Foi na altura da Primeira Comunhão do filho mais velho. Bateram à porta os dois. Em sintonia. Truz, truz, truz. Três vezes que três é a conta que Deus fez. Ela encantara-se por ele assim que o viu. Ele encontrara nela aquilo que ainda não conhecia. Não se trata de um simples casamento civil. Uniu-os aquilo que Deus mais pediu entre os homens, o Amor. Hoje são felizes. Mas ele esteve casado com outra senhora. Uma que o atraiçoou várias vezes. Uma loiraça daquelas que não se contenta com o que tem em casa. Claro que o divórcio foi uma questão de tempo. Não tinham filhos. Foi um nadinha mais fácil.
Ela provém de família de laços cristãos. Apaixonou-se. Ele inclusive andou no Seminário. Colaboram na paróquia activamente. Mais importante ainda, sabem porque são cristãos. Que haviam de fazer? Queriam acompanhar o filho no sacramento da Eucaristia. Queriam participar plenamente. Sabiam que era importante a comunhão, a partilha de Cristo. Queriam mostrar ao filho que era mesmo assim. Não porque outros dissessem, mas porque os pais acreditam. Porém, eles não podiam. A Igreja afastara-os da comunhão. Eles até entendiam. Foi opção consciente dos dois. Mas não sabiam agora como fazer para com o filho. Como explicar. Ainda falei da hipótese remota de uma anulação do outro matrimónio. Baixei logo as defesas. Era mesmo remota. Ainda por cima a Primeira Comunhão era daí a dias. Já tinham pensado nisso muitas vezes. Comungavam por intenção, diziam. Mas agora. Agora não sabiam como agir. Nem eu propriamente. Falei, conscien-temente, da importância da felicidade e do amor. Depois, o que mais me custou, falei das leis da Igreja. Caramba, o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado! Cada caso é um caso! Mas calei este grito. Foi só meu. E para mim. Expliquei que Deus os amava. Mas não foi suficiente. Pelo menos para mim. Apeteceu-me dizer que Deus quer partilhar-se na comunhão com eles. Mas não disse. Calou-me a lei. Depois ainda abordei a questão como se de um escândalo pudesse vir a tratar-se. Pois que se não fosse, talvez até nem houvesse crise. Abordei a história da consciência, que se salvaguarda sempre. E lavei as mãos, como Pilatos. Ou sujei. Ou fizeram-me sujar.
Eles tranquilizaram a minha consciência. Nós explicamos-lhe, senhor padre. Fique descansado. Decidimos não comungar. Pode mesmo ser escândalo. Nesta terrinha é muito fácil fabricar escândalos.
Pensaram que sim, mas não sossegaram a minha consciência. Porque eles são gente de fé. São mesmo.
Ela provém de família de laços cristãos. Apaixonou-se. Ele inclusive andou no Seminário. Colaboram na paróquia activamente. Mais importante ainda, sabem porque são cristãos. Que haviam de fazer? Queriam acompanhar o filho no sacramento da Eucaristia. Queriam participar plenamente. Sabiam que era importante a comunhão, a partilha de Cristo. Queriam mostrar ao filho que era mesmo assim. Não porque outros dissessem, mas porque os pais acreditam. Porém, eles não podiam. A Igreja afastara-os da comunhão. Eles até entendiam. Foi opção consciente dos dois. Mas não sabiam agora como fazer para com o filho. Como explicar. Ainda falei da hipótese remota de uma anulação do outro matrimónio. Baixei logo as defesas. Era mesmo remota. Ainda por cima a Primeira Comunhão era daí a dias. Já tinham pensado nisso muitas vezes. Comungavam por intenção, diziam. Mas agora. Agora não sabiam como agir. Nem eu propriamente. Falei, conscien-temente, da importância da felicidade e do amor. Depois, o que mais me custou, falei das leis da Igreja. Caramba, o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado! Cada caso é um caso! Mas calei este grito. Foi só meu. E para mim. Expliquei que Deus os amava. Mas não foi suficiente. Pelo menos para mim. Apeteceu-me dizer que Deus quer partilhar-se na comunhão com eles. Mas não disse. Calou-me a lei. Depois ainda abordei a questão como se de um escândalo pudesse vir a tratar-se. Pois que se não fosse, talvez até nem houvesse crise. Abordei a história da consciência, que se salvaguarda sempre. E lavei as mãos, como Pilatos. Ou sujei. Ou fizeram-me sujar.
Eles tranquilizaram a minha consciência. Nós explicamos-lhe, senhor padre. Fique descansado. Decidimos não comungar. Pode mesmo ser escândalo. Nesta terrinha é muito fácil fabricar escândalos.
Pensaram que sim, mas não sossegaram a minha consciência. Porque eles são gente de fé. São mesmo.
44 comentários:
mas as leis da igreja são feitas por homens e não por Deus. a Dele é sempre a mesma. Amor. Perdão.
mas eu não percebo nada... só acho isso.
Olá amigo
Acho que esse casal devia comungar,... comungar é estar com Deus é partilhar com Deus!E isto é superior a qualquer lei!
É assim que eu penso!
Quem pode atirar a primeira pedra e proibir alguém de comungar????Apenas pk está divorciado, e tem uma nova união, feliz e com amor!
As leis que a igreja foi construindo serviram apenas para afastar as pessoas, algumas, outras ficaram ...ficaram pelo amor a Deus, pelo bem!
Há divórcios mais que justos, porque só um a remar não chega, e será que nessa altura não é legitimo seguir em frente????OU será melhor um casamento de fachada com traições????...mas como são casados pela santa madre igreja podem comungar?????
Não consigo perceber, sinceramente não consigo!
Fui catequista, nasci numa familia super, hiper cristã e praticante...mas de facto estas leis da igreja tiram-me do sério! Para mim Deus é muito mais que essas proibições , Deus é amor é paz, é fraternidade, é compaixão é perdão...
E mais não digo!
Carla
Olá uma vez mais...e digo uma vez mais pk o outro post despareceu!!!!
Bem e resumindo...
Claramente que DEUS é mais do que estas regras (fantásticas) criadas pela igreja...e de facto cada caso é um caso...
Quem pode atirar a primeira pedra...não seria melhor este casal de fé comungar????ou será melhor os casamentos de fachada, com traições???...Ah!Mas ok, como foram casados pela igreja quer dizer que já podem comungar!!!!!?????Perfeito!
Deus é mais que isto, é AMOR!!!É PERDÃO!!!!!
Bjs
Carla
é pena a lei dos homens não ser exemplo de Deus... amor, tolerância, compreensão, perdão...
Estas leis é que afastam muita gente...
Esses são bons cristãos. Praticam, percebem...
Mas nem sei se deviam perceber.
Há leis dos homens que vão contra as leis de Deus. E essa é uma delas.
Andam homens e mulheres que não são divorciados a comungar a torto e a direito, sem terem a noção do que fazem ou de porque fazem.
Outros que são conscientes e bons cristãos e só por terem tomado um caminho diferente (e muitas vezes não é o mais fácil, é o que tem de ser) são confrontados com leis que não são d'Ele.
Às vezes é preciso contornar essas leis. O pior mesmo é a terra pequena... Ser excluído por um acto é de muita mesquinhez. Mas nas terras pequenas é assim mesno. Infelizmente.
Obrigada padre...
sabe tenho andado por aí à procura... de respostas... (como se Deus quisesse que as tivéssemos todas... enfim...)
...e só me lembro de amar...tento amar... e a lei dissipa-se (às vezes sem sentido no sentido que tem...)
a lei continua a ser sempre a nossa "mãe" mesmo que não concordemos com ela...
há sempre um carinho, um afecto...
é uma parte de nós, mesmo que tenhamos que seguir por outra via...
Abraço
Defrontei-me várias vezes com situaçöes semelhantes. E o que descreves é o que sente qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade. Que fazer?
Em meu entender, este (proibiçäo da comunhäo aos cristäos recasados) é um dos casos de flagrante injustiça e evidente desumanidade da lei eclesiástica...
Como padres, temos de informar da lei da Igreja. Podemos falar de outras formas de comunhäo. E podemos sempre falar da consciência individual, como o âmbito fundamental de comunhäo com Deus. Mas tudo isso já säo paliativos. A compreensäo dependerá muito da capacidade das pessoas em causa, da sua formaçäo, da sua vivência individual da fé...
Mas o que é evidente e nos queima a alma, é que essas pessoas se sentem excluídas. E säo, de facto.
Como padres, temos a obrigaçäo de lhes falar das regras da Igreja? Sim. Mas se lhes falamos da consciência, é porque também temos uma. Por isso mesmo, em toda a minha vida de padre, nunca neguei a comunhäo a ninguém.
Eu nunca poderia ser padre, claro, mas acho que se me defrontsse com situações como essa e outras que têm sido aqui descritas, preferia sentar-me no local dos leigos a ter que ensinar a amar a Deus dessa maneira e ao abrigo dessas leis.
As Leis são duras e não têm nada a ver com o espírito de AMOR que nos foi ensinado e que tanto ensinamos.
Se eu fosse homem e tivesse sido padre - se tivesse chegado até lá,(duvido!) a esta hora já tinha saido e estaria a prestar serviço à Humanidade, mas sem estar sujeito a essas leis mesquinhas.
É nestes momentos que penso assim: ainda bem que sou mulher e não estou sujeita a isso, embora seja descriminada na maior parte das situações.E depois volta a minha costela feminina e diz?
E as mulheres, para quando a igualdade? Que Igreja é desta que descrimna as mulheres, os casais divorciados e tantas mais situações!
Essa não é a Igreja que foi proclamada por Cristo - "os meus irmãos são os que acreditam em mim"
E depois surgem pessoas como tu, Confessionário que tens esperança que tudo um dia vai mudar. Eu também espero que a religião não seja causa de desunião mas sim de amor.
Mas enquanto não for possivel a reviravolta muita gente dentro, fora e dos lados, vai sofrer no íntimo da sua alma, no que de mais sagrado existe no homem, por leis mesquinhas que abastardaram o sentido puro do "Ama-me - segue-me."
Realmente o Deus em que acreditamos não compactuará, certamente destas leis em que existe rigidez, preconceito e sobretudo muita. muita falata de amor
Ja vi que por aqui se confunde o amor de Deus com a anarquia, a bandalheira.
Não acham curioso a Lei - os 10 Mandamentos - ter sido dada por Deus Ele mesmo???
Estes padres tiram mesmo a fé às pessoas.....
Já dizia Camões que o fraco rei fez fraca a forte gente.... é assim com alguns padres.
Por eles rezo...
Hum. Não entendo essa de as leis da igreja serem feitas por homens. E não entendo essa de as leis da igreja serem feitas por deus. (por gralha ou lapso freudiano ia-me saindo "serem feias por deus").
Cristo mostrou-nos tantas vezes que devemos ser tolerantes, e certas leis que a Igreja dita nada têm a ver com tolerância.
Por vezes parece-me que a Igreja está mais próxima da ideologia dos fariseus e dos escribas (que excluíam e julgavam os que não seguiam as suas leis) do que de Jesus Cristo (que acolhia a todos, sem descriminação).Acolheu a samaritana, recebeu o publicano, perdoou a adúltera...
É como diz o Confessionário "O sábado foi feito para o homem" e depois, quem nunca tiver pecado que atire a primeira pedra...
Mas percebo o dilema do padre e do casal, o julgamento da sociedade ainda nos afecta, e muito.
As leis na Igreja sao reflexo de um amor exigente, que é o amor de Deus. Nenhum amor funciona sem regras, em que cada um faz o que bem entende. Desculpa senhor padre, mas a forma como poes a questão é tal que consegues o teu objectivo...muita peninha do casal.
Misericordia nao é pena. Ha aqui uma situaçao dificil de resolver, mas nao é certamente com este discurso de vitimas.
Desculpa padre.... mas ha muito que nao vou atras dessa conversa do marido enganado. E muito facil o marido dizer tudo da primeira mulher quando ela nao esta ali... As vezes, depois de ouvirmos a outra parte verificamos que ha uma grande diferença....
Caros.
Não sei se por fartura da fracturação (caramba, caro padre, tu é sempre a abrir, não queres fazer um post, sei lá, sobre a beleza das flores ou o prazer de fumar um cigarro ;)… e já agora pois eu sei eu sei, mas talvez pouco pedagogica e politically correct, faço minhas as palavras de Marcelo Mastroianni: 40 anos para conseguir fumar quase três maços por dia e vêm estes senhores querer estragar tudo em 4 ou 5 dias! – mesmo que no meu caso sejam menos anos e cigarros…) mas dizia eu que não sei bem porquê mas nem vou ligar à do casamento e vou comentar a comunhão eucarística.
Eu há quase dez anos que vou quase todos os domingos à missa, participando em tudo menos na comunhão directa da eucaristia (refiro-me a comer…), visto que percorri estes anos como um empedernido catecúmeno (pobre catequista “oficial”…:) Ora, e estando este tema e sua relação com temas do género deste post (caramba, caro padre etc), em conversa já há uns meses com uns amigos, eu propus a autenticidade canónica de todo e qualquer pessoa que não esteja canonicamente em condição de o fazer, pois que não o fizesse, mas não deixasse de modo algum (no caso de ser cristão, evidentemente) de participar no “resto” da missa. Aquilo gerou alguma celeuma na conversa (ah fracturação) mas quanto a mim era questão de tocar em dois pontos: a facilidade aparente com que se acede aos sacramentos por hábito familiar e cultural e sociabilização(muitos nem sequer tentam ser cristãos, tenho muita pena, até porque a avaliação da “cristandade” das pessoas é muito delicada, mas eu conheço casos que até mo disseram frontalmente, o que evidentemente acho muito bem – a frontalidade, quero eu dizer…) assim como o de haver uma consequência visível para todos na Igreja e nas igrejas da realidade vivida das observações canónicas.
Não sei se me fiz entender muito bem, mas pronto, caramba, venham as flores e o cigarro… ;)
Abraços.
O que se pode dizer de uma instituição que se recusa a aceitar a realidades contemporaneas? O que se pode dizer de uma instituição que apela à tolerancia dos fieis quando a mesma repudia os que nao estão em harmonia com os seus mandamentos? Que mandamentos sao esses?!? Os mandamentos da Sta Igreja foram criados por homens, provavelmente dementes! Não será já tarde para alterarem esses mesmos mandamentos? Não deveria a Sta Igreja inspirar os seus mandamentos no mandamento novo de Jesus? Que Deus é esse que a Igreja adora?! Não será certamente o meu. O meu Deus é feito de amor, de compaixão, de tolerancia! Um Deus que coexiste em harmonia com a deversidade, seja ela qual for! É um Deus de que ama os seus filhos, tal como todos os pais deveriam amar!
E por falar em "amar" e "casal", reporto agora ao casal de Averio de Lesbicas que queriam casar. Que mal tem amar alguém? Na minha humilde opinião o casamento entre LG's não tem nada de errado, apenas serve para "legalizarem" uma união de facto! Se duas pessoas vivem juntas porque não haverão de ter responsabilidades uma para com a outra! Cuidar qd se está doente, é necessario! è disto que falam, é disto q procuram, mas o Media estão mais interessados em divulgar o mediatico. Que importancia terá para o país o oconhecimento da pessoa com quem me caso, nenhuma! Mas se for gay terá, certamente. A Igreja mais uma vez contesta esse principio. Não creio q os LG's queiram casar na igreja, a instituição pode ficar tranquila. O que acha a Igreja acerca disso?!? Deveria achar o mesmo quando celebrava e celebra casamentos de conveniencia, casamentos sem amor. Deveria achar q isso n ao pode acontecer da mesma forma q permaneceu "surda" perante os prantos daqueles q sofriam no casamento, porque se era espancada, maltratada, traída.. mas porque o casamento é um sacramento não deve ser desfeito. Vivam os sacramentos, viva a tristeza, viva a desolçao !
Amigo Luís, eu compreendo bem o que pretendes dizer... e concordo contigo. às vezes banalizamos muito as coisas, sobretudo as coisas de Deus. Queremos torná-las mais fáceis, mais agradáveis. todos podemos cair nessa tentação. Eu também tenho clara opinião de que o Amor de Deus é exigente e que quem quiser levar a sério um sacramento como o do matrimónio tem de assumir todos os lados do mesmo, o sacrifício inclusive. Também não sou nada a favor do divórcio, e hoje em dia aontece com a maior das facilidades. Eu diria mais, acontece com a maior das naturalidades. Não aceito. Não posso aceitar essas situações.
Mas acredita que não é fácil para um padre uma situação como a que apresentei, sobretudo porque se trata de um caso, e temos de o avaliar como um caso. Não se trata o geral. É uma situação constrangedora, sobretudo quando se conhece a ou as pessoas em causa e se percebe que são gente de fé, que sabem o significado da palavra amor de da palavra Fé.
Por isso é difícil. Por isso a história não é conclusiva. Por isso fico aborrecido sem saber que fazer numa situação idêntica. Por isso me apetecia fazer de conta. e não fiz. Não fiz de conta que não havia leis, normas, propostas. Elas existem e devem ser apresentadas. Um cristão na ignorância não pde utilizar bem a sua consciência. Graças a deus que. no caso em questão, não foi preciso ser o sacerdote a tomar uma aitude. foi o casal que a tomou.
Que te dizer mais?!
Nada. A não ser que compreendas o que tentei expor. Eles não são vítimas. São um caso real. Vítima é aquela pessoa que deixa de pensar para não ter que se confrontar com a vida...
Um grande abraço.
Caro anónimo das 17.12, ninguém quer mudar as leis. Eu não, pelo menos. Quero ou gostava que elas fossem entendidas como tal. Já dizia Jesus que a Lei principal era a o amor. Acredito que nos casos que abordas haja amor. Não ponho isso em causa. E sempre houve caos desses ao longo da história. Mas não me parece que sejam casos ideiais. Como tal têm de ser entendidos como caos especiais.
Rezo a Deus para que Ele os veja como caos especiais...
... chiii, peço desculpa: onde disse caos especiais queria dizer "casos especiais"
Oh Padre (confessionário): "leis feias" (no meu comentario), "caos especiais" agora... :P
Acho mesmo que devemos, enquanto fumamos o cigarro do Vitor, prestar atenção a estas coisas pequenas. Deus (ou os anjos) às vezes escrevem direito por teclas tortas...
Vitor, desculpa lá. Dou-te tempo para as flores. Mas depois volta ao que disseste, se puderes. Interessou-me muito, mas não sei se percebi tudo.
o facto das pessoas nessas situações não poderem receber sacramentos revolta-me, será que Jesus disse que tal não podia acontecer? ele (já) não é o homem da loiraça, ele não é "a mulher do próximo", porquê?
enfim...
entendo o custa para os padres terem que negar os sacramentos às pessoas com fé... why?
Caro confessionário
eu compreendo onde queres chegar e bem. Porque a Igreja nao tem ainda resposta para esta situação. Tal como os médicos nao tem a solução para muitas doenças. A Igreja procura descobrir a verdade que é Cristo e que está revelada. A Igreja não é dona da verdade, procura-a.
Discordo em absoluto com o/a anonimo/a. A Igreja não é a Associação cultural passarinhos da ribeira, que muda os estatutos porque estão desadequados. Cristo tem palavras de vida eterna e as suas palavras nao mudam.
Lá porque duas fufas querem casar, isso passa a ser uma coisa positiva? Haja decencia. A Igreja nao pode deitar fora a Biblia, a revelação de Deus ao homem porque os maricas e as lesbicas querem ser iguais quando são diferentes.
Não é a Igreja que esta desactualizada... é o mundo que caminha para caminhos que nao sao os de Deus.
Santo Afonso Maria de Ligório dizia e bem "Perante o rigorismo moral, benegnidade pastoral". Esta deve ser uma das grandes normas da Igreja. Para alguns Senhores Padres é mais fácil e dá menos dores de cabeça olhar nua e cruamente para os cânones do Codigo Direito Canónico, que olhar para as notas que estão em baixo a explicar o cânon; a não ser que tenham a versão do código sem notas; talvez por ser mais barata e custar menos a ler visto que necessintão de tempo para outras coisas importantes (Caçar, passear, viajar, levantar tarde?... ups!! já me perdi!! Nunca esqueçam o que diz o ultimo canon do Codogo Direito Canónico: é mais ou menos isto: "...observada a equidade canónica e tendo-se sempre diante dos olhos a salvação das almas, que deve ser a lei suprema da Igreja".
Pois a salvação das Almas... não interessa rezam-se missinhas pela alma quando partir para o Pai... e ainda dá dinheiro!!
um abraço a todos o que "perdem" tempo no confessionário, pois ganha-lo-ão no seu dia-a-dia.
Maestro
Vitor, preciso de mais um cigarro ;)
Pensava que ainda estava em vigor a frase de Cristo: «Não separe o homem o que Deus uniu.»
Alguns comentários levam-me a pensar que também isso não interessa.
Ou a frase de S. João Baptista para Herodes: »Não te é permitido viveres com a mulher do teu irmão.»
Agora já nada é pecado?!
Sr. Padre, eu acredito que as leis existem para serem cumpridas, mas também acredito (lá está) que Deus, no seu amor infinito, compreenderá aqueles que, por um motivo ou outro, tenham de desobedecer às leis. É que vejo pessoas, muito cumpridoras das leis católicas, muito devotas relativamente aos seus preceitos, mas capazes de tornar a vida de outros num inferno (conheço casos pessoalmente) e nem se aperceberem disso! Por isso, acredito que Deus deve ter uma paciência enorme para connosco, seres humanos, que erramos tanto e até pensamos que estamos a fazer tudo bem ...
Penso que o mundo inteiro vive uma grande crise, por vezes tenho a impressão de que estamos a retroceder ao tempo dos pagãos. Não me agrada nada o que está a acontecer aos muçulmanos, há muita confusão no ar, muito desrespeito e incompreensão, as gerações mais novas cada vez ligam menos à religião, consideram-na como causadora de fanatismos. Por vezes, penso que à medida que as gerações mais velhas vão desaparecendo, vai diminuindo também o número de crentes. Que sociedade teremos daqui a 20 anos? Actualmente, leio muitos comentários a atacar muçulmanos, mas também leio muitos ataques à Igreja Católica . Não gosto deste tempo, temo mesmo que, um dia, os cristãos também venham a ser perseguidos. Não sei se devia falar disto aqui, mas é o que eu sinto. Até me custa ver os telejornais.
Jesus, em memória de quem se celebra a Eucaristia, disse "aquele que nunca pecou que lance a primeira pedra". Também disse que "vale mais um arrependido do que 99 justos"; e deixou todo o rebanho para recuperar a ovelha tresmalhada! Jesus partilhou refeições com toda a gente, era mesmo muito pouco esquisito com as companhias... não duvido que trocar com Ele um olhar emendasse aqueles que estavam errados, afinal eram esses os que mais precisavam da sua companhia. Alguns santos foram grandes pecadores que se converteram. Não compreendo porque um casal como o descrito neste texto não pode comungar (segundo leis que não coincidem lá muito com o olhar do próprio celebrado). Comungar é um ritual bonito que se faz em nome de Jesus... é como almoçar com Ele!
(A simplicidade das expressões que uso não pretende retirar qualquer espiritualidade ao acto).
Muita gente que "não pode" comungar fá-lo, e com devoção... Não creio que Jesus lhes negasse o lugar à mesa.
Penso que para si deve ser bem difícil lidar com estas situações!
Carissimos, sabes o que acho? Acho que há imensas coisas que são pecado, sim. E gravissimos. Uma delas é a leviandade com que a igreja concede o sacramento do matrimonio ao primeiro casal de jovens pataratas que lhe aparece pela frente. A leviandade com que a igreja finge que não vê que 90% dos matrimonios são nulos por vicio de consentimento (pois, não é só o da Princesa do Mónaco).
As palavras são "que deus uniu". Não "os que se foram casar e até tiraram bué de fotos lindas à porta da´igreja, foi pena o copo-de-água ter começado tarde".
Quando casar for como fazer votos num mosteiro ou num convento, talvez as coisas não fiquem tão ridículas.
Erva-cidreira, falaste bem... é assim que todos devemos falar: de forma simples. Entende-se melhor por toda a gente.
Goldmundo, tens uma certa razão quando abordas a questão dos casamentos "dáceis" que se fazem com o intuito de serem religiosos. Embora seja muito fácil perceber como alguns casamentos são feitos (e não digo celebrados de propósito), como alguns jovens ou menos jovens pedem o casamento religioso de uma forma sem fé, e como alguns casamentos são mesmo pura conveniência, também não podemos esquecer o papel gerador e criador de Deus. Ele tudo pode. Até pode fazer de um casamento sem fé um espaço para se encontrar a fé. Não é fácil. Não é muito verosímel. Mas pode acontecer. Eu queria que acontecesse.
Eu bem recordo um casamento que celebrei há uns tempos, e onde claramente se podia verificar que os conjuges não eram de todo conscientes do que estavam a fazer; um anio mais tarde estavam separados! Doi. Doi muito ver o que algumas pessoas fazem da religião e da fé...
Mas vamos continua a acreditar em Deus... que Ele tudo pode! hummmmm... pois. Pensemos!
Arre que não acerto uma. Onde está "dáceis" queria dizer "fáceis". Valeu ao menos o parêntises.
E onde escrevi anio queria dizer ano. Bolas! deve ser do meu teclado!
E onde disse hummmm queria mesmo dizer hummmm...
Pois, Padre. Pensemos. Acho inacreditável.
"claramente se podia verificar que os conjuges não eram de todo conscientes do que estavam a fazer".
Muito bem, e agora? Separaram-se. Casa-los outra vez se daqui a uns anos estiverem - um para cada lado - mais conscientes? Vais testemunhar essa evidência no Tribunal da Rota ou lá como se chama e conseguir a anulação? Vais dizer "que complicação, agora rezemos para que estes nossos irmãos afastados dos sacramentos encontrem o olhar de deus"?
Um abraço grande.
Enquanto a Igreja pensar por interesses e tiver "ligações perigosas" a esses interesses, não será certamente a Igreja de Jesus de Nazaré... Essa Igreja na qual me insiro e gosto, tem demasiado leis "canónicas" gritantes. Por isso não sou Sacerdote nem poderia "jurar" obediência ao Bispo...
Alguém disse aqui que a Igreja é exigente, ainda bem é assim que deve ser mas por favor chega de hipocrisia! Ainda este domingo "peditório para a Universidade Católica"??? Onde está o Amor ao mais desfavorecido? Como contas aqui na tua história que poderiam anular o casamento: Mas que farça é esta? Fico triste, sou um Católico triste de tanto crime... Ainda ontem no Hermann Sic esteve presente a Daniela Mercurie que se vui recusada de actuar no vaticano por causa da "história do preservativo". O Hermann tentou-a com a questão e gostei da resposta que deu: "Apesar do que aconteceu continuo Católica" Digo o mesmo so Católico apesar de muita divergência, mas como me diss um Padre em confissão há alguns anos :" A Igreja precisa de gente que questiona e quer aprofundar e discutir. Não apenas uma Igreja de fanáticos que vão apenas porque tem de ir"...
Caro Goldmundo.
Tu não deixas escapar uma!
Mas curiosamente teres ficado sem cigarro o fim de semana, fez-te ecoar a minha impressão confusamente dita com esse teu comentário acerca do “casamento em inconsciência”.
Ou seja, penso que é natural não se ter percebido bem o que disse, dado que para mim também não se trata duma clareza teológica ou religiosa mas de algo para mim muito mais difícil de determinar e que tem que ver com os comportamentos pastorais da Igreja. O que se passa é que me dá ideia que muitas vezes os cânones são respeitados na letra mas não no espírito, ou à forma de representação social e não ao conteúdo existencial que eles implicam. Ou desde que não dê “estrilho”, a malta até nem liga muito aos canônes. Tenho que dizer aqui, e por isso também falei (e falo) um pouco à papo seco, que aqui não se trata de algo que eu pense que os pastores e leigos devam ou não fazer, mas sim de impressões que tenho e que exprimo particularmente. Por exemplo, talvez para quem veja a minha amizade (oh de tão longa data!) com o pato Donald, possa pensar que eu sou a favor duma facilitação do acesso ao baptismo ou outra coisa qualquer, o que é o oposto do que ressinto. Para voltar à prática e à experiência, que é onde estas impressões se me dão e no fundo por aí ficam interrogando as outras “áreas”, eu quando fiz a minha catequese “oficial”, para adultos, éramos um grupo de 5/10 pessoas (aquilo era numericamente um bocado confuso porque vinham e apareciam pessoas conforme as semanas). Friso aqui que não tenho pretensão nenhuma a saber o que se passa entre as consciências pessoais e Deus, e que estas impressões não correspondem para mim a um saber acerca das pessoas concretas, mas sim do comportamento eclesial na sua evangelização e catequese. Ora, aquilo dava impressão que se estava tudo a borrifar para as conversas e exposiões catecumenais, dadas as caras de frete e não participação etc, exceptuando eu e um rapaz alcoólico (éramos um belo par de catecúmenos!). Eu, como sou um pouco distraído, não liguei muito. Até que um dia, estando a beber um café com a catequista, e estando só nós dois, comentei a minha impressão. E vai ela, e confirmando a minha impressão diz-me assim sem ai nem ui que aquilo era costume, que muitos dos catequistas estavam ali não bem por motivos religiosos, mas porque iam casar e o queriam ou a família ou whathever fazê-lo pela Igreja… De imediato pus a questão delicada se realmente faria sentido dar-se ou não acesso ao sacramento. O argumento que ela me deu é que a Igreja não se deve fechar às aproximações, porque nunca se sabe se um dia… E aí está. Eu este argumento confunde-me um bocado, porque seja qual for o caso e a situação “pode ser sempre que um dia”, o que significa que isto não quer dizer nada, quero dizer, não define critério algum. Ora eu também considero que a Igreja não se deve fechar às aproximações, como é evidente. Mas não veja que é que isso tenha que ver com sacramentos. Se canonicamente e teologicamente não há conteúdo existencial que por assim dizer preencha a letra da lei… Volta a frisar que esse conteúdo existencial é das coisas mais delicadas de aferir, e penso que nem se trata disso; trata-se de remeter a pessoa para a sua consciência e apreensão do que está em jogo (e que, desculpem lá, é terrível e misterioso) afim de haver uma decisão comprometida pessoal e não um “porque não” ou um “amanhã se vê” e por aí fora. Por outro lado, penso que as condições e estímulos para essa decisão (que até pode ser, como é evidente, um recusa consciente) devem ser maximizados na relação com todos os que se aproximam da comunidade paroquial. E aqui, tal como no famoso post da MC em que o Donald irrompeu na sua destemperada fúria, a minha experiência paroquial não me dá grandes indícios de tal. (Para me ficar por aqui e pelo teor do exemplo, já vi acessos ao baptismo de pessoas que frontalmente disseram que tudo aquilo lhes fazia confusão, o credo, a consubstanciação e etc, mas que respeitavam porque achavam que “devia haver qualquer coisa”, “que Deus devia existir” etc. Ora, é evidente que está aqui uma predisposição religiosa que poderá desembocar numa adesão à conversão cristã… mas daí a afirmá-lo ou deixá-lo afirmar-se sacramentalmente como cristão… não sei… Eu não sou a pessoa aqui mais indicada para falar destas aferições e decisões pastorais, e daí esta tal ambiguidade no dizer… Mas penso que é algo que suscita discussão, sei lá…
Trata-se de eu pensar que fundamentalmente não se é cristão culturalmente ou socialmente, mas do fundo do ser-se si próprio, algo do género. Quando a religião se reduz a história e cultura e sociedade e orientação moral e política… onde está Deus, afinal o fundamento do cristianismo?...
Já agora, e um pouco em derrapagem, aproveito para dizer que aquela do “renegar Satanás” é um terrível e assustador compromisso… Pois que o demoníaco não se trata tão só de não sacrificar bebés ou assassinar velhinhas, mas preenche muitos prazeres e modos de estar e por aí fora, onde a vida de todos nós naturalmente radica e ganha sentido. (Esta foi mesmo derrapagem, mas pronto).
Ufa! E agora, vou fumar um cigarrinho ;)
Um abraço.
Gostei tanto deste eu parágrafo, Víctor, que não resisto a repeti-lo. Fez-me pensar e pensar. É mesmo assim:
"Trata-se de eu pensar que fundamentalmente não se é cristão culturalmente ou socialmente, mas do fundo do ser-se si próprio, algo do género. Quando a religião se reduz a história e cultura e sociedade e orientação moral e política… onde está Deus, afinal o fundamento do cristianismo?..."
Tenho a certeza que Deus e o Espírito Santo conseguem fazer "milagres" com as mais pequenas intenções de fé...
Não nos fica nada bem julgar os outros, achar que somos melhores porque não nos divorciámos, ou por outra razão qualquer...
Isso para Deus não interessa nada!
O amor de Deus é universal, ultrapassa todas as fronteiras que a mente humana limitadamente impõe, como forma de organizar o mundo e para se situar no meio de tanta informação, tanta gente e tanta diversidade.
A Igreja tem evoluído e vai evoluir ainda mais. Para isso acontecer de forma saudável, está nas nossas mãos mostrar aos outros uma Igreja saudável, que não é castradora, onde há lugar para toda a gente, independentemente da situação familiar. É claro que se há regras, devem ser respeitadas mas, mais importante que as regras, é a sua justificação. Ninguém gosta de de obedecer quando lhe dizem "é assim porque sim e porque eu digo que sim". Temos que explicar aos outros, temos que questionar tudo, isso não é pecado, penso eu.
Pecado é não amar, ou amar mal.
Então vamos olhar para nós e para os outros com a luz do Espírito Santo, para ver o essencial.
Hum. Antes de mais, Vitor, recomendo-te o John Player Special, preto (já deves ter percebido que gosto sempre do negro). É dificil de encontrar, o que ajuda a pensar no valor das coisas, e não é da Tabaqueira, de modo que não subiu. :)
O resto não me parece derrapagem, mas decapagem :) ... e também gostei muito da frase que o Padre transcreveu. Mas... à luz dela, quem é que se sente à vontade para atirar aquela primeira pedra do "nós portugueses, povo maioritariamente cristão, não podemos admitir..."?
Anónimo cra
Caro Padre, tenho o mesmo problema,a minha mulher é divorciada e não podemos comungar.
Mas queria dar dois exemplos de humanidade que nos tocaram.
1) Antes do casamento civil, fomos a uma igreja, contámos a nossa situação e vimos o padre abençoar as nossas alianças.
2) Antes da primeira comunhão da filha informámo-lo da nossa situação e compreendeu o não irmos comungar. Quando a filha optou por ir acolitar, perguntámos se a nossa situação seria impedimento, ao qual respondeu que mais importante era mantermos o compromisso de dar uma sólida educação cristã à filha.
Infelizmente, desde há seis meses que este grande homem não está entre nós, mas a nossa filha este ano fará o crisma, voluntariamente e por decisão sua, nunca lhe foi imposta a ida à catequese.
Uma última nota, para além da comunhão, o que sinto falta é da confissão/reconciliação, o momento em que perante outro homem nos abrimos e conjuntamente procuramos encontrar os caminhos do Senhor.
Um abraço e continue.
Anónimo amigo (cr), porque não te abeiras da Confissão? A confissão é tb um espaço de encontro com Deus e connosco. Que eu saiba (e agora se calhar vou ter de ir rever os canhanhos) a pessoa fica impedida de comungar; não de se confessar... mesmo que não seja absolvido desse pecado. Ai ai, parece que estou a meter os pés pelas mãos... mais uma vez. Pois, mas haverá algo que impeça a confissão a quem está divorciado?! Mas depois não se pode absolver enquanto não deixara pessoa com quem vive! Ai ai...
Voltamos ao mesmo... chiii, vale mais estar calado...
Caro Confessionário.
Ai, ai...
Também fiquei com um nó na cabeça com este embróglio canónico do teu último comentário. Poderei confessar-me se não me arrepender de todos os meus pecados? Ou se houver coisas canonicamente pecado e eu não as ressentir lá no fundo como tal? Sim, que isto não pode ser só de boca, não é, tem de ser de coração...
Abuso: toca num ponto tão curioso (há algo mais sinalético do amor de Deus do que a comunhão e perdão que se age na confissão?) que até penso que merecia um post ;)
Abraço.
Quando penso nisto fico sempre sem saber que opinião ter...
Por um lado sei que como cristão devo seguir as regras da Igreja, mas depois fico com a sensação que estou a seguir algo apenas porque me comprometi a seguí-lo... sem sequer pensar na razão de tudo isto...
Sinto que o cristianismo só faz sentido se estiver aplicado na vida real, se mudar as nossas vidas, se fizer de nós pessoas melhores.
Afinal de contas, o mandamento de Deus é o Amor! Como se pode impedir alguém de comungar o Amor de Deus, quando o faz com tanta vontade e entrega, com tanta Fé?!
Mas as regras... as regras...
É aqui que nasce o meu conflito de opinião. Como se encaixam as duas seguintes realidades:
- Deus ensina-nos a perdoar. Não um "desculpa", mas um PERDÃO real, esquecendo tudo e recomeçando. Não conseguimos fugir ao pecado. Mas Deus perdoa e aceita-nos de novo, como se nada se tivesse passado... E quantas vezes?! "Até setenta vezes sete!"
É assim que Deus perdoa e é assim que devemos aprender a perdoar... como ele... à sua imagem...
- No entanto, dizem-nos: pecaste! Não poderás voltar a comungar do Amor de Deus com os teus irmãos! Ficas de parte. Deus deixa-te de parte.
É nisto que querem que acredite?!
Isto não é um Deus de Amor!
Isto é tudo menos sermos imagens de Deus... excluir ou afastar alguém é afastarmo-nos de Deus... para bem longe...
Não, caro Luís, não venhas falar de regras, as regras existem na Igreja, e bem, se te levarem a Deus. Estas, as que aqui discutimos, afastam-nos... e não sei se mais a eles, os que são impedidos de comungar, se a nós os que os impedimos.
Isto não é uma crítica a ti padre, que sei como sentes o Amor de Deus e a forma como amas todos aqueles que Deus te entregou. É apenas um desabafo de indignação...
Quando Deus estiver apenas nos belos sacrários dourados e nos crucifixos em vez de estar nas pessoas, não sei que sentido fará tudo isto...
(Por "isto", entendo não só a Igreja, mas a Fé que sinto cá dentro...)
Um grande abraço.
Victor, continuamos no ai ai. De facto a confissão serve não apenas para a pessoa descarregar os pecados (isso soaria a negócio!), mas tb para receber a graça de Deus, para se encontrar com Deus, para se encontrar consigo mesmo.
E aqui batemos noutro problema que tenho andado a pensar: devemos abeirar-nos da confissão com o propósito, não só de receber o perdão dos pecados, mas de estar mais em graça com Deus. Assim sendo, uma pessoa que não queira (ou não deva, pois que o mal seria ainda pior) afastar-se da sua esposa com quem casou civilmente porque já não o podia fazer pela Igreja (estava divorciada), não deve tb abeirar-se da Confissão. Chiii. Parece que descobri uma bomba. Vou ter mesmo que rebuscar os canhanhos!!!!
João, esse teu comentário é de quem tem os pés assentes na terra e em Deus. É de quem sabe o que é a fé. Continua sempre assim... e tenat viver nas leis da Igreja!!
A questão é que estas normas afastam as pessoas do essencial..
Pois é, isto lembra-me uma conversa com uma amiga que adaptada aqui fica assim:
- Então mas entre os canhanhos e o coração, por onde me oriento?
- Por ambos. Qualquer um deles em detrimento do outro é heresia (escolha dum dos polos da tensão, "facilitismo"...)
Por estas e por outras é que fico sempre um pouco confuso (ainda mais do que "naturalmente"...) quando me dizem que há "temas" ou situações que não se devem falar... E não estou a falar da confissão e te absolvo (a que eu aliás não acedo, evidentemente), mas da palheta e troca de impressões etc... Também isso é comunhão... Como é que eu avanço na confusão e na vida cristã se não puder expor todos os problemas e questões que surgem no decorrer dessa mesma vida?... Claro que isto depende das "intenções" ou "sentido" com que se fala... e quem já não sabe muito bem do que está a falar sou eu... :)
Bem, bom fim de semana, e não abuses dos canhanhos...;) Já agora mais um pequeno abuso eh eh: um padre não tem que ter tempo para ir aos canhanhos?... Quer dizer, não digo todos mas... Era bom que houvesse um teólogo por cada paróquia, e um exegeta, e um que passa os dias em contacto com estados limites de morte e vida e desespero e alegria... vividos... Uma única pessoa não pode ter todas as vocações específicas... Ou "tempo" para elas... Sei lá... Pronto... Abraços, abraços... Bom fim de semana a todos...
Pois. Bem. Um dia falo mais sobre isto. Mas, oh carissimos, conhecem o bocadinho das Confissões de Santo Agostinho em que ele conta como largou a mulher para se baptizar? É mais arrepiante que uma dúzia de filmes de terror. São duas linhas de texto. Ela tinha um filho. Ele repudia-a (não encontro outra palavra), diz "o meu coração sangrou, porque estava preso a ela" (gostava de saber o original latim; com esta frase em português não sei se era o Agostinho ou o coração quem estava preso, e não é a mesma coisa...). E muda de assunto. Eis o exemplo dos santos. Ou não?
Sou divorciada e tenho 2 filhos. Sou católica, de família muito católica e conservadora (com padres na família), toda a vida fui muito praticante, casei pela igreja...Acontece que a vida deu muitas voltas e ao fim de 14 anos divorciei-me (quando me casei jurei que dessa água não beberia, mas aprendi que nunca devemos dizer nunca nesta vida) ...Saber que a Igreja me condena levou-me a afastar dela. Fica alguma sensação de injustiça e incompreensão: gostava de refazer a minha vida com alguém de quem gosto e sei que tal nunca será aceite pela Igreja (e pelos meus pais, consequentemente)... Ficam muitas perguntas: porque é que a Igreja parece estar mais preocupada em excluir os divorciados recasados do que com outros problemas maiores da sociedade (pena de morte, casos de pedofilia que acontecem no seu próprio seio, etc.) Será assim um delito tão grande tentar ser feliz de novo quando o primeiro casamento não tem remédio? Porque é que outras religiões são mais abertas a estas questões e compreendem o divórcio?Se tivesse nascido num país protestante não estaria a passar o sofrimento que estou a passar; se tivesse casado apenas pelo civil da 1ª vez agora seria aceite pela Igreja...enfim, desculpe o desabafo e obrigada por me ouvir.
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