Hoje em dia tornou-se costume, ou normal, ou banal, serem as avós a tratar das coisas do baptismo. Os pais estão longe da terra e, às vezes, da Igreja. E foi assim que a Anunciação marcou o baptizado para o netinho Dinis. Tratados os papéis, os padrinhos e os pais, lá chegou o dia marcado pela avó e a hora marcada pela eucaristia da comunidade.
Cheguei uns vinte minutos antes, o que é raro. Havia tempo para tudo e mais alguma coisa. Em vinte minutos muita coisa acontece nas nossas vidas. Esperavam-me à entrada da igreja, mas dentro, no guarda-vento. Falámos um pouco. Estavam entusiasmados. Mantivemo-nos uns cinco minutos nisto, quando a avó, que lá estava, como manda a lei das avós que tratam de tudo, a dar conta da conversa, se lembrou de repente. Ó senhor padre, é verdade, lembrei-me agora, confesse-os lá. E apontava para os pais. Embora tardito, fazia sentido o seu pedido. Porém, como sou de opinião que estes pedidos devem vir de dentro, e ali vinham de fora, da avó que ainda queria continuar a tratar de tudo, olhei para eles e perguntei com o olhar se tinham vontade de confessar-se. Eles responderam, com o mesmo olhar, que não tinham bem a certeza. A avó deu conta e insistiu. Andai lá que a cerimónia fica melhor, mais bonita. E assim acabaram por confessar-se, que eu não me achei digno de o impedir. Disse o que tinha a dizer, e não sei se a cerimónia ficou melhor ou mais bonita. Nem se ficou mais sincera.
Cheguei uns vinte minutos antes, o que é raro. Havia tempo para tudo e mais alguma coisa. Em vinte minutos muita coisa acontece nas nossas vidas. Esperavam-me à entrada da igreja, mas dentro, no guarda-vento. Falámos um pouco. Estavam entusiasmados. Mantivemo-nos uns cinco minutos nisto, quando a avó, que lá estava, como manda a lei das avós que tratam de tudo, a dar conta da conversa, se lembrou de repente. Ó senhor padre, é verdade, lembrei-me agora, confesse-os lá. E apontava para os pais. Embora tardito, fazia sentido o seu pedido. Porém, como sou de opinião que estes pedidos devem vir de dentro, e ali vinham de fora, da avó que ainda queria continuar a tratar de tudo, olhei para eles e perguntei com o olhar se tinham vontade de confessar-se. Eles responderam, com o mesmo olhar, que não tinham bem a certeza. A avó deu conta e insistiu. Andai lá que a cerimónia fica melhor, mais bonita. E assim acabaram por confessar-se, que eu não me achei digno de o impedir. Disse o que tinha a dizer, e não sei se a cerimónia ficou melhor ou mais bonita. Nem se ficou mais sincera.
14 comentários:
eu também acho que deve vir de dentro. isso é o óptimo. mas como diz o ditado, o óptimo é muitas vezes inimigo do bom...
o sr. padre saberá provavelmente melhor, porque ouve as pessoas...
mas muitas vezes elas precisam de bengalas, de empurrõezinhos... eu a mim, se não me tivessem empurrado simpaticamente pelo menos algumas vezes, não sei como teria sido.
eu também acho que deve vir de dentro. mas quando um dia fôr avó (e espero vir a ser), farei exactamente o mesmo que essa senhora, se achar que eles sozinhos não vão lá...
quando ainda não se vai à confissão de livre e espontânea vontade, nunca se está pronto...
há que aproveitar as oportunidades... :)
tenho praticamente a certeza que a cerimónia ficou mais bonita, porque ficou com mais luz :)
Olá!
Caro confessionário e colega, não há mais temas interessantes e ememergentes para serem publicados?
Abraço,
Tens razão, colega. Há e haverá sempre. Mas eu não me adapto aos temas. Escrevo, consoante a inspiração que nem sempre é muita, e com o que me acontece no dia a dia ou com o que se me depara na reflexão do dia a dia. Poderia falar, claro está, da época sombria da sociedade em Portugal... Mas, peço desculpa. Vou escrevendo como me sai e como posso. As paróquias e serviços pastorais que oriento são bastantes e tem épocas.
Claro que tb aceito sugestões, histórias (por email sobretudo)...
abraço amigo
Olá
Parabéns Confessionário.
Não pelo post mas pela resposta ao anónimo de 4 de junho 11:18
Pouquissimos têm a capacidade de ouvir... ouvir e comentar sem tecer juizos de valor.
Escreva sempre, da forma como o sente.
Dessa forma está a ser autêntico, independenpemente dos "interesses" de quem o lê.
Afinal este espaço é da sua autoria.
Como diz no inicio um lugar onde todos se podem encontar, esse facto não dá o direito a ninguém de ditar as regras.
Até sempre
Obrigado anónimo de 04 Junho, 2011 20:38
Soube imensamente bem ler estas palavras!
Testemunho que:
- por vezes me apetece abanar o nosso padre residente - Confessionario.
- por vezes sorrio com o nosso padre C.
- por vezes reflito...
- por vezes comovo-me...
E isto acontece porque tudo é genuino! Eu gosto deste espaço assim.
Quanto ao tema do post... mais do que comentar, é melhor rezar, para que nesses corações se abra uma brecha a Deus!
Beijinho fraterno
é uma pena que o "colega" acima não identificado ainda não tenha aprendido que a confissão é um dos temas mais importantes que pode haver... se calhar uma não lhe fazia mal.
e caso queira ver outros temas tratados, pode sempre começar o seu próprio blog.
Olá meu amigo padre.
Posso chama-lo de amigo não?
A beleza do confessionario consiste justamente na espontaneidade e na grandeza dos sentimentos expostos. Perdão ao anonimo do dia 04/06 - 11:18, mas, temas mais emergentes, encontramos todos os dias e todas as horas na midia falada, escrita e televisiva e esses nunca,ou quase nunca se reportam a sentimentos, a ser humano. Continue do jeitinho que está Padre, foi assim que conhecemos e aprendemos a gostar tanto do confessionario. Abraço em Cristo.
Obrigado pelas vossas palavras, Filha de Maria, K e Maria Zete... Como disse atrás, é sempre bom ter mais certezas das coisas que achamos serem certas. Não disse assim. Mas agora pensei assim.
E Zete, claro que somos amigos. Eu sei que sou um amigo muito virtual e sem grande disponibilidade para os afectos pessoais. Mas quero ser um Amigo, quero.
Bom dia!
Caro confessionário,
Não venho aqui em socorro do anonimo de 4 de Junho às 11,18h, mas para lamentar os comentários publicados.
Julgo e sinto que o comentário do colega foi simples. direto e objetivo, existem sim, assuntos mais importantes, não apenas a situação atual do país, o colega sabe muito bem disso.
Acho os comentários de muito mau gosto, provam que realmente estamos perante uma grave crise de valores e de ética.
perante o sucedido apenas tenho a dizer que o tema é muito interessante, apenas 9 comentários dos quais 3 são seus.
Com isto quero dizer que,não devemos fazer juízos de valor de alguns comentários, mas sim, valorizar todas as opiniões.
Já agora, considero que o colega tem consciência que existem temas na igreja católica que provocam muitas dúvidas e afastamentos?
Um abraço, caro colega!!!
Vamos fazer uma análise dos comentários deste post que faz bem à saude:
1- Definitivamente, o anónimo de 08 Junho, 2011 10:25, que não quer defender o anónimo de 04 Junho, 2011 11:18, devem ser o mesmo (duas razões: a forma literário-linguística é idêntica; o comentário do anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 é defensivo e prova que está ligeiramente machucado)
2- O anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 intitula os restantes comentários de “muito mau gosto” e que provam “crise de valores”; definitivamente provam uma crise de valores porque gostam de um espaço genuíno que não vai na onda das vontades e da “actualidade” e, como devem saber, a isto chama-se falta de valores e de ética.
3- O anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 acha que “não devemos fazer juízos de valor de alguns comentários, mas sim, valorizar todas as opiniões”, o que ele acabou por fazer ao “lamentar os comentários” e ao valorizar as opiniões das pessoas ao anónimo de 04 Junho, 2011 11:18
4- O anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 diz que “perante o sucedido apenas (tem) a dizer que o tema é muito interessante”, o que significa que concorda com os comentadores; mas depois refere que o tema é tão interessante que só tem ”9 comentários dos quais 3 são” do Confessionário; esqueceu de dizer que 2 são seus, isto é, o tema é tão interessante que me dá vontade de escrever uma/duas vezes!
5- Também acho que este post tem poucos comentários… tal como o post “A oração antes do jantar” (12 ), “Falar do pecado” (13), “A Maria do Céu” (7), “ O Alcindo que não pode entrar no cemitério” (4), “A Terapia dos pobres” (12); eu adorei alguns destes e não comentei porque eles bastavam-se; olhe, anónimo 08 Junho, 2011 10:25, não lhe fazia mal ler o post “Os sucessos e insucesso dos colegas” que está um bocadito mais abaixo e também só tem 15 comentários
6- Não faço a mínima ideia se o Confessionário tem “consciência que existem temas na igreja católica que provocam muitas dúvidas e afastamentos?” (Não percebi se era uma pergunta ou uma exclamação); mas garanto que o anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 não deve ter lido 1/5 dos posts do Confessionário
7- Concordo com ele (ou com o anónimo de 04 Junho, 2011 11:18, que deve ser o mesmo) que estes assuntos não são interessantes, pois não tratam o sacramento mágico da Penitência, um sacramento que os cristãos desvirtuaram; a incoerência da fé e dos sacramentos; a superficialidade da fé; os baptizados que são apenas tradição e festa social
8- O que está aqui em causa nesta discussão, desculpem lá, é se o Confessionário deve escrever o que as pessoas querem ou precisam ler, ou escrever o que lhe apraz; também gostava de ver aqui outros assuntos tratados (gosto em especial dos temas do celibato!), mas essa decisão deve ser do autor deste blog; se alguém gostava de ver algo discutido devia dar a sua sugestão e não deixar perguntas implícitas, de preferência por mail; eu vou sugerir por mail ao Confessionário que fale mais do celibato que isso é que é interessante e emergente (basta ver os nºs dos comentários)
Caro anónimo de 8 de Junho às 10,25h:
Em primeiro lugar, sugeria-te que usasses um nick nos teus comentários. Mantinhas o anonimato, mas seria mais fácil distinguir-te de outros anónimos e trocar palavras contigo.
Em segundo lugar, desculpa lá, mas acho que não tens razão no que escreves.
Passo por alto a contradição de pedires que não se façam juízos de valor de alguns comentários, quando antes tu mesmo referias que alguns comentários são de mau gosto e reveladores da crise de ética.
Que não são, de facto. Apenas defendem o blogueiro e a forma como ele elabora os seus posts. Apenas falam da sua satisfação perante os textos publicados e o que eles transmitem. Apenas mostram o desejo de que o estilo e orientação do blog não mudem.
É verdade que este blog não é o órgão oficial do secretariado nacional de liturgia, ou do da catequese, ou da universidade católica, ou da conferência episcopal. Mas também não tem por que o ser. Na net, há espaço e lugar para todos.
Se o caro anónimo pretende um blog mais expositivo, mais dogmático, mais dado a elucubrações filosófico-teológicas, certamente que o encontrará com facilidade noutros locais da net. Mas não foi assim que este blog foi pensado.
O que não significa que este blog não aborde temas interessantes ou polémicos da Igreja e da sociedade. Se o caro anónimo acompanhasse este blog há mais tempo (ou se quiser visitar os arquivos), saberia que, no estilo muito próprio deste blog, já é difícil apontar um tema "importante" que não tenha sido aqui abordado.
É verdade que o número de comentários pode servir de avaliação do interesse dos posts. Mas, como o caro anónimo deve saber, quem escreve os posts não sabe o interesse que vão despertar. Nem seria muito correcto que ele só andasse atrás de temas capazes de estourar com a caixa de comentários. Por outro lado, que os leitores não comentem não significa propriamente que achem o tema desinteressante. Pode ser apenas que não tenham nada de especial a acrescentar; ou que se revejam em comentários já publicados; ou que não se sintam à vontade ou com capacidade para entrar em certo tipo de discussões.
Aliás, esta caixa de comentários até se arrisca a encher-se depressa, e não propriamente por causa do teor do post a que está agregada...
Por fim, o meu testemunho, caro anónimo: para mim, que sou um dos gajos mais chatos que anda por aqui, actualmente este é sem dúvida o melhor blog cristão na blogosfera portuguesa. Se eu fosse o bispo dele, tratava-o nas palminhas...
Não sei se a pergunta do anónimo de04 Junho, 2011 11:18 é inocente ou não (já o comentário do anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 não parece tanto e, segundo já disseram, podem ser o mesmo), mas não me parece uma pergunta com maldade. É uma pergunta possível a que o Conf respondeu na mesma medida, respondendo e explicando com simplicidade.
Depois vieram, sem maldade, aqueles que visitam diariamente este espaço para dizer que gostam dele como é, tentando fazer ver ao anónimo de 04 Junho, 2011 11:18 que a pergunta, embora sendo pertinente, tem várias respostas, isto é, a do Conf e as dos que o visitam regularmente.
O único comentário, a meu ver, que contém alguma maldade, é o do anónimo de 08 Junho, 2011 10:25 (mesmo que tb seja o outro). O do Anónimo de 08 Junho, 2011 12:04
tb é duro, embora verdadeiro.
Por mim acho que não devem aumentar um problema que nem sequer existe! Vendo bem, ninguém (ou quase ninguém) teve intenção de ser maldoso...
abraço cristão a todos
Uma "confissão" induzida por terceira pessoa para salvaguardar aparências !??? Nunca me tinha ocorrido ! Eu tenho como adquirido que deve resultar dum acto pessoal consciente, voluntário e necessário para pedir com sinceridade o perdão de pecados praticados e ficar espiritualmente bem com Deus.
A realização desta acto, se fôr bem sucedido, pode conseguir –se algum alívio, em termos psicológicos (no mínimo) e conforto espiritual, para quem se submete de boa fé, seguramente – em muitos casos - uma chatice para quem a ouve.
Neste caso salta à vista a perda de tempo e o frete mútuo.
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