Percorri o seu o rosto com a mão, como um caminho
Com os dedos atravessei cada face enrugada, à procura
Ao acaricia-lo, a pele entrava por mim adentro, sem corpo
Sulcos gastos pelo relógio do tempo, não foram em vão
Regressei com as mãos, depois do voo, ao meu ninho
Foi assim até lhe chegar ao coração
17 comentários:
profundo...gostei que inspiração
uau, padre, adorei
adorei, e quase me atrevia a desvendar de que se trata
não o faço com a vergonha de errar
Lindo!
Tanta ternura e tanto carinho expressos nas tuas palavras!
É como se fossem as minhas mãos a percorrer o rosto enrugado do meu pai, da minha mãe. Eles que estão tão longe, e de quem tenho tanta saudade que por vezes parece que dói!
Que dizer...!!!
Poesia.
A paz no coração é o paraíso dos homens.
A gente arruma todos os dias os cabelos. Por que não o coração?
Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o espírito.
Porque há coisas que nos tocam, trespassam a alma, enternecem. Muito interessante este pequeno poema, a revelar, uma vez mais, uma sensibilidade à prova de qualquer ruga, incólume aos sinais do tempo. Esta domesticidade comove, intui-se a meiguice com que agarra em cada palavra, a manuseia, a faz girar, dando a volta ao texto subtilmente (sublimemente), gizando veredas, mas de uma forma terra-a-terra, quase artesanal, usando e abusando do única modo que há de construir poesia. Seja sempre fiel a essa maneira de ser tão nobre. Arrisque tais altos voos, sem rede, só com um pequeno arame, muita confiança e espírito agradecido. Peço-lhe, por bem da arte, jamais perca essa alegria de viver, esse rasgo de radicalidade totalmente inovador, corra atrás do que verdadeiramente busca, porque só isso completa, perdura, essa serão as única forma de deixar nome, de perdurar, assim um pouco à semelhança daqueles velhos codexs, tão frágeis (muitos abandonados no pretérito deixados à sua sorte, ao deus dará - uma tão grande pena!) e inebriantes no seu dourado.
Cordiais cumprimentos,
Sua,
Matilde
ò Matilde, quase fiquei sem essas palavras que dizes que "possuo"...
Grato. Muito grato. Quero reler: "Esta domesticidade comove, intui-se a meiguice com que agarra em cada palavra, a manuseia, a faz girar, dando a volta ao texto subtilmente (sublimemente), gizando veredas, mas de uma forma terra-a-terra, quase artesanal, usando e abusando do única modo que há de construir poesia" e pensar que sim, que é mesmo assim
Não agradeça, por favor, assim fico envergonhada.
Só digo o que penso, e às vezes não me é fácil pensar, mas espero que tenha correspondido, de uma forma delicada, mas sincera, de modo a transmitir gratidão imensa que sinto quando sou surpreendida com a sua poesia.
Já agora agradeço as suas gentilímas palavras - é sempre tão bom quando temos a sorte de o Sr, Padre responder aos nossos comentários, por mais pobres que eles sejam - ainda por cima quando as mesmas vêm ilustradas, como sucede no caso presente, com aquela linda fotografia a preto e branco.
Único.
Mais uma vez, cordialmente,
Matilde
Quando colocamos no coração o que vem da mente tudo é transformado. Por vários motivos nos tornamos emotivos.
Caraças, padre, anda a escrever cada vez melhor!
Até podia ser eu a ter escrito isto!
Boas Páscoa.
Natal! (Foi lapso).
tb acho este poema fabuloso
Tão belo!
Aprecio imenso a sua poesia.
Ailime
Quão grande uso das atribuições nas palavras que ultrapassam vias distantes e nos afaga o coração ao lermos as preciosidades ditas pelo sr. Aqui é meu reduto de encontro consigo e comigo mesma. Gratidão ao uninverso pela sua existência.Bjs
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