A história que vou contar ocorreu por ocasião de uma confissão. Não vou desvendar qualquer segredo de confissão. Não poderia nem quero. O que recordo ocorreu assim que a senhora se sentou ao meu lado, e ainda antes das orações iniciais da confissão. A senhora sorria e olhava-me com um ar que me pareceu de superioridade e soberba cristã. Tentei não julgar. Como agora tento. Mas não posso deixar de referir que me fez recordar os fariseus do tempo de Jesus que se consideravam puros, perfeitos, melhores que os outros. A senhora disse, assim, tal e qual. Eu não sei que pecados tenho, senhor padre, e repetia. Eu não sei que pecados tenho. Desfiando um sem número de virtudes, prosseguiu dizendo que a minha vida é assim e assado, eu faço isto e aquilo na igreja. Perdoem-me se fiz mal, mas respondi-lhe à letra, dizendo que assim também não sabia que absolvição lhe poderia dar. Afinal também eu não sabia que pecados Deus lhe poderia perdoar. Ou até sabia. As coisas compuseram-se depois, com a confissão, apesar de me ter parecido que a senhora me virou as costas contrariada.
Neste momento bato no meu peito, porque não sou, de maneira alguma, dono deste tipo de juízos. Mas é que esta senhora só me lembrava os famosos fariseus do tempo de Jesus!
9 comentários:
AH sim, gostei desta colocação tem coisas que passa tão desapercebido. Há tempo atrás quando meu pai era vivo minha mãe chamou ele pra ir à igreja e ele virou pra ela e disse.:- Fazer o que na igreja eu já nem tenho mais pecados, depois de tudo que já vivi. Que vá tu.Pensa bem.
Sabe muitas vezes tudo se esvazia ou cai no esquecimento ou melhor as memórias podem hoje com todo avanço da correria armazenam em depósito Licínio. SÓ quem convive com certas criaturas sabem ou nem se dão conta mais de certas coisas que poderia ser chamado de pecado. Desculpe é que pensar.
não te recrimines...
de quando em vez é preciso abanar o outro para ele se dar conta que também tem imperfeições! o problema maior é aceita-las... é mais fácil ver os defeitos dos outros que os nossos...
Paz!
Uau............Esta não
Bom dia,
Sabes não é simples abordar o tema Confissão.
E sempre me confundiu um pouco o tema do pecado.
Sinto que vivemos em pecado, e o grande desafio será não se deixar absorver por ele.
Também eu numa das últimas vezes que me abeirei de um confessor dizia que não sabia que pecados específicos mencionar não por não os sentir, mas por não os conseguir nomear.
E ficamos um pouco como tu e a sra. Se não os conseguir nomear também não lhe posso dar uma penitência ou a absolvição, olhei-o nos olhos demoradamente, esperei um pouco, não sei bem porquê, ficamos ali mudos, num silêncio sepulcral, saí de lá mais triste e deprimida do que entrei.
Bom dia, Paulina
Essa é, de facto, uma das dificuldades que pode ocorrer. Dependendo da intimidade que tenho ou não com essa pessoa, eu costumo procurar descomplicar, sorrir, dizer uma graçola e ajudar a pessoa a avançar. Não gosto mt de fazer perguntas, mas às vezes indicio algumas, para que a pessoa se oriente. O melhor mesmo é fazer um bom exame de consciência. Quem sabe até, anotar o que se quer dizer a Deus na confissão, através do sacerdote!
Mas este caso não foi bem assim. Posso estar errado, e continua a bater no peito. Mas a senhora queria mesmo muito poder confessar-se e dizer que fazia isto e aquilo, e que, assim sendo, nem sabia o que confessar... ups... daqui a nada fico sem peito!
Se as pessoas estivessem espiritualmente bem orientadas é provável que estas situações fossem mais raras.
Mas não... Continua-se em fila de espera a picar cartão na confissão. Dá-se primazia à quantidade em detrimento da qualidade. E o mais estranho? O método é alimentado por todos: Padres, catequistas, comunidade.. O que me leva a crer que se calhar sou eu que estou a ver mal... Mas não consigo ver o que se passa de outra forma.
SL
A Confissão deveria ser um momento de abandono nas mãos do criador, um deserto orientado que levasse à comunhão.
E não consigo pensar nela de outra forma.
E se o coração pensa e a vontade dá forma, é muito difícil mudar de postura, eis, provavelmente, um dos meus maiores pecados.
Este texto fez-me lembrar uma celebração penitencial em que participei quando eu era jovem, e em que o desafio era mesmo esse: confessarmos o bem que tínhamos feito.
Desse ponto de partida, os confessores presentes desenvolviam diversas pistas: o constatar a capacidade para fazer o bem, para se ser bom, e os efeitos desse impulso na nossa vida; o descobrir na nossa boa acção a bondade de Deus que age em nós e através de nós; o reconhecer os nossos sentimentos quando outra pessoa nos fez bem, foi boa para connosco; o despertar a vontade de mostrar aos outros que podem escolher fazer bem, que também conseguem ser bons.
Foi de facto uma pequena revolução no meu pensamento sobre o significado e a aproximação a este sacramento.
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