Apesar de ter sido acesa há umas semanas atrás, a fogueira arde, mostra as suas labaredas, umas vezes mais fortes, outras mais do tipo estou quase a deixar de ser. Apagar-se-ia, sem dúvida, se não a alimentassem. Mas alimentam. Há muita gente que gosta de deitar coisas para a fogueira. Sobretudo palavras que joguem em sua defesa e deixem no ar a ideia de que somos perfeitos, sabemos de tudo, como fazer em tudo, como o mundo seria melhor. Bom, vamos à fogueira, que é como dizer, vamos ao assunto. Obviamente, assunto quente. Tem a ver com três aquecedores. Alguém entendido, muito crente, muito caridoso, ofereceu à paróquia. Melhor, a uma capela da paróquia. Pois. Ofereceu sem perguntar se faz bem, exige que se faça anúncio público da oferta. Escreve umas 15 linhas para o padre ler na missa. Coloca umas fitas bem garridas no alto dos aquecedores para que se veja quem ofereceu. Exige ainda que estes se mantenham na referida capela em memória de uma esposa.
A capela usufruiria, é certo, dos aquecedores da fé deste homem porque é mortuária, e dá sempre jeito para aquecer os que ali passam a noite. Mas a senhora responsável pela limpeza e chave da Capela não concorda. Não são precisos. São demasiados. Agora não. Está calor. E concordo que todos não. E que o senhor dos bolsos cheios também agiu de forma menos lúcida ou certeira. E vai daí uma balança nos meus pensamentos. E vai daí que a fogueira não se apaga.
E é tudo por amor a Deus. Uns porque sim outros porque também sim. Vêm uns, vêm outros. Todos têm razões. O padre assim e assado. Mas eu, cuidadoso, não me sinto obrigado a nada. Nem de um lado nem do outro. Ninguém me dá uma camisola marcada com o nome de quem ma ofereceu no lado do peito e depois me obriga a vesti-la no dia tal e tal, ou na semana tal e tal, digo eu. O senhor ri-se. E ninguém me obriga a retirar daqui os aquecedores ou a utilizá-los desta forma ou daquela, digo eu. A senhora ri-se. E andam nisto há semanas, envolvendo a paróquia toda, como se o aquecedor fosse um sinal obrigatório da nossa fé. As coisas que os nossos cristãos inventam!
A capela usufruiria, é certo, dos aquecedores da fé deste homem porque é mortuária, e dá sempre jeito para aquecer os que ali passam a noite. Mas a senhora responsável pela limpeza e chave da Capela não concorda. Não são precisos. São demasiados. Agora não. Está calor. E concordo que todos não. E que o senhor dos bolsos cheios também agiu de forma menos lúcida ou certeira. E vai daí uma balança nos meus pensamentos. E vai daí que a fogueira não se apaga.
E é tudo por amor a Deus. Uns porque sim outros porque também sim. Vêm uns, vêm outros. Todos têm razões. O padre assim e assado. Mas eu, cuidadoso, não me sinto obrigado a nada. Nem de um lado nem do outro. Ninguém me dá uma camisola marcada com o nome de quem ma ofereceu no lado do peito e depois me obriga a vesti-la no dia tal e tal, ou na semana tal e tal, digo eu. O senhor ri-se. E ninguém me obriga a retirar daqui os aquecedores ou a utilizá-los desta forma ou daquela, digo eu. A senhora ri-se. E andam nisto há semanas, envolvendo a paróquia toda, como se o aquecedor fosse um sinal obrigatório da nossa fé. As coisas que os nossos cristãos inventam!