Estive em Taizé. Foi muito bom. Foi uma fonte para mim. Mais não foi porque não deixei. Mas foi bom. À noite, após duas experiências no Oiak, o espaço da desbunda, decidi juntar-me aos sacerdotes de diferentes países que se dispunham a confessar. Dispus-me a atender em português e espanhol, embora fale um “inglês de taizé”, como lhe chamei. Entendo outras línguas, mas não consigo falá-las, por falta de prática. Desculpo-me a mim mesmo. Mesmo assim confessei em inglês, ouvi um italiano e outro francês a quem respondi em inglês, uma italiana que não percebia qualquer outra língua e que me fez confiar na providência divina e no valor da confissão, entre outras confissões pouco habituais e de horas. Mas o mais interessante e inóspito aconteceu com uma rapariga de que não consegui perceber a origem. Falou em inglês e eu traduzo. Abrace-me. Abrace-me. Eu perguntei se não queria confessar-se. Ela repetiu. Abrace-me. Eu sorri e abracei confundido. Foi muito apertado e senti o seu grande tremor. Durou alguns segundos, um tempo que não deu para pensar em nada senão sentir. Depois que ela se afastou, sim, perguntei-me sobre a situação. Não descobri a resposta. Seriam segundas intenções? Seria de outra Confissão religiosa que desconheço e que não possua este sacramento? Seria apenas uma necessidade de se sentir amada? Seria o abraço de Deus?
quarta-feira, outubro 11, 2006
sábado, outubro 07, 2006
Obrigado pela fé que me destes
Estava a conduzir quando me descobri com as lágrimas nos olhos e depois a escorrer pela face. Apeteceu-me não parar de conduzir. Deixar o rumo das lágrimas conduzirem-me. Deixar que o volante circunscrevesse as linhas da estrada. Sim, padre também chora. Como agora, as lágrimas a desenharem o teclado. Lembras-te, mãe? Foi nos últimos dias que te apresentei o meu carro novo, pela janela. Disseste, da cama, que tinha uma cor linda, que o resto não conseguias ver bem. Eu respondi, num sorriso forçado, que ainda havíamos de viajar muito nele. Hoje, passados cinco anos, penso que ainda fazes muitas viagens comigo. Agora fizeste de certeza. Lembras, mãe, a força que tinhas e que eu gostava de ter no sofrimento? Ainda ontem me contaram coisas que doeram. Como é possível que haja gente interessada no sofrimento dos outros, sem interesse, nem que para isso se inventem as histórias mais inóspitas!? Sinto-me atraiçoado pelo mundo, pela vida, pela morte. Mas tu aguentavas e sorrias. E agradecias a Deus. Não esqueço nunca as palavras que numa das últimas eucaristias que eu celebrei para ti, em casa, disseste: obrigado, Senhor, pelo sofrimento que me dás. E aqueles segundos em que eu elevava a hóstia, já consagrada, e os dois olhávamos, discretamente, através dela, um para o outro, num sinal de cumplicidade umbilical?! E a tua despedida, quando chamaste todos os filhos e genros à beira da cama e pediste perdão por alguma falha?! Meu Deus, como foi difícil sorrir! Mereceste a Festa com que te presenteei no funeral. Dia de Nossa senhora do Rosário. Nada melhor para quem rezava todos os dias o rosário. Três terços, e um deles pela fidelidade do filho consagrado. Deus lá sabe porque escolhe estes dias. Foi das eucaristias mais verdadeiras que celebrei. Cantei quanto pude. Falei da minha felicidade, da tua missão, da fé, da alegria de ir ao encontro do Criador. Muitos amigos. E a canção que os teus filhos cantámos no velório, à volta da tua mortalha? Ó anjos cantai comigo, ó anjos cantai sem fim. Dar graças eu não consigo. Ó anjos dai-as por mim. Aprendemos tanto contigo. Hoje sinto saudades do teu colo, o colo que escutava os meus desabafos de padre, de homem. Fazes-me falta. Na fotografia do meu escritório tenho uma rosa seca. Já secou, mas ainda lá está, como eu desejo que estejas sempre perto de mim, dos meus trabalhos, da minha vida. Ainda hoje rezo quase todos os dias as orações que me ensinaste. E peço a Deus, porque os médicos disseram que o teu cancro possivelmente era hereditário, que se alguém tiver de ser escolhido entre nós, que seja eu, que não tenho filhos e esposa. Até na dor ensinaste a fé. Dizia uma flor de uma criança que tu ensinaras na catequese: Obrigado por me teres ensinado a fé! E hoje, outra vez dia de Nossa Senhora do Rosário, vou ver-te ao teu último reduto. Sei que já estás com Deus. Mas aquele pedaço de terra é como que o santuário da tua vida, o altar onde te podemos mostrar o nosso amor. Vou levar-te uma flor. Eu sei que não precisas. Mas preciso eu de a levar. Devo-te a vida, tanto a biológica como a da fé. Por isso vou lá dizer três coisas, uma a Deus, outra a ti, e outra a ambos. Obrigado, Senhor, pela mãe que me deste. Obrigado, mãe, por seres a minha mãe. Obrigado pela fé que me destes.
terça-feira, outubro 03, 2006
A novela e os padres
Há dias, coisa que nem me é comum, estive várias horas ligado à TV, assistindo às novas novelas das nossas televisões. Não vou referir nem o que penso nem os motivos pelos quais perdi ali aquele tempo no sofá, teclando no comando bastas vezes. Houve uma cena de uma delas, das novelas, que me chamou a atenção. O nome é “Jura” ou “Jura-me”. Não juro o nome com certezas. E havia uma senhora, casada, mãe, que decidiu sair de casa, apesar de continuar a amar o seu marido e o seu filho. Assisti à cena. Chorava que nem uma madalena na hora da despedida. O seu coração não queria, mas ela, no seu todo, sentia essa necessidade. Dizia a umas amigas. Amigas na novela, claro. De resto não sei. Que não sabia quem era. Que precisava encontrar-se. Que a rotina e a vida fácil, preestabelecida, cumprindo as suas necessidades, não lhe chegava. Tinha-se perdido na vida que tinha. E apesar de gostar dessa vida, precisava encontrar sentido nela. Não dissera um adeus definitivo ao marido e ao filho. Mas dissera, de alguma forma, à vida que tinha. Queria sentir mais, ser mais. Queria. Queria tanta coisa no meio das lágrimas.
Não sei como será o desfecho desta telenovela. Nem vou saber porque não pretendo ver muito mais. Mas esta situação fez-me pensar. Em quê, perguntou o meu colega enquanto estávamos a almoçar. No grande número de padres, de colegas nossos, que se encontram numa situação idêntica. Não expliquei mais nada, obviamente. Ele entendera o raciocínio e acenou com o rosto conformado, para cima e para baixo.
Não sei como será o desfecho desta telenovela. Nem vou saber porque não pretendo ver muito mais. Mas esta situação fez-me pensar. Em quê, perguntou o meu colega enquanto estávamos a almoçar. No grande número de padres, de colegas nossos, que se encontram numa situação idêntica. Não expliquei mais nada, obviamente. Ele entendera o raciocínio e acenou com o rosto conformado, para cima e para baixo.
sábado, setembro 30, 2006
Parece que a vida não lhes foi dada por Deus!
Almoçava com um colega. Veio e sentou-se ao nosso lado. Emagrecido. Tom de pele pálido. Já há muito que não o víamos. Nem queiram saber da minha vida, disse. Andei três meses num desalinho. Então? Perguntámos em coro. Foi a minha neta. Um problema grave. Os médicos não conseguiam. Na primeira semana ficou no hospital. Umas vezes diziam que estava a recuperar. Outras que nada. Outras nem sabiam dizer o que fosse. Experimentaram de tudo. Imaginava a menina como um daqueles animais de experiências científicas e sofri. A caminhar quase todos os dias para lá. A família num pranto. Mas, graças a Deus, Ele levou-a. Foi o melhor, apesar de ser difícil. Já fui a Fátima agradecer de joelhos, em frente a Nossa Senhora. Foi complicado, ia contando. E eu nem sabia que não podia ter missa. Estive para vos ligar. Mas depois o padre xis falou connosco. Não podia ter missa. Não estava baptizada. Não podia entrar na Igreja. Eram as normas. E nem podia pedir-se ou rezar-se pela sua alma. Foi só a enterrar. Eu e meu colega olhámos instintivamente um para o outro. Não rimos porque o caso não estava para tal. Deixámos o amigo na ignorância porque era melhor. Preferível não sofrer mais. Depois, quando se afastou para a sua mesa, conversámos. Estes colegas não conhecem o ritual que prevê exéquias de crianças não baptizadas. Nem conhecem o poder de Deus que quer salvar todos. Isso ensino eu, a partir da Sagrada Escritura, aos meus. Quem somos nós para julgar o que Deus quer e quem quer salvar?! Quem pode ou não ter direito a uma missa?! Quem pode ou não entrar numa Igreja?! Quem pode ou não ter direito a funções exequiais?! Quem pode ou não precisar da nossa oração?! Quem tem ou não tem alma?! Ou o que é ter alma?!
E digo mais. Isto irrita-me. Andamos a lutar para que os fetos a partir de determinadas semanas sejam considerados como pessoas, isto é, seres com corpo e alma, para depois estes colegas impedirem Deus de se abeirar de seres que ainda não foram baptizados, ou impedirem estes de se abeirarem de Deus com o argumento que não têm direito à salvação. Parece até que a vida não lhes foi dada por Deus!
E digo mais. Isto irrita-me. Andamos a lutar para que os fetos a partir de determinadas semanas sejam considerados como pessoas, isto é, seres com corpo e alma, para depois estes colegas impedirem Deus de se abeirar de seres que ainda não foram baptizados, ou impedirem estes de se abeirarem de Deus com o argumento que não têm direito à salvação. Parece até que a vida não lhes foi dada por Deus!
quarta-feira, setembro 27, 2006
É um pai que ama como o Pai ama
Cheguei na hora de jantar. O convite era para comer em família. A porta foi aberta de soslaio. O acolhimento vinha da cozinha muito ruidoso. Não era hábito. Pelo menos o acolhimento assim. O pai, sentado. O filho mais velho em pé. Eram dois, como a história do Filho Pródigo”. Lembrei por causa da discussão e não pelo número. Quero dinheiro para este fim-de-semana. O pai calava-se. Os seus olhos vieram na minha direcção e pediram desculpa. O filho nem olhou. Retorquia. Mas ao mano dás o que ele pede. Gostei da expressão carinhosa de mano, mas não do significado escondido da observação. O referido mano está fora, na Universidade. Tem problemas cardíacos. Mesmo assim os pais concordaram na oportunidade. Ligavam-lhe várias vezes e não desistiam de enviar tudo o que era necessário. O mais velho gastava muito dinheiro nos copos. O pai já mo contara. Por isso era desigual a distribuição dos euros. Não és bom pai, não és justo, terminou o filho, e bateu a porta. Segui-o, discretamente. Entrara no quarto. Queres ouvir-me, perguntei. Padre, não me apetece. O meu pai é injusto para comigo, e se considerar o que faz ao meu irmão... Não frequenta a missa e naquele momento não lhe interessavam valores bíblicos, evangélicos ou morais. Tapara o rosto, a cabeça, tudo, com as mãos e os ombros. Eu sabia que se fechara fisicamente às minhas palavras. Mas também imaginava que, lá no fundo, as iria ouvir. Falei sozinho, mas em voz alta. O bom pai é aquele que trata cada filho como cada um precisa e não quer dizer que tenha de ser de forma igual. A justiça que nós conhecemos pode ser muitas vezes injusta. Achas que se deve dar uma licenciatura a quem estuda como a quem não estuda? Ou a mesma quantia de pão a quem tem muita fome como a quem tem pouca? Ou dar um “benuron” tanto a um doente como a um que está bem de saúde? Dei mais alguns exemplos, penso que sem maçar. Um pai que ama verdadeiramente os seus filhos, ama-os com toda a intensidade, ama-os o mais que pode, mas cada um de sua maneira. Não ama mais uns que outros. Ama-os de maneiras diferentes, consoante o que cada um precisa de si. A verdadeira justiça não é tratar todos por igual, mas dar a todos e cada um o que cada um precisa. Saí, encostando a porta devagar. Sentei-me à mesa com o pai, e antes de abençoar a refeição, disse-lhe: O senhor é um pai que ama como o pai que é Deus ama.
sábado, setembro 23, 2006
O amor é a melhor cabeceira para resolver os problemas
A cara dele não me era estranha. Mas parecia. A cor do sorriso habitual dera lugar ao estranho mundo amarelecido de uma foto. Tinha sido escolhido, sabe-se lá como ou porquê, ou por quem, ou se tinha escolhido o seu coração. Não perguntem. Estas coisas não se explicam. Era um verdadeiro pai, apesar de adoptivo. Sei-o. E levava Jesus a sério, o que o abonava em grande favor, para se dedicar com verdade. O moço tinha sido abandonado ou abandonara-se à vida pelos pais biológicos. Um, porque não dava, e o outro porque sim, porque ele próprio tinha achado melhor. E a única muleta fora o tal substituto. O tal que levava Jesus a sério. Nem vale a pena contar a história porque é muitas e não apenas uma. A asneira tinha sido feita umas semanas antes. O substituto, agora afectivamente verdadeiro, berrara. Esgotara-se a tentar compreender. Soltara o que havia nos olhos para soltar. O jovem, ali, de rosto enrugado, pesado. Eu diria doente, mas não digo. Recordo apenas que combinava com o amarelecido estranho da foto. A escolha era errada. Porém, ele preferia errar mais uma vez. De facto, às vezes não se entendem os jovens. Sabem o caminho da felicidade, mas preferem ser como os outros. E os outros até nem são como eles pensam. Mas é a mania dos outros, a mania desta sociedade que se impõe inconscientemente. Porém, o que conto não tem a ver com este. Tem a ver com o “afectivamente verdadeiro”. Esse que desabafou comigo a confusão. Não posso dizer que fosse confusão espiritual, como ele apresentou. Pois foi dizendo que sabia que não podia fechar a porta. Nem da Casa nem do seu coração. Dois dias a seguir aos berros, haviam conversado novamente, e o “verdadeiro” abria mais uma vez o coração. Como o de Deus. Para ajudar era mais fácil que o moço não fosse abandonado de novo. Sabia que poderia perder. Mas que valia a pena que o moço não perdesse também. Tudo, desta vez, de certeza. Valia a pena mostrar que o amor verdadeiro continua na ausência, na perda, na forma cristã de ser diferente. O moço continua no erro. Mas levou a certeza de que o “seu pai” ia estar com o coração aberto, se ele precisasse. Este pai chorou ao contar-me mais tarde. Tinha a certeza de que valia a pena sofrer. Assim amou Jesus na cruz, dizia. Na confusão interior, nascera a certeza de que o amor é a melhor cabeceira para resolver os problemas. Era assim que Jesus resolvia.
terça-feira, setembro 19, 2006
sondagem_ "Em que deve apostar, hoje, um padre na sua paróquia?"
Passados que vão dois meses da última sondagem, depois do meu descanso, e 459 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado direito, no sidebar. A questão era:
Em que deve apostar, hoje, um padre na sua paróquia?
Em que deve apostar, hoje, um padre na sua paróquia?
E os resultados são:
1º- Formação_ 22%
2º- Direcção Espiritual_ 19%
3º- Eucaristia_ 18%
4º- Comunhão paroquial_ 11%
5º- Oração_ 10%
6º- Movimentos e grupos_ 6%
7º- Cidadania_ 5%
8º- Catequese inf-adolesc_ 5%
9º- Caridade Social_ 3%
10º- Primeiro Anúncio_ 2%
8º- Catequese inf-adolesc_ 5%
9º- Caridade Social_ 3%
10º- Primeiro Anúncio_ 2%
algumas considerações:
1. Não era novidade para mim a necessidade de FORMAÇÃO. De facto há mais de 20 anos que deveria ser uma preocupação de todos os párocos para que hoje os leigos tivessem maior consciência do seu papel e daquilo que constitui a verdadeira fé. Porém, nos tempos que correm e por causa do número de sacerdotes e das suas ocupações, esse papel deveria ser cumprido com a ajuda dos leigos. No entanto, como estes ainda não têm a formação necessária, está aqui “um molho de brocas”. Que fazer? Aproveitar as homilias?! É um bom princípio, desde que o Evangelho seja pregado.
2. De novo uma conclusão que retirámos noutras sondagens. A vossa segunda opção, a DIRECÇÃO ESPIRITUAL, clarifica a importância que cada vez mais os sacerdotes têm em ouvir, ou dito de outra forma: as pessoas têm necessidade de serem ouvidas.
2. De novo uma conclusão que retirámos noutras sondagens. A vossa segunda opção, a DIRECÇÃO ESPIRITUAL, clarifica a importância que cada vez mais os sacerdotes têm em ouvir, ou dito de outra forma: as pessoas têm necessidade de serem ouvidas.
3. A EUCARISTIA é o centro da vida dos cristãos. Se ela não for autêntica ficamos coxos. Mas será que hoje as eucaristias conduzem e alimentam a vida dos cristãos?!
4. Entendo como COMUNHÃO PAROQUIAL todo o esforço em fazer da comunidade cristã uma comunidade como nos princípios do cristianismo, em que a cabeça é Cristo é o corpo somos nós, uma comunidade de amor. Mas com os conflitos inerentes a uma estrutura organizada, e com uma sociedade cada vez mais individualista, como conseguir que toda a gente se ame?!
4. Entendo como COMUNHÃO PAROQUIAL todo o esforço em fazer da comunidade cristã uma comunidade como nos princípios do cristianismo, em que a cabeça é Cristo é o corpo somos nós, uma comunidade de amor. Mas com os conflitos inerentes a uma estrutura organizada, e com uma sociedade cada vez mais individualista, como conseguir que toda a gente se ame?!
5. Engraçado como nem eu saberia em que escala da sondagem colocar a ORAÇÃO. Ela é essencial na vida de cada um e na vida da comunidade, mas sabemos que ficar a olhar para o céu sem os pés assentes na terra não chega para se ser verdadeiro cristão! Encontrar esta escolha no meio da tabela deixa-me descansado.
6. Aqui há uns anos ouvi um sacerdote falar da importância dos MOVIMENTOS numa comunidade porque eles possuem já percursos que ajudam tanto os seus membros como a comunidade. Caminham por si. Porém, às vezes também se fecham em guetos e ficam virados para si, impedindo aquilo que se pretenderia de uma verdadeira comunidade de cristãos.
7. Fiquei um pouco preocupado pelo facto de se ter deixado para um segundo plano, muito segundo, a CATEQUESE DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA, porque a julgo um pouco o coração da paróquia. Mais me preocupei pelo facto de estar em pé de igualdade com a CIDADANIA, algo que escolheria em último porque vejo esta opção quase como uma questão política, e, apesar de os cristãos terem obrigações de cidadania, julgo que o mais importante é descobrirem a fé e o sentido das suas vidas na paróquia. Encontro uma razão para esta opção da Catequese pelo facto de ela precisar de uma grande renovação, sobretudo em Portugal. Estarão os catecismos a corresponder às necessidades?!
8. A CARIDADE SOCIAL é uma constante em cada paróquia. Já existe em abundância e é verdade que podem haver outras instituições preocupadas com ela. Mas não podemos esquecer a preferência de Jesus pelos pobres e marginalizados. É uma forma de viver o Evangelho na vida.
9. Engraçado como acho que hoje, apesar de não ser o seu papel, as paróquias e os párocos deviam preocupar-se mais com os afastados da Igreja, com o PRIMEIRO ANÚNCIO. A vossa escolha, se calhar, deveu-se ao facto de nem sequer ainda termos os ditos católicos com a formação necessária!
10. Não sei bem que conclusão podemos tirar do facto de esta ter sido a 1ª sondagem do confessionário com resultados mais equilibrados, mas eu vou reflectir e rever, à luz delas, os objectivos pastorais deste ano para as minhas paróquias. Valeu.
6. Aqui há uns anos ouvi um sacerdote falar da importância dos MOVIMENTOS numa comunidade porque eles possuem já percursos que ajudam tanto os seus membros como a comunidade. Caminham por si. Porém, às vezes também se fecham em guetos e ficam virados para si, impedindo aquilo que se pretenderia de uma verdadeira comunidade de cristãos.
7. Fiquei um pouco preocupado pelo facto de se ter deixado para um segundo plano, muito segundo, a CATEQUESE DA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA, porque a julgo um pouco o coração da paróquia. Mais me preocupei pelo facto de estar em pé de igualdade com a CIDADANIA, algo que escolheria em último porque vejo esta opção quase como uma questão política, e, apesar de os cristãos terem obrigações de cidadania, julgo que o mais importante é descobrirem a fé e o sentido das suas vidas na paróquia. Encontro uma razão para esta opção da Catequese pelo facto de ela precisar de uma grande renovação, sobretudo em Portugal. Estarão os catecismos a corresponder às necessidades?!
8. A CARIDADE SOCIAL é uma constante em cada paróquia. Já existe em abundância e é verdade que podem haver outras instituições preocupadas com ela. Mas não podemos esquecer a preferência de Jesus pelos pobres e marginalizados. É uma forma de viver o Evangelho na vida.
9. Engraçado como acho que hoje, apesar de não ser o seu papel, as paróquias e os párocos deviam preocupar-se mais com os afastados da Igreja, com o PRIMEIRO ANÚNCIO. A vossa escolha, se calhar, deveu-se ao facto de nem sequer ainda termos os ditos católicos com a formação necessária!
10. Não sei bem que conclusão podemos tirar do facto de esta ter sido a 1ª sondagem do confessionário com resultados mais equilibrados, mas eu vou reflectir e rever, à luz delas, os objectivos pastorais deste ano para as minhas paróquias. Valeu.
Hoje surge nova sondagem. Num início de ano e verificando cada vez mais a necessidade de novas vocações sacerdotais, a pergunta é essa:
Quais as razões que impedem o aumento das vocações sacerdotais?
Quais as razões que impedem o aumento das vocações sacerdotais?
sábado, julho 29, 2006
...descanso...
Caros amigos e "paroquianos virtuais", vou estar ausente para descanso, para férias. Vou fazer uma paragem (embora pequenita) para refazer forças físicas, mentais e espirituais. Como têm reparado, ultimamente tenho escrito pouco, comentado pouco. É já o espírito das férias e do descanso. Mas nos próximos dias vai ser mesmo mais difícil aparecer por aqui. Desejo a todos umas boas férias, caso seja o caso, ou bom trabalho, caso seja o caso, ou, por outras palavras, tudo de bom para todos. Amo-vos muito.
Um abraço em Cristo...
Um abraço em Cristo...
quinta-feira, julho 20, 2006
Que pode Deus fazer através de mim?
O rosto significava a sua vida. Uma vida cansada, desgasta-da pelo tempo, pelas escolhas. Vou chamar-lhe Manuel, mas o seu nome não é, de todo, este. Escolho-o porque me lembra o Emanuel, o Deus connosco. Participava na Eucaristia, ouvia minha homilia. Eu reparei nele, pois a face distinguia-se do meio da multidão, da comunidade. Cara nova e estranha. No final tivemos uma oportunidade de cruzar os olhos e uma conversa. Ex-toxicodependente, drogas duras, vida de rua, álcool à mistura. Entrara numa casa de recuperação havia quatro anos. Estava bem, ou melhor. Reconhecera a mão de Deus nesta melhoria. Mas, a determinada altura da conversa, perguntava. Que pode Deus fazer através de mim? Quem sou eu para ser útil a Deus? O padre fala na missão que cada um recebe de Deus, mas eu não me acho nada capacitado para o que quer que seja na Igreja, na vida, no mundo?!
A minha resposta estava na ponta da língua. Ainda bem que me dera a oportunidade de lhe dizer o que me estava atravancado na garganta desde que o vira desanimado no meio da assembleia. Já reparou como Deus manifesta, costuma manifestar, ou manifestou o seu poder? Através, quase sempre de fragilidades, derrotas, coisas simples, actos banais. Ele pediu que desse alguns casos. Só falei em quatro. Mas podia lembrar-lhe mais. O nascimento de Jesus, na maior pobreza, a escolha de Maria, mulher a quem ninguém daria importância, os santos, na sua maioria, frágeis, simples, e alguns com passado bem pecador, e por fim a morte de Jesus. A morte que habitualmente consideramos uma derrota, foi a manifestação máxima do seu poder e do Seu amor. Perguntei se chegava. Ele respondeu que bastava. O rosto mudou de figura.
Afinal, disse-me ele, Deus pode fazer muita coisa por meu intermédio!
A minha resposta estava na ponta da língua. Ainda bem que me dera a oportunidade de lhe dizer o que me estava atravancado na garganta desde que o vira desanimado no meio da assembleia. Já reparou como Deus manifesta, costuma manifestar, ou manifestou o seu poder? Através, quase sempre de fragilidades, derrotas, coisas simples, actos banais. Ele pediu que desse alguns casos. Só falei em quatro. Mas podia lembrar-lhe mais. O nascimento de Jesus, na maior pobreza, a escolha de Maria, mulher a quem ninguém daria importância, os santos, na sua maioria, frágeis, simples, e alguns com passado bem pecador, e por fim a morte de Jesus. A morte que habitualmente consideramos uma derrota, foi a manifestação máxima do seu poder e do Seu amor. Perguntei se chegava. Ele respondeu que bastava. O rosto mudou de figura.
Afinal, disse-me ele, Deus pode fazer muita coisa por meu intermédio!
sexta-feira, julho 07, 2006
sondagem_ "Que virtudes achas que fazem mais falta num sacerdote?"
Passados que vão dois meses, e 251 votos, chegou a hora de avaliar a sondagem que estava no lado direito, no sidebar. A questão era:
Que virtudes achas que fazem mais falta num sacerdote?
Que virtudes achas que fazem mais falta num sacerdote?
E os resultados são:
1º-Amor_ 29%
2º- Disponibilidade_ 26%
3º- Humildade_ 15%
4º- Equilíbrio Afectivo_ 7%
5º- Desprendimento_ 7%
6º-Sabedoria_ 5%
7º- Castidade_ 5%
8º- Obediência_ 2%
9º- Auto-estima_ 2%
10º-Austeridade_ 1%
8º- Obediência_ 2%
9º- Auto-estima_ 2%
10º-Austeridade_ 1%
algumas considerações:
1. O primeiro lugar, indiscutível, vai para aquela resposta que, no passado questionário, se tornara a imagem preferida de Deus, AMOR. Eu concluo, com isso, que se espera do sacerdote uma imagem o mais viva possível de Deus.
2. Em segundo lugar ficou a DISPONIBILIDADE. Infelizmente algo que falta nos dias de hoje ao sacerdote em paradoxo com as pessoas que cada vez mais precisam ser ouvidas, acompanhadas. Isto preocupa-me, porque algo me diz que a pouco e pouco os sacerdotes serão menos, terão menos tempo, e estarão ocupados essencialmente com as funções e não com as pessoas. Que fazer? Mais vocações? Menos funções sagradas? E para que serve a disponibilidade dos sacerdotes? Para os sacramentos nas horas que queremos? Ou para nos escutar e acompanhar sistematicamente?
2. Em segundo lugar ficou a DISPONIBILIDADE. Infelizmente algo que falta nos dias de hoje ao sacerdote em paradoxo com as pessoas que cada vez mais precisam ser ouvidas, acompanhadas. Isto preocupa-me, porque algo me diz que a pouco e pouco os sacerdotes serão menos, terão menos tempo, e estarão ocupados essencialmente com as funções e não com as pessoas. Que fazer? Mais vocações? Menos funções sagradas? E para que serve a disponibilidade dos sacerdotes? Para os sacramentos nas horas que queremos? Ou para nos escutar e acompanhar sistematicamente?
3. Apesar de ter sido uma opção sem votações regulares e constantes, a não ser nos últimos dias, a HUMILDADE foi a terceira escolha. Agrada-me pensar quão importante é sermos simples como as crianças. Humildade não é deixar que façam de nós o que querem, imagino. Mas é servir e deixar que todos os outros sejam mais importantes. Vou meditar.
4. À quarta opção não sei muito o que dizer: EQUILÍBRIO AFECTIVO. Eu sei que é imprescindível um padre ter o equilíbrio necessário, quer afectivo, quer emocional, quer psicológico, quer espiritual. Mas não imaginei, sinceramente, que esta fosse uma das maiores opções. A meu ver, os responsáveis dos seminários terão de estar mais atentos!
4. À quarta opção não sei muito o que dizer: EQUILÍBRIO AFECTIVO. Eu sei que é imprescindível um padre ter o equilíbrio necessário, quer afectivo, quer emocional, quer psicológico, quer espiritual. Mas não imaginei, sinceramente, que esta fosse uma das maiores opções. A meu ver, os responsáveis dos seminários terão de estar mais atentos!
5. DESPRENDIMENTO. Esta sim, seria uma das minhas opções principais, não só porque Cristo ensinou o desprendimento e a atenção ao pobre, como sobretudo porque quem se deixa ofuscar pelo dinheiro ou pelos bens, não tem espaço no seu coração para mais nada. E ainda por cima, corremos muito esse risco, por causa do nosso egocentrismo, sobretudo familiar, isto é, não termos mais com quem partilhar obrigatoriamente.
6. A SABEDORIA e a castidade aparecem logo a seguir, em pé de igualdade. Eu costumo dizer que não se quer um padre doutor, mas um padre pastor. Tudo é necessário, mas um bom pastor sabe o que fazer com as ovelhas, mesmo sem ler os livros.
7. Quanto à CASTIDADE, deixem-me fazer uma revelação que pode ter passado despercebida. De um dia para o outro (como é possível fazer refresh) a votação deixou de ser de 3 pessoas para ser de 23. Hoje é de 24. Quero crer que alguém interessado na castidade dos sacerdotes, insistiu para se fazer notar. Por isso abstenho-me de comentar. Não porque seja apologeta do fim do celibato, mas porque não me parece ser sintoma da generalidade dos “penitentes”. Porém, não deixa de ser interessante como se vota o Equilíbrio Afectivo, uma perspectiva positiva, e não tanto o celibato, uma perspectiva menos positiva.
8. Obediência, auto-estima, austeridade em últimos lugares. Porquê? Será que a hierarquia está em desuso? Já não se querem padres frios, distantes, austeros? O padre tem de gostar primeiro dos outros e depois de si mesmo?
9. Valeu a sondagem. Vou pensar muito! Se vou!
6. A SABEDORIA e a castidade aparecem logo a seguir, em pé de igualdade. Eu costumo dizer que não se quer um padre doutor, mas um padre pastor. Tudo é necessário, mas um bom pastor sabe o que fazer com as ovelhas, mesmo sem ler os livros.
7. Quanto à CASTIDADE, deixem-me fazer uma revelação que pode ter passado despercebida. De um dia para o outro (como é possível fazer refresh) a votação deixou de ser de 3 pessoas para ser de 23. Hoje é de 24. Quero crer que alguém interessado na castidade dos sacerdotes, insistiu para se fazer notar. Por isso abstenho-me de comentar. Não porque seja apologeta do fim do celibato, mas porque não me parece ser sintoma da generalidade dos “penitentes”. Porém, não deixa de ser interessante como se vota o Equilíbrio Afectivo, uma perspectiva positiva, e não tanto o celibato, uma perspectiva menos positiva.
8. Obediência, auto-estima, austeridade em últimos lugares. Porquê? Será que a hierarquia está em desuso? Já não se querem padres frios, distantes, austeros? O padre tem de gostar primeiro dos outros e depois de si mesmo?
9. Valeu a sondagem. Vou pensar muito! Se vou!
Hoje surge nova sondagem. Num final de ano e a pensar já nos objectivos do próximo ano pastoral.
A pergunta é essa:
Em que deve apostar um padre, hoje, na sua paróquia?
Em que deve apostar um padre, hoje, na sua paróquia?
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