sábado, novembro 14, 2015

Quando é que sentiu mesmo que tinha de ser padre?

Para quem não sabe, está a decorrer aqui em Portugal a Semana dos Seminários. É uma semana que pede aos cristãos mais consciência da necessidade de vocações ao sacerdócio, mais oração e partilha para com os Seminários. Aqui na minha paróquia maior, os catequistas têm-se esforçado junto dos miúdos para essa tomada de consciência.
Ora ontem um miúdo do quinto ano veio ter comigo à sacristia antes da missa. Saíra da catequese com o propósito de tirar algumas coisas a limpo. A catequista propusera-lhes averiguar das razões pelas quais alguém vai para o Seminário ou para o Sacerdócio. De caderno e lápis na mão, como o melhor jornalista da paróquia, explicou ao que vinha, e começou a fazer perguntas. Senhor padre, diga-me quando é que sentiu que a sua vocação era ser padre. Informei-o que entrei no Seminário com menos idade que ele. Que entrara com muitas vontades e certezas, e que as fora alimentando ao longo dos anos, junto com muitas dúvidas, sacrifício, dificuldades. Era normal, porque o Seminário existe para se fazer discernimento vocacional. Não é para fabricar padres. É para ajudar os seminaristas a crescer nas tais vontades e certezas dentro de um discernimento são.
Escreveu duas ou três linhas, e voltou à carga. Mas quando é que sentiu mesmo que tinha de ser padre? Com esta pergunta relembrei aquele momento da minha vida que não mais vou esquecer e que recordo sempre que preciso de força para a vocação que Deus me deu. Aquele dia em que, diante do sacrário, me questionava sobre as razões para ser padre e descobri que Deus me amava de uma forma que não conseguia explicar. O miúdo parou de escrever. Não compreendera bem. Então o senhor padre foi para padre por causa de amar muito a Deus? Olhei-o, toquei-lhe no ombro, e disse. Não. Não fui para padre por amar muito a Deus, mas porque Deus me ama muito.

5 comentários:

Anónimo disse...

Percebo o amor de Deus muito à semelhança do amor com que os pais se dão aos filhos, aquele que se antecipa ao nosso, que nos envolve completamente e que é escola de amor.
Não sinto sempre o amor de Deus em mim. Mas, às vezes, invade-me por brevíssimos instantes um amor tão amoroso, que por ser tão amor, é me impossível senti-lo sem o amar imensamente. Fico ali na certeza que não há amor mais digno de ser amado. Nisto se sustém a minha relação com Deus.

Anónimo disse...

Lá está: mesmo que olhem o padre como estranho, o padre deve sempre pensar naquilo que o motivou a ser padre! Isso dar-lhe-á as forças que necessita.

Anónimo disse...

Bom dia,
Um belíssimo testemunho.

Todos os meninos da sua paróquia, e não só, iam gostar de o ouvir dizer isso!!!
Que essa força continue a acompanhá-lo, pois Deus continua a amá-lo, para continuar a dar esse testemunho no seu dia a dia.

Confessionário disse...

16 novembro, 2015 09:48

Acabei por partilhá-lo na missa

Anónimo disse...

Bom dia,
foi de certeza uma bela ideia, e que os seus paroquianos com certeza gostaram.
É pena que poucas crianças vão á missa, pois os pais não fazem nenhum esforço para isso. Mas foi bom para quem ouviu.