quinta-feira, fevereiro 28, 2013

Hoje é o dia final, o dia do Obrigado

Tal como na morte, não se trata de um fim autêntico. Mas como estamos pouco habituados a agradecer, e faz-nos bem, quer como cidadãos, pessoas que existem na busca de melhorar as suas vidas, quer como cristãos católicos, que sustentam a sua fé nos seus pastores, hoje queria também assinalar neste nosso espaço o dia em que Bento XVI se torna Papa emérito e vai recolher-se para uma nova missão, a de “rezar” pela Igreja. Uma das mais nobres missões na Igreja de Deus! Por isso faço aqui jus ao meu “Obrigado, Bento XVI” e convido-vos, se quiserdes, a fazê-lo também nos comentários. Pode ser um simples “obrigado”!

terça-feira, fevereiro 26, 2013

o verdadeiro amor

A Vanda, que trabalhava na cozinha do Hospital, descobriu há dois anos que tinha um cancro. A vida parou. Mas ela decidiu não parar. Pelo contrário, decidiu acelerar. Vou aproveitar a vida ao máximo, dizia. Como se o máximo estivesse naquilo que nós queremos e não naquilo que é uma vida com o máximo sentido. Por isso decidiu deixar o emprego, deixar o marido e os filhos, deixar a vida do dia-a-dia. Sempre que o tempo o permitia, passava-o junto à piscina. Quando vinha a noite, e se esta lho permitisse, passava-a na noite. Juntou-se, e com ela o seu corpo, a outro homem, um médico lá do hospital. Afastou-se dos amigos e não quis saber nem o que eles nem o que o comum dos mortais pudessem pensar ou dizer. Mesmo os filhos. Mesmo o marido.
Há dois meses, porém, a Vanda iniciou uma fase terminal. E o João, que era o marido, sem mas nem meio mas, foi busca-la para casa, para morrer junto dos que eram verdadeiramente dela e a amavam. Ele e os filhos. A Vanda acabou por falecer nos braços do grande amor que o João lhe tinha. Um amor que não se importou com a sua queda, com o seu pecado, com o seu virar de costas, com a sua escolha. É assim o verdadeiro amor que não olha senão para a pessoa que escolheu amar, que a ama porque isso lhe sai do coração e não porque saia de qualquer interesse ou contrapartida. Foi assim a história que costumamos chamar de Filho Pródigo. É assim que infinitamente nos ama Deus. Nós escolhemos os nossos caminhos, caímos, viramos-lhe as costas, e Ele escolheu amar-nos.

quarta-feira, fevereiro 20, 2013

De onde desejarias que fosse proveniente o novo Papa?

A sondagem que hoje proponho é quase um exercício de retórica que não tem sequer qualquer efeito, quer seja em nós, quer seja na própria questão em si, pois como alguém já disse, temos de acreditar que estas decisões passam pelo Espírito Santo. Quero crer que sim! Porém, achei interessante promover, de alguma forma, uma pequena reflexão que parta da pergunta: De onde desejarias que fosse proveniente o novo Papa?
Ainda sem data definida para o próximo conclave, o grupo de 117 cardeais com direito a voto no dia 1 de março está assim distribuído geograficamente: Europa – 61; América Latina – 19 e América do Norte – 14; África -11; Ásia – 11; Oceânia - 1. Os países mais representados são a Itália (28), Estados Unidos da América (11), Alemanha (6), Brasil, Espanha e Índia (5 cada), com mais de metade do total de eleitores. Em 2005, os 115 que entraram na Capela Sistina provinham também dos cinco continentes: Europa – 58; América Latina – 20 e América do Norte – 14; África -11; Ásia – 11; Oceânia - 1. O último Papa não-europeu foi São Gregório III, da Síria, que liderou a Igreja Católica entre 731 e 742. De Portugal estarão presentes dois: D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor da Santa Sé, e D. José Policarpo, patriarca de Lisboa.
254 dos 265 Papas, na sua maioria italianos (212), foram europeus - incluindo o português João XXII, eleito em setembro de 1276 e falecido em maio do ano seguinte. Fora da Europa, além do Médio Oriente, com 8 Papas, apenas três bispos africanos, na altura em território do Império Romano, ocuparam a sede de Roma.
Justifica as tuas opiniões nos comentários.

sábado, fevereiro 16, 2013

A Igreja que não é de um Papa

Pensava eu que a resignação do Papa passara ao lado dos meus paroquianos, quando ontem alguém desabafava dizendo que se sentia um pouco órfã por causa da renúncia do Papa. Que se sentia sem terra debaixo dos pés. E agora, senhor padre, como vai ser? Como se o mundo acabasse com esta renúncia. Ou como se a Igreja acabasse com esta atitude. E já estou como aquele meu colega que se perguntava. Mas as pessoas seguem o Papa ou seguem Jesus Cristo? Que Igreja é esta que depende de um Papa, ou dos bispos ou dos padres, e não de Cristo? Vou-vos afirmar que fiquei muito contente com esta forma de se manifestar a Igreja, onde os homens passam e fica o mais importante, Deus. Vou ainda confidenciar-vos que, quando João Paulo II, que muito estimei sempre, completou os seus setenta e cinco anos, eu encontrava-me ansioso por perceber se ele iria ou não resignar, como propõe o Código de Direito Canónico, dando assim um exemplo que seria único. Mas não. E na altura fiquei, digamos, algo frustrado. Mais tarde, quando os seus ensinamentos já lhe não saiam das palavras, mas de um rosto cheio de dor, eu percebi. Percebi aquilo que toda a gente comentava na época. A força do sofrimento que não se resigna e que se manifesta ao lado de cada um que sofre. Vi nele o rosto de um Deus que não se cansa de estar com todos, sem excepção de dor, de saúde, de sofrimento. Quando surgiu o nome de Bento XVI na pessoa do cardeal da Doutrina da Fé, frustrei-me igualmente, pois desejava um Papa que renovasse a Igreja. Não passaram muitos anos e percebi. Percebi que a renovação da Igreja passava pela sua autenticidade. Nestes dias, quando ouvi a notícia da sua resignação, não quis frustrar-me de novo. Já tinha aprendido a lição com as anteriores frustrações. Antecipei-me. E percebi. Percebi que a Igreja precisa de força e de homens que sabem aceitar a sua condição de fragilidade e que, humildes, corajosos e cheios de lucidez, sabem dar estes passos. Para que a Igreja de Cristo continue. Para que outros possam fazer ainda melhor que eu, porque eu não sou o dono do saber, da vida e da Igreja. Claro que não falei desta forma com a senhora órfã. Recordei-lhe apenas o que em muitas paróquias acontece quando o padre envelhece. Quando não tem forças senão para manter a calmia e comodidade da comunidade. Quando não consegue senão celebrar umas missas com falhas aqui e acolá. Quando já não consegue ser o condutor da comunidade porque o carro engripou. Quando já não consegue ir à frente da comunidade e vai atrás, arrastando-se. Por muito bom que seja. Por muito lúcido. Por muito que tenha vontade. Nessas ocasiões facilmente as pessoas gritam por mudança, por um padre mais novo ou mais capaz. Ora, a Igreja, que é de Deus e todo o Povo de Deus, continua. Há-de sempre continuar. A Igreja não é de um Bento XVI ou de um João Paulo II. Nem é nossa. Nós é que somos dela. Nós é que somos ela. Os homens passam. Só Deus não passa.

segunda-feira, fevereiro 11, 2013

Que achas da resignação do Papa?

Hoje as notícias quase não falaram de outra coisa: O Papa Bento XVI vai resignar no próximo dia 28 de Fevereiro. A notícia apanhou quase toda a gente de surpresa. E assim, numa abordagem quase a quente, que pensaremos nós disto?
Desta pequena inquietação, surge nova sondagem com a pergunta clara e simples: "Que achas da resignação do Papa?"
Já sabem que podem e devem justificar a vossa resposta aqui nos comentários. Acho que ainda vai correr muita tinta, e já tenho outras questões que gostaria de vos propor. Mas demos tempo ao tempo!

quarta-feira, fevereiro 06, 2013

O padre que decidira deixar a comunidade sem padre

Hoje acordei com um sonho. Acordei quase num salto e fiquei na dúvida se não seria antes um pesadelo. Dizem que os sonhos são coisas do nosso subconsciente, coisas do dia-a-dia que levamos apenas para a noite de forma que não pareça realidade. Ou fruto da realidade que queríamos agendar. Não lembro as personagens do sonho. Tenho a sensação que conhecia alguns rostos. Mas a história desenvolvia-se à volta da figura de um padre que decidira deixar tudo para trás. Não sei se era por causa de uma mulher. Não sei se era por causa do bispo. Não sei se era por causa da paróquia. Não sei se era por causa de Deus. Não sei se era eu o padre. Só sei que o padre decidira deixar a comunidade sem padre. A mesma comunidade que o fizera sofrer quando não o tinham compreendido na sua fragilidade, quando não o tinham aceitado na sua pouca disponibilidade, quando conversavam desconfiadamente sobre ele no café, na fábrica ou na vindima, quando diziam mal dele nas costas, quando criavam uns piropos ao padre para apimentar conversas, quando evitavam os olhares com o padre, quando diziam que o padre só via dinheiro, embora não pagassem a Côngrua, quando não queriam saber se o padre estava bem ou mal, e só queriam saber se tinham padre para o que precisavam, quando o padre não era tido nem achado, quando o padre era só mais um padre. O padre decidira abandonar a comunidade. Decidira deixar a comunidade sem padre. Acordei quando me surgiu a pergunta. E agora que vai ser da comunidade? Por isso é que acordei num salto.