quarta-feira, novembro 14, 2018

o ninho do coração [poema 196]

Percorri o seu o rosto com a mão, como um caminho
Com os dedos atravessei cada face enrugada, à procura
Ao acaricia-lo, a pele entrava por mim adentro, sem corpo
Sulcos gastos pelo relógio do tempo, não foram em vão
Regressei com as mãos, depois do voo, ao meu ninho

Foi assim até lhe chegar ao coração

17 comentários:

Zilda disse...

profundo...gostei que inspiração

Anónimo disse...

uau, padre, adorei

Anónimo disse...

adorei, e quase me atrevia a desvendar de que se trata
não o faço com a vergonha de errar

Paulina Ramos disse...

Lindo!
Tanta ternura e tanto carinho expressos nas tuas palavras!
É como se fossem as minhas mãos a percorrer o rosto enrugado do meu pai, da minha mãe. Eles que estão tão longe, e de quem tenho tanta saudade que por vezes parece que dói!

Anónimo disse...

Que dizer...!!!
Poesia.

Anónimo disse...

A paz no coração é o paraíso dos homens.

Anónimo disse...

A gente arruma todos os dias os cabelos. Por que não o coração?

Anónimo disse...

Amar é admirar com o coração. Admirar é amar com o espírito.

Anónimo disse...

Porque há coisas que nos tocam, trespassam a alma, enternecem. Muito interessante este pequeno poema, a revelar, uma vez mais, uma sensibilidade à prova de qualquer ruga, incólume aos sinais do tempo. Esta domesticidade comove, intui-se a meiguice com que agarra em cada palavra, a manuseia, a faz girar, dando a volta ao texto subtilmente (sublimemente), gizando veredas, mas de uma forma terra-a-terra, quase artesanal, usando e abusando do única modo que há de construir poesia. Seja sempre fiel a essa maneira de ser tão nobre. Arrisque tais altos voos, sem rede, só com um pequeno arame, muita confiança e espírito agradecido. Peço-lhe, por bem da arte, jamais perca essa alegria de viver, esse rasgo de radicalidade totalmente inovador, corra atrás do que verdadeiramente busca, porque só isso completa, perdura, essa serão as única forma de deixar nome, de perdurar, assim um pouco à semelhança daqueles velhos codexs, tão frágeis (muitos abandonados no pretérito deixados à sua sorte, ao deus dará - uma tão grande pena!) e inebriantes no seu dourado.

Cordiais cumprimentos,

Sua,

Matilde

Confessionário disse...

ò Matilde, quase fiquei sem essas palavras que dizes que "possuo"...
Grato. Muito grato. Quero reler: "Esta domesticidade comove, intui-se a meiguice com que agarra em cada palavra, a manuseia, a faz girar, dando a volta ao texto subtilmente (sublimemente), gizando veredas, mas de uma forma terra-a-terra, quase artesanal, usando e abusando do única modo que há de construir poesia" e pensar que sim, que é mesmo assim

Anónimo disse...

Não agradeça, por favor, assim fico envergonhada.
Só digo o que penso, e às vezes não me é fácil pensar, mas espero que tenha correspondido, de uma forma delicada, mas sincera, de modo a transmitir gratidão imensa que sinto quando sou surpreendida com a sua poesia.

Já agora agradeço as suas gentilímas palavras - é sempre tão bom quando temos a sorte de o Sr, Padre responder aos nossos comentários, por mais pobres que eles sejam - ainda por cima quando as mesmas vêm ilustradas, como sucede no caso presente, com aquela linda fotografia a preto e branco.
Único.

Mais uma vez, cordialmente,

Matilde

Anónimo disse...

Quando colocamos no coração o que vem da mente tudo é transformado. Por vários motivos nos tornamos emotivos.

Anónimo disse...

Caraças, padre, anda a escrever cada vez melhor!
Até podia ser eu a ter escrito isto!

Boas Páscoa.

Anónimo disse...


Natal! (Foi lapso).

Anónimo disse...

tb acho este poema fabuloso

Ailime disse...

Tão belo!
Aprecio imenso a sua poesia.
Ailime

Anónimo disse...

Quão grande uso das atribuições nas palavras que ultrapassam vias distantes e nos afaga o coração ao lermos as preciosidades ditas pelo sr. Aqui é meu reduto de encontro consigo e comigo mesma. Gratidão ao uninverso pela sua existência.Bjs