terça-feira, fevereiro 19, 2008

O escuro: confesso 2

Hoje não trago botas, mas calco a mesma calçada de sempre. E o meu pensar, que está na calçada, lembra-me o pensar do outro dia. Se fosses uma pessoa, de certeza, não gostarias que te pisassem. Por isso piso devagar. Para que nem eu sinta. Não vou com pressa. Vou até à Igreja estar com Ele um pouquinho.
Entro. Está escuro. Os olhos concentram-se na única luz. A do Santíssimo. Percebem-se, com o tempo, as imagens dos santos, o altar, a cruz, uma pessoa. Acocorada no último banco, escondida. Não faz ruído. Para eu não dar conta. Faço de conta que não dei. Ajoelho-me e rezo um pouco.
Hoje é dia de confissões quaresmais. Peço forças a Deus. Apesar de ser das coisas mais belas que um padre tem na vida, a graça do perdão de Deus passar através de nós, cansa um pouco, desgasta. Sobretudo se exigir respostas, ajudas, palavras de Deus amigas, acolhedoras e cheias de esperança.
Mas não consigo desviar o pensamento do vulto escondido. Pressuponho que está de mal com alguma coisa. Apetece-me correr para lá. Para abrir a misericórdia de Deus. Mas não devo entrar na intimidade das pessoas sem ser convidado. Não se pode abrir uma porta à força. Isso é arrombar. Espero. E na esperança de ser convidado a entrar, os pensamentos voam. Da confissão para o escuro. Do escuro para a confissão.
Penso como gostaria de acender a luz, sentar-me ao pé daquela pessoa, que nem sei se é homem ou mulher. Ouvir. Estender o braço da absolvição. Sorrir. Explicar como é bonito olhar com esperança o que nos corre mal.
Confesso que sou completamente a favor das confissões como um espaço que, além de permitir o perdão dos pecados, possa ser um encontro com o outro, com o próprio Deus numa pessoa concreta. Na pessoa do sacerdote. Por isso sou a favor de que a confissão se faça de cara levantada, de rosto no rosto. Um espaço em que se compreendam os gestos que se fazem, o que significam e o que precisa a pessoa de ouvir. Sou a favor das confissões sem barreiras e buraquinhos. Sou a favor de que a pessoa confessada e a que confessa possam dialogar deveras. Porque o perdão é concreto e não abstracto. Trata-se de um perdão para ti e não apenas para alguém.
Apetecia-me falar com ela, cara a cara. Mas de repente lembrei-me do que me aconteceu há dias, numa daquelas vezes em que andamos de um lado para outro ajudando os colegas nas confissões. O pároco x, da paróquia x, mandou-me para um confessionário antigo, ao fundo da Igreja, bem talhado e trabalhado, um pouco escuro, com aberturas pequeninas do lado esquerdo e do direito, conforme nos sentamos. As luzes de fora também permaneciam apagadas. As pessoas aproximavam-se ora por um lado ora por outro. Dava conta pelo abafar da pouca luz que surgia dum lado. Não se via a pessoa. Pressentia-se. E foi nessa ocasião em que senti as confissões mais me pesarem nos ombros. Quase todas elas de pecados chamados grandes. O perdão de Deus foi enorme.
Por isso não esqueço que a confissão é acima de tudo o sacramento do perdão. Para perdoar. Para se sentir o perdão de Deus.
E agora, ao ver aquele vulto, fico confusamente à espera que Deus me dê a resposta. Porque as pessoas gostam do escuro quando precisam a toda a força estar conTigo?

23 comentários:

Lisa's mau feitio disse...

Ai Padre... Fazer chorar a Lisa não vale...

Padre do meu coração... No escuro sentimos o peso da dor... Estando felizes, olhamos o céu.

Nem consigo escrever mais nadinha .( o que em mim é estranho... é... é...)

Padre do meu coração, agradeço-lhe tanto este bocadinho. O meu padre blogosférico em alta, caramba...

Mil beijos em si, nesse coração espectacular e divinal!

Lisa

PDivulg disse...

A nossa Igreja vive ainda hoje muito com essa imagem de escuridão... Recordo-me que a confissão mais bela que tive (e já lá vão mais de 25 anos) foi feita num jardim, durante o dia, passeando com o sacerdote ao meu lado. Para um jovem que eu era, sentí-me como que falando para Deus das minhas angústias e dificuldades...Agora que me perdoem mas qual o Jovem que gosta de entrar num templo dentro de uma "gurita" escura, de joelhos... Enfim, é o que se vai vendo.

Anónimo disse...

Como é bom poder "ouvir" este tipo de desabafos!

Sr. Pe.;

O Perdão é motivo de festa, alegria = Luz + vida! Escuridão nunca!

Se "aquele" vulto o incitava a aproximar-se, deveria mesmo tê-lo feito.

Estavam ambos na casa de Deus, só por si já é um passo para que o coração desse "vulto" se abra ao amor de DEUS!

Andei longe da casa de DEUS... +/- 13 anos.

O meu regresso ficou marcado, pela confissão. Uma confissão linda!!!!!!!!

Senti na pele a rejeiçao dos progenitores dueante anos, não conseguia perdoar!

Naquela confissão, entreguei tudo como uma enxurrada empurra a lama. Aquele Sacerdote marcou a diferença!

Vivi na pele duas passagens biblicas:
-"O Bom Samaritano, tratou-lhe as feridas, cuidou dele e entregou-o ao estalajadeiro.."

-"O filho que após gastar tudo, regressa a casa de seu pai dizendo; Pai pequei contra ti e contra Deus, já não sou digno de ser chamado teu filho..."

No fim desta bendita confissão, enquanto eu aguardava longa penitência... recebi presentes (uma biblia e alguns livros de orações)= "O pai mandou fazer uma festa... o seu filho estava perdido..."

Consegue sentir a beleza do amor de DEUS, neste acto de reconciiação?

No dia seguinte; este Sacerdote telefonou-me... pretendia saber se eu me sentia melhor!
Nessa altura em que o télemovel tocou, preparava-me para dormir uma sesta (o corpo andava sedado com vários anti-depressivos), após este telefonema, em vez de ir dormir fui rezar!

Sente a diferença? Pequenos gestos, marcam toda a diferença!

Muitos foram os dias
em que este Sacerdote rezou comigo, na igreja.

Com toda essa entrega e abertura do meu coração, O SENHOR concedeu-me a graça do perdão, para que eu conssegui-se perdoar a quem me tinha feito sofrer tanto!

O povo precisa da orientação dos Pe.!
O povo precisa sentir o fraternidade vinda dos "Escolhidos" de Deus!

Tenho caminhado no RCC (Renovamento Carismático Catolico), graças as orientações deste Sacerdote!

As maravilhas que JESUS VIVO tem feito na minha vida, e, daqueles que me magoaram (converteram-se)

Assuma o seu papel de filho muito amado do PAI, o Sr. Pe. é um Ungido!

Que Deus N. Senhor o Abençoe!

KALOS

Anónimo disse...

Olá Padre,
Gosto imenso de ler o seu blog...e das suas meditações... sinto muito apoio nele....
Eu encontro-me num momento de escuridão na minha vida.... e não consigo falar, pois aquele padre em quem tinha a máxima confiança e em quem confiava do fundo do meu coração era um AMIGO.... Mas neste momento não consigo falar. Estou muito triste e desiludida.... estou na escuridão....

mafaoli disse...

É bom encontrarmos Deus cara a cara, poder olhar o confessor olhos nos olhos, ouvir as palavras que saem do coração, sentir o perdão de Deus através dele. Mas quantas vezes esse encontro cara a cara nos intimida, tal como Adão e Eva ao descobrirem que estavam nús. Também nesses momentos precisamos do perdão de Deus no escuro, porque sentimos vergonha de termos ficados despidos da graça.São os pecados chamados grandes que nos pesam na alma.Tem razão, aí, o perdão de Deus é enorme.

Anónimo disse...

Se meditarmos na Dolorosa Paixão de Cristo... envergonhar-nos-emos longamente.

É uma graça reconhecer que pecámos, maior graça ainda é sentirmo-nos arrependidos... nesse caso a reconciliação será "pura". Não será uma absolvição dada, a alguém que só tem medo de ir para o inferno.

Pensemos não em confissão, mas sim em reconciliação. A nossa reconciliação com DEUS!

Afinal, ELE ama-nos incondicionalmente. Que pai oferece o seu filho em sacrificio de alguém?

Deus ofereceu-nos o SEU FiLHO muito amado, para nossa salvação!

Padre não é Juiz! Pe. não está ali para nos julgar, mas sim para nos abençoar!

Não olho o meu confessor nos olhos, enquanto confesso todas as minhas misérias. Após a absolvição, sinto-me tão leve... com uma vontade enorme de mudança... aí sim olho o meu confessor olhos nos olhos. Sorrio, peço orientações, e, muitas são as vezes que rezamos em conjunto!

Tenho pena de não ter mais disponibilidade, para me confessar mais vezes. Todos os dias derrapamos; um comentário, uma frase menos feliz, um levantar de voz, etc...

Tenho pena de que as igrejas não possam estar mais tempo abertas!

Tenho a graça, de ter nascido uma grande amizade com o meu confessor (estalajadeiro).

Kalos

Anónimo disse...

Mais uma vez passo pelo seu blog, porque gosto dos seus textos.A confissão é sobretudo o sacramento da Reconciliação com Deus e com os nossos irmãos. O Deus de amor decide viver com o seu povo uma linda relação de amor.Mas o homem decide romper consciente, porque livre, voluntária e maldosamente essa linda relaçaõ de amor.Romper este pacto de amor, eis o pecado.Mas Deus não desiste.Envia-nos o Seu Filho, precisamente para vir lutar e destruir o pecado,ele era"amigo dos pecadores", perdoando continuamente, Ele estava implicitamente a transmitir esse poder aos apostolos.Confirmou-o em Cesareia de Filipe a Pedro:"Tudo o que ligares sobre a terra ,será ligado tambem nos céus;e tudo oque desatares sobre a terra , sera desatado tambem nos céus"(Mt.16,19).Sim é muito bonita a vossa Missão, mas compreendo q tambem é desgastante,em certas circunstancias comparo-a com a medicina.Mas as confissões no escuro já foi, não agora, exceptuando casos execionais.Continue os seus textos fazem bem.Termino vou procurar não romper o amor de Deus. Mas se cair, farei como o filho pródigo:"levantar-me-ei e irei ter com meu Pai".Tudo de bom para si.

Vítor Mácula disse...

Olá, confessionário

Bem, eu com o meu confessor, é… conforme. Sou eu que decido (ele é um bom pastor;) conforme o que tenho que dizer e interiorizar, e em que forma de recolhimento em Deus com o confessor. Conforme a disposição da consciência. Por vezes requer diálogo, por outras sussurros longínquos e escuta silenciosa, sei lá… O que sei é que é sempre profunda e espiritualmente libertador, e de intenso crescimento na consciência e comunhão cristãs.

Sabes, eu em certos dias um pouco tontos, digo que a confissão é o sacramento dos sacramentos, mau ou bom grado os meus amigos protestantes ;) Não para polemizar ecumenicamente, mas porque o encontro mútuo em Deus na assumpção sincera das nossas faltas, males e confusões, numa confiança e entrega mútuas e em Deus – é uma concretização fortíssima da comunhão em e com Cristo, cuja presença o perdão dos pecados faz fulgurar numa relação directa e pessoal entre confessante e confessor.

Curiosa e providencialmente, vou à confissão hoje ao fim da tarde :)

Um abraço, padre, belo post

Anónimo disse...

Eu gosto da escuridão, na confissão nunca experimentei, mas na oração sim. Gosto de fechar os olhos. Acho que deve ser mais ou menos isso que quem prefere a escuridão deve sentir: ser mais fácil se meter na presença de Deus, abstrair-se que está na presença duma pessoa...hummm...deve ser fixe essa da confissão na escuridão.

Anónimo disse...

Ó Confessionário, em relação à calçada, talvez valesse a pena pensar a comparação ao contrário: se uma pessoa fosse uma calçada...

Porque, se eu fosse uma calçada, eu gostaria de ser pisado. Até faria questão disso; nisso encontraria a minha razão de ser, o sentido da minha existência, a minha vocação, a minha missão.
Não gostaria de ser calçada para enfeitar, com uma placa "Não pisar!", como tantos relvados ou tapetes de luxo por esse mundo fora. Eu quereria ser usada, por leves e pesados, sem medos nem receios. O meu orgulho seria ter as minhas pedras já um pouquito arredondadas, com sinais de desgaste, testemunhando milhões de passagens e de passeantes. E adoraria saber ao que vão, o que lhes vai na cabeça enquanto seus pés me pisam, as aventuras e desventuras das suas vidas. Mesmo daquele padre que gosta de escrever num blog e que parece ter pena de me pisar. Pena mereceria eu, caro padre, se ninguém me quisesse pisar: deixaria simplesmente de servir e, por isso, de amar...

Confessionário disse...

ó anónima das 22.44h,
Rendo-me. Rendo-me ao teu raciocínio. À tua forma de pensar. Espectacular. Que bom!!! Fizeste-me bem ao obrigar-me a pensar dessa forma.
Obrigado

Anónimo disse...

Padre, conheci o seu blog esta semana e me pego visitando-o todos os dias, hoje não pude resistir de enviar uma mensagem.
Estive afastada da igreja por mais de 20 anos e para minha surpresa, aqui no Brasil (pelo menos em 3 cidades diferentes onde fui), a confissão é feita cara a cara.
Foi um pouco difícil no início, mas me parece algo mais verdadeiro e que a mim exigiu muita coragem.
Como recompensa o perdão parece mais verdadeiro.
Grande abraço e obrigada.

Sonia

Confessionário disse...

Sonia, e restantes amigos que têm aparecido pela primeira vez:

aproveito para vos dar as boas-vindas e para vos abrir a porta desta comunidade virtual mas amiga...

Teodora disse...

Olhe senhor padre... a propósito de pedras deixo-lhe a letra desta fado que sempre tanto gostei, desde que cantado pelo sona Amália Rodrigues:

Ó rua do Capelão

Juncada de rosmaninho
Se o meu amor vier cedinho
Eu beijo as pedras do chão
Que ele pisar no caminho.

Há um degrau no meu leito,
Que é feito pra tisomente
Amor, mas sobe com jeito
Se o meu coração te sente
Fica-me aos saltos no peito.

Tenho o destino marcado
Desde a hora em que te vi
Ó meu cigano adorado (esta parte faz lembrar-me o meu padre)
Viver abraçada ao fado
Morrer abraçada a ti.

anamaria disse...

Procuramos o escuro porque a nossa escuridão interior faz com que toda a luz seja dolorosa...ou porque tememos que essa luz revele a podridão que sentimos ser o nosso ser...
Procurei muitas vezes o mais escuro lugar das mais escuras igrejas que encontrava. A luz incomodava-me, precisava de me afundar nas lágrimas da alma, de chorar arrependimentos, de buscar a luz interior, a centelha divina que acredito habitar para sempre em mim...
Creio, porém, que teria reagido bem a uma mão estendida, a um sorriso que convida à partilha da dor, a um ombro amigo...
Por vezes, o escuro é tão surdo que não permite que Deus se faça sentir no nosso íntimo...e Ele envia algum Anjo, algum Mensageiro visível e sensível que nos acorde e faça ver e ouvir... será o Padre esse alguém? Pode sê-lo, decerto. Acredito nisso!

Ecclesiae Dei disse...

Já fui muitas vezes curado nesse momento de confissão, seja ele cara a cara ou não. Mas é um momento fabuloso, quando conseguimos ver Jesus na pessoa do Sacerdote. Deus abençoe os padres que nos promovem esse bem.

Anónimo disse...

confissão, confissões, seja lá o que for, sou católica, praticante, mas sou sincera, é o sacramento que mais detesto na religião. não é que tenha grandes pecados, ms não gosto. como d habito, confesso-me uma vez por ano e geralmente são sempre os mesmos, os banais. axo que se algum dia cometer algum pecado muito grave, confesso-me mesmo a Deus, e não ao padre. será que estou errada?

Anónimo disse...

ó anónima [23.45]
"é o sacramento que mais detesto na religião"
- detestas outros?
- religião? não seria melhor falares de fé?

assim eu também só ia uma vez ao padre e se o pecado fosse grande, não ia nunca... porque estas coisas da religião e dos sacramentos...

Confessionário disse...

Ó anónima das 23.45, de facto, na minha opinião deves estar errada, já que o perguntas. E digo-o porque este sacramento é dos que nos trazem mais paz, porque nos aproxima mais de Deus, da Sua graça, da Sua misericórdia, do Seu amor.
beijito

Anónimo disse...

Um dia entrei numa igreja e também me sentei lá ao fundo, não no escuro porque a luz entrava com abundância por janelas laterais. Ía procurar um padre para me confessar, mas deixei-me ali ficar à espera de ver alguém para o mesmo, para saber como devia fazer. Passou uma pessoa que eu achei nao ter cara de padre (... podem rir à vontade...)e eu continuei ali à espera. Mas era mesmo o padre. Se ele tivesse vindo ter comigo e falado, eu teria logo dito ao que estava ali. Pode ser uma atitude errada, mas naquela ocasião precisava mesmo que me tivesse sido dado esse pequeno empurrão.
Acabei por ir embora sem realizar aquilo a que me tinha proposto, pelo menos ali e naquele dia.
Acabei por fazer a Confissão num outro dia e num outro local. Cara a cara, numa amena conversa... na verdade já tinha falado com Deus muitas vezes e manifestado o meu arrependimento face ao que me atormentava, mas precisava de ouvir "Estás perdoada".

Anónimo disse...

Ainda ontem estive a confessar mais de 2 horas. É desumano estar sentado 2 horas a ouvir sempre a mesma lenga-lenga. O problema deste sacramento é que a maior parte das pessoas não se sabve confessar. Aí penitencio-me porque deveria ocupar uma parte do tempo formando e informando os cristãos das minhas comunidades. Em contrapartida há 3 dias atrás estive a confessar 2 horas mas a mesma pessoa. Amei. E amei por uma única diferença. Não foi por ser só uma, mas foi porque ela sabia o que estava a fazer. Parece-me que se toda a gente se soubesse confessar os psicólogos estavm no desemprego.

Anónimo disse...

Lembrei-me da última vez que estive no hospital: nos primeiros dias, o quarto foi mantido sempre na penumbra, dado que eu não suportava a luz. Não por minha vontade ou gosto, mas por culpa e imposição da lesão padecida.

Talvez o mesmo se passe com muitos lesionados espirituais...

JS

Elsa Sequeira disse...

Olá!!!!

Hoje não concordo (com o final...)...Deus é Luz é Vida...por isso nada melhor que um encontro cheio de sol de natureza de passarinhos, riachos e chuvinhas e etc

bjtssssssssssssss