quarta-feira, maio 09, 2012

Esta é para ti, Diana, parte III, a bagagem

O irmão ligou-me há dois dias. Padre, a minha irmã precisa de si. É tão bom que precisem dos padres. É tão bom que precisem de nós. As coisas não estão bem. Nada bem. Explicou porque não estavam bem. Ela disse aos meus pais que gostava de ver duas pessoas. Uma delas é o senhor. É tão bom que o padre, como padre, seja o escolhido. É tão bom sermos escolhidos. Sabemos que lhe é difícil pelo tempo, pela disponibilidade, pela distância. Ela está em Lisboa, no hospital. Respondi que iria ainda esta semana. Ele respondeu que cada dia é sempre só mais um e que não sabia se havia outro. Deus arranjou então um dia. Deus arranjou uma forma de eu estar disponível num dia que, curiosamente, ficou disponível de um dia para o outro. Na bagagem levei-me só a mim. Deixei as dificuldades para trás. E agora que regresso de Lisboa, paro o carro para escrever tudo o que falámos. Venho com a bagagem cheia. Demoro mais de uma hora a escrever palavras, sentimentos, certezas. Tudo o que falámos e me encheu a bagagem. As horas da nossa conversa e do nosso encontro fizeram deste dia um dos melhores dos meus últimos tempos e da minha fé. Obrigado, Diana.

Para entenderem melhor este post devem ler de novo "Esta é para ti, Diana, parte I" e "Esta é para ti, Diana, parte II". Este texto em concreto foi escrito há mais de um mês, ainda no período da Quaresma. Nos próximos tempos, vou aqui colocar vários textos que escrevi nessa ocasião. Aos poucos perceberão porquê e para quê.

10 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada, por partilhar connosco...

Anónimo disse...

Fico a aguardar essas partilhas, certamente riquíssimas!

LPS

DAD disse...

É sempre um prazer passar por aqui e sorver as suas palavras. Bem haja!

Luz disse...

Boa tarde.
É com imenso prazer que leio os seus textos,são bastante diversificados e interessantes.
Quanto a este caso,é natural que o senhor, como padre, se sinta feliz por alguém se lembrar de si e querer desabafar,mas pelos visto como se diz:«que é no dar que se recebe» mas, afinal trouxe mais do que aquilo que levou .( bagagem cheia).

Rosa disse...

Boa tarde foi com imensa emoção que li todas as anteriores partilhas que nos dão uma lição de vida.
E penso que bom haver um Padre de letra Grande que se disponibiliza para levar amor a quem tanto precisa,e a quem tem muito para dar Sr Padre,Bem haja continue sempre assim com um coração do tamanho do Mundo.

Confessionário disse...

Ó Rosa,
não sou assim tão perfeito.
Gostava de ter o coração do tamanho de Deus!

Rosa disse...

Perfeito só Deus é verdade,mas tem um coração GRANDE,como tenho dito à muito tempo que leio o Seu blogue sempre gostei muito,mas intimidava-me um pouco...porquê ? não sei.

Anónimo disse...

Não quero ser antipática, mas não entendo.... eu se fosse padres eu iria ver a pessoa nem que não dormisse, faz-me confusão, não entendo mesmo. Eu não tinha coragem de dizer ou fazer imaginar sequer uma semana. Porquê padre? Ou sou eu que sou muito estranha?

Confessionário disse...

Anónima de 10 Fevereiro, 2014 16:40

Os Ses não existem! Ou melhor, são apenas isso. É claro que não te vou recordar aquela do "Se a minha avó fosse viva..."
Mas é isso mesmo. Ninguém, por melhor que seja (e eu não sou) consegue largar tudo para fazer isso. Terá sempre de se organizar, que foi o que eu fiz e que tu provavelmente farias, a não ser que a tenhas uma vida completamente disponível.
Beijito

A disse...

Vê lá se entendes… o Se eu fosse padre era para dizer que de um padre se espera mais compreensão e sensibilidade o que obviamente nem sempre acontece, no entanto quando alguém meu conhecido está em risco grave de vida eu de facto deixo tudo. E não deixo só por amigos, mas até por desconhecidos se assim a situação o impuser. Então se, a tua mãe (infelizmente já falecida e por uma causa muito lamentável) estivesse em risco de vida tu não deixarias tudo!? Certamente o farias, o que significa que então não é a tua ocupação, mas as tuas prioridades. Ora, se a pessoa em questão era tua amiga como referes e se para ela poderia não haver outro dia como deu a entender o irmão, perguntei porque não se tornou isso numa prioridade para ti. Não é certamente por seres padre, pois conheço padres bastante ocupados que vi deixarem ocupações por causas idênticas por vezes viajando para outro país. Não gostei muito da tua observação “É claro que não te vou recordar aquela do "Se a minha avó fosse viva...", mostra arrogância da tua parte. Eu definitivamente não o faria, e não o relaciono com a disponibilidade de tempo, mas de coração.