fé. Fizeste-me recordar a atitude de J.Paulo II quando num 13 de Maio foi baleado. A 1ª coisa que disse e fez, foi perdoar o agressor. Visitou-o propositadamente após a operação a que foi submetido. Agora não esperaríamos que lhe dissesse. "Olha lá, se não te importas, agora dá-me um tirito aqui do outro lado (face), que Deus quer assim", não é?
Desculpem-me a fraca argumentação, mas penso que Perdoar e dar a outra face, estarão inclusivamente separados nos exemplos do NT, e não são a mesma coisa. Corrijam-me pff e uma Santa Páscoa a todos.

Confessionário disse...

Malu, explicaste muito bem... Obrigado. é disso que se trata. O perdão não é igual a fazer de conta que a outra pessoa não nos magoou, ou a deixar que ela nos continue a magoar. Perdoar é um estado de espírito interior que nos leva a amar no meio da mágoa, que nos leva a desejar o melhor para quem nos magoou, que nos leva a ser samaritano para aquele que nos fez sofrer.
O exemplo da cerimónia de quinta-feira, do post que está a seguir, é a prova daquilo que faz o perdão... Não me apresento como modelo, mas como um sinal de Deus!

Bel disse...

Quando escrevo que nao acredito que s e perdoe tudo não significa que eu odeie sinifica que eu não esqueço. logo se não esqueço não perdoei.Não desejo mal mas tambem não desejo bem simplesmente não desejo.

Anónimo disse...

Confessionário,
Sou eu que agradeço poder vir aqui e o tanto de si que nos oferece. E agora que a Mata Hari acrescentou mais um pouco, "não significa que eu odeie sinifica que eu não esqueço." e toca preciasamente no ponto da questão (penso eu), gostava de lhe dizer que não se subentende esse ódio no comentário anterior, e que não o associei sequer ao não esquecimento.
Podia contar um caso passado comigo e como todos teremos infelizmente uma história menos feliz, em que me decepcionei de tal forma com uma pessoa, que me senti morta por dentro. Por uns tempos, senti-me realmente assim, mas, nunca com um sentimento de rancor ou de vingança. Penso que tal como acontece com o sofrimento físico, a adrenalina actua um pouco como atenuante da dôr, mas não do efeito que nos causa. Não se esquece Mata Hari, mas digo-lhe que não depende somente de nós esse estado de espírito interior a que o Confessionário se refere. Será antes, uma graça que Deus concede a quem a quer e Lhe pede, e acredite que libertadora. Livra-nos de tal peso, e assim é capaz de inclusivamente nos levar "a querer o bem de quem nos magoou. Bem, que por sua vez nos favorecerá mais que àquele a quem o desejámos. Serão as tais linhas tortas nas quais Deus escreve direiro, e/ou, os males que vêm por bem ....

Helen disse...

Sabe eu acho importante o padre escutar os ''absurdos''...nao sei as outras pessoas mais eu pessoalmente preciso partilhar experiencias...somente quando comecei a fazer isso consegui ''desabrochar''...quando eu retornei a igreja depois de muitos anos de ter desacreditado na feh, encontrei pessoas cruéis a maladosas...eu ali desesperada por ajuda espiritual e as pessoas querendo me afastar da igreja...me olhavam com deboche e ainda faziam comentarios absurdos sobre minha relacao com o paroco! O proprio padre disse para que eu nao me importasse com tais coisas...mas eu nao contei tudo pra ele...pois ele sempre diz que odeia fofoca...ai fico sem saida...pois nao quero sair de fofoqueira...mas como contar oque acontece sem sair de fofoqueira? Acabo nao falando as coisas por nao querer que o padre que tanto amo me olhe com maus olhos...e tento desviar dessas pessoas maldosas...nao podemos julgar uma mulher pela sua aparencia!!! E os padres tem que atender mulheres que julgam estar apaixonadas tambem! Como assim ele atende quem ele quer? Eu acho isso o cumulo! Enfim...ando me decepcionando com ele...mas eu devo tantas alegrias e penso...padre nao eh santo! Ele busca ser santo como todos nos...e fico mais em paz.