segunda-feira, novembro 09, 2015

Miserere [poema 79]

Conta-se que havia um deus
Outrora, que não sabia chorar

O seu majestoso e belo sorriso
Criara as estrelas à volta do sol.

O homem não o conseguindo olhar
Dizia Como deve ser lindo esse sol!

Conta-se que o deus sem lágrimas
Perdeu os olhos por não chorar

17 comentários:

Paulina Ramos disse...

"...o deus sem lágrimas
Perdeu os olhos por não chorar..."

Quem chora baixinho percebe quão divino é o choro.
Choro baixinho ninguém ouve...
As lágrimas caem sem que as consiga deter,
Nos olhos as lágrimas, sinal visível do sofrimento,
No coração a certeza de que choro acompanhada.

É tão intenso, tão belo este poema!!!

Anónimo disse...

C1o2n3t4a5-s6e7 que…

Quando o mundo era começo
Havia um deus que ao criar
s/e/p/a/r/a/v/a
as circunstâncias das coisas
E que o homem só foi começo
depois do deus descansar.

Anónimo disse...

o choro é consolo na dor,
e complemento na felicidade...

Mas esse Deus era Criador...

Bonito, muito bonito.

Anónimo disse...

Não sei se interpreto bem, mas a ideia com que fiquei a partir do título é a de que Deus teria de ser misericórdia para ser o nosso Deus, teria de saber chorar connosco para ser o nosso Deus. Não bastava criar!

É isso?

Confessionário disse...

11 novembro, 2015 15:35

é uma interpretação muito interessante e próxima ao que escrevi!

Anónimo disse...


Curioso este teu poema!!! Será que me vais dar uma resposta?
Já bastante tempo, que ando pensativa ou angustiada porque não choro...
Tempos bons e tempos duros tudo tem passado na minha vida. Mas não tenho lágrimas!!!!!!
Penso por vezes: Tenho o coração ressequido ou endurecido? "O deus sem lágrimas perdeu os olhos por não chorar" E eu??????

Um abr.


Confessionário disse...

11 novembro, 2015 21:45

Em resposta, eu dir-te-ia que há diversas formas de chorar!
Respondi?!

Anónimo disse...


11 novembro, 2015 22:13

Obrigada! em parte sim... Mas fico a pensar...
De facto existem diversas formas de chorar e de amar!
bj.

Anónimo disse...

O teu poema: um homem atraído pelas irradiações de um deus solar, criador e majestático, com a cabeça inclinada, olhos semicerrados, com as mão em pala, desanimado por não conseguir fixar aquela bela luz que cega e que tanto gostaria de ver… um deus que, por não saber compadecer-se, centra-se exclusivamente em si próprio, não conseguindo despojar-se do seu esplendor para se tornar acessível ao homem que o deseja. O deus cegou devido à indiferença (desamor); o homem não consegue rever-se num deus distante que o ofusque e não participe na sua própria história.

Anónimo disse...

Aonde chegou a misericórdia de Cristo...

Confessionário disse...

12 novembro, 2015 12:48

Muito muito interessante

Confessionário disse...

12 novembro, 2015 12:55

A misericórdia de Cristo não será a mesma do Pai?!

Anónimo disse...

Penso que Cristo seja o rosto da misericórdia do pai e esse rosto defigurado seja o expoente visível de um Deus misericordioso.

Confessionário disse...

12 novembro, 2015 17:43

Isso, muito bem dito

JS disse...

Um pensamento atrevido: Deus a pedir o dom das lágrimas...

Paulina Ramos disse...

" atrevido: Deus a pedir o dom das lágrimas..."
Atrevido mas não descabido.
Este teu pensamento serviu de base a um tempo de "deserto pessoal" confesso que fiquei surpreendida com algumas das conclusões a que cheguei.
Grata.

Confessionário disse...

Que bom, Paulina