sexta-feira, março 25, 2011

Prego a fundo no Pai Nosso

Estava no ambão proclamando o Evangelho. Depois de umas duas frases ou versículos, por assim dizer, o Evangelho dizia algo como Quando rezardes não digais muitas palavras como os pagãos, porque o Senhor bem sabe o que precisais. Depois desta insinuação ou chamada de atenção, o Evangelho colocava o Senhor ensinando a oração do Pai Nosso. E ali estava eu com a leitura do Pai Nosso, esforçando-me por a tornar verdadeira leitura. Entretanto, pressenti que à minha volta havia gente acompanhando-me com os lábios. Diria que se ouviam os lábios mexer. Mas quando chegou a parte final da leitura da oração, naquela parte do Mas livrai-nos de todo o mal, ouviu-se, por toda a igreja, Amen. Eram umas três pessoas, ou cinco, ou seis. A mim pareceram-me centenas, porque ecoou fortemente no meio da minha leitura. A partir dali o Evangelho do Senhor meteu outra velocidade, passando directamente de uma primeira para uma quinta. Começou aos engulhos, aos soluços. Parei duas vezes, mas foi para acelerar ainda mais a seguir. O motor precisava arranjar força para acelerar. O prego ia a fundo e eu respirava de forma igual, fundo. Mas cada vez que recordava o Ámen, a minha vontade era largar os engulhos, os soluços, as respirações a fundo, e espalhar-me em gargalhadas. Não se tratava nem de distracção, nem de hábitos. Para mim trata-se do esvaziar das nossas orações, porque as gastamos em repetições que apenas nos saem da boca e não do coração. Logo hoje que o Senhor nos dizia que ao rezarmos não devíamos dizer muitas palavras.

11 comentários:

Anónimo disse...

Olá!
Bom tema para reflectir este o da oração.
Sempre achei que a igreja sempre se perdeu com muita palavra e ornamentação.
as fórmulas das orações são pretensiosas, longas e prolixas...como se estivéssemos a forçar Deus a ouvir-nos...só com(tretas...perdoem-me).

Isto vale para as rezas e para a excesiva roupagem das liturgias.
Uma tentativa de oca insinuação...

Humildade e sobriedade deveriam ser as pedra de toque da nossa posição perante Deus .
Sublinho que não sou clérigo...portanto, não falo clériguês.

Um abraço

Anónimo disse...

apesar de ser um assunto sério, ó Confessionário, fartei-me de rir a imaginar tudo

Anónimo disse...

Olá
Execelente a observação do 1ºanónimo.
Graças a Deus que pouco a pouco estamos a corrigir tantos hábitos ocos de conteudo.
Também me rir ao imaginar o sr Padre ao solanvancos, ao tentar dar um ar de seriedade quando lhe apeteceria era dizer duas bem ditas.

Anónimo disse...

Devia ser gente idosa com certeza...

Faço das palavras do 1º anónimo as minhas.
Simone.

Confessionário disse...

Ups, Simone

Quer-me parecer que os jovens tb são distraídos a este ponto. Talvez menos. Mas já os ouvi em enganos parecidos.

Anónimo disse...

Tou a ver...

De uma 1ª, passa para uma 5ª... claro que haveria muitos "engulhos", a essa velocidade!!!! lol, lol

Por vezes queremos estar presentes, com atenção... obrigamo-nos a estar lá conscientemente, mas "voamos", sem intenção!

Já pensou... quando descobriram que em vez de terem chegado á Oração do Pai-Nosso, ainda só iam ouviar a Homilia? Eu acho que também tiveram vontade de rir...

O truque do lenço, é bom para disfarçar a vontade de rir!

A Paz de Cristo - ^ ^
v

Anónimo disse...

Boa noite padre

parece-me que muita coisa há a mudar na Igreja, não por estar mal, mas por estar muito ritualizada, como se fosse algo mecânico e pouco sentido.
estarei errado?

Anónimo disse...

Naquela igreja, o santo de protecção daquela gente tinha-se partido e havia um homem muito parecido com aquele senhor e foram-lhe pedir a ele se ele queria ir para a igreja, lá prò altar fazer de santo e a ganhar cinquenta euros.

E ele assim disse que queria. Foi para lá para o altar fazer de santo a ganhar cinquenta euros.

Nisto, uma senhora já de idade queria cem euros para pagar a renda da casa e o senhorio que a punha fora.

Ela ajoelha-se ao pé do santinho e começa:

— Ó santinho da minha devoção, dá-me cem euros para pagar a renda da casa! Ó santinho da minha devoção, dá-me cem euros para pagar a renda da casa, senão o senhorio põe-me na rua!

O homenzinho ouviu primeira e segunda vez... quando foi à terceira...

— Ó santinho da minha devoção, dá-me cem euros que o meu senhorio põe-me na rua se eu não pago a renda da casa.

— Ó mulher! Eu estou aqui a ganhar cinquenta e você já quer ganhar cem?!

Servir com Alegria disse...

Olá Padre, como estamos fartos de bater no mesmo, o saborear as orações, ainda á pouco estive com um Frade Dominicano que me dizia, todo o dia não reza o terço inteiro, sabe é pegar em cada frase do "Pai Nosso... e saborear cada frase" diga-se que está uma que diz"Perdoai os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido", será que estão a ter consciência deste pequenina frase e tão rica. Meu Deus a oração tem que ter sentido e temos que saber mais da Liturgia, da Eucaristia, cada parte que a compoe, Padres expliquem aos vossos povos, o que é Belo, cada passo da Eucaristia eduquem e transformem Tradições em habitos belos e saborosos, em vez de estarem a dar sermões da Treta, eduquem assim como o Mestre o fez, nem Ama aquilo que não conhece.Aquela Avé Maria " Avé Ó Cheia de Graça" ... em que Jesus esteve no seio de Maria primeiro Sacrário... Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo...

Anónimo disse...

Quando vou a uma missa cá na aldeia, pergunto-me sempre se aquelas pessoas que fazem barulho enquanto rezam estão mesmo a rezar ou se o fazem para os outros assim o pensarem...
Gente jovem se distrai, gente velha tem a fé industrializada.
Simone.

D. R. disse...

é triste... realmente.

por acaso já há uns tempos publiquei um texto com uma história que presenciei. bastante idêntico.

é triste que as pessoas orem em modo automático. :(